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Document 52022IP0283

    Resolução do Parlamento Europeu, de 6 de julho de 2022, sobre o relatório da Comissão de 2021 sobre a Bósnia-Herzegovina (2021/2245(INI))

    JO C 47 de 7.2.2023, p. 87–101 (BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, GA, HR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)

    7.2.2023   

    PT

    Jornal Oficial da União Europeia

    C 47/87


    P9_TA(2022)0283

    Relatório de 2021 sobre a Bósnia-Herzegovina

    Resolução do Parlamento Europeu, de 6 de julho de 2022, sobre o relatório da Comissão de 2021 sobre a Bósnia-Herzegovina (2021/2245(INI))

    (2023/C 47/07)

    O Parlamento Europeu,

    Tendo em conta o Acordo de Estabilização e de Associação entre as Comunidades Europeias e os seus Estados-Membros, por um lado, e a Bósnia-Herzegovina, por outro,

    Tendo em conta a primeira reunião da Comissão Parlamentar de Estabilização e de Associação (CPEA) UE-Bósnia-Herzegovina, realizada em 5 e 6 de novembro de 2015, e a segunda reunião da CPEA UE-Bósnia-Herzegovina, realizada em 17 de junho de 2021,

    Tendo em conta a terceira reunião do Conselho de Estabilização e de Associação UE-Bósnia-Herzegovina, realizada em 13 de julho de 2018,

    Tendo em conta a quarta reunião do Comité de Estabilização e de Associação UE-Bósnia-Herzegovina, realizada em 7 de novembro de 2019,

    Tendo em conta o pedido de adesão à União Europeia apresentado pela Bósnia-Herzegovina em 15 de fevereiro de 2016,

    Tendo em conta a Declaração de Sófia da Cimeira UE-Balcãs Ocidentais de 17 de maio de 2018 e a Agenda de Prioridades de Sófia anexada à referida declaração,

    Tendo em conta a Cimeira UE-Balcãs Ocidentais, realizada em Zagrebe, em 6 de maio de 2020, e a respetiva declaração,

    Tendo em conta a Cimeira de Sófia de 10 de novembro de 2020, nomeadamente a Declaração sobre o Mercado Comum Regional e a Declaração sobre a Agenda Verde para os Balcãs Ocidentais,

    Tendo em conta a 8.a Cimeira do Processo de Berlim, de 5 de julho de 2021,

    Tendo em conta a Cimeira UE-Balcãs Ocidentais, realizada em Brdo pri Kranju, em 6 de outubro de 2021, e a respetiva declaração,

    Tendo em conta a Decisão (UE) 2021/1923 do Conselho, de 4 de novembro de 2021, relativa a uma medida de assistência no âmbito do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para apoiar o reforço das capacidades das Forças Armadas da Bósnia-Herzegovina (1),

    Tendo em conta as conclusões do Conselho, de 18 de outubro de 2021, sobre a Bósnia-Herzegovina e a Operação EUFOR ALTHEA, na sequência da terceira revisão estratégica da operação,

    Tendo em conta as conclusões do Conselho, de 14 de dezembro de 2021, sobre o alargamento e o processo de estabilização e de associação,

    Tendo em conta as conclusões do Conselho, de 24 e 25 de março de 2022, sobre a crise política prolongada na Bósnia-Herzegovina e a necessidade de os dirigentes do país demonstrarem um forte empenho em concluir rapidamente a reforma constitucional e eleitoral,

    Tendo em conta o Regulamento (UE) 2021/1529 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de setembro de 2021, que cria o Instrumento de Assistência de Pré-Adesão (IPA III) (2),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 5 de fevereiro de 2020, intitulada «Reforçar o processo de adesão — Uma perspetiva credível de adesão à UE para os Balcãs Ocidentais» (COM(2020)0057),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 29 de maio de 2019, intitulada «Comunicação de 2019 sobre a política de alargamento da UE» (COM(2019)0260),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão intitulada «Parecer da Comissão sobre o pedido de adesão da Bósnia-Herzegovina à União Europeia» (COM(2019)0261) e o relatório analítico que a acompanha (SWD(2019)0222),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 29 de abril de 2020, intitulada «Apoio aos Balcãs Ocidentais na luta contra a COVID-19 e na recuperação após a pandemia»,

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 24 de julho de 2020, intitulada «Plano de Ação da UE sobre o Tráfico de Armas de Fogo para 2020-2025» (COM(2020)0608),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 6 de outubro de 2020, intitulada «Um Plano Económico e de Investimento para os Balcãs Ocidentais» (COM(2020)0641),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 14 de abril de 2021, sobre a estratégia da UE para lutar contra a criminalidade organizada (2021-2025) (COM(2021)0170),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 14 de abril de 2021, sobre a Estratégia da UE em matéria de luta contra o tráfico de seres humanos 2021-2025 (COM(2021)0171),

    Tendo em conta a comunicação da Comissão, de 19 de outubro de 2021, intitulada «Comunicação de 2021 sobre a política de alargamento da UE» (COM(2021)0664), acompanhada do documento de trabalho dos serviços da Comissão intitulado «Relatório de 2021 sobre a Bósnia-Herzegovina» (SWD(2021)0291),

    Tendo em conta o relatório de peritos sobre as questões relacionadas com o Estado de direito na Bósnia-Herzegovina, de 5 de dezembro de 2019,

    Tendo em conta o relatório especial do Tribunal de Contas Europeu, de 10 de janeiro de 2022, intitulado «Apoio da UE ao Estado de direito nos Balcãs Ocidentais: apesar dos esforços, subsistem problemas fundamentais»,

    Tendo em conta o parecer sobre a situação constitucional na Bósnia-Herzegovina e os poderes do Alto Representante, adotado pela Comissão de Veneza na sua 62.a sessão plenária (Veneza, 11 e 12 de março de 2005), e as subsequentes recomendações da Comissão de Veneza sobre assuntos de âmbito constitucional na Bósnia-Herzegovina,

    Tendo em conta a compilação dos pareceres e relatórios da Comissão de Veneza sobre a estabilidade da lei eleitoral, de 14 de dezembro de 2020,

    Tendo em conta as decisões pertinentes do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a favor dos queixosos, nomeadamente Azra Zornić, Dervo Sejdić e Jakob Finci,

    Tendo em conta a declaração conjunta, de 21 de dezembro de 2020, do Alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, e do Comissário da Vizinhança e Alargamento, Oliver Varhelyi, sobre a realização de eleições locais em Mostar,

    Tendo em conta o sexagésimo relatório, bem como os relatórios precedentes, do Alto Representante para a Aplicação do Acordo de Paz da Bósnia-Herzegovina ao Secretário-Geral das Nações Unidas,

    Tendo em conta a resolução 2604 (2021) do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de 3 de novembro de 2021, sobre a situação na Bósnia-Herzegovina, que prorroga até novembro de 2022 o mandato da Força da União Europeia na Bósnia-Herzegovina (EUFOR ALTHEA),

    Tendo em conta a decisão das autoridades dos EUA, de 5 de janeiro de 2022, de impor sanções ao membro sérvio da Presidência da Bósnia-Herzegovina em resposta às suas atividades corruptas e às ameaças contínuas à estabilidade e integridade territorial da Bósnia-Herzegovina, e a decisão das autoridades do Reino Unido, de 11 de abril de 2022, de impor sanções ao membro sérvio da Presidência da Bósnia-Herzegovina e ao Presidente da entidade da República Sérvia da Bósnia pelas suas atividades desestabilizadoras na Bósnia-Herzegovina,

    Tendo em conta o acordo político sobre os princípios para assegurar uma Bósnia-Herzegovina funcional que avance na via europeia, adotado em Bruxelas em 12 de junho de 2022,

    Tendo em conta as conclusões do Conselho Europeu de 23 de junho de 2022 sobre a Ucrânia, os pedidos de adesão da Ucrânia, da República da Moldávia e da Geórgia, os Balcãs Ocidentais e as relações externas,

    Tendo em conta a Convenção sobre a Avaliação dos Impactes Ambientais num Contexto Transfronteiras, aprovada em 25 de fevereiro de 1991,

    Tendo em conta a declaração final do 8.o Fórum da Sociedade Civil dos Balcãs Ocidentais, de 1 de outubro de 2021,

    Tendo em conta a Declaração de Poznań, de 2019, sobre a integração dos ciganos no quadro do processo de alargamento da UE,

    Tendo em conta a Convenção do Conselho da Europa, de 16 de maio de 2005, relativa ao Branqueamento, Deteção, Apreensão e Perda dos Produtos do Crime e ao Financiamento do Terrorismo,

    Tendo em conta as Constituições da Federação da Bósnia-Herzegovina e da República Sérvia da Bósnia,

    Tendo em conta a sua resolução, de 9 de julho de 2015, sobre a comemoração de Srebrenica (3),

    Tendo em conta a sua resolução, de 17 de dezembro de 2015, sobre o 20.o aniversário do Acordo de Paz de Dayton (4),

    Tendo em conta a sua recomendação ao Conselho, à Comissão e ao Vice-Presidente da Comissão/Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, de 19 de junho de 2020, relativa aos Balcãs Ocidentais, na sequência da Cimeira de 2020 (5),

    Tendo em conta a sua resolução, de 15 de dezembro de 2021, sobre a cooperação na luta contra a criminalidade organizada nos Balcãs Ocidentais (6),

    Tendo em conta a sua resolução, de 17 de fevereiro de 2022, sobre a execução da política externa e de segurança comum — relatório anual de 2021 (7),

    Tendo em conta a sua resolução, de 9 de março de 2022, sobre a ingerência estrangeira em todos os processos democráticos na União Europeia, incluindo a desinformação (8),

    Tendo em conta as suas anteriores resoluções sobre o país,

    Tendo em conta o artigo 54.o do seu Regimento,

    Tendo em conta o relatório da Comissão dos Assuntos Externos (A9-0188/2022),

    A.

    Considerando que os cidadãos da Bósnia-Herzegovina aspiram à integração euro-atlântica em prol de uma paz sustentável, da democracia e da prosperidade; considerando que o futuro dos Balcãs Ocidentais é na União e que a perspetiva da futura integração na UE foi oferecida aos cidadãos dos Balcãs Ocidentais, incluindo os da Bósnia-Herzegovina, na Cimeira de Salónica de 2003;

    B.

    Considerando que a UE e o Parlamento Europeu têm sistematicamente manifestado o seu apoio ao processo de adesão da Bósnia-Herzegovina à UE e à sua transformação democrática, assente na sua orientação estratégica e no seu empenho em relação à integração europeia; considerando que a adesão à UE exige o envolvimento de todos os dirigentes políticos, autoridades, instituições e titulares de cargos da Bósnia-Herzegovina;

    C.

    Considerando que a UE é o maior parceiro comercial e de investimento da Bósnia-Herzegovina e o principal prestador de assistência financeira ao país, nomeadamente através do Instrumento de Assistência de Pré-Adesão (IPA III);

    D.

    Considerando que os progressos realizados pela Bósnia-Herzegovina na via da adesão à UE dependem do cumprimento das 14 prioridades fundamentais definidas no parecer da Comissão sobre o pedido de adesão do país à UE, e que a assistência da UE deve abordar a questão da persistente falta de progressos nesta matéria com os seus homólogos da Bósnia-Herzegovina;

    E.

    Considerando que a credibilidade do processo de alargamento se baseia em progressos claros em domínios fundamentais do Estado de direito e da reforma judicial, da luta contra a corrupção e a criminalidade organizada, da segurança, dos direitos fundamentais, das instituições democráticas, da reforma da administração pública, e do desenvolvimento económico e da competitividade;

    F.

    Considerando que o legado do Acordo de Paz de Dayton deve ser respeitado;

    G.

    Considerando que o Alto Representante e o Gabinete do Alto Representante (GAR) continuam a estar incumbidos, nos termos do anexo 10 do Acordo de Paz de Dayton, de supervisionar a aplicação dos aspetos civis dos acordos de paz até à conclusão da agenda 5+2 definida em 2008;

    H.

    Considerando que, desde 2004, a União Europeia mantém uma operação militar na Bósnia-Herzegovina — EUFOR ALTHEA — com o mandato executivo que lhe foi conferido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para apoiar as autoridades na manutenção de um ambiente seguro e protegido; considerando que a EUFOR ALTHEA deve ser reforçada para ser verdadeiramente eficaz; considerando que existe um risco concreto de não prorrogação do seu mandato pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas;

    I.

    Considerando que o GAR e a EUFOR ALTHEA são fulcrais para a preservação da paz, da segurança e da estabilidade na Bósnia-Herzegovina e na região, bem como para a aplicação do Acordo de Paz de Dayton, em conformidade com os seus mandatos;

    J.

    Considerando que o Alto Representante utilizou os Poderes de Bona para suspender a Lei da entidade da República Sérvia da Bósnia sobre bens imóveis;

    K.

    Considerando que o sólido mecanismo de supervisão internacional atribui um elevado grau de responsabilidade à comunidade internacional, incluindo a UE, no que diz respeito ao funcionamento democrático e ao futuro próspero e pacífico da Bósnia-Herzegovina;

    L.

    Considerando que, nos termos da Convenção para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, todos os cidadãos da Bósnia-Herzegovina devem gozar de direitos e obrigações iguais, independentemente da sua origem étnica, em todo o território da Bósnia-Herzegovina; considerando que o país se comprometeu a respeitar as obrigações nacionais e internacionais de pôr termo à discriminação sistemática com base na origem étnica ou no local de residência e de garantir a igualdade dos cidadãos perante a lei, respeitando simultaneamente a ordem constitucional do país, que deve ser plenamente alinhada pelas normas e pelos princípios europeus;

    M.

    Considerando que é fundamental assegurar uma representação suficientemente diversificada em todos os níveis de governação;

    N.

    Considerando que a Bósnia-Herzegovina ainda não deu execução a numerosas decisões do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a favor dos cidadãos bósnios discriminados; considerando que tais decisões permitem que todos os cidadãos da Bósnia-Herzegovina exerçam efetivamente os seus direitos civis e políticos fundamentais;

    O.

    Considerando que as alterações constitucionais e eleitorais devem reforçar a posição da Bósnia-Herzegovina enquanto Estado multiétnico, inclusivo e democrático e eliminar a discriminação e a corrupção do sistema eleitoral;

    P.

    Considerando que o quadro jurídico da Bósnia-Herzegovina deve ser revisto à luz da jurisprudência internacional;

    Q.

    Considerando que a transição da Bósnia-Herzegovina do Acordo de Paz de Dayton para o quadro da UE é uma condição prévia para preservar a soberania do país e apoiar a sua transformação democrática;

    R.

    Considerando que, de acordo com os inquéritos das Nações Unidas, 47 % dos bósnios com idades compreendidas entre os 18 e os 29 anos estão a ponderar emigrar, temporária ou permanentemente, desiludidos pela falta de perspetivas no seu país; considerando que, de acordo com um relatório do Fundo das Nações Unidas para a População, uma média de 50 000 a 55 000 pessoas — na sua maioria trabalhadores qualificados e profissionais — abandona a Bósnia-Herzegovina todos os anos;

    S.

    Considerando que a glorificação oficial ou oficiosa de criminosos de guerra condenados, a segregação étnica ou religiosa e a discriminação são contrárias à própria essência do projeto europeu; considerando que é premente proibir eficazmente a negação do Holocausto, do genocídio, dos crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade;

    T.

    Considerando que a Bósnia-Herzegovina enfrenta atualmente a maior instabilidade desde a guerra de 1992-1995; considerando que alguns dirigentes políticos da entidade da República Sérvia na Bósnia-Herzegovina recorrem a retóricas inflamatórias e empreendem ações desestabilizadoras, com o objetivo de preparar a retirada das instituições do Estado (incluindo o exército, o regime fiscal e o poder judicial) e de criar autoridades independentes, o que constitui uma violação do Acordo de Paz de Dayton; considerando que alguns intervenientes políticos estrangeiros apoiam ativamente os esforços disruptivos e secessionistas dos dirigentes sérvios bósnios, liderados por Milorad Dodik;

    U.

    Considerando que, em 18 de março de 2022, o Conselho adotou a Decisão (PESC) 2022/450 (9), que prorroga o atual quadro de sanções para as pessoas que comprometem a soberania, a integridade territorial e a ordem constitucional da Bósnia-Herzegovina ou o Acordo de Paz de Dayton;

    V.

