This document is an excerpt from the EUR-Lex website
Document 52011DC0567
COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE EUROPEAN PARLIAMENT, THE COUNCIL, THE EUROPEAN ECONOMIC AND SOCIAL COMMITTEE AND THE COMMITTEE OF THE REGIONS Supporting growth and jobs – an agenda for the modernisation of Europe's higher education systems
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Apoiar o crescimento e o emprego – Uma agenda para a modernização dos sistemas de ensino superior da Europa
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Apoiar o crescimento e o emprego – Uma agenda para a modernização dos sistemas de ensino superior da Europa
/* COM/2011/0567 final */
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Apoiar o crescimento e o emprego – Uma agenda para a modernização dos sistemas de ensino superior da Europa /* COM/2011/0567 final */
1.
INTRODUÇÃO
A estratégia «Europa 2020», as suas
iniciativas emblemáticas e as novas orientações integradas colocam o
conhecimento no centro dos esforços envidados pela União para alcançar um crescimento
inteligente, sustentável e inclusivo; a proposta da Comissão sobre o Quadro
Financeiro Plurianual para 2014-2020 apoia esta estratégia, aumentando
significativamente o orçamento consagrado ao investimento na educação, na
investigação e na inovação. Tal justifica‑se pela importância crucial da
educação, e em particular do ensino superior e suas ligações à investigação e
inovação, para o progresso individual e societal, para a criação de um capital
humano altamente qualificado e para a formação de cidadãos activos de que a
Europa necessita para criar emprego, crescimento económico e prosperidade. As instituições de ensino superior[1] são
portanto parceiros essenciais para a estratégia da União a favor do
desenvolvimento e do crescimento. Não obstante as dificuldades em matéria de
emprego resultantes da crise económica, o ensino superior constitui uma boa
opção[2].
Contudo, o potencial das instituições de ensino superior em termos de pleno
contributo para a sociedade e a prosperidade da Europa continua por explorar;
a competição mundial pelo conhecimento e o talento já não é ditada pela Europa,
face ao rápido aumento do investimento das economias emergentes no ensino
superior[3].
Apesar de 35 % de todos os postos de trabalho na UE exigirem qualificações
elevadas em 2020[4],
apenas 26 % da mão-de-obra dispõe actualmente de um diploma de ensino
superior. A UE também continua atrasada em termos de percentagem de
investigadores na mão-de-obra total: 6 em cada 100, em comparação com 9 nos EUA
e 11 no Japão[5].
A economia do conhecimento precisa de pessoas com a combinação certa de
competências: competências transversais, competências electrónicas para a era
digital, criatividade e flexibilidade, e um conhecimento sólido do domínio
escolhido (ciências, tecnologias, engenharia, matemática, etc.). Mas os
empregadores públicos e privados, incluindo nos sectores de investigação
intensiva, queixam‑se cada vez mais do desajustamento e dificuldade em
encontrar as pessoas certas para as suas necessidades em evolução. Simultaneamente, as instituições de ensino
superior procuram muitas vezes competir em demasiadas áreas, embora
relativamente poucas garantam um nível de excelência em todas as áreas
ensinadas. Consequentemente, apenas um número demasiado reduzido de
instituições europeias de ensino é hoje considerado excelente a nível internacional
pelos actuais rankings mundiais das universidades. Por exemplo, apenas
cerca de 200 das 4000 instituições de ensino superior da Europa estão incluídas
no top 500, e apenas 3 no top 20, de acordo com a mais recente classificação
mundial das universidades (Academic Ranking of World Universities). Não
se verificaram verdadeiros progressos nos últimos anos. Não existe um modelo
único de excelência: a Europa precisa de uma grande diversidade de
instituições de ensino superior e cada uma deve procurar atingir essa
excelência de acordo com a sua missão e as suas prioridades estratégicas.
Através de uma informação mais transparente sobre o perfil específico e o desempenho
de cada instituição, será mais fácil para os decisores políticos desenvolverem
estratégias eficazes de ensino superior e para as instituições explorarem os
seus pontos fortes. A principal responsabilidade pela reforma
do ensino superior continua a ser dos Estados‑Membros
e das próprias instituições educativas. No entanto, o processo de Bolonha,
a agenda da UE para a modernização das universidades[6] e a
criação do Espaço Europeu da Investigação mostram que os desafios e as
respostas políticas transcendem as fronteiras nacionais. A fim de maximizar o
contributo dos sistemas de ensino superior da Europa para um crescimento
inteligente, sustentável e inclusivo, são necessários progressos em alguns
domínios-chave: aumentar a quantidade de graduados do ensino
superior em todos os níveis; melhorar a qualidade e importância do
desenvolvimento do capital humano no ensino superior; criar mecanismos de
governação e financiamento eficazes que promovam a excelência e reforçar
o triângulo do conhecimento entre a educação, a investigação e as empresas.
Além disso, a mobilidade internacional dos estudantes, investigadores e
pessoal, bem como a crescente internacionalização do ensino superior,
têm um forte impacto na qualidade e afectam cada uma destes domínios
essenciais. A secção 2 da presente comunicação identifica
as principais questões políticas a considerar pelos
Estados-Membros e instituições de ensino superior, com vista a maximizar o
seu contributo para o crescimento e emprego da Europa. As acções específicas
que a UE irá desenvolver, utilizando o seu valor acrescentado para apoiar
os esforços de modernização das autoridades públicas e instituições, figuram na
secção 3. O Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão que acompanha a
presente comunicação analisa os aspectos subjacentes a essas questões políticas
e acções
2.
Questões-Chave para os Estados-Membros e instituições de ensino superior
2.1.
Melhorar os níveis de habilitação para garantir os
graduados e investigadores de que a Europa necessita
A meta traçada na estratégia «Europa 2020»
para a educação exige que, até 2020, 40 % dos jovens concluam
com êxito o ensino superior ou outros estudos equivalentes[7]. Na
última década, os níveis de habilitação melhoraram consideravelmente em grande
parte da Europa, mas ainda são claramente insuficientes para responder ao
crescimento previsto de empregos com utilização intensiva do conhecimento, para
explorar plenamente os benefícios da globalização e para preservar o modelo
social europeu. Essa melhoria deve também ser
um catalisador de mudança sistémica, melhorando a qualidade e desenvolvendo
novas formas de educação. Além disso, embora o impacto do envelhecimento
demográfico varie entre Estados-Membros[8],
o número de jovens em fim de escolaridade que ingressa no ensino superior tem
vindo a diminuir. Por conseguinte, a Europa precisa de atrair
uma faixa social mais alargada para o ensino superior, incluindo os grupos
desfavorecidos e carenciados, e de disponibilizar os recursos necessários para
responder a este desafio; em vários Estados-Membros, reduzir a taxa de abandono
no ensino superior também é crucial. Este aumento de expectativas e resultados
não pode ser assegurado unicamente pelo ensino superior: o êxito depende também da adopção de políticas que permitam
melhorar os resultados escolares dos níveis anteriores e reduzir o abandono
escolar, em consonância com a meta da estratégia «Europa 2020»[9] e com a
recente recomendação do Conselho sobre o abandono escolar precoce[10]. A Europa também necessita de mais
investigadores para preparar o terreno para as
indústrias do futuro. Para que as nossas economias utilizem a investigação de
forma mais intensiva e a despesa com o investimento na investigação atinja
3 % do PIB, a União necessitará de cerca de um milhão de novos empregos
ligados à investigação[11],
sobretudo no sector privado. Além disso, para melhorar as condições de investimento
da indústria na investigação e inovação, são precisos mais candidatos
doutorados, uma mão-de-obra com mais competências de investigação e uma
informação mais adequada sobre as oportunidades existentes, para que as vias
profissionais fora das universidades se tornem uma possibilidade real para os
investigadores em início de carreira. Combater
os estereótipos e eliminar as barreiras que ainda limitam o acesso das mulheres
aos níveis mais altos do ensino e investigação pós-graduados, sobretudo em
certas áreas e funções de liderança, pode revelar um talento por explorar. Questões políticas fundamentais para os Estados-Membros e as
instituições de ensino superior: ·
Desenvolver vias de progressão claras do
ensino profissional e outros tipos de ensino para o ensino superior. Uma forma
eficaz de garantir este objectivo é utilizar quadros nacionais de
qualificações, em articulação com o Quadro Europeu de Qualificações e
partindo dos resultados de aprendizagem, e adoptar procedimentos claros para
reconhecer as aprendizagens e a experiência adquiridas fora dos sistemas
formais de ensino e formação. ·
Incentivar uma maior aproximação junto dos
estudantes de grupos sub-representados e aprendentes não tradicionais,
incluindo os adultos; assegurar uma informação mais transparente sobre as
oportunidades educativas e saídas profissionais, bem como uma orientação mais
personalizada para informar os estudantes sobre as opções de estudo e
reduzir o abandono escolar. ·
Garantir que os apoios financeiros chegam
aos potenciais estudantes dos meios socioeconómicos mais desfavorecidos através
de uma canalização mais adequada dos recursos. ·
Conceber e implementar estratégias nacionais para
assegurar a formação inicial e contínua de um número suficiente de
investigadores em consonância com as metas I&D da União.
2.2.
Melhorar a qualidade e relevância do ensino
superior
O ensino
superior deve desenvolver o potencial de cada indivíduo e «equipar» os seus
graduados com os conhecimentos e as competências necessários para serem
bem-sucedidos nas profissões mais qualificadas. Contudo, muitas vezes os
currículos são lentos na resposta às necessidades em evolução da economia em
geral e não conseguem antecipar ou ajudar a determinar as carreiras do futuro;
os graduados têm dificuldade em encontrar um emprego de qualidade adequado aos
seus estudos[12].
Envolver os empregadores e as instituições do mercado de trabalho na
concepção e execução dos programas e apoiar os intercâmbios de pessoal e
uma experiência prática durante os cursos pode ajudar a ajustar os currículos
às necessidades actuais e emergentes do mercado de trabalho e promover a
empregabilidade e o empreendedorismo. Um melhor acompanhamento por parte das
instituições educativas dos percursos profissionais dos seus antigos alunos
pode também fornecer dados importantes para a elaboração dos programas e
melhorar a sua relevância. Há uma necessidade clara de abordagens e
métodos de aprendizagem flexíveis e inovadores, para garantir uma maior
qualidade e relevância, e simultaneamente, aumentar o número de estudantes,
alargar a participação a diferentes grupos de aprendentes e combater o abandono
escolar. Uma solução, em linha com a Agenda Digital da UE[13], é explorar
os efeitos sistémicos das TIC e outras novas tecnologias, de modo a
enriquecer o ensino, melhorar as experiências de aprendizagem, apoiar a
aprendizagem personalizada, facilitar o acesso através do ensino à distância,
racionalizar a administração e criar novas oportunidades de investigação[14]. Para responder à maior procura de
trabalhadores com um elevado nível de conhecimentos, a formação dos
investigadores no ensino superior deve ser ajustada de forma mais adequada
às necessidades do mercado de trabalho com forte utilização de conhecimentos e,
em particular, às necessidades das PME. Garantir uma formação de elevada
qualidade a nível de doutoramento, que seja relevante para a indústria, é
crucial para responder a essa procura de capital humano especializado.
Conciliar o financiamento com a implementação dos princípios de uma formação
doutoral inovadora da UE[15]
permitirá à Europa formar mais investigadores, de uma forma mais adequada e
mais rápida. A reforma e modernização do ensino superior
europeu dependem da competência e motivação dos professores e investigadores. Contudo, muitas vezes, o número de profissionais ligados ao ensino e à
investigação não tem acompanhado o aumento do número de estudantes, o que
agrava a pressão já sentida em termos de capacidades. É essencial garantir
melhores condições de trabalho, incluindo procedimentos de recrutamento
transparentes e justos[16],
um melhor desenvolvimento profissional inicial e contínuo, e um melhor
reconhecimento e recompensa dos casos de excelência no ensino e na
investigação, para que a Europa possa produzir, atrair e manter o pessoal
académico de alto nível de que necessita. Questões políticas fundamentais para os Estados-Membros e as instituições
de ensino superior: ·
Incentivar a utilização de projecções em matéria
de competências e crescimento e de dados sobre o emprego graduado
(incluindo informações sobre as saídas profissionais dos estudantes graduados)
nas fases de concepção, realização e avaliação dos cursos, e adaptar os mecanismos
de garantia da qualidade e de financiamento de modo a premiar os casos de
sucesso na preparação dos estudantes para o mercado de trabalho. ·
Incentivar uma maior variedade de formas de
aprendizagem (p. ex., a tempo parcial, à distância,
através de módulos, contínua para adultos que regressem ao ensino ou outros já
no mercado de trabalho), adaptando se necessário os mecanismos de
financiamento. ·
Explorar melhor o potencial das TIC de modo a assegurar formas de aprendizagem e ensino, e métodos de
investigação, mais eficazes e personalizados (p. ex., através da aprendizagem
electrónica e da aprendizagem mista), e intensificar a utilização das plataformas
de aprendizagem virtual. ·
Melhorar a capacidade das instituições do mercado
de trabalho (incluindo os serviços públicos de emprego) e da regulamentação
aplicável no sentido de garantir uma maior adequação entre as competências e os
empregos, e desenvolver políticas laborais activas que promovam o
emprego graduado e reforcem os mecanismos de orientação profissional. ·
Oferecer incentivos às instituições de
ensino superior para investirem no desenvolvimento profissional contínuo
do seu pessoal, contratarem pessoal suficiente para desenvolver as disciplinas
emergentes e premiarem a excelência no ensino. ·
Conciliar o financiamento dos programas de
doutoramento com os princípios de uma formação doutoral inovadora.
2.3.
Reforçar a qualidade através da mobilidade e da
cooperação transnacional
A mobilidade para fins de aprendizagem ajuda
os indivíduos a desenvolver as suas capacidades profissionais, sociais e
interculturais, e a sua empregabilidade. Os ministros do Espaço Europeu do
Ensino Superior (EEES) acordaram em duplicar a percentagem de estudantes que
podem efectuar parte dos estudos ou formação no estrangeiro para 20 %,
até 2020[17].
O EEES trouxe fortes mudanças: a estrutura licenciatura-mestrado-doutoramento e
os progressos registados em matéria de garantia da qualidade facilitaram a
mobilidade individual e reforçaram as instituições e os sistemas. Paralelamente,
o desenvolvimento do Espaço Europeu de Investigação (EEI) tem reforçado
a complementaridade entre os sistemas nacionais, de forma a melhorar o rácio
custo-eficácia do investimento na investigação e intensificar os intercâmbios e
a cooperação entre instituições. Contudo, o reconhecimento das qualificações
académicas obtidas no estrangeiro é ainda demasiado difícil, a portabilidade
das subvenções e empréstimos continua reduzida, a mobilidade «vertical»[18] está
sujeita a diversas restrições e persistem obstáculos à livre circulação dos
investigadores na UE. A aplicação da recomendação do Conselho sobre a promoção
da mobilidade para fins de aprendizagem[19] e a utilização de instrumentos de garantia
da qualidade como o Registo Europeu dos Organismos de Garantia de Qualidade
facilitariam a confiança mútua, o reconhecimento académico e a mobilidade. Atrair os melhores estudantes, académicos e
investigadores de fora da UE e desenvolver novas formas de cooperação
transnacional são motores fundamentais da qualidade. Também podem ser
importantes fontes de rendimento para as instituições. Embora alguns Estados‑Membros
sejam um destino muito atractivo para estudar[20], a UE no seu conjunto precisa de
atrair os melhores estudantes e investigadores para poder competir com os EUA[21]. A
capacidade de atracção da Europa pode ser melhorada se alguns aspectos forem
abordados com urgência, nomeadamente: os custos crescentes e a qualidade
desigual; o difícil reconhecimento académico; a falta de transparência dos
recrutamentos e as condições de trabalho pouco atractivas para os
investigadores; e a dificuldade na obtenção de vistos para fins de estudo e de
trabalho, incluindo no contexto da mobilidade intra-UE. Questões políticas fundamentais para os Estados-Membros e as
instituições de ensino superior: ·
Incentivar as instituições a integrar a
mobilidade para fins de aprendizagem de forma mais sistemática nos currículos
escolares e eliminar os obstáculos desnecessários à mobilidade
institucional entre os níveis de licenciatura e mestrado e aos intercâmbios e
cooperação transnacionais. ·
Garantir um reconhecimento efectivo dos créditos
obtidos no estrangeiro através de mecanismos eficazes de garantia da
qualidade, de uma utilização comparável e sistemática do ECTS e do Suplemento
ao Diploma, e da articulação das qualificações nacionais com o Quadro Europeu
de Qualificações. ·
Melhorar o acesso, as condições de emprego e as
oportunidades de progressão oferecidos aos estudantes, investigadores e
professores de outros países, incluindo através da plena aplicação das directivas
relativas aos estudantes e investigadores[22]
e do Código de Vistos da UE, de modo a facilitar a emissão de vistos
Schengen aos estudantes e investigadores que pretendam realizar uma estada de
curta duração[23].
2.4.
Fazer funcionar o triângulo do conhecimento:
interligar o ensino superior, a investigação e as empresas para promover a
excelência e o desenvolvimento regional
O contributo do ensino superior para o
crescimento e o emprego, e a sua atractividade internacional, podem ser
reforçados desenvolvendo laços estreitos e efectivos entre a educação, a
investigação e as empresas: os três lados do triângulo do conhecimento. A
recente evolução em termos de abertura da inovação resultou num maior fluxo de
conhecimentos e em novos modelos de cooperação entre as instituições
educativas, os centros de investigação e as empresas. Todavia, a capacidade das
instituições de ensino superior para integrarem os resultados da investigação e
as práticas inovadoras na oferta educativa e para explorarem o potencial de
produtos e serviços comercializáveis continua a ser fraca[24]. Transpor as fronteiras da investigação, do
mundo empresarial e da educação exige um saber científico aprofundado,
empreendedorismo, uma atitude criativa e inovadora e uma forte interacção entre
as partes interessadas para divulgar e explorar tanto quanto possível os
conhecimentos gerados. As políticas públicas que incentivam as parcerias
entre as instituições profissionais, as universidades ligadas à investigação,
as empresas e os centros tecnológicos contribuem para a importância da educação
no triângulo do conhecimento, para uma melhor continuidade entre a investigação
de base e a investigação aplicada, e para uma transferência mais eficaz dos
conhecimentos para o mercado. Uma gestão mais adequada da propriedade
intelectual facilitará este processo[25]. Enquanto centros de conhecimento, competências
e aprendizagem, as instituições de ensino superior podem estimular o
desenvolvimento económico nos territórios em que estão localizadas; podem
trazer pessoas talentosas para meios inovadores e dar projecção mundial às
valias regionais; podem fomentar a livre troca
de conhecimentos, pessoal e competências. Podem
ainda agir enquanto centro de uma rede de conhecimentos a ser utilizada pela
economia e sociedade locais, se as autoridades locais e regionais desenvolverem
estratégias adequadas que concentrem os recursos nas prioridades-chave e
maximizem o impacto. Questões políticas fundamentais para os Estados-Membros e as
instituições de ensino superior: ·
Estimular o desenvolvimento de competências
empreendedoras, criativas e inovadoras em todas as disciplinas e nos três
ciclos, promover a inovação no ensino superior através de ambientes de
aprendizagem mais interactivos e reforçar as infras‑estruturas de transferência
de conhecimentos. ·
Reforçar as infras-estruturas de transferência de
conhecimentos das instituições do ensino superior e melhorar a sua capacidade
como incubadoras de start-ups e spin-offs. ·
Incentivar as parcerias e a cooperação com as
empresas, enquanto actividade essencial das instituições de ensino superior,
através de mecanismos de recompensa, incentivos para a cooperação
pluridisciplinar e entre organizações e a redução das barreiras normativas e
administrativas à criação de parcerias entre instituições e outros agentes
públicos e privados. ·
Promover o envolvimento sistemático das
instituições de ensino superior na elaboração de planos integrados de
desenvolvimento local e regional e canalizar os apoios regionais para a cooperação
entre o ensino superior e as empresas, em particular para criar núcleos
regionais de excelência e especialização.
2.5.
Melhorar a governação e o financiamento
Os sistemas de ensino superior requerem um
financiamento adequado, razão pela qual se salienta na estratégia «Europa 2020»
a necessidade de proteger as áreas da educação e da investigação que promovem o
crescimento ao definir as prioridades da despesa pública. Contudo, embora os
níveis de despesa variem significativamente entre Estados-Membros[26], o
investimento total no ensino superior na Europa é demasiado limitado: 1,3 %
do PIB, em média, face a 2,7 % nos EUA e 1,5 % no Japão. A actual pressão
em matéria de consolidação fiscal levou inevitavelmente os Estados‑Membros
a avaliar a eficácia dos seus investimentos públicos na educação e na investigação:
se alguns reduziram a despesa, outros dispõem agora de um orçamento maior por
reconhecerem o potencial da despesa nestes domínios em termos de crescimento. O investimento público deve continuar a ser a
base de um ensino superior sustentável. Mas o nível de financiamento necessário
para sustentar e desenvolver sistemas de ensino superior de elevada qualidade
exigirá fontes de financiamento adicionais, públicas ou privadas. Os
Estados-Membros esforçam-se cada vez mais por maximizar o valor dos recursos
investidos, incluindo através de acordos específicos de desempenho com as
instituições, da atribuição dos financiamentos com base em concursos e da
canalização de fundos directamente para os indivíduos. Procuram diversificar
as fontes de financiamento, utilizando o investimento público para accionar
fundos de outras fontes e recorrer largamente ao financiamento privado; a
utilização das propinas tem-se generalizado, sobretudo a nível dos estudos de
mestrado e pós‑mestrado. Será importante monitorizar e avaliar a eficácia
e o impacto destes novos desenvolvimentos, incluindo para os estudantes de
meios socioeconómicos mais desfavorecidos, e sobre a equidade e a mobilidade. Os desafios com que se depara o ensino
superior exigem sistemas de governação e de financiamento mais flexíveis,
que garantam uma maior autonomia das instituições educativas e, simultaneamente,
uma maior responsabilização de todas as partes interessadas. As instituições
autónomas conseguem especializar-se mais facilmente, melhoram o desempenho da
educação e da investigação[27]
e promovem uma maior diversificação dentro dos sistemas de ensino superior.
Contudo, a existência de restrições financeiras e administrativas continua a
limitar a liberdade das instituições na definição de estratégias e estruturas e
na capacidade para se diferenciarem das suas concorrentes. A eficiência das
instituições de ensino superior e, consequentemente, a eficácia do investimento
público podem ser melhoradas reduzindo as restrições sobre,
nomeadamente: a utilização de fundos privados, o investimento em capital, a
propriedade das infra-estruturas, a liberdade para recrutar pessoal e a
acreditação. O investimento numa gestão profissional pode garantir uma
visão estratégica e liderança, além de proporcionar aos professores e
investigadores a necessária liberdade académica para se concentrarem nas suas
funções principais. Questões políticas fundamentais para os Estados-Membros e as
instituições de ensino superior: ·
Encorajar uma melhor identificação dos custos reais
do ensino superior e da investigação e uma afectação mais rigorosa da despesa,
incluindo através de mecanismos de financiamento associados ao desempenho que introduzam
um elemento de concorrência. ·
Canalizar os mecanismos de financiamento para as
necessidades de diferentes perfis de instituições, para incentivar as
instituições a centrar os seus esforços nas suas forças individuais, e prever incentivos
que apoiem a diversidade de opções estratégicas e o desenvolvimento de centros
de excelência. ·
Facilitar o acesso a fontes alternativas de
financiamento, nomeadamente utilizando os fundos públicos para accionar o
investimento privado e outros investimentos públicos (p. ex., recorrendo ao
co-financiamento). ·
Apoiar o desenvolvimento de lideranças estratégicas
e profissionais no ensino superior, e garantir que as instituições de ensino
superior têm autonomia para determinar a sua orientação estratégica,
gerir os fluxos de rendimento, premiar o desempenho para atrair o melhor
pessoal educativo e de investigação, definir as políticas de admissão e introduzir
novos currículos. ·
Incentivar as instituições a modernizar a sua gestão
de recursos humanos e obter a distinção «HR Excellence in Research», e a
aplicar as recomendações do Grupo de Helsínquia «As Mulheres e a Ciência»[28].
3.
O CONTRIBUTO DA UE: INCENTIVOS À TRANSPARÊNCIA, À DIVERSIFICAÇÃO, À MOBILIDADE
E À COOPERAÇÃO
As questões-chave referidas na secção 2 devem
ser abordadas primeiramente pelas autoridades e instituições nacionais.
Todavia, a UE pode apoiar consideravelmente os esforços desenvolvidos pelos
Estados-Membros para reformar o ensino superior através dos diferentes instrumentos
políticos e financeiros. No que se refere às políticas, o sistema de
governação e a apresentação de relatórios previstos na «Europa 2020» constituem o principal instrumento para acompanhar o seu desenvolvimento
e apoiar os esforços de reforma dos Estados-Membros, podendo ser formuladas recomendações
específicas para cada país com base nas Orientações Integradas. Simultaneamente, a UE deverá utilizar melhor
os instrumentos disponíveis no domínio do ensino superior, em particular o
Quadro Europeu de Cooperação no domínio da Educação e Formação «Educação e
Formação 2020». A Comissão pode apoiar a transparência e a excelência através
de uma análise factual das políticas. Pode apoiar a mobilidade
dos estudantes, dos professores e dos investigadores. Pode incentivar
uma cooperação estratégica entre as instituições europeias e, num
contexto de crescente competição mundial pelo talento, estabelecer um quadro
comum para apoiar a interacção do ensino superior europeu com o resto do
mundo. No que diz respeito ao financiamento, o
Quadro Financeiro Plurianual para 2014-2020
representará uma oportunidade para garantir que os instrumentos e políticas da
UE (sobretudo nos domínios da educação, investigação, emprego,
empreendedorismo, migração e coesão) operem em conjunto de forma eficaz para
apoiar a modernização do ensino superior. Através de uma maior concentração da
despesa da UE nas prioridades da estratégia «Europa 2020» e nos principais
motores do crescimento e emprego, a Comissão propõe um aumento substancial dos
orçamentos dos programas nos domínios da educação e investigação.
3.1.
Apoiar a reforma através de dados factuais, da análise
e da transparência
A
Comissão esforçar-se-á no sentido de melhorar os dados factuais que servem de
base para elaborar as políticas nos principais domínios. A
informação disponível sobre o desempenho das instituições de ensino superior
refere-se sobretudo às universidades com uma investigação intensiva, cobrindo
portanto uma parte muito reduzida dessas instituições na Europa[29]: é
essencial garantir uma maior variedade de análises e informações, cobrindo
todos os aspectos do desempenho, para ajudar os estudantes a fazer escolhas
informadas em matéria de estudos, permitir que as instituições identifiquem e
desenvolvam os seus pontos fortes e apoiar os decisores políticos nas suas
opções estratégicas sobre a reforma dos sistemas de ensino superior. Os factos demonstram
que a elaboração de uma ferramenta pluridimensional de classificação e
informação é viável e fortemente apoiada pelas partes interessadas.[30]. Além
disso, uma informação mais rigorosa sobre o mercado de trabalho e as
necessidades actuais e futuras em termos de competências ajudará a
identificar as áreas propícias ao crescimento e emprego e a adequar o ensino às
necessidades de mão-de-obra. Como referido na iniciativa emblemática sobre as
novas competências e os novos empregos, a Comissão estabelecerá um «panorama
europeu das competências» para melhorar as informações sobre as competências necessárias
no presente e futuro. Oferecer aos graduados melhores condições para adquirirem
uma experiência prática, nomeadamente através de estágios de elevada qualidade,
poderá facilitar a sua integração no mercado de trabalho. A Comissão
Europeia pretende: ·
Lançar a «U-Multirank»:
uma nova ferramenta de classificação e informação baseada no desempenho para
estabelecer o perfil das instituições de ensino superior, que deverá
melhorar radicalmente a transparência do sector do ensino superior e cujos
resultados serão divulgados em 2013. Ao ultrapassar a prioridade dada à
investigação nas actuais classificações e indicadores de desempenho e permitir
aos utilizadores a criação de classificações pluridimensionais
individualizadas, esta ferramenta gerida de forma independente será uma base
importante para as opções e decisões de todas as partes interessadas do ensino
superior. ·
Em cooperação com o Eurostat, melhorar os dados
sobre a mobilidade para fins de aprendizagem e os resultados em termos de
empregabilidade do ensino superior europeu e desenvolver um registo
europeu do ensino superior. ·
Formular orientações e recomendações específicas
sobre a melhoria das competências essenciais e transversais e a necessidade de
ajustar essas competências ao mercado de trabalho. ·
Em cooperação com os Estados-Membros e partes
interessadas, analisar o impacto das diferentes abordagens de financiamento na
diversificação, na eficiência e na equidade dos sistemas de ensino superior e
na mobilidade dos estudantes.
3.2.
Promover a mobilidade
Com a criação do Espaço Europeu do Ensino
Superior, o Processo de Bolonha reforçará a mobilidade e a cooperação.
Todavia, alguns fluxos de mobilidade poderão constituir um desafio para os
sistemas de ensino que recebem uma entrada substancial de estudantes ou que
podem provocar uma «fuga de cérebros» para países onde muitas pessoas
talentosas preferem estudar e, mais tarde, permanecer. Além disso, a qualidade
do ensino transnacional, incluindo no caso da educação dita «franchisada»,
suscita alguma inquietação. Os programas de mobilidade da UE, como o
Erasmus e o Erasmus Mundus, conseguiram gerar efeitos positivos de grande
impacto para os indivíduos e as instituições. Três milhões de estudantes
terão beneficiado do actual programa Erasmus até 2013 e as oportunidades de
mobilidade oferecidas aos professores e outro pessoal educativo também têm
vindo a aumentar. Simultaneamente, a Comissão está a desenvolver um «painel
de avaliação da mobilidade» para aferir os progressos alcançados na
eliminação dos obstáculos à mobilidade para fins de aprendizagem[31] na UE. O
Acto para o Mercado Único[32],
um plano de acção para explorar especificamente o potencial do mercado em
termos de crescimento, emprego e confiança dos cidadãos, prevê a revisão da
directiva sobre as qualificações profissionais, a fim de reduzir os obstáculos
à mobilidade nas profissões regulamentadas. A mobilidade dos investigadores
será facilitada pelo Quadro Europeu das Carreiras de Investigação, uma
nova ferramenta que garantirá uma maior transparência e que será integrada no
portal do emprego EURAXESS. Os
mestrados permitem aos estudantes adquirir o tipo de competências avançadas que
são particularmente valiosas para os empregos com forte intensidade de
conhecimentos e para a investigação. A cooperação e a mobilidade a nível dos
mestrados podem ser determinantes para o desenvolvimento de centros de
excelência em toda a Europa, podendo esta vir a ser uma área com claro
potencial em termos de valor acrescentado para a UE. No entanto, os actuais instrumentos
de financiamento da UE não apoiam uma mobilidade completa a nível do mestrado,
que geralmente requer apoio financeiro durante, pelo menos, 12 meses[33]. Além
disso, se as restrições à portabilidade de empréstimos nacionais limitam a
possibilidade de realizar um programa completo de estudos superiores no
estrangeiro, os empréstimos comerciais não estão geralmente acessíveis aos
estudantes de meios socioeconómicos mais desfavorecidos. A Comissão Europeia verificou
uma necessidade de financiamento suplementar para apoiar este grupo de
estudantes. A Comissão Europeia irá: ·
Melhorar o reconhecimento dos estudos realizados no
estrangeiro, reforçando o Sistema de Transferência e Acumulação de Créditos
(ECTS), propondo incentivos nos programas da UE para melhorar a sua aplicação e
promovendo a implementação do Processo de Bolonha. ·
Propor um regime de mobilidade a nível do
mestrado no âmbito do programa Erasmus (Erasmus Masters Degree Mobility
Scheme), através de um instrumento de garantia para os empréstimos a
estudantes, que deverá estar operacional a partir de 2014, a fim de
promover a mobilidade, a excelência e o acesso a um financiamento abordável por
parte dos estudantes que decidam efectuar os seus cursos de mestrado noutro
Estado-Membro, independentemente do seu meio social. ·
No quadro do EEES, ajudar a reforçar
sinergias entre a UE e os processos intergovernamentais. ·
Contribuir para uma análise do potencial dos
fluxos de mobilidade dos estudantes, nomeadamente no âmbito do Processo de
Bolonha, de modo a ter em conta os acórdãos do Tribunal de Justiça da UE[34] e as normas relativas à
garantia da qualidade destinadas a reforçar a qualidade da educação
«franchisada». ·
Promover o Quadro Europeu das Carreiras de
Investigação com vista a incentivar a mobilidade transnacional dos
investigadores, ajudando os investigadores a identificar as ofertas de emprego
e os empregadores a encontrar candidatos adequados, e traçando o perfil dos
postos de investigação de acordo com quatro níveis de competência[35].
3.3.
Colocar o ensino superior no centro da inovação, da
criação de emprego e da empregabilidade
A futura capacidade de inovação da Europa
dependerá da plena participação das instituições de ensino superior no
triângulo do conhecimento, ao lado das empresas e dos organismos não universitários
ligados à investigação. O Instituto Europeu de Inovação e
Tecnologia (IET) representa o verdadeiro modelo de integração do ensino
superior no triângulo do conhecimento. Através de programas educativos de alto
nível académico, o IET e as suas comunidades de conhecimento e inovação (as
«CCI») têm promovido um empreendedorismo com uma utilização intensiva do
conhecimento e baseado numa investigação multidisciplinar e inovadora. O IET
procurará cada vez mais transmitir os ensinamentos adquiridos, divulgando dessa
forma exemplos de parcerias integradas, novos modelos de governação e
financiamento para reforçar o potencial das instituições de ensino superior em
cooperação com as empresas. A Comissão tenciona apresentar novas medidas para
desenvolver o triângulo do conhecimento na sua proposta sobre o Programa
Estratégico de Inovação, previsto para o final do ano. É possível apoiar mais ainda a interacção
entre o ensino superior e a economia em geral a nível da UE, a fim de favorecer
o fluxo de conhecimentos. Alguns projectos-piloto realizados recentemente na
Europa para desenvolver a criação de parcerias estruturadas (as «alianças do
conhecimento»), juntando empresas e instituições de ensino superior com o
objectivo de elaborar e ministrar novos cursos, já produziram resultados
promissores e deverão prosseguir. As acções Marie Curie também são um
instrumento eficaz para estimular a transferência de conhecimentos, ao passo
que o novo quadro do Espaço Europeu de Investigação, a apresentar em
2012, apoiará medidas destinadas a eliminar os obstáculos à mobilidade dos
investigadores e à cooperação transnacional[36]. A Comissão também está a desenvolver um
programa de doutoramentos industriais europeus e escolas de
doutoramento, com o objectivo de promover a inovação na formação destinada
aos investigadores do futuro. O sucesso dos estágios Erasmus, introduzidos
neste programa desde 2007, ilustra a procura de oportunidades para adquirir uma
experiência prática que seja profissionalmente relevante no quadro de programas
de estudo do ensino superior. Os estágios são um importante mecanismo de
ajustamento das competências dos graduados às necessidades do mercado de
trabalho e de desenvolvimento pessoal dos estudantes. Contudo, actualmente os
estágios e colocações nem sempre oferecem as melhores condições para o desenvolvimento
das competências dos estudantes e posterior reconhecimento da experiência
adquirida. Muito deve ainda ser feito para melhorar a qualidade e
relevância dos estágios. A Comissão Europeia irá: ·
Adoptar, até ao final de 2011, um Programa
Estratégico de Inovação que irá determinar o futuro do IET, as suas
prioridades e o lançamento de novas CCI. ·
Basear-se no projecto-piloto recentemente lançado
para reforçar a interacção entre as universidades e as empresas através das alianças
de conhecimento. ·
Reforçar, no quadro das acções Marie Curie, um programa
de doutoramentos industriais europeus, com vista a apoiar a investigação aplicada. ·
Propor um quadro de qualidade para os estágios,
para ajudar os estudantes e graduados a adquirir os conhecimentos práticos necessários
no local de trabalho e a beneficiar de mais e melhores estágios. Será também
criada uma plataforma única e centralizada para as ofertas de estágio na
Europa.
3.4.
Apoiar a internacionalização do ensino superior
europeu
A futura cooperação no ensino superior europeu
deve fazer parte de uma estratégia mais ampla a desenvolver com países
parceiros em todo o mundo, tendo em vista a promoção dos valores e
conhecimentos da UE e a melhoria do ensino superior nos países em
desenvolvimento, enquanto parte integrante da política de desenvolvimento da
UE, e estar também integrada numa abordagem mais alargada de desenvolvimento do
sector da educação. A Comissão promoverá uma maior coerência entre as acções da
UE e as acções nacionais no domínio da investigação, no âmbito do Fórum
Estratégico para a Cooperação Científica e Tecnológica Internacional. A internacionalização e a abertura dos
sistemas de ensino superior exigem uma abordagem conjunta de uma grande
variedade de sectores e partes interessadas, para atrair os melhores
estudantes, pessoal e investigadores de todo o mundo, para reforçar a sua
dimensão e visibilidade internacionais e para desenvolver as redes
internacionais de excelência. A Comissão analisará a possibilidade de definir
uma estratégia específica para a internacionalização do ensino superior[37]: A Comissão Europeia irá: ·
Promover a UE enquanto destino para a realização de
estudos ou investigação pelos melhores talentos de todo o mundo, apoiando a
criação e o desenvolvimento de estratégias de internacionalização das
instituições de ensino superior europeias. ·
Desenvolver as relações no ensino superior
com parceiros fora da União, com o objectivo de reforçar os sistemas de ensino
nacionais, o diálogo político, a mobilidade e o reconhecimento académico, incluindo
através da estratégia de alargamento, da política europeia de vizinhança, da
abordagem global da migração e do fórum político de Bolonha. ·
Utilizar as actuais parcerias para a mobilidade,
para melhorar e facilitar o intercâmbio de estudantes e investigadores. ·
Considerar uma proposta de revisão das directivas
relativas aos estudantes e investigadores[38],
a fim de tornar a UE ainda mais atractiva para os talentos de países terceiros,
e analisar a necessidade de facilitar/reforçar os processos e direitos correspondentes. ·
Melhorar o acompanhamento dos doutorandos de países
terceiros, enquanto percentagem do total de doutorandos, como indicado no Painel
de Desempenho da Investigação e Inovação, para aferir a atractividade para
o resto do mundo da formação dispensada na UE a nível do doutoramento e da
investigação.
3.5.
Reforçar o impacto a longo prazo e a
complementaridade do financiamento da UE
O investimento
da UE no ensino superior deverá ser canalizado através de três mecanismos de
financiamento principais do Quadro Financeiro Plurianual para 2014-2020: 1. Europa da Educação: um programa único
para a educação, a formação e a juventude No intuito de contribuir para os objectivos da
«Europa 2020», a Comissão proporá um programa único para a educação, a
formação e a juventude, com uma estrutura e uma gestão mais simples. O
programa centrará a despesa em certas prioridades como a qualidade e a inovação
no ensino, ligações mais estreitas ao mercado de trabalho e um maior
reconhecimento das competências adquiridas no âmbito das acções de mobilidade. Ajudará
a cumprir a meta da mobilidade de Bolonha (20 %), incidindo especialmente:
nas oportunidades de mobilidade baseadas na qualidade e excelência (incluindo
através da iniciativa Erasmus Masters Degree Mobility); numa cooperação
intensiva e na criação de parcerias para o desenvolvimento mútuo de capacidades
entre Estados-Membros e com os países terceiros; em iniciativas específicas
para reconhecer e premiar a excelência no ensino e incentivar os estudantes
mais empreendedores e uma cooperação inovadora entre as universidades e as
empresas. 2.
Horizonte 2020: o programa-quadro da investigação e da inovação O novo programa «Horizonte 2020»
abrangerá todos os financiamentos relevantes da UE actualmente concedidos nos
domínios da investigação e inovação no âmbito 7.º Programa-Quadro de
Investigação, do Programa para a Competitividade e Inovação e outras
iniciativas da UE ligadas à inovação, como o IET. O «Horizonte 2020» pretende
tornar os financiamentos da UE mais atractivos e acessíveis. Garantirá um
elevado grau de coordenação das políticas e maximizará as sinergias entre as
iniciativas, e proporcionará instrumentos de financiamento mais simples e
eficientes que cobrirão todo o ciclo da inovação. 3.
Instrumentos da Política de Coesão No período de financiamento de 2007-2013,
serão gastos no âmbito do financiamento de coesão da UE cerca de 72,5 mil
milhões de euros com a educação e a formação e 60 mil milhões de euros com a
investigação e a inovação. Uma utilização estratégica da Política de Coesão
da UE pode melhorar significativamente o contributo social, económico e
territorial do ensino superior. O Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
poderá investir na construção ou renovação de instituições de ensino superior,
na aquisição de equipamentos e promoção da digitalização, no apoio às
incubadoras, spin-offs e outras formas de parceria entre as
universidades e as empresas. O Fundo Social Europeu (FSE) poderá
financiar os processos de modernização, reforçar a frequência e taxa de
conclusão em particular dos estudantes de meios sub-representados, melhorar os
conteúdos educativos e a adequação dos programas à procura do mercado de
trabalho. O Quadro Financeiro Plurianual para 2014-2020 atribui um mínimo de 84
mil milhões de euros ao FSE, dos quais 40 mil milhões de euros deverão em
princípio, e com base na experiência anterior, ser disponibilizados para a
educação e a investigação
3.6.
Próximos passos para garantir um ensino superior
europeu inteligente, sustentável e inclusivo
Ao elaborar a presente Comunicação, a Comissão
lançou uma ampla consulta junto dos dirigentes das instituições de ensino
superior, dos investigadores e dos estudantes, das empresas e dos parceiros
sociais, dos governos e dos organismos internacionais. Continuará empenhada
no trabalho desenvolvido com estas partes interessadas, juntamente com o
Parlamento Europeu, o Comité das Regiões e o Comité Económico e Social Europeu,
o Banco Europeu de Investimento e o Eurostat, no sentido de avançar na
implementação desta agenda[39]. A Comissão recorrerá igualmente a peritos
externos para desenvolver políticas graduais e identificar práticas inovadoras.
Como primeiro passo, em 2012, instituirá um grupo de alto nível para
analisar os principais tópicos da modernização do ensino superior,
começando pela promoção da excelência no ensino e na elaboração de relatórios
em 2013. Os sistemas de ensino superior modernos e
eficazes são os alicerces de uma sociedade aberta, confiante e sustentável, e
de uma economia criativa, inovadora, empreendedora e baseada no conhecimento.
Os esforços conjuntos das autoridades dos Estados-Membros, das instituições de
ensino superior, das partes interessadas e da União Europeia serão cruciais
para a realização dos objectivos estabelecidos na presente Comunicação e para
assegurar o sucesso mais global da Europa. [1] Esta
expressão abrange todos os estabelecimentos do ensino superior: universidades,
institutos de ciências aplicadas, institutos tecnológicos, «grandes écoles»,
escolas comerciais, escolas de engenharia, escolas superiores, escolas
profissionais, escolas politécnicas, academias, etc. O objectivo é ter em conta
a diversidade linguística e as tradições e práticas nacionais. [2] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, parte 2. [3] Ver Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, parte 7.2. [4] Ver
COM(2010) 682 final. [5] MORE
─ Study on the mobility patterns and career paths of EU researchers
(CE, 2010). [6] COM(2006)
208 final. [7] Até 2020,
40 % das pessoas de 30-34 anos de idade na UE deverão ter concluído um
curso do ensino superior ou outros estudos equivalentes. [8] Ver Documento
de Trabalho dos Serviços da Comissão, secção 3.4. [9] Reduzir a
percentagem de jovens de 18-24 anos de idade que não concluem o ensino
secundário nem frequentam nenhuma formação ou estudos pós-secundários para
10 % no máximo. [10] Ver
Recomendação do Conselho sobre as políticas destinadas a reduzir o abandono
escolar precoce (adoptada em 7 de Junho de 2011). [11] Ver
COM(2010) 546 final, p. 9. [12] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, parte 4.1. [13] COM(2010)
245 final. [14] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, parte 4.3. [15] Estes
princípios, estabelecidos com o apoio do Grupo Director «Recursos Humanos e
Mobilidade» do Espaço Europeu de Investigação (EEI), apelam à necessidade de
garantir a excelência e a criatividade na investigação, condições atractivas a
nível institucional, incluindo uma massa crítica e o respeito pela Carta
Europeia do Investigador e pelo Código de Conduta para o Recrutamento de
Investigadores, bem como opções de investigação interdisciplinares, uma maior
exposição à indústria e a outros sectores de trabalho relevantes, a criação de
redes e formas de mobilidade internacionais, competências transferíveis e
mecanismos de garantia da qualidade. [16] Incluindo
em conformidade com a Carta Europeia do Investigador e o Código de Conduta para
o Recrutamento de Investigadores. [17] Ver
SEC(2011) 670 final. [18] Mobilidade
«vertical» significa a mobilidade para outros países entre os níveis de
licenciatura, mestrado e doutoramento. [19] Recomendação
do Conselho «Juventude em Movimento - Promover a Mobilidade dos Jovens para fins de
Aprendizagem», de 28 de Junho de 2011. [20] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, parte 7.1. [21] Ibid. [22] Directivas
2004/114/CE e 2005/71/CE do Conselho. [23] Estadas
não superiores a três meses num período de seis meses. [24] Conclusões
do Conselho sobre o triângulo do conhecimento, 20 de Outubro de 2009. [25] Ver
Recomendação relativa à gestão da propriedade intelectual em actividades de
transferência de conhecimentos e ao Código de Práticas destinado às universidades
e outras organizações de investigação públicas, C(2008) 1329 final de
10.4.2008. [26] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, secção 6.1. [27] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, secção 6.2. [28] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, secção 6.3. [29] A questão
da excelência das instituições abrangidas pelas metas da UE para a investigação
será objecto de uma análise mais aprofundada. [30] Ver
Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, capítulo 1.1. Uma ferramenta «U-Multirank»
permitiria aos utilizadores estabelecer o perfil das instituições com base na
qualidade do ensino (p. ex., nos resultados em termos de empregabