COMISSÃO EUROPEIA
Bruxelas, 15.9.2021
COM(2021) 573 final
Relatório sobre a fase de conceção conjunta
ANEXO
da
Comunicação da Comissão Europeia ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social e ao Comité das Regiões
Novo Bauhaus europeu: Beleza, Sustentabilidade, Inclusividade
Índice
RELATÓRIO SOBRE A FASE DE CONCEÇÃO CONJUNTA
1.
Calendário da fase de conceção conjunta
2.
Princípios fundamentais:
2.1.
Começar pelos valores
2.2.
Inspirar-se nos projetos e nas ideias existentes
2.3.
A divulgação das conversas como um instrumento fundamental
2.4.
O desenvolvimento de uma comunidade
2.4.1.
Parceiros
2.4.2.
Mesa-Redonda de Alto Nível
3.
Metodologia e instrumentos
3.1.
O sítio Web do novo Bauhaus europeu como primeiro instrumento de participação
3.1.1.
O coletor de histórias curtas
3.1.2.
O coletor de contributos em formato livre
3.1.3.
A recolha dos resultados das conversas
3.2.
Análise dos dados: abordagem geral
3.2.1.
Princípios
3.2.2.
Facilitadores e escalas: uma matriz
4.
Atividades e conclusões
4.1.
Atividades
4.2.
Divulgação
4.2.1.
comunicação digital
4.2.2.
Parceiros oficiais do novo Bauhaus europeu
4.2.3.
Histórias recolhidas
4.2.4.
Equilíbrios geográficos e setoriais
4.3.
Conclusões
5.
Eixos emergentes
5.1.
Restabelecer a ligação com a natureza
5.2.
Recuperar um sentimento de pertença
5.3.
Dar prioridade aos lugares e às pessoas que mais necessitam
5.4.
Necessidade de efetuar uma reflexão (circular) de longo prazo centrada no ciclo de vida e integrada no ecossistema industrial
6.
Ideias de ações
6.1.
Ter em atenção intervenções de pequena escala
6.2.
Trabalhar simultaneamente em várias escalas
6.3.
A transdisciplinaridade ao serviço de uma abordagem integrada
6.4.
Partir de uma abordagem participativa
6.5.
Inovação para além de um impulso tecnológico
6.6.
Entre o passado e o presente
6.7.
Novas formas de financiamento
7.
VII. Conclusões e fases seguintes
RELATÓRIO SOBRE A FASE DE CONCEÇÃO CONJUNTA
Para a iniciativa do novo Bauhaus europeu, a Comissão optou por uma abordagem invulgar: concebeu um projeto ascendente (bottom-up) baseado na participação e na inclusão. Após o lançamento do projeto, em setembro de 2020, pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, a Comissão colocou-se em modo de escuta e deu a todos os interessados a oportunidade de partilharem ideias, exemplos, visões e desafios que devem ser tidos em conta no projeto.
O presente anexo contém um relatório sobre esta «fase de conceção conjunta» que serviu de base ao conceito do novo Bauhaus europeu apresentado hoje na comunicação da Comissão. Ao longo de seis meses, a Comissão realizou uma ampla colaboração com os cidadãos, os profissionais e as organizações e tirou partido dos principais desafios e ideias que orientarão o novo Bauhaus europeu a curto e longo prazo.
No total, tiveram lugar mais de 200 intercâmbios multidisciplinares, e mais de 2000 participantes partilharam diretamente as suas ideias, desafios e visões através do sítio Web Novo Bauhaus Europeu. Além disso, cerca de 12 000 pessoas seguiram e interagiram com a iniciativa no Instagram e mais de 8500 seguiram em linha à Conferência sobre o novo Bauhaus europeu. Durante esta fase, o apoio tanto dos parceiros oficiais do Novo Bauhaus Europeu como dos membros da mesa redonda de alto nível foi essencial, uma vez que ambos têm funcionado como amplificadores, ativando as suas redes e estimulando novos Intercâmbios.
O presente documento resume as principais conclusões da fase de conceção conjunta. Descreve igualmente os métodos e instrumentos utilizados.
1.Calendário da fase de conceção conjunta
·Janeiro a meados de fevereiro: lançamento oficial da iniciativa em 18 de janeiro de 2021 com a abertura do sítio Web especialmente consagrado. Desenvolvimento de uma estratégia para ativar as conversas em torno da iniciativa (webinários informativos, convite à apresentação de propostas dos parceiros, aproximação às redes). Seleção dos membros da Mesa-Redonda de Alto Nível.
·Meados de fevereiro a meados de março: webinários e seminários semanais para ampliar a participação das organizações e comunidades; a Mesa-Redonda de Alto Nível ganha forma. É selecionado o primeiro grupo de parceiros.
·Meados de março a meados de abril: início da análise dos contributos recebidos: análise de tendências, temas principais, desafios, a partir dos contributos recolhidos; organização da Conferência do novo Bauhaus europeu (22-23 de abril). Primeiras reuniões da Mesa-Redonda de Alto Nível; atividades das organizações parceiras.
·Meados de abril até final de junho: recolha e análise dos contributos. A Mesa-Redonda de Alto Nível reúne-se de duas em duas semanas. Seleção de um novo grupo de parceiros por semana. Os primeiros resultados decorrentes da interpretação dos contributos do sítio Web, são partilhados, discutidos, testados e enriquecidos em muitos eventos organizados pelos parceiros e outras partes interessadas independentes.
·Final de junho: encerramento da fase de conceção conjunta.
2.Princípios fundamentais:
2.1.Começar pelos valores
Desde o início, o novo Bauhaus europeu tem estado associado a três valores fundamentais - estética, sustentabilidade e inclusão - com uma forte ênfase nos espaços de vida e no estilo de vida. A ambição de tornar o Pacto Ecológico uma experiência cultural, positiva e concreta, centrada no ser humano, assenta neste conjunto preciso de valores.
Decorrente do triângulo «Belo - Sustentável - Juntos», a fase de conceção conjunta foi planeada para responder a um conjunto de questões fundamentais:
·O que significam os conceitos de estética, sustentabilidade e inclusão social para as pessoas relativamente a lugares e formas de vida?
·Quais são os desafios mais prementes com que se deparam os cidadãos relativamente ao seu ambiente de vida?
·Quais são as ideias concretas que poderão apoiar o movimento do novo Bauhaus europeu?
·Qual deverá ser o âmbito de aplicação e as principais prioridades da iniciativa do novo Bauhaus europeu?
2.2.Inspirar-se nos projetos e nas ideias existentes
Já existem muitas boas iniciativas na interação entre sustentabilidade, inclusão e estética. Tal é verdade para a arquitetura sustentável, tal como ilustrado pelos vencedores do Prémio Pritzker de 2021, pela transformação dos blocos de habitação social em Bordéus. Reflete-se também, por exemplo, no número crescente de jardins comunitários em que os vizinhos participam na transformação do espaço verde público, ou em festivais culturais que sensibilizam para as questões ambientais através da arte.
Para ativar aqueles que já estão a trabalhar nas dimensões do novo Bauhaus europeu, valorizar os seus projetos e tirar partido das suas ideias, a fase de conceção conjunta coloca a tónica nos projetos existentes que podem inspirar a iniciativa. No total, foram apresentados ao sítio Web cerca de 1800 exemplos.
Os prémios do novo Bauhaus europeu 2021 reforçaram esta abordagem.
Foram estabelecidas 10 categorias diferentes para abranger a diversidade de dimensões pertinentes para o novo Bauhaus europeu. Em cada categoria, foi atribuído um prémio especial à geração mais jovem:
1.Técnicas, materiais e processos para construção e design
2.Edifícios renovados num espírito de circularidade
3.Soluções para a co-evolução do ambiente construído e da natureza
4.Espaços urbanos e rurais regenerados
5.Produtos e estilo de vida
6.Património cultural preservado e transformado
7.Lugares reinventados para encontro e partilha
8.Mobilização da cultura, artes e comunidades
9.Soluções de vida modulares, adaptáveis e móveis
10. Modelos educativos interdisciplinares
A resposta foi impressionante, tendo sido recebidas mais de 2000 candidaturas de toda a UE dentro do prazo de um mês. O processo de seleção foi também participativo, com uma votação pública e uma avaliação pelos parceiros oficiais do novo Bauhaus europeu. Os vencedores finais serão anunciados em 16 de setembro numa cerimónia de entrega dos prémios, em Bruxelas.
2.3.A divulgação das conversas como um instrumento fundamental
Todos sabemos, fruto das nossas refeições partilhadas reuniões no trabalho, que as melhores ideias surgem das conversas. E são ainda mais profícuas quando participam pessoas de diversas origens e com opiniões diferentes. Por este motivo, as conversas a vários níveis foram o principal instrumento para a fase de conceção conjunta.
A tónica foi colocada na procura de uma colaboração entre diferentes setores, intervenientes institucionais ou grupos tão diversos quanto possível, a fim de quebrar os isolamentos estabelecidos e dar início a novas ligações baseadas na cooperação com vista a objetivos partilhados.
A Comissão apoiou estas conversas com um conjunto de ferramentas disponibilizado no sítio Web e com a sua própria participação.
Essas conversações incluíam tanto as organizadas a nível local ou pelos governos nacionais como as iniciativas pan-europeias. Os resultados destas conversações foram partilhados com a Comissão.
Em abril, a Comissão organizou uma conversa a nível mundial: a Conferência do novo Bauhaus europeu, um evento híbrido com mais de 40 oradores e facilitadores internacionais. A conferência reuniu mais de 8 500 espetadores de 85 países. Vários painéis de discussão e oito seminários permitiram diálogos profícuos entre os participantes. Os resultados dos seminários foram recolhidos durante as sessões e tidos em conta na interpretação dos contributos.
2.4.O desenvolvimento de uma comunidade
O novo Bauhaus europeu assenta numa comunidade em crescimento em torno de duas ações para inspirar um movimento: o convite à apresentação de propostas para parceiros oficiais e a Mesa-Redonda de Alto Nível.
2.4.1.Parceiros
Desde o início da fase de conceção conjunta, a Comissão lançou um convite à apresentação de propostas para parceiros oficiais do novo Bauhaus europeu no sítio Web da iniciativa.
Os parceiros oficiais são organizações sem fins lucrativos que partilham os valores do novo Bauhaus europeu e que propuseram iniciativas concretas para apoiar o desenvolvimento e implementação como, por exemplo, eventos, relatórios ou conversações.
Começando com um primeiro grupo de 20 parceiros em 25 de março, a comunidade de parceiros oficiais atingiu mais de 200 no final da fase de conceção conjunta. O convite à participação de parceiros continuará em vigor durante a fase de implementação, a fim de ajudar a comunidade a crescer.
2.4.2.Mesa-Redonda de Alto Nível
A partir de um grupo inicial de quase 80 peritos identificados pela Comissão para constituir a Mesa-Redonda de Alto Nível para a iniciativa, foram selecionados 18 membros devido à sua experiência pessoal e conhecimentos especializados que abrangem as diferentes dimensões do novo Bauhaus europeu. Estes não representam organizações ou países. No processo de seleção, foi dada especial atenção ao equilíbrio geográfico, setorial e ao equilíbrio de género.
O papel da Mesa-Redonda de Alto Nível é partilhar e expressar as suas ideias sobre temas fundamentais, ideias inovadoras e desafios. Os membros trocaram regularmente ideias com o presidente e os dois membros da Comissão responsáveis pela iniciativa e cooperaram no âmbito de uma série de seminários. Os membros atuaram também como embaixadores da comunidade, colaborando com as suas redes para divulgar a conversação e recolher pontos de vista nos seus países de origem e não só.
Com base nos seus intercâmbios, os membros da Mesa-Redonda de Alto Nível partilharam a sua visão e as suas ideias de ação num documento de reflexão.
3.Metodologia e instrumentos
3.1.O sítio Web do novo Bauhaus europeu como primeiro instrumento de participação
Dadas as restrições causadas pela pandemia, a concessão de acesso direto ao público à fase de conceção conjunta implicou a criação de uma plataforma digital onde as pessoas possam facilmente partilhar as suas ideias e a sua experiência. Desde a sua inauguração, em 18 de janeiro de 2021, o sítio Web disponibilizou dois pontos de entrada principais para os contributos: um concebido para recolher histórias curtas e outro para contributos em formato livre.
3.1.1.O coletor de histórias curtas
Este ponto de entrada foi concebido para recolher contributos curtos (cerca de 2000 carateres em média). As histórias podiam ser partilhadas através de três canais separados, cada um deles abordando uma dimensão diferente:
·Exemplos e projetos existentes: o que já foi realizado e desenvolvido.
·Visões e ideias: Propostas de projetos ainda não executados.
·Desafios: Desejos e necessidades dos cidadãos.
3.1.2.O coletor de contributos em formato livre
Um ponto de entrada adicional ofereceu a possibilidade de preencher um formulário após a apresentação de um contributo, estruturada com quatro perguntas abertas para apoiar o enquadramento dos contributos no âmbito da iniciativa do novo Bauhaus europeu.
3.1.3.A recolha dos resultados das conversas
Ao longo de toda a fase de conceção conjunta, foram organizadas muitas conversas em torno da iniciativa do novo Bauhaus europeu. Especialmente nas primeiras semanas, foram organizadas pela Comissão dezenas de «sessões de ativação» para estimular a participação em redes específicas. Embora estas primeiras reuniões tenham sido seguidas de perto e controladas pela própria equipa do novo Bauhaus europeu, um número crescente de eventos multipolinizados começou a surgir autonomamente semana após semana, especialmente após a Conferência do novo Bauhaus europeu, em abril. Em muitos casos, os organizadores dos eventos partilharam o resultado das conversas no sítio Web.
3.2.Análise dos dados: abordagem geral
3.2.1. Princípios
A fase de conceção conjunta, e especificamente as atividades relacionadas com a recolha dos contributos, foi construída em torno de uma série de princípios fundamentais.
3.2.1.1. Transparência
Para que o processo seja plenamente aberto e participativo, é necessário que seja transparente de forma coerente. Este princípio foi assegurado através do sítio Web do novo Bauhaus europeu, onde, em conjunto com as ligações fundamentais para os instrumentos de participação, é possível encontrar informações sobre a Mesa-Redonda de Alto Nível, os parceiros e um calendário para acompanhar os principais eventos que ocorrem em torno da iniciativa. Além disso, todos os contributos foram progressivamente tornados acessíveis ao público através do desenvolvimento de um sistema de visualização. Graças a esta ferramenta e às suas funcionalidades de investigação, qualquer utilizador ou organização interessada tem a possibilidade de realizar a sua própria «interpretação dos contributos» e análise.
3.2.1.2. Diversidade e igualdade de tratamento
Os perfis dos participantes são verdadeiramente diversificados, desde breves testemunhos até longos resumos de séries de eventos, até ensaios, documentos de tomada de posição ou artigos de investigação. Apesar da disparidade de complexidade, redação e extensão, era importante analisar todos os contributos com o mesmo nível de atenção.
3.2.1.3.Agrupamento
Outro aspeto fundamental que orientou a análise foi a ideia de evitar forçar os contributos em categorias específicas e predefinidas e de seguir uma abordagem baseada na quantidade que teria limitado a análise ao número de contributos sobre um determinado tema.
O método foi continuamente adaptado em função do conteúdo recolhido ao longo do tempo, agrupando histórias e ideias em diferentes grupos de temas e perguntas aos quais podiam responder.
Após a identificação das tendências específicas, foi crucial não perder vozes únicas nos grandes números e valorizar com mais atenção os contributos únicos, de modo a contrabalançar o peso de grandes grupos de contributos semelhantes.
3.2.2.Facilitadores e escalas: uma matriz
Para além da identificação das tendências e dos valores anómalos, o processo de agrupamento visava também a identificação de um conjunto de facilitadores, uma tipologia de recursos necessária para apoiar a transformação (redes, cultura, educação, investigação, infraestruturas, lugares, tecnologia, políticas e quadro regulamentar, estratégias e programas). A lista de facilitadores foi cruzada com escalas de aplicação, a partir da dimensão local e afastando-se até ao contexto mundial (construção, bairro, aldeia e cidade, regional, nacional, europeia, mundial e múltiplo).
A combinação de facilitadores e escalas numa matriz constituiu um marco importante para ligar as tendências gerais das aspirações às ideias mais concretas sobre a forma de avançar para as transformações desejadas.
4.Atividades e conclusões
4.1.Atividades
Houve uma enorme variedade e diversidade nas atividades realizadas. A Comissão não controlou as atividades que foram propostas por outras organizações para manter a conversa tão inclusiva e aberta quanto possível. É impossível mencionar no presente documento todas as organizações e atividades. Os exemplos selecionados representam muitos mais.
Foi alcançada uma grande variedade de audiências: tal variedade abrangeu desde arquitetos até cientistas, desde organizações de habitação social até à indústria, desde crianças e estudantes de arte até às autoridades públicas.
Organizações locais de base reuniram-se e realizaram o seu próprio evento no seu bairro ou região (Galiza em Espanha, Gdynia na Polónia). Noutros casos, os parceiros utilizaram as suas redes europeias para estabelecer conversações à escala europeia sobre um determinado tema (Housing Europe, The Bureau of European Design Associations (BEDA), IFLA Europe (International Federation of Landscape Architects), New European Bauhaus Collective, Europeana, Europa Nostra, Triennale Milano, Wood4Bauhaus Alliance).
Em alguns Estados-Membros, a iniciativa foi adotada por intervenientes ou ministérios nacionais (Suécia, Dinamarca, Espanha, Lituânia, Alemanha, Eslovénia, Estónia, Itália e outros). Outras cidades e Estados-Membros contactaram os seus congéneres nos países vizinhos para organizar conversas regionais (Nordic Bauhaus, Bauhaus of the Sea ou «NEB goes South», uma plataforma que reúne os departamentos de arquitetura de seis universidades).
Os parceiros oficiais e os membros da Mesa-Redonda de Alto Nível do novo Bauhaus europeu desempenharam muitas vezes um papel crucial nestas iniciativas.
O novo Bauhaus europeu estimulou o desenvolvimento de muitas atividades que envolvem crianças e jovens, muitas vezes com o objetivo de levar a criatividade à fase de conceção conjunta. Por exemplo, o Ministério da Habitação, Construção e Transportes da Baviera lançou um concurso para crianças até aos 14 anos, convidando-as a apresentar uma imagem para inspirar o futuro da construção de casas e da vida em comum. O Ministério da Justiça e Democracia, Europa e Igualdade do Estado da Saxónia, em conjunto com a cidade de Chemnitz e o seu Gabinete Estatal para a Escola e Educação, organizou um concurso semelhante, que oferece um prémio a jovens cidadãos dos 14 aos 18 anos de idade para a melhor visão para o futuro, a ser representada por desenhos, pinturas, gráficos, esculturas ou modelos.
A Arkki, uma plataforma cultural finlandesa lançou um concurso de arte para refletir sobre a iniciativa NEB, enquanto a Architektūros Fondas, uma organização sem fins lucrativos da Lituânia, organizará seminários de cinco dias em sete pequenas cidades de todo o país, a fim de melhorar a compreensão dos jovens sobre o seu ambiente de vida, incentivar a criatividade e promover um sentido de responsabilidade pessoal.
O novo Bauhaus europeu também suscitou grande interesse na comunidade industrial. Várias organizações setoriais candidataram-se como parceiros para o novo Bauhaus europeu, organizando eventos e seminários (por exemplo, Fashion Council Germany, LafargeHolcim Foundation ou The Concrete Initiative). A indústria europeia da madeira criou a aliança Wood4Bauhaus, a primeira vez que o setor tenta unir esforços num projeto comum. A Mesa-Redonda Europeia para a Indústria organizou duas sessões sobre o novo Bauhaus europeu, centradas principalmente no setor da construção. A comunidade das energias renováveis juntou-se às conversas e trouxe perspetivas interessantes ao processo.
O Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) ativou o seu ecossistema de parceiros localizados em toda a UE para sensibilizar para o novo Bauhaus europeu e cocriar atividades interdisciplinares nas cidades e nas zonas rurais sobre temas como a transição ecológica através de locais arquitetónicos, culturais e históricos, a circularidade e resiliência urbana, a mobilidade universal como fator essencial para a inclusão social.
Os governos nacionais e as entidades regionais participaram ativamente na fase de conceção conjunta. Por exemplo, o Ministério dos Transportes, da Mobilidade e da Agenda Urbana espanhol organizou uma conferência para investigar o papel que a Espanha pode representar na definição e implementação do novo Bauhaus europeu e iniciou um diálogo institucional e um intercâmbio de experiências entre os projetos e os intervenientes em causa. Um caso semelhante é o do «Nordic Bauhaus», em que mais de 1600 pessoas de diferentes países nórdicos, sob a direção do Ministério do Ambiente finlandês, debateram temas importantes para os climas nórdicos, inspirando-se nas cidades locais tradicionais de madeira e no Estado-providência nórdico. Na Alemanha, o Ministério do Interior organizou um seminário para recolher contributos de diferentes intervenientes no terreno. Na Lituânia, o Ministério do Ambiente, em conjunto com o Ministério da Cultura, organizou o «Debate nacional sobre o novo Bauhaus europeu».
O novo Bauhaus europeu suscitou grande interesse no Parlamento Europeu: a Comissão da Cultura e da Educação (CULT) e a Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE) organizaram uma série de eventos em torno do Bauhaus, desde intercâmbios informais com a Comissão até uma audição oficial com peritos de diferentes Estados-Membros. Foi criado um grupo de amizade interpartidário e intercomissões, que reflete a abordagem holística do novo Bauhaus europeu e reuniu mais de 30 eurodeputados. Estes participaram na fase de conceção conjunta e organizaram um evento público com a sociedade civil.
O Comité das Regiões organizou uma conversa entre os autarcas das capitais europeias da cultura e das capitais europeias da inovação e os respetivos membros, com o apoio e a participação da Comissão.
A Comissão Europeia organizou uma série de webinários para informar as diferentes comunidades e recolher contributos, bem como a Conferência do novo Bauhaus europeu. Os diferentes serviços da Comissão que trabalham em determinados aspetos do novo Bauhaus europeu interpelaram as respetivas comunidades e organizaram seminários e eventos, por exemplo com representantes dos jovens ou das regiões carboníferas, a fim de explorar de que forma o novo Bauhaus europeu poderia ajudar a transição, nas suas opiniões.
A maior parte das conversas e dos eventos incidiu sobre um público europeu. Mas houve também atividades fora da UE, por exemplo, na Turquia, na América do Sul e nos EUA. A Comissão optou deliberadamente por incluir os não europeus na Mesa-Redonda de Alto Nível para sublinhar a ambição global do projeto. Além disso, vários parceiros não europeus organizaram eventos em que estabeleceram relações com homólogos europeus.
4.2.Divulgação
4.2.1.comunicação digital
Os princípios fundamentais da estratégia de comunicação são a abertura, o empenho e a cocriação, com um conteúdo baseado nas histórias partilhadas pelas pessoas. A identidade visual da fase de conceção conjunta era muito simples, baseando-se em esboços. O objetivo era dar às pessoas a oportunidade de se apropriarem do conceito e de serem criativas.
Desde janeiro de 2021, a campanha atingiu e mobilizou um público significativo em toda a Europa:
·Instagram: a conta (selecionada como principal plataforma de comunicação devido à sua natureza visual) obteve mais de 12000 seguidores.
·Twitter: mesmo sem uma conta Twitter específica, as conversas com o marcador #NewEuropeanBauhaus geraram cerca de 23 000 participações.
·o sítio Web oficial registou mais de 350 000 visitas;
·o boletim conta com mais de 20 000 assinaturas;
·foi ativada uma página Pinterest;
·os webinários geraram uma audiência de 4300 participantes.
4.2.2.Parceiros oficiais do novo Bauhaus europeu
No final da fase de conceção, 750 entidades tinham apresentado um pedido de parceria oficial, das quais 270 foram aceites, com publicação no sítio Web.
A atividade de divulgação da comunidade de parceiros oficiais é realizada a vários níveis, indo desde as organizações ativas à escala local até às redes à escala da UE que abrangem várias entidades. O alcance cumulativo das organizações que são até ao momento parceiros oficiais pode estimar-se na ordem de vários milhões.
(Por «redes» entendem-se as organizações parceiras com membros em vários países, enquanto a noção de «atividades» diz respeito a parceiros estabelecidos num único Estado, mas que desenvolvem algumas das suas atividades noutros países)
Os parceiros representam uma grande diversidade em termos de setores e domínios de especialização.
A Comunidade conta com parceiros na maior parte dos Estados-Membros e 36 % são redes transnacionais com membros em muitos Estados-Membros e não só, melhorando o alcance geográfico e o equilíbrio.
Distribuição geográfica dos parceiros, incluindo a cobertura das redes
4.2.3.Histórias recolhidas
4.2.3.1.O coletor de histórias curtas
No total, foram recolhidos cerca de 1800 contributos através do coletor de histórias. Algumas delas eram longas explicações da investigação; outras foram breves observações sobre um lugar idílico, uma memória ou um determinado edifício ou técnica.
Número de contributos: Exemplos (1145), Ideias (452), Desafios (167).
4.2.3.2.O coletor de contributos em formato livre
Foram partilhados cerca de 200 contributos através do coletor de contributos em formato livre. Este ponto de entrada chegou a uma grande variedade de participantes: profissionais, investigadores e grupos de investigação, empresas privadas, escolas e universidades, organizações culturais, organizações governamentais e não governamentais, agências, redes e centros regionais e nacionais. Entre os grupos e associações que apresentaram os seus contributos, a sua escala de envolvimento também varia, indo da dimensão local ao nível internacional e mundial.
4.2.4.Equilíbrios geográficos e setoriais
A Comissão prestou especial atenção ao equilíbrio geográfico e setorial: durante as primeiras semanas de recolha, a Itália, a Espanha e a Alemanha foram os países com o maior número de participantes e atividades. Estimulado por intervenções por parte da Comissão, de organizações parceiras, de membros da Mesa-Redonda de Alto Nível e de outros membros, o projeto conseguiu chegar a um público mais vasto através de eventos, conversas e sessões de ativação.
No que diz respeito ao papel dos participantes, o novo Bauhaus europeu atraiu naturalmente um grande interesse do setor da construção (arquitetos e engenheiros), principalmente devido à referência explícita ao mundo arquitetónico incorporado no nome do projeto. Uma série de eventos de atualidade planeados diretamente com e para grupos específicos de organizações apoiou o diálogo com setores não representados (ou menos representados). Esta situação, em conjunto com a integração de parceiros de vários domínios, melhorou a diversidade setorial.
Qual é a sua função?
A maior parte dos contributos teve origem a nível local.
4.3.Conclusões
A análise dos resultados baseia-se nos dados recolhidos a partir do coletor de histórias curtas, do coletor de contributos em formato livre, das conversas recolhidas e dos eventos que a Comissão Europeia organizou e/ou participou.
Analisando o significado dos conceitos de estética, sustentabilidade e inclusão social para as pessoas em relação aos lugares e formas de vida, é necessário separar os contributos e as múltiplas dimensões.
A sustentabilidade foi associada principalmente aos aspetos «verdes», tais como a economia circular, a eficiência energética e a reutilização de materiais. A inclusão foi associada a uma maior atenção às necessidades dos grupos marginalizados ou vulneráveis, à participação na tomada de decisões de todos os grupos da sociedade, a uma maior acessibilidade dos preços e à acessibilidade do parque habitacional, ao estabelecimento de pontes e ligações entre as pessoas. A estética está geralmente relacionada com uma redescoberta da história e do património arquitetónico, lugares que parecem familiares, ou estão em harmonia com o mundo natural, lugares ou formas que atraem a criatividade e a imaginação das pessoas.
«Confiar em novos conhecimentos, porém, não deve significar avançar cegamente para um futuro sem raízes, mas antes explorar a interação positiva da origem identitária de um país (o seu «genius loci»), com as línguas, os materiais, as técnicas e as formas de produção do mundo atual.»
«Os habitantes não estão apenas preocupados com o conhecimento prático das obras de renovação. Estão também envolvidos emocionalmente e sentem a necessidade de uma relação poética e sensível com os lugares onde vivem durante estes períodos de transição.»
(Sítio Web do novo Bauhaus europeu, coletor de histórias curtas)
A maioria dos temas está interligada: por exemplo, o acesso a espaços verdes pode também fazer com que as pessoas se juntem; as habitações a preços acessíveis necessitam de proximidade do mercado de trabalho para criar um ecossistema de vida saudável e funcional. A melhoria local de um lugar não pode ser feita sem ter em conta o ADN do lugar.
5.Eixos emergentes
O agrupamento dos contributos conduziu a quatro eixos fundamentais, tal como explicado na presente comunicação:
·Restabelecer a ligação com a natureza
·Recuperar um sentimento de comunidade e de pertença
·Dar prioridade aos lugares e às pessoas que mais necessitam
·Necessidade de efetuar uma reflexão (circular) de longo prazo centrada no ciclo de vida e integrada no ecossistema industrial
5.1.Restabelecer a ligação com a natureza
Uma aspiração recorrente identificada nos contributos é a necessidade fundamental de se voltar a estabelecer e reconstruir uma relação com a natureza. A tendência geral reverte para um pensamento holístico que aborda o estilo de vida e o estado de espírito, a economia e a sociedade e os limites do planeta através de uma abordagem centrada na ecologia.
«As pessoas nos centros urbanos estão afastadas da natureza há décadas. Hoje em dia, a necessidade de espaços verdes abertos é mais importante do que nunca.»
«No interior da Natureza (vegetação vertical, edifícios verdes, praças verdes, jardins hortícolas urbanos... o verde já não tem de ser algo exterior e diferente da cidade, mas sim um dos seus principais materiais)»
«Os objetivos do programa Barcelona Superblocks são tornar a cidade mais saudável, mais habitável e com distâncias curtas. É por esta razão que este programa coloca a saúde das pessoas em primeiro plano, reorganizando a mobilidade, tornando-a mais eficiente e segura, promovendo simultaneamente a mobilidade ativa e sustentável, ganhando espaço para as relações sociais e visando uma cidade mais verde e mais naturalizada com uma biodiversidade rica.»
«A minha proposta baseia-se no desenvolvimento de programas educativos permanentes nas escolas, para as crianças, a fim de envolvê-las desde tenra idade no desenvolvimento e na proteção do ambiente.»
«Não inventámos nada. Estamos apenas a dar continuidade à visão dos nossos antepassados, respeitando a natureza e permitindo-lhe coexistir connosco.»
(Sítio Web do novo Bauhaus europeu, coletor de histórias curtas)
Várias vozes defenderam que o ambiente construído e o ambiente natural não devem ser tratados como elementos separados, mas como partes interligadas do mesmo ecossistema. Nas cidades, a natureza deve ser uma parte inerente do tecido urbano, com intervenções que vão desde pequenos jardins a projetos de maior dimensão, com o objetivo comum de «renaturalizar» a cidade e permitir que a natureza impere. A requalificação das zonas urbanas degradadas é uma das ideias recorrentes, especialmente quando os espaços remanescentes têm potencial para se transformar em espaços vivos de elevada qualidade e ativos, capazes de promover a biodiversidade e a regeneração.
Em termos espaciais, o planeamento urbano deve prestar igual atenção às múltiplas dimensões ao mesmo tempo. A recuperação da biodiversidade e dos habitats deve ser reforçada em conjunto com a mudança dos padrões de mobilidade, passando de modelos dominados pelos automóveis para modelos pedestres e ligados a cidades mais saudáveis e mais habitáveis. A melhoria da qualidade do ar e da água, abordando a utilização insustentável dos recursos e a gestão dos resíduos, conduzirá igualmente a uma melhoria da qualidade de vida e da saúde dos habitantes urbanos e da natureza.
«A cintura verde da praça foi tratada como o início de uma floresta urbana, o ponto de partida de uma reflexão sobre toda a cidade como um ecossistema urbano.»
(Praça Skanderbeg, Tirana, Albânia — Sítio Web do novo Bauhaus europeu, coletor de histórias curtas)
Fora do domínio urbano, a perda de biodiversidade, a vulnerabilidade ambiental, a perda de conhecimentos locais e as explorações agrícolas são desafios que muitas zonas rurais enfrentam. Nesses casos, as soluções propostas referem-se principalmente a práticas turísticas sustentáveis, modelos de permacultura ou agrossilvicultura, aldeias inteligentes ou ecológicas, recuperação da biodiversidade e integração da dinâmica rural-urbana.
«Gostaríamos de introduzir estratégias de planeamento sustentável que possam ser utilizadas pelos intervenientes locais e regionais nas regiões alpinas aquando da conversão de antigos locais industriais em boas condições de vida e de trabalho. Uma tarefa tão complexa deve ter em conta o contexto local económico, ecológico e social e não pode ser dominada por um único perito.»
(Projeto Alpine Industrial Landscapes Transformation - Sítio Web do novo Bauhaus europeu, contributo em formato livre)
5.2.Recuperar um sentimento de pertença
Um dos principais temas que emergem dos contributos é a necessidade de promover um sentimento de pertença e de redescobrir o espírito de um lugar que restabeleça a ligação entre as pessoas e os seus ambientes de vida e com a cultura e a história locais.
«Falta de espaços culturais públicos criativos. Espaços de ligação da arte e da sociedade. Espaços para o crescimento social cultural. Espaços para debates e conversas públicas. Espaços para cocriação e colaboração. Espaços para o desenvolvimento de competências e seminários. O Espaço para a inclusão total.»
«Existe um claro desejo de vida em comunidade, um desejo de estar juntos, fazer parte de algo.»
«Para os imigrantes, é importante encontrar uma dimensão familiar para partilhar momentos com os outros. Normalmente, estas ocasiões são construídas em torno dos alimentos e espaços comuns nas habitações partilhadas.»
«As atividades culturais serão úteis para criar narrativas e valores partilhados relacionados com o respeito do ambiente num espaço comum enquanto Fórum onde novas abordagens culturais podem ajudar a resolver problemas sociais para alcançar um bem-estar comum. Todos sabemos que as atividades culturais apoiam quatro eixos de sustentabilidade: económico, social, ambiental e, sobretudo, humano.»
«Captar o ADN de uma comunidade. Inspirada nos princípios de Bauhaus — renovados e reconcebidos para a nossa época — esta ideia propõe um projeto-piloto que combina investigação e visão com métodos consultivos, a fim de envolver a comunidade na definição da sua própria assinatura de experiência única. Através desta iniciativa, a proposta visa contribuir para o desenvolvimento de uma arquitetura e de um espaço público mais pertinentes e significativos que reflitam e refamiliarizem os elementos que são amados e valorizados num determinado lugar ou hora e que definem a sua identidade.»
(Sítio Web do novo Bauhaus europeu, coletor de histórias curtas)
Um bom exemplo nesta matéria é o das conversas realizadas entre as diferentes partes interessadas das regiões carboníferas em transição. Tais conversas chamaram a atenção para o facto de as políticas de transição se centrarem na sustentabilidade, na inovação e na criação de novos postos de trabalho, mas muitas vezes ignorarem a dimensão da construção das comunidades, do património cultural e arquitetónico e da sua finalidade. A transição deve recentrar-se nas necessidades e na visão da comunidade para a transformação do meio circundante.
Outro desafio importante que as pessoas referiram é a falta de lugares de qualidade que lhes permitam encontrar-se, trocar ideias e socializar com outras pessoas, o que afeta negativamente a unidade social e o bem-estar individual. É o caso, por exemplo, dos antigos bairros e edifícios soviéticos, onde o processo de renovação deve centrar-se não só na (re)construção propriamente dita, mas também na procura de um novo sentido de identidade e na promoção do bem-estar.
«Temos de humanizar os quarteirões e bairros soviéticos. Atualmente, não existem espaços públicos adequados que possam estimular a participação da comunidade, as atividades recreativas ou as empresas locais. Esta questão exige a procura de uma conceção, ferramentas e soluções inovadoras, de cariz urbano.
Os espaços urbanos e as tipologias comuns nos centros urbanos ou em cidades antigas nunca serão adaptados aos bairros soviéticos, uma vez que estes bairros foram construídos de forma fundamentalmente diferente. Por conseguinte, quase que temos de reinventar estes espaços e criar novos espaços urbanos que as comunidades possam apreciar e onde possam viver.»
(Sítio Web do novo Bauhaus europeu, ponto de entrada para contributos em formato livre)
A cultura e a arte representam um papel fundamental na reaproximação das pessoas ao caráter, à história e às tradições que constituem a «sensação» de um lugar. Além disso, funcionam como catalisadores para aproximar as pessoas e colmatar distâncias sociais através da partilha de diferentes pontos de vista e experiências e também representam um papel na revitalização de bairros ou mesmo territórios.
Alargar o conceito de cultura e a preservação do património arquitetónico e de marcos cultural pode ter um papel significativo, especialmente no âmbito de projetos de redesenvolvimento e renovação. A utilização de conhecimentos e técnicas locais é uma forma de reaproximar as pessoas dos lugares onde vivem, mas também tem potencial para rejuvenescer a economia.
Além disso, as pessoas manifestaram a ambição de se tornarem ativas no apoio ao ecossistema empresarial local e à descentralização de várias cadeias de abastecimento, desde a produção alimentar até ao fabrico distribuído de vários bens. Apoiar uma «economia de proximidade» e um modelo de «cidade de 15 minutos» (ou «comunidades completas») pode criar mais oportunidades locais e comunidades dinâmicas e de utilização mista, onde todas as necessidades estão ao alcance de todos.
5.3.Dar prioridade aos lugares e às pessoas que mais necessitam
As principais dimensões que surgiram neste domínio são as seguintes:
·a importância de uma participação equitativa dos cidadãos na tomada de decisões e a necessidade de uma abordagem inclusiva que tenha em conta as experiências e necessidades dos diferentes grupos, tanto em contextos públicos como privados;
·a necessidade de ligar as zonas rurais às cidades, mas também de colmatar o fosso digital,
·a necessidade de combater o problema dos sem-abrigo e de aumentar a acessibilidade e a acessibilidade da habitação para os grupos que enfrentam os desafios mais difíceis.
«Mas (relembrando o Bauhaus) a casa não é nada sem serviços, sem socialidade, espaço coletivo e público. Assim, concentrar a atenção na habitação significa trabalhar no cerne da nossa sociedade: significa cuidar das pessoas, de todas as pessoas, independentemente da cor da pele, do lugar de origem, do sexo ou da religião que professam, se são autóctones ou migrantes.»
«Inclusão - palavra com um significado, mas milhares de formas de ser verdadeiramente incluída na nossa sociedade. As pessoas com deficiência visual, auditiva ou móvel não estão plenamente incluídas nos dias de hoje.»
«As pequenas cidades e aldeias que não puderam suportar as mudanças económicas viram as gerações mais jovens partir, os seus habitantes mais idosos mais isolados e o seu ambiente construído progressivamente abandonado.»
«Na Europa, há um grande número de municípios e pequenos núcleos de população rural que está em declínio e a desaparecer. No entanto, muitos deles têm um grande potencial ao congregarem essências de autenticidade histórica, cultural, patrimonial e natural.»
«As pessoas com deficiência sofrem um forte fenómeno de autoisolamento devido: à atitude das pessoas que as rodeiam (um fator subjetivo relacionado com o preconceito) - à inacessibilidade das áreas construídas (fator objetivo que afeta diretamente a mobilidade). Este fenómeno surge durante a infância, em parques infantis - o lugar onde as crianças se tornam autoconscientes e cientes das diferenças entre elas.»
«Os jovens e os idosos são especialmente excluídos da atual oferta [de habitação]. Os primeiros em razão principalmente do seu rendimento, os segundos devido a uma série de fatores (acessibilidade, distância do centro urbano, solidão, carências).»
(Sítio Web do novo Bauhaus europeu, coletor de histórias curtas)
Para reforçar a inclusão social é necessário dar resposta às necessidades dos grupos marginalizados ou vulneráveis, tais como os idosos, as pessoas com deficiência ou os imigrantes, e garantir a igualdade de acesso de todos aos serviços, aos espaços verdes e às ferramentas digitais. Relativamente a este último aspeto, muitos contributos referem-se a elas como bons instrumentos para capacitar as pessoas e democratizar a participação no processo de tomada de decisões.
Muitas zonas rurais sofrem de despovoamento, o que, por sua vez, conduz à privação económica e/ou social e à degradação do ambiente natural e construído. As zonas rurais são frequentemente afetadas pela falta de conectividade (física e digital) e pela consequente falta de oportunidades em termos de emprego ou potencial de inovação. Resolver o problema da conectividade e da acessibilidade como forma de melhorar a inclusão social também é válido para as zonas urbanas, onde determinados bairros estão física e/ou socialmente desligados e, por conseguinte, sofrem de marginalização e de desigualdade no acesso aos serviços. Nas zonas urbanas, a questão da «redução» das cidades tem também consequências económicas, sociais e infraestruturais negativas que requerem uma estratégia a longo prazo.
Um número significativo de contributos e conversas afirma que a tónica deve ser colocada não só na habitação e nas áreas construídas, mas também na facilitação do acesso a serviços e infraestruturas.
5.4.Necessidade de efetuar uma reflexão (circular) de longo prazo centrada no ciclo de vida e integrada no ecossistema industrial
Existe uma necessidade urgente de combater a utilização insustentável de recursos e resíduos em diferentes indústrias (por exemplo, construção, moda, indústria transformadora).
«Tal como o Bauhaus abriu um debate sobre como pensamos e construímos edifícios, o novo tem de considerar a forma como o processo de construção exerce pressão sobre os ecossistemas de que fazemos parte.»
«A utilização da Posidónia seca como isolamento térmico recorda-nos que não vivemos numa casa, mas sim num ecossistema.»
«Os dados e a regulamentação sobre o ciclo de vida são a base de uma indústria sustentável - com a madeira como exemplo.»
«Propomos a adoção do micélio (plutorus spp.) e dos resíduos num material compósito para substituir os atuais materiais de construção altamente tóxicos.»
«A reciclagem com valorização poderia reduzir a dependência das importações e contribuir para a criação de emprego nas unidades de produção locais.»
«A abordagem dos arquitetos em relação aos projetos de mobiliário de novas casas deve ser mais disruptiva e criativa, reunindo e combinando peças de mobiliário restauradas.»
(Sítio Web do novo Bauhaus europeu, coletor de histórias curtas)
Na indústria da construção, a principal mensagem é evitar a demolição, centrando-se na reabilitação e na reutilização adaptativa de edifícios antigos.
As soluções e os materiais baseados na natureza são essenciais para uma nova forma de pensar nos ecossistemas industriais. As soluções inspiradas no mundo natural podem contribuir para uma abordagem mais integrada e circular. Os edifícios e os processos industriais devem ser considerados parte do ecossistema natural. Os exemplos de práticas circulares, reciclagem com valorização, prevenção e reutilização de diferentes tipos de resíduos podem ser transferidos e ampliados.
No que diz respeito à renovação urbana ou reabilitação de habitações, há que ter em conta vários elementos fundamentais para uma abordagem integrada e de longo prazo.
«Um dos maiores desafios na Flandres e na Europa é a renovação urbana dos edifícios existentes. O que é típico na Bélgica é que existem muitos proprietários privados. Isto faz com que seja difícil encontrar soluções para reabilitar e renovar um edifício existente em colaboração com os proprietários privados. Como poderemos estimular esta situação através da disponibilização de meios para que estes proprietários privados se envolvam, participem e encontrem formas de renovação? Como podemos adaptar o sistema tendo em conta a especificidade belga?»
(Sítio Web do novo Bauhaus europeu, ponto de entrada para contributos em formato livre)
Novas técnicas e materiais poderiam oferecer soluções para uma perspetiva de longo prazo no setor da construção. A utilização de materiais ou resíduos de demolição submetidos a reciclagem com valorização, bem como materiais de base biológica para a reabilitação, seria útil em termos de reforço da integridade estrutural ou da melhoria do isolamento térmico de edifícios antigos. Para além das soluções circulares e baseadas na natureza, outras tecnologias e inovações podem representar um papel significativo. Por exemplo, recuperação de calor e energias renováveis, a impressão 3D, as ferramentas de recolha e partilha de dados para melhorar a eficiência energética, a utilização da água e a gestão dos resíduos. As ferramentas digitais podem representar um papel eficaz na captação da «vida» das comunidades e promover a colaboração e a participação da comunidade no desenvolvimento urbano ou fornecer informações úteis sobre as necessidades dos residentes em relação aos seus ambientes de vida.
A transformação de determinados setores económicos requer uma melhor formação e requalificação da mão de obra no sentido da integração do pensamento e das práticas do ciclo de vida em todas as dimensões e processos do ecossistema industrial. Deve realizar-se uma reavaliação e mais investigação sobre o custo das práticas insustentáveis, a fim de definir prioridades e reorientar os ciclos mais prejudiciais.
O conceito de ciclo de vida deve ser aplicado a todas as escalas: à escala do bairro, trabalhando e reutilizando materiais locais, como por exemplo a transformação de materiais descartados em mobiliário urbano ou espaços partilhados, ou à escala nacional ou internacional, alterando a cadeia de valor das principais indústrias.
6.Ideias de ações
Os participantes salientaram diferentes necessidades para permitir a transição e implementar o novo Bauhaus europeu, indo desde o financiamento até à criação de redes, passando por uma maior visibilidade de projetos e produtos promissores.
Para além desta indicação horizontal, alguns contributos deram origem a recomendações claras de ações.
6.1.Ter em atenção intervenções de pequena escala
O novo Bauhaus europeu presta especial atenção às ações e mudanças a nível da rua e do bairro, uma vez que mesmo as ações de menor dimensão podem fazer uma grande diferença. Além disso, os vizinhos são especialistas nos seus próprios bairros. Os projetos de pequena dimensão bem-sucedidos também reduzem o limiar de mudança: já existem pequenas iniciativas e devem ser reforçadas. É muitas vezes difícil que estas se possam candidatar a financiamento da UE devido à configuração dos convites à apresentação de propostas.
6.2.Trabalhar simultaneamente em várias escalas
Existe uma consciência crescente do facto de que as ações empreendidas na Europa influenciam o resto do mundo - e vice-versa. Existe também uma sensibilização para a interconectividade de escalas mais pequenas e maiores e para o potencial de trabalhar com os mesmos princípios em diferentes estruturas. Espera-se, por conseguinte, que a conversa e a cooperação sobre o novo Bauhaus europeu assumam uma escala mundial e alguns contributos desenvolveram ideias concretas neste domínio.
6.3.A transdisciplinaridade ao serviço de uma abordagem integrada
Uma transformação significativa dos lugares requer não só o envolvimento de muitas competências e conhecimentos diferentes, mas também a sua participação em diálogos e uma exploração transdisciplinares. As formas de trabalho multidisciplinares são frequentemente mencionadas, mas muitas histórias vão além do conceito de interdisciplinaridade ou multidisciplinaridade. Do seu ponto de vista, a verdadeira inovação consiste em combinar e aceitar o apoio em termos de conhecimentos de peritos e não peritos, dando ao «fazer» e ao «pensar» o mesmo nível de importância. Idealmente, tal é acompanhado com o facto de trabalhar em ambientes seguros, baseados na confiança mútua e na colaboração.
6.4. Partir de uma abordagem participativa
A conceção inclusiva e o planeamento urbano bem-sucedidos devem começar por convidar todas as pessoas para a conversa. Demasiadas vezes, os participantes afirmaram que, neste quadro, o processo participativo é parcial, ou mesmo simbólico. Garantir que o processo é conduzido pelas pessoas que também beneficiarão da sua conceção é a chave para garantir que as soluções se adequam às necessidades e ao local de intervenção da melhor forma possível. Entre os instrumentos para alcançar uma maior participação, os participantes mencionam com frequência o financiamento colaborativo e outras possibilidades de financiamento cooperativo para os cidadãos.
6.5.Inovação para além de um impulso tecnológico
É necessário um novo paradigma de inovação para ir além dos modelos estritamente tecnológicos e alcançar uma relação harmoniosa entre tecnologia e sociedade. A inovação tecnológica tem muito a ver com a ambição do novo Bauhaus europeu, desde a utilização inteligente de ferramentas digitais até novos materiais. No entanto, o impacto da inovação não decorre necessariamente da novidade ou da própria tecnologia: a incidência da inovação pode provir, por exemplo, de novos métodos industriais que reduzam os custos e tornem as soluções disponíveis mais acessíveis, ou da obtenção de novas tecnologias e soluções baseadas no artesanato tradicional e locais para se adaptarem a contextos específicos ou a escolhas estéticas. O domínio da «arte e ciência» também foi mencionado como um eixo promissor para alimentar uma abordagem mais ampla da inovação.
6.6.Entre o passado e o presente
É importante reconhecer e compreender a importância do património, dos conhecimentos e das tradições locais e o seu papel na construção de um futuro sustentável. É necessário reavaliar as práticas que não são adequadas aos atuais desafios sociais e ambientais, tendo simultaneamente em conta as antigas formas de conhecimento que podem contribuir para moldar novas orientações futuras.
6.7. Novas formas de financiamento
A inovação pode assumir a forma de soluções de financiamento. Novas parcerias público-privadas, a gestão de projetos de forma diferente e novas oportunidades permitirão aos cidadãos e às pequenas empresas envolverem-se mais ativamente.
7.VII. Conclusões e fases seguintes
A fase de conceção conjunta constituiu o primeiro passo importante para a iniciativa do novo Bauhaus europeu, pois moldou a sua identidade, tanto em termos de processo como de conteúdo.
Nas próximas fases, o novo Bauhaus europeu prosseguirá com uma abordagem participativa e continuará a trabalhar no aprofundamento dos eixos que emergiram da fase de conceção conjunta. A fim de assegurar um público mais vasto e uma abordagem ainda mais inclusiva, intensificará os esforços para chegar às pessoas.
Os instrumentos utilizados para recolher experiências e visões foram adequados, dadas as limitações impostas pela pandemia. No entanto, as ferramentas digitais excluem certos grupos ou pessoas da partilha das suas vozes. As próximas fases devem permitir diferentes contextos e condições que permitam trabalhar com pessoas no terreno.
A comunidade de parceiros crescerá e tornar-se-á mais diversificada, devendo ser dada especial atenção aos parceiros fora da Europa a fim de moldar e reforçar a dimensão global da iniciativa. Envolverá também os intervenientes políticos e a indústria como interlocutores fundamentais para permitir uma transformação do ecossistema industrial.
Agradecimentos
Gostaríamos de manifestar o nosso apreço sincero a todas as pessoas e organizações que envidaram esforços para partilhar relatórios, pontos de vista e conhecimentos especializados e organizar e participar em conversas. Juntos tornamos esta iniciativa realidade.
Créditos
Página 3
·Concha de nautiloide © Adobe Stock – Dean Pennala
·Textura de folhagem verde © Adobe Stock — Vera Kuttelvaserova
·Vista aérea de pessoas descansando na relva de um parque © Adobe Stock – Watman
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https://www.nordicbauhaus.eu/digital-bauhaus#/page=1
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https://www.up.pt/neb-goes-south/
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https://bauhaus-mar.pt/en/conference/
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https://www.janvaneyck.nl/news/het-nieuwe-bauhaus
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https://www.activehouse.info/wp-content/uploads/2021/02/Active-House-Newsletter-February-2021.pdf
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https://triennale.org/bauhaus
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·Wunderbugs / © Francesco Lipari
·Tree-House School / © Valentino Gareri
·The Arch / © O.S.T. & Constructlab
·Protegemos las escuelas © Barcelona City Council
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·UMAR unit / © Empa - Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology
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·Jardins tropicais sobre Rundelsgatan em Vellingeain / © Source: edge
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·Workshop in Salak / © Keliaujančios dirbtuvės
·Housing solution / © A. De Smet, B. Pak & Y. Schoonjans (KU Leuven Faculty of Architecture), G. Bruyneel & T. Van Heesvelde (Samenlevinsopbouw Brussel), B. Van Hoecke (CAW Brussel)
·Projekthaus Potsdam / © Natalia Irina Roman
·Group using the toolkit / © Dan Lockton
·Shot from the 2019 "Bag from banner recovery" workshop / © Open Design School
·Home for The Homeless © xystudio
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·Domo - educação à arquitetura sustentável em escola secundária / © Dolores Victoria
·The Salt House © R. Hofmanis