    Considerando que o Conselho manifesta regularmente o seu apoio à soberania, à unidade e à integridade territorial da Bósnia-Herzegovina;

    W.

    Considerando que a ingerência estrangeira mal-intencionada, direta ou por intermédio de terceiros, e a desinformação visam semear a discórdia entre as diferentes comunidades e desestabilizar a região, especialmente à luz da invasão da Ucrânia pela Rússia;

    Funcionamento das instituições democráticas

    1.

    Sublinha que o ritmo da adesão à UE é determinado pela realização de reformas destinadas a garantir o bom funcionamento das instituições democráticas, com base no Estado de direito, na boa governação e nos direitos fundamentais;

    2.

    Insta a Bósnia-Herzegovina e todos os seus intervenientes políticos a demonstrarem o seu empenho e a tomarem medidas significativas no sentido da adesão à UE, mediante a realização de progressos na implementação das 14 prioridades fundamentais, restabelecendo a independência do poder judicial, reforçando o Estado de direito e os seus valores e princípios em todas as instituições do Estado, intensificando e melhorando a luta contra a corrupção e a criminalidade organizada, fomentando e garantindo a liberdade dos meios de comunicação social e um ambiente propício à sociedade civil, e protegendo os grupos vulneráveis;

    3.

    Lamenta que, mais de 25 anos após o fim da guerra, o país ainda esteja a enfrentar divisões promovidas pelas elites políticas, tentativas secessionistas e um elevado grau de corrupção, o que contribui para uma fuga de cérebros em grande escala e para o declínio demográfico devido à falta de perspetivas;

    4.

    Congratula-se com a reunião da CPEA UE-Bósnia-Herzegovina de 17 de junho de 2021 e com a adoção do seu regimento, e sublinha a importância de assegurar o seu funcionamento através de um diálogo político inclusivo e de uma cooperação regular; lamenta, no entanto, a falta de empenho genuíno por parte dos homólogos bósnios no estabelecimento pró-ativo de uma cooperação parlamentar construtiva, que contribuiria para a prioridade n.o 3 das 14 prioridades fundamentais;

    5.

    Reitera o seu apoio inequívoco à transformação cívica democrática da Bósnia-Herzegovina através da integração europeia, baseada na unidade, na soberania e na integridade territorial e assente nos princípios da igualdade e da não discriminação de todos os cidadãos da Bósnia-Herzegovina, tal como consagrado na Constituição e em consonância com as decisões do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos;

    6.

    Sublinha o respeito pelo legado do Acordo de Paz de Dayton, recordando o seu objetivo de pôr termo à guerra e de preservar a paz; toma nota do conceito de povos constituintes, salientando, porém, que este conceito não deve de modo algum conduzir à discriminação de outros cidadãos nem implicar quaisquer direitos adicionais para as pessoas que se identifiquem com um destes grupos em comparação com outros cidadãos da Bósnia-Herzegovina; condena as declarações e as propostas destinadas a minar o Estado e os valores constitucionais da Bósnia-Herzegovina e recorda que o país tem de colmatar as lacunas do seu quadro constitucional, alinhando-o com as normas e os princípios europeus;

    7.

    Salienta que o cumprimento do Acordo de Paz de Dayton inclui a obrigação de aplicar as decisões do Alto Representante, sem prejuízo da execução das reformas políticas e estruturais muito necessárias no país; realça a necessidade de reforçar a apropriação dos cidadãos e dos políticos da Bósnia-Herzegovina no contexto do desenvolvimento do país;

    8.

    Manifesta o seu firme apoio ao GAR para que este cumpra na totalidade o seu mandato, incluindo a utilização dos Poderes de Bona como medida de último recurso, se necessário para assegurar o pleno respeito do Acordo de Paz de Dayton e a soberania e a integridade da Bósnia-Herzegovina; insta veementemente a Comissão, o Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) e os Estados-Membros a manifestarem publicamente o seu apoio inequívoco ao mandato do Alto Representante na sua integralidade e a cooperarem estreitamente com vista a apoiar o Alto Representante na execução da agenda 5+2; insta todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a assegurarem a renovação e a continuidade do mandato do GAR, enquanto âncora crucial da estabilidade da Bósnia-Herzegovina;

    9.

    Toma nota da recente decisão do Alto Representante de suspender a Lei sobre bens imóveis na entidade da República Sérvia da Bósnia (RS) e de alargar a proibição de alienação de bens do Estado; condena com a maior veemência toda a retórica de ódio e todas as ameaças de violência contra o Alto Representante, nomeadamente as expressas numa manifestação em Banja Luka, em 20 de abril de 2022, na presença dos dirigentes da entidade da RS; solicita às autoridades que previnam essas situações e levem a tribunal os responsáveis por tais ameaças;

    10.

    Opõe-se a quaisquer concessões prejudiciais sobre a questão dos bens do Estado e da defesa; exorta as partes interessadas a nível internacional, designadamente a Comissão e a delegação da UE, a apoiarem o GAR e o respetivo grupo de peritos no seu trabalho no sentido de encontrar uma solução sustentável em benefício de todo o país e de todos os cidadãos e a adotarem, em resposta aos esforços secessionistas dos dirigentes da entidade da RS, uma abordagem mais vigorosa e credível;

    11.

    Lamenta o impasse nas negociações sobre a reforma constitucional e eleitoral na Bósnia-Herzegovina, bem como a falta de vontade política para superar esse impasse, e a incapacidade de realizar a reforma antes das eleições de outubro de 2022, apesar de várias tentativas de facilitação por parte da UE e dos Estados Unidos; insta todos os intervenientes a garantirem que as eleições se realizam em outubro, conforme previsto, a negociarem de boa-fé para chegar rapidamente a um acordo equilibrado, em consonância com as normas europeias, as decisões do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e as recomendações da Comissão de Veneza, a cumprirem o dever constitucional de governação democrática e a assegurarem a transparência, a integridade e a eficiência do processo eleitoral através da aplicação imediata do pacote relativo à integridade;

    12.

    Condena veementemente o desrespeito das normas e obrigações nacionais e internacionais, toda a retórica de ódio e todas as ações disruptivas, como a retirada de instituições do Estado e o seu consequente bloqueio, boicote e obstrução, em particular pelos dirigentes da entidade da RS, situação que desestabiliza o país, compromete a sua existência como Estado soberano em violação da Constituição e do Acordo de Paz de Dayton e entrava sistematicamente as decisões sobre leis e reformas fundamentais, que são essenciais para realizar progressos no sentido da integração na UE, e impede a sua execução; rejeita todas as tentativas de criação de instituições paraestatais paralelas, que põem em causa as instituições do Estado, a ordem constitucional e jurídica, a independência do poder judicial e a soberania; solicita à entidade da RS que retire e revogue imediatamente qualquer legislação nesse sentido;

    13.

    Condena as conclusões de 10 de dezembro de 2021 da Assembleia Nacional da entidade da RS (ANRS) sobre a retirada de instituições a nível do Estado, a adoção da lei sobre os bens imóveis utilizados para o funcionamento da autoridade pública, adotada pela ANRS em 10 de fevereiro de 2022, e a votação da Assembleia Nacional destinada a criar um Conselho Superior da Magistratura e do Ministério Público distinto; manifesta preocupação com as acusações relativas ao papel do Comissário da Vizinhança e Alargamento na votação da ANRS sobre o roteiro para a sua retirada das instituições estatais da Bósnia-Herzegovina; recorda as obrigações de integridade, discrição e independência dos comissários, em conformidade com o Código de Conduta dos Membros da Comissão, e solicita, por conseguinte, à Comissão que avalie as recentes ações do Comissário Várhelyi neste contexto;

    14.

    Exorta todos os intervenientes na Bósnia-Herzegovina a porem fim ao bloqueio a vários níveis e a regressarem de forma imediata, incondicional, eficaz, plena e não seletiva ao trabalho em todas as instituições do Estado, pondo termo ao impasse político persistente no país e restabelecendo o funcionamento do governo e dos organismos públicos em benefício de todos os cidadãos;

    15.

    Insta a UE, os seus Estados-Membros e o SEAE, também à luz da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e à luz das ameaças secessionistas colocadas pela posição pró-russa dos dirigentes da entidade da RS, a centrarem imediatamente os seus principais esforços na garantia de um ambiente seguro e da segurança a médio e longo prazo no país; insta a comunidade internacional a contribuir para encontrar uma solução global para a complexa situação atual na Bósnia-Herzegovina;

    16.

    Exorta a UE, os seus Estados-Membros e a comunidade internacional a seguirem o exemplo dado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido e a fazerem uso de todos os instrumentos disponíveis, nomeadamente sanções específicas e suspensão de fundos, contra os intervenientes que desestabilizam o país, incluindo os que ameaçam a ordem territorial da Bósnia-Herzegovina, em particular Milorad Dodik; insta todos os Estados-Membros a assegurarem que o Conselho possa adotar tais sanções; lamenta, a esse respeito, a alteração do processo de tomada de decisão no contexto da prorrogação, em março de 2022, do regime de sanções da UE para a Bósnia-Herzegovina;

    17.

    Congratula-se com o acordo político alcançado em Bruxelas em 12 de junho de 2022; insta todos os intervenientes políticos da Bósnia-Herzegovina a respeitarem o acordo;

    18.

    Regozija-se com o apelo do Conselho Europeu a todos os dirigentes políticos da Bósnia-Herzegovina, tal como expresso nas suas conclusões de 23 de junho de 2022, para que ponham rapidamente em prática os compromissos assumidos no acordo político de 12 de junho de 2022 e finalizem urgentemente a reforma constitucional e eleitoral, o que permitirá ao país avançar de forma decisiva na sua via europeia, em consonância com o parecer da Comissão;

    Reconciliação

    19.

    Manifesta solidariedade para com os sobreviventes e as famílias das vítimas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, deslocações, desaparecimentos, assassínios, tortura, agressões sexuais, genocídio e limpeza étnica;

    20.

    Sublinha que o futuro da Bósnia-Herzegovina na UE depende de uma paz sustentável e duradoura e da abertura para falar do passado e abrir caminho a uma verdadeira reconciliação entre os cidadãos e entre os políticos de alto nível, garantindo o caráter democrático, inclusivo, pluralista e multiétnico do país; insta a Bósnia-Herzegovina a acelerar o julgamento eficaz e imparcial dos crimes de guerra no âmbito da estratégia nacional revista para o tratamento dos crimes de guerra; exorta todos os governos, parlamentos e dirigentes políticos a nível regional a criarem rapidamente uma comissão regional encarregada do apuramento dos factos sobre todas as vítimas de crimes de guerra e de outras violações dos direitos humanos cometidas no território da antiga Jugoslávia (RECOM), tendo por base o importante trabalho da Coligação para a RECOM;

    21.

    Salienta que os desafios persistentes no processo de reconciliação devem ser abordados de forma mais vigorosa; solicita à Comissão que crie quadros para o diálogo sobre os legados do passado;

    22.

    Insta todas as autoridades a cumprirem as suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos, a fim de promover a reconciliação, assegurando o acesso à verdade, à justiça e a reparações eficazes e não seletivas, incluindo aos sobreviventes de violência sexual, bem como adotando medidas para prevenir a reincidência através da educação, da cultura, da proteção dos direitos humanos, do controlo institucional, da ajuda à reconstrução, da criação de emprego, de medidas de cariz social e do acesso aos cuidados de saúde, e assegurando que os autores de crimes de guerra sejam impedidos de exercer cargos públicos;

    23.

    Incentiva as autoridades a intensificarem a cooperação e a partilha de dados sobre pessoas desaparecidas e a assegurarem o ressarcimento das famílias das vítimas civis, assim como a darem garantias de que os crimes e violações cometidos não tornarão a repetir-se, e o regresso sustentável e em segurança dos refugiados e das pessoas deslocadas internamente, o pleno respeito dos seus direitos e a devolução dos seus bens ou a indemnização por bens que não possam ser devolvidos, tanto a nível nacional como regional;

    24.

    Congratula-se com os esforços das organizações locais e internacionais, incluindo a Comissão Internacional para as Pessoas Desaparecidas, para encontrar as mais de 30 000 pessoas desaparecidas durante os conflitos dos anos 90 no território da antiga Jugoslávia e as mais de 8 000 vítimas do genocídio de Srebrenica; recorda que 7 200 pessoas continuam desaparecidas;

    25.

    Acolhe com agrado e apoia as alterações ao Código Penal da Bósnia-Herzegovina, decretadas pelo Alto Representante, que proíbem a glorificação dos criminosos de guerra e a negação do genocídio, dos crimes contra a humanidade e dos crimes de guerra, na sequência da incapacidade dos intervenientes locais para adotar uma proposta; lamenta e rejeita qualquer tentativa de não aplicar esta decisão; condena veementemente todas as formas de revisionismo histórico, negação ou minimização ou glorificação de crimes de guerra, incluindo o não cumprimento das decisões dos tribunais nacionais e internacionais; apela à célere aplicação das alterações e à realização de investigações e instauração de ações penais eficazes relativamente à negação do genocídio;

    26.

    Reitera que a negação do genocídio, a exaltação de crimes de guerra e de criminosos de guerra e as ameaças à estabilidade regional e à reconciliação são contrárias aos valores e aspirações europeus; condena veementemente, neste contexto, os acontecimentos inflamatórios por ocasião do chamado «Dia da República Sérvia», em 9 de janeiro de 2022, em violação da Constituição da Bósnia-Herzegovina; condena igualmente a profanação do Cemitério Memorial dos Partidários em Mostar e insta as autoridades a investigarem exaustivamente a questão e a levarem os autores do ato a julgamento;

    Processo de reformas

    27.

    Insta os intervenientes políticos da Bósnia-Herzegovina a realizarem progressos relativamente às reformas judiciais, eleitorais, administrativas e económicas necessárias para aproximar o país da UE e a envolverem a sociedade civil neste processo; denuncia todas as tentativas de travar estas reformas, atrasando assim o cumprimento dos critérios de adesão à UE por parte da Bósnia-Herzegovina e pondo em risco o acesso ao financiamento da UE ao abrigo do IPA III, que deve assentar numa condicionalidade rigorosa e está subordinado à cooperação das diferentes autoridades;

    28.

    Destaca que o financiamento do IPA III deve ser modulado ou mesmo suspenso em caso de regressão significativa ou de falta persistente de progressos no domínio do Estado de direito e dos direitos fundamentais, incluindo a luta contra a corrupção e a criminalidade organizada, bem como a liberdade dos meios de comunicação social, e insta a Comissão a elaborar orientações sobre a sua aplicação, em conformidade com as recomendações do Relatório Especial n.o 01/2022 do Tribunal de Contas Europeu; insta, neste contexto, a UE e os países dos Balcãs Ocidentais a estabelecerem um quadro para uma cooperação eficaz com a Procuradoria Europeia;

    29.

    Acolhe favoravelmente a recente suspensão dos projetos do Corredor Vc na entidade da RS, no valor de 600 milhões de EUR, e recorda que estes fundos só serão atribuídos depois de os representantes da RS restabelecerem por completo as instituições do Estado; apela a uma profunda reapreciação e controlo de todos os projetos e apoio financiados pela UE que se apliquem à entidade da RS e no seu interior, incluindo a assistência macrofinanceira, com vista a congelar o financiamento direto e indireto em benefício das autoridades da RS; observa que o Governo alemão decidiu suspender quatro projetos de infraestruturas na entidade da RS no valor de 105 milhões de EUR;

    30.

    Lamenta profundamente os danos e a perda de vidas causados por um forte sismo ocorrido perto de Stolac em 22 de abril de 2022;

    31.

    Recorda a importância de respeitar o princípio democrático da realização de eleições regulares; frisa a importância de realizar eleições justas, abertas, transparentes e inclusivas em 2022, conforme previsto, e insta todos os intervenientes políticos a absterem-se de apelar a um bloqueio das eleições e a permitirem que os cidadãos expressem a sua escolha democrática; solicita a aprovação parlamentar atempada da legislação em matéria de integridade eleitoral; recorda e lamenta o facto de, devido aos contínuos atrasos na aprovação do orçamento de Estado, os fundos eleitorais não terem sido assegurados a tempo; salienta que a realização de eleições credíveis e a aplicação dos resultados é um aspeto essencial para o bom funcionamento da democracia, bem como um requisito para qualquer país que pretenda aderir à UE; saúda a decisão do GAR, de 7 de junho de 2022, de fazer pleno uso do seu mandato, a fim de garantir os direitos políticos fundamentais dos cidadãos bósnios a eleições livres e justas, através da aprovação do orçamento necessário, uma vez que as autoridades nacionais não o fizeram;

    32.

    Apoia reformas constitucionais e eleitorais transparentes e inclusivas para garantir a igualdade e a não discriminação de todos os cidadãos, reforçar a responsabilização e transformar a Bósnia-Herzegovina num Estado plenamente funcional e inclusivo através da aplicação imediata das decisões, dos pareceres e das recomendações dos tribunais e de organismos nacionais e internacionais competentes, garantindo assim a integridade das eleições e do processo; salienta que as reformas institucionais dependem da vontade e do empenho dos dirigentes políticos e da orientação democrática das instituições do país; regista os esforços de mediação transatlânticos neste sentido e condena as obstruções e a inatividade dos intervenientes políticos a este respeito; apela a um exercício de revisão e de ensinamentos retirados no que diz respeito às tentativas de mediação por parte do SEAE e da Delegação da UE; insta o SEAE e a Delegação da UE a agirem sempre em conformidade com as mais elevadas normas democráticas da União; apela a uma tomada em consideração e integração contínuas das propostas dos cidadãos;

    33.

    Lamenta profundamente que a Bósnia-Herzegovina continue a violar a Convenção Europeia dos Direitos Humanos ao não aplicar os acórdãos do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos nos processos Sejdić-Finci, Zornić, Pilav e Šlaku; lamenta que a Bósnia-Herzegovina ainda não tenha aplicado o acórdão do Tribunal Constitucional da Bósnia-Herzegovina no processo Ljubić;

    34.

    Destaca a importância de aplicar as recomendações do Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos Humanos da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE/ODHIR), da Comissão de Veneza e do Grupo de Estados contra a Corrupção do Conselho da Europa (GRECO);

    35.

    Realça que uma reforma eleitoral inclusiva deve eliminar todas as formas de desigualdade, discriminação e parcialidade no processo eleitoral e criar condições para a realização de eleições competitivas; recorda que tal deve ser feito através da harmonização das regras relativas ao registo partidário, garantindo a transparência do financiamento dos partidos políticos e a independência e as capacidades das comissões eleitorais;

    36.

    Exorta todas as partes interessadas a chegarem a acordo sobre a reforma da lei eleitoral, em conformidade com as sentenças do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e do Tribunal Constitucional, a fim de assegurar uma representação política suficientemente diversificada em todos os níveis de governação;

    37.

    Apela a que sejam aplicadas à função pública normas coerentes e baseadas no mérito a nível nacional, que permitam uma administração pública simplificada, despolitizada e responsável e permitam reduzir o impacto dos processos de contratação por favoritismo que alimentam a corrupção; salienta que não deve haver discriminação nas oportunidades de todos os cidadãos estarem representados na esfera pública;

    Economia, energia, ambiente, desenvolvimento sustentável e conectividade

    38.

    Sublinha a necessidade de reforçar a harmonização económica e a conectividade a nível interno e regional; regozija-se com os investimentos europeus em infraestruturas rodoviárias e ferroviárias na Bósnia-Herzegovina, nomeadamente o desenvolvimento do Corredor Vc que liga a Europa Central ao porto de Ploče na costa adriática, e salienta a necessidade de garantir que os fundos internacionais que reforçam a conectividade contribuam para reduzir as lacunas e discrepâncias e melhorar a situação em todo o país, respeitando simultaneamente o princípio da subsidiariedade;

    39.

    Insta as autoridades a adotarem estratégias a nível nacional, a melhorarem o planeamento estratégico, a gestão financeira, e o acompanhamento e a avaliação, bem como a criarem estruturas de controlo e auditoria; sublinha a necessidade premente de assegurar a responsabilização e a transparência da economia e de proteger as empresas públicas e privadas da influência do favoritismo e das redes criminosas;

    40.

    Incentiva a utilização do potencial oferecido pela digitalização para modernizar os processos administrativos, eleitorais, judiciais, fiscais e económicos, o que contribuiria para combater a fragmentação, a burocracia, a economia informal, a evasão fiscal e alfandegária, e o branqueamento de capitais, aumentando simultaneamente a competitividade das PME;

    41.

    Congratula-se com os esforços da UE e dos seus Estados-Membros, bem como dos países vizinhos da região, para ajudar o país a atenuar as consequências da pandemia de COVID-19; sublinha a importância de uma resposta estratégica coordenada a nível nacional para ajudar a aumentar uma das taxas de vacinação mais baixas da Europa;

    42.

    Congratula-se com a eliminação das tarifas de itinerância entre os seis Estados dos Balcãs Ocidentais; insta todas as partes pertinentes a negociarem um plano que conduza à eliminação das tarifas de itinerância entre os seis Estados dos Balcãs Ocidentais e os Estados-Membros da UE; exorta a Bósnia-Herzegovina e os países vizinhos a envidarem esforços para melhorar as relações e permitir a isenção de vistos entre a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo;

    43.

    Insta as autoridades da Bósnia-Herzegovina a intensificarem os seus esforços no sentido de criar um mercado regional comum para aprofundar a integração nos Balcãs Ocidentais, estabelecendo e garantindo a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais na região, enquanto trampolim na via da adesão à UE; salienta que todos os regimes de cooperação económica regional nos Balcãs Ocidentais devem ser inclusivos e aceitáveis para os seis países, estabelecendo uma cooperação em pé de igualdade e reforçando simultaneamente um maior alinhamento com as normas e o acervo da União; expressa, neste contexto, a sua prudência relativamente à iniciativa Balcãs Abertos, que não abrange os seis países, e manifesta a sua convicção de que se deve basear nas regras da UE e contribuir para os processos de integração na UE;

    44.

    Recorda a necessidade de adotar leis melhoradas a nível estatal em matéria de gás e eletricidade, energias renováveis, eficiência energética e clima, que conduzam a uma transição socioeconómica sustentável, permitindo abandonar a utilização do carvão, e a uma atenuação significativa da pobreza energética, bem como de reforçar a proteção do ambiente e da natureza e a ambição no sentido de uma transição ecológica através da harmonização da legislação ambiental e da adoção de uma estratégia de proteção ambiental; insta as autoridades da Bósnia-Herzegovina a assegurarem um maior alinhamento com as normas e os objetivos estratégicos da UE em matéria de proteção do clima e energia, em consonância com o Pacto Ecológico Europeu e a Agenda Verde para os Balcãs Ocidentais;

    45.

    Exorta a Bósnia-Herzegovina a concluir a preparação do plano nacional em matéria de energia e clima, em consonância com a necessária ambição em matéria de energia e clima para 2030;

    46.

    Regista alguns desenvolvimentos positivos no que se refere à proteção do ambiente, promovidos por organizações de defesa do ambiente e organizações da sociedade civil locais; insta a Bósnia-Herzegovina a respeitar os apelos dos seus cidadãos à proteção dos rios, nomeadamente no contexto da construção de projetos de infraestruturas, e de outros bens públicos;

    47.

    Manifesta a sua preocupação com os planos em curso para aumentar a capacidade de produção de energia a partir do carvão; apela a que sejam empreendidos mais esforços para alcançar uma transição energética sustentável e resiliente às alterações climáticas baseada nas energias renováveis, na eficiência energética e na integração do mercado da energia, orientando o investimento e prestando apoio aos trabalhadores que necessitam de requalificação; insta as autoridades da Bósnia-Herzegovina a renunciarem às novas instalações de produção de energia a partir do carvão financiadas pela China, que são contrárias às regras da UE em matéria de auxílios estatais e aos compromissos assumidos pelo país no contexto da Agenda Verde;

    48.

    Recomenda que o investimento público se centre em projetos sustentáveis destinados a promover a economia social de mercado, facilitar as transições ecológica e digital e reduzir a grave poluição atmosférica, em particular a poluição de natureza transfronteiriça, tirando pleno partido do Plano Económico e de Investimento para os Balcãs Ocidentais; sublinha a necessidade de melhorar substancialmente as avaliações de impacto ambiental ex ante, com a participação significativa das comunidades locais, da sociedade civil e de peritos independentes, com vista a aumentar a transparência, bem como a necessidade de instaurar ações penais eficientes por crimes cometidos contra o ambiente;

    49.

    Destaca a importância de respeitar a soberania da Bósnia-Herzegovina na execução de projetos de infraestruturas no país, nomeadamente projetos em que participem empresas de países terceiros;

    Estado de direito

    50.

    Sublinha que o Estado de direito e a reforma judicial são a espinha dorsal de uma transformação democrática, garantindo segurança jurídica, transparência, acesso à justiça e não discriminação;

    51.

    Apela a medidas urgentes para combater a justiça seletiva generalizada, a captura do Estado, o nepotismo, o favorecimento, a corrupção de alto nível e a infiltração criminosa, nomeadamente através das atualizações legislativas há muito aguardadas em matéria de integridade judicial, verificações de ativos, conflitos de interesses, contratos públicos, acesso à informação, proteção de testemunhas e reestruturação de empresas públicas; reitera a premência de uma reforma do sistema judicial em toda a Bósnia-Herzegovina, com o objetivo de melhorar o profissionalismo e a integridade do sistema judicial com base nas 14 prioridades fundamentais e nas recomendações do relatório Priebe de 2019, garantindo a sua total independência institucional e financeira, resolvendo o grande número de processos pendentes em atraso e reforçando o controlo do desempenho dos intervenientes judiciais; lamenta a obstrução a essa reforma por parte de titulares de cargos políticos e judiciais;

    52.

    Insta as autoridades a adotarem uma nova estratégia e um novo plano de ação para o setor da justiça, a alteração da lei sobre o Conselho Superior da Magistratura e o Ministério Público e a nova lei sobre os tribunais da Bósnia-Herzegovina, em consonância com as normas europeias;

    53.

    Exorta a Bósnia-Herzegovina a assegurar a aplicação e execução de todas as decisões dos tribunais, recordando que o Estado de direito é fundamental para os progressos do país em matéria de integração euro-atlântica; assinala a taxa particularmente baixa de execução de sentenças em processos relacionados com o ambiente; apela a um tratamento mais rápido dos processos pelos tribunais competentes em matéria de litígios administrativos contra atos ilegais das autoridades públicas;

    54.

    Recorda que é necessário atualizar a legislação e alinhá-la pela legislação da UE em matéria de luta contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, bem como criar um gabinete de recuperação de bens;

    55.

    Insta a Bósnia-Herzegovina a reforçar e a organizar e financiar adequadamente as estruturas de luta contra a corrupção, de modo a cobrir os conflitos de interesses e as atividades de grupos de interesse; recorda a necessidade de investigações sem entraves sobre o enriquecimento ilícito de funcionários públicos; sublinha a importância de dar resposta às recomendações do GRECO para assegurar a deteção e a responsabilização; recorda que é necessário atualizar a legislação e alinhá-la pela legislação da UE em matéria de proteção dos autores de denúncias;

    56.

    Reitera a necessidade de investigar as ligações políticas e administrativas à criminalidade organizada; apela à reforma administrativa para erradicar a corrupção e à melhoria dos mecanismos de controlo da corrupção, bem como ao julgamento eficaz dos casos de corrupção de alto nível;

    57.

    Sublinha os perigos que coloca a fraca cooperação dos serviços policiais da Bósnia-Herzegovina e o facto de não colaborarem eficazmente com a Europol, a Eurojust e a Procuradoria Europeia; acolhe com agrado os esforços bilaterais apoiados pela Europol e pela Eurojust destinados a desmantelar as redes de tráfico de seres humanos;

    58.

    Apela a um reforço desta cooperação também com o objetivo de operacionalizar plenamente o Plano de Ação Conjunto de Combate ao Terrorismo nos Balcãs Ocidentais; incentiva a criação de um ponto focal para as armas de fogo;

    Direitos fundamentais

    59.

    Lamenta a persistente incapacidade de salvaguardar a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação social; insiste na necessidade de pôr termo à interferência política e de zelar pela segurança e pelo bem-estar, incluindo os direitos laborais, dos jornalistas, protegendo-os da intimidação, bem como de ações judiciais estratégicas contra a participação pública, através da instauração de ações penais sistemáticas e eficazes, incluindo medidas de investigação imediatas e eficazes na sequência de quaisquer ameaças e ataques contra eles; insta as autoridades a atribuírem um nível especial de proteção aos jornalistas nos códigos penais; lamenta o aumento da violência de género contra as jornalistas, incluindo as ameaças e a discriminação no trabalho;

    60.

    Apela a medidas eficazes para garantir a sustentabilidade financeira e a independência política dos organismos públicos de radiodifusão, nomeadamente do organismo público de radiodifusão da Bósnia-Herzegovina (BHRT); exorta as autoridades a tomarem medidas para identificar uma solução sustentável para os problemas de financiamento do BHRT e evitar o seu encerramento, bem como a adotarem legislação sobre a transparência da propriedade dos meios de comunicação social; observa com preocupação a falta de pluralidade dos meios de comunicação social e as dificuldades para os novos intervenientes obterem licenças e outros elementos necessários para operar no mercado das telecomunicações; manifesta a sua preocupação com a ausência de variedade de canais tradicionais de comunicação social, bem como de disponibilidade de conteúdos em todas as línguas oficiais;

    61.

    Lamenta as ameaças das autoridades contra a sociedade civil; condena as persistentes restrições à liberdade de expressão e de reunião na Bósnia-Herzegovina e as crescentes restrições a estes direitos na entidade da RS; condena, neste contexto, a decisão das autoridades locais de Prijedor de proibir a realização da marcha pacífica que assinala o Dia da fita branca, em homenagem às vítimas civis da guerra de 1992-1995; apela à adoção de um quadro para o financiamento transparente das organizações da sociedade civil;

    62.

    Salienta a necessidade de assegurar a participação dos cidadãos na vida democrática do país através da participação efetiva, significativa e inclusiva das organizações da sociedade civil no processo de integração na UE; insta as autoridades a assegurarem um ambiente propício à sociedade civil que respeite as normas internacionais e a elaborarem e implementarem um quadro estratégico de cooperação;

    63.

    Exorta a Comissão a reorientar o apoio do IPA III para consolidar as forças, as normas, as instituições e os procedimentos democráticos, o Estado de direito, uma verdadeira reconciliação e as organizações da sociedade civil a nível nacional, promovendo um ambiente propício ao pluralismo funcional, à sociedade civil independente, aos meios de comunicação social e à economia de mercado; apela a uma melhor absorção dos fundos pela administração local e regional;

    64.

    Exorta a Comissão a tomar uma posição e a deixar claro que uma paz sustentável e uma verdadeira reconciliação são uma das condições para a Bósnia-Herzegovina receber apoio financeiro da UE;

    Agenda social

    65.

    Salienta a necessidade de salvaguardar os direitos das minorias religiosas e étnicas, incluindo os ciganos, e a inclusão social das populações vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência; apela ao reforço das estratégias a favor dos direitos humanos e de luta contra a discriminação a nível nacional, à adoção de medidas contra a intolerância inter-religiosa e interétnica, à garantia de acesso a cuidados de saúde públicos de qualidade e à aplicação das recomendações do Provedor dos Direitos Humanos para abordar as violações dos direitos humanos e as questões neste domínio; insta à prevenção e à repressão pró-ativa dos crimes de ódio, do discurso de ódio, da discriminação e da desinformação, bem como da violência sexual e baseada no género;

    66.

    Recorda que as mulheres estão sub-representadas na política e na vida pública e exorta as autoridades da Bósnia-Herzegovina e a UE, no âmbito dos seus instrumentos de financiamento externo, a redobrarem esforços no domínio da igualdade de género e dos direitos das mulheres, nomeadamente dando prioridade à integração da perspetiva de género e a uma maior cooperação com a sociedade civil, em particular com as organizações de mulheres;

    67.

    Apela à harmonização e aplicação efetiva da legislação em matéria de igualdade de género em todo o país e insta as autoridades a melhorarem significativamente a resposta institucional à violência de género, em particular no que diz respeito a medidas de proteção e prevenção, ao apoio às vítimas, à assistência jurídica e ao alojamento seguro, bem como à repressão dos crimes de violência sexual, inclusive para as mulheres vítimas de crimes de guerra, e à garantia de proteção das testemunhas; solicita a alteração dos códigos penais da Federação da Bósnia-Herzegovina e do Distrito de Brčko, a fim de alargar as disposições em matéria de combate ao incitamento ao ódio e à violência, de modo a incluir a orientação sexual, a identidade de género e as características sexuais como motivos de proteção;

    68.

    Apela à adoção de legislação para proteger as pessoas LGBTI+ e para julgar os atos de violência e os crimes de ódio cometidos contra elas e promover a sua inclusão social; apela à adoção do Plano de Ação para a Igualdade das Pessoas LGBTI na Bósnia-Herzegovina 2021-2023, que está bloqueado desde 2020; saúda as conclusões do grupo de trabalho intersetorial sobre os direitos e as uniões entre pessoas do mesmo sexo, que recomendou oficialmente a elaboração de uma lei sobre as uniões homossexuais; insta o governo a dar seguimento a esta recomendação sem demora;

    69.

    Congratula-se com a organização pacífica da segunda Marcha do Orgulho de Sarajevo, em 14 de agosto de 2021, e com o facto de o Governo do cantão de Sarajevo ter coberto os seus custos de segurança; congratula-se igualmente com a organização pacífica da terceira Marcha do Orgulho de Sarajevo, em 25 de junho de 2022; condena, no entanto, as anteriores manifestações de protesto e declarações contra o evento, nomeadamente de políticos, com o objetivo de minar os direitos das pessoas LGBTI+ na Bósnia-Herzegovina;

    70.

    Salienta a necessidade de prevenir devidamente a discriminação dos ciganos e de outras minorias étnicas, de melhorar o seu acesso aos cuidados de saúde, à educação e ao mercado de trabalho e de desenvolver e aplicar estratégias de inclusão social;

    71.

    Reitera que a Bósnia-Herzegovina deve igualmente criar e adotar um novo plano de ação em matéria de proteção das crianças; salienta, a este respeito, que a exploração e a mendicidade das crianças continuam a ser motivo de preocupação;

    72.

    Lamenta a falta de progressos no tratamento dos direitos das pessoas com deficiência; incentiva a Bósnia-Herzegovina a tomar medidas para proteger as pessoas com deficiência e a criar e adotar uma estratégia de desinstitucionalização; condena o facto de a lei permitir que as pessoas com deficiência sejam privadas da sua capacidade jurídica, o que constitui uma clara violação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o país é signatário; realça que é inaceitável que o apoio prestado seja diferenciado em função do tipo de deficiência;

    73.

    Sublinha que a reforma educativa é um pilar fundamental para a criação de uma sociedade pluralista próspera e inclusiva, livre de todas as formas de segregação e marginalização e beneficiando das suas liberdades políticas; reitera que o trabalho sobre o processo de reconciliação deve centrar-se na juventude do país e começar numa idade precoce, integrando a reconciliação no processo educativo;

    74.

    Reitera o seu apelo para que se ponha urgentemente termo à segregação e à discriminação na educação, nomeadamente através da aplicação das decisões judiciais que visam o fim da prática ilegal e discriminatória de «duas escolas sob o mesmo teto»; frisa a necessidade de aumentar o investimento no setor da educação, a fim de garantir melhores oportunidades e igualdade de oportunidades para todos os cidadãos; solicita a criação de programas curriculares inclusivos, que fomentem o pensamento crítico e melhorem a qualidade da educação e da formação, tendo em conta a diversidade cultural e linguística, e eliminem os conteúdos contrafactuais que promovem a divisão;

    75.

    Regozija-se com a participação contínua da Bósnia-Herzegovina nos programas Erasmus+, Europa Criativa e Europa para os Cidadãos; destaca que os intercâmbios educativos e culturais e os projetos conjuntos são uma parte essencial para aproximar os cidadãos da Bósnia-Herzegovina e da UE;

    76.

    Continua preocupado com o elevado número de jovens que abandonam o país e salienta a importância de adotar urgentemente medidas para reduzir o desemprego dos jovens e garantir um futuro para os jovens no país, nomeadamente através da criação e aplicação da Garantia para a Juventude em conformidade com o modelo e as orientações da UE;

    77.

    Observa que ainda há sérios desafios a enfrentar nos domínios do emprego, da inclusão e da proteção sociais, e da redução da pobreza; salienta que o reforço do Estado-providência é uma condição importante para a coesão social; solicita às autoridades que promovam o diálogo social; exorta a Comissão a ter devidamente em conta no seu relatório anual a negociação coletiva, os direitos sociais e a sua proteção e aplicação;

    78.

    Manifesta profunda preocupação com as devoluções sumárias de refugiados à Sérvia e ao Montenegro, bem como com as restrições impostas à sua circulação e as limitações aos transportes públicos no interior do país; lamenta a incapacidade das autoridades para dar resposta à grave crise humanitária na fronteira associada à migração; reitera a sua profunda preocupação com os direitos e a situação das pessoas em trânsito na Bósnia-Herzegovina; salienta que a gestão das fronteiras da UE pelas autoridades da Bósnia-Herzegovina é motivo de preocupação à luz das violações dos direitos humanos, resultantes, em particular, da falta de independência, credibilidade e eficácia do mecanismo fronteiriço recentemente criado; sublinha que é dever da UE adotar uma abordagem migratória que seja humana e que vise proteger os direitos fundamentais das pessoas que necessitam de proteção internacional nos países de trânsito, como a Bósnia-Herzegovina; recorda que são necessárias soluções assentes na solidariedade e nos direitos humanos em matéria de migração, asilo e gestão das fronteiras, em coordenação e cooperação com os Estados-Membros da UE afetados nas fronteiras externas da União, de modo a assegurar uma assistência humanitária e capacidades de acolhimento adequadas em todo o país; insta a Bósnia-Herzegovina a celebrar um acordo com o Gabinete Europeu de Apoio em matéria de Asilo; regozija-se com a abertura em Lipa do centro financiado pela UE, mas lamenta que este continue a carecer de acessibilidade e continua preocupado com os relatos de condições de acolhimento insuficientes; toma nota do encerramento do campo de Miral em 28 de abril de 2022 e do facto de as pessoas que aí viviam terem sido transferidas à força para o campo de Lipa, que está longe de todas as infraestruturas básicas;

    79.

    Condena o despejo de ocupantes ilegais de habitações pela polícia em 28 de abril de 2022, levado a cabo quando essas pessoas dormiam; condena o facto de estas pessoas terem sido transferidas para o campo de Lipa;

    80.

    Recorda a necessidade de criar um sistema de asilo acessível e eficiente no país, bem como uma gama completa de serviços de integração para os requerentes de asilo; destaca a necessidade de aumentar a transparência e o controlo da atribuição e execução dos fundos da UE no domínio da migração, em particular o elevado montante de fundos executados pela Organização Internacional para as Migrações; manifesta a sua preocupação com as numerosas denúncias credíveis de devoluções sumárias para a Bósnia-Herzegovina;

    81.

    Exorta a Bósnia-Herzegovina a intensificar os seus esforços contra a criminalidade transfronteiriça, em especial o tráfico de seres humanos e de armas e a passagem irregular das fronteiras, e recomenda que o país celebre oportunamente um acordo de estatuto com a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) que facilite uma melhor proteção e gestão das suas fronteiras; insta a Agência e a Bósnia-Herzegovina a assegurarem a gestão das fronteiras no pleno respeito dos direitos fundamentais;

    Política externa e de segurança

    82.

    Exorta todos os dirigentes da região a promoverem a estabilidade e o desanuviamento, evitando observações desnecessárias e inflamatórias, que, além disso, têm um efeito prejudicial na estabilidade, na democratização do país e no processo de reformas em curso, bem como a reforçarem as relações de boa vizinhança e a cooperarem para resolver as atuais questões bilaterais; manifesta preocupação com os perigos de desestabilização política na Bósnia-Herzegovina e na região dos Balcãs Ocidentais na sequência da recente guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia;

    83.

    Acolhe com agrado o crescente alinhamento da Bósnia-Herzegovina com a política externa e de segurança comum da UE nas votações que condenam a invasão da Ucrânia pela Rússia; lamenta, porém, que alguns intervenientes políticos estejam a bloquear a aplicação de sanções contra a Rússia e a Bielorrússia na sequência da invasão da Ucrânia; insta, por conseguinte, estes intervenientes políticos da Bósnia-Herzegovina a respeitarem os compromissos internacionais do país e a assegurarem-se de que as suas políticas nacionais estão em conformidade com as decisões pertinentes do Conselho sobre medidas restritivas relacionadas com a invasão da Ucrânia pela Rússia;

    84.

    Acolhe favoravelmente as decisões do Conselho de Ministros da Bósnia-Herzegovina no sentido de facilitar a entrada a refugiados ucranianos e de prolongar a duração da sua estada;

    85.

    Alerta para o interesse constante da Rússia em desestabilizar a região e a sua trajetória europeia; condena o apoio da Rússia às políticas separatistas da entidade da RS e continua preocupado face ao alinhamento contínuo de proeminentes intervenientes políticos da Bósnia-Herzegovina com o Kremlin e aos laços amigáveis entre eles; insta todos os intervenientes a distanciarem-se rápida e inequivocamente do regime de Putin; manifesta preocupação com os planos da Rússia de abrir um «centro humanitário» em Banja Luka, que poderia servir para camuflar a cooperação militar como atividades civis, e insta as autoridades da Bósnia-Herzegovina a revogarem qualquer acordo de abertura;

    86.

    Expressa profunda preocupação pelo facto de os países dos Balcãs Ocidentais candidatos à adesão à UE estarem a ser particularmente afetados por ataques sob a forma de ingerência estrangeira e campanhas de desinformação provenientes da Rússia e da China; considera alarmante que a Hungria e a Sérvia estejam a contribuir para os objetivos geopolíticos da China e da Rússia; manifesta profunda preocupação com a propagação de desinformação sobre a agressão da Rússia contra a Ucrânia; exorta as autoridades a tomarem medidas, em coordenação com a UE, para combater a desinformação e outras ameaças híbridas; recomenda a convocação de diálogos com a sociedade civil dos Balcãs Ocidentais e o setor privado para coordenar os esforços de luta contra a desinformação na região, com a inclusão de conhecimentos especializados a nível regional; sublinha a necessidade de a UE impulsionar a sua comunicação estratégica pró-ativa; insta, a este respeito, a Comissão a criar as infraestruturas necessárias para combater as ameaças de desinformação e o SEAE a ampliar a supervisão da divisão StratCom de modo a centrá-la nas ameaças de desinformação transfronteiriças provenientes dos países dos Balcãs Ocidentais e dos países vizinhos;

    87.

    Insta a UE a tomar medidas concretas para integrar os Balcãs Ocidentais e a Bósnia-Herzegovina num contexto estratégico e de segurança mais vasto, tendo também em conta a agressão da Rússia contra a Ucrânia, a desinformação e a interferência mal-intencionada, que desestabilizam o país e a região; sublinha a necessidade de a UE reforçar a assistência e os conhecimentos técnicos para a cibsersegurança da Bósnia-Herzegovina;

    88.

    Congratula-se com a disponibilidade do Conselho Europeu para conceder o estatuto de país candidato à Bósnia-Herzegovina, tal como referido nas suas conclusões de 23 de junho de 2022, e regista que o Conselho Europeu solicitou à Comissão que preste informações sem demora ao Conselho sobre a implementação das 14 prioridades fundamentais enunciadas no seu parecer, com especial destaque para as que constituem um conjunto substancial de reformas, para que o Conselho Europeu possa voltar a apreciar a questão tendo em vista a tomada de uma decisão; sublinha que a concessão do estatuto de país candidato poderia contribuir para desanuviar a retórica nacionalista, reduzir as divisões étnicas, inspirar otimismo e abrir a perspetiva de um melhor futuro europeu para os cidadãos da Bósnia-Herzegovina; salienta a importância de uma mensagem de apoio e de uma perspetiva de adesão credível para a Bósnia-Herzegovina;

    89.

    Congratula-se com as declarações do Secretário-Geral da NATO, de 4 e de 24 de março de 2022, sobre a necessidade de continuar a apoiar a Bósnia-Herzegovina, nomeadamente através da defesa da sua soberania e do reforço da sua resiliência; reconhece o valor acrescentado que a adesão da Bósnia-Herzegovina à NATO traria;

    90.

    Manifesta a sua preocupação com os efeitos na Bósnia-Herzegovina da guerra na Ucrânia, nomeadamente no que diz respeito à inflação, ao aprovisionamento energético, aos preços dos combustíveis e à segurança alimentar; insta a UE a ajudar a Bósnia-Herzegovina a aumentar a sua segurança energética ecológica no contexto da precariedade dos preços da energia;

    91.

    Regista que a execução da estratégia de política externa da Bósnia-Herzegovina para 2018-2023, que inclui a plena adesão à UE, a ativação do Plano de Ação para a adesão à NATO, a luta contra o terrorismo, a cooperação a nível regional e a cooperação bilateral e multilateral, tem sido comprometida por posições divergentes frequentes; insta as autoridades a intensificarem a sua execução;

    92.

    Regozija-se com a mobilização de fundos do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, no valor de 10 milhões de EUR, que financiarão 150 detetores de metais e 68 veículos especiais, a fim de desenvolver capacidades e impulsionar a desminagem e a eliminação de armas, munições e explosivos; sublinha que a Bósnia-Herzegovina se alinha oficialmente pelos critérios e princípios da Posição Comum relativa à exportação de armas e é um Estado Parte na maioria dos tratados de desarmamento, não proliferação e controlo de armamento, e apela ao seu apoio significativo às atividades do Centro Regional de Intercâmbio de Informações da Europa do Sudeste e Oriental para o Controlo de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre;

    93.

    Congratula-se com a presença contínua da Operação EUFOR ALTHEA no país e com a prorrogação do seu mandato pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 3 de novembro de 2021;

    94.

    Acolhe com agrado o recente reforço da EUFOR ALTHEA através do destacamento de cerca de 500 efetivos das suas reservas estacionados fora da Bósnia-Herzegovina, como medida de precaução, e com o apoio prestado ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para reforçar o batalhão das forças armadas da Bósnia-Herzegovina para a desminagem; recorda que a missão continua a desempenhar um papel importante na salvaguarda da segurança e da estabilidade do país; salienta a importância estratégica do Distrito de Brčko e apela a que se estude a possibilidade de novos destacamentos com base numa avaliação realista das ameaças;

    95.

    Destaca a necessidade imperiosa de prorrogar o mandato da EUFOR ALTHEA para além de novembro de 2022; insta, por conseguinte, os Estados-Membros a cooperarem com as Nações Unidas para prorrogar o mandato, e sublinha a importância primordial de dispor de soluções alternativas em caso de não prorrogação; exorta, por conseguinte, a UE e os seus parceiros internacionais, incluindo a NATO, a desenvolverem alternativas adequadas para manter um mecanismo de imposição da paz na Bósnia-Herzegovina, caso o mandato conferido à operação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas não seja prorrogado;

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    o o

    96.

    Encarrega a sua Presidente de transmitir a presente resolução ao Vice-Presidente da Comissão / Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, ao Conselho, à Comissão, à Presidência da Bósnia-Herzegovina, ao Conselho de Ministros da Bósnia-Herzegovina, à Assembleia Parlamentar da Bósnia-Herzegovina, aos governos e parlamentos da Federação da Bósnia-Herzegovina, da República Sérvia da Bósnia e do Distrito de Brčko e aos governos dos dez cantões, bem como ao Gabinete do Alto Representante.

    (1)  JO L 391 de 5.11.2021, p. 45.

    (2)  JO L 330 de 20.9.2021, p. 1

    (3)  JO C 265 de 11.8.2017, p. 142.

    (4)  JO C 399 de 24.11.2017, p. 176.

    (5)  JO C 362 de 8.9.2021, p. 129.

    (6)  Textos Aprovados, P9_TA(2021)0506.

    (7)  Textos Aprovados, P9_TA(2022)0039.

    (8)  Textos Aprovados, P9_TA(2022)0064.

    (9)  JO L 91 de 18.3.2022, p. 22.


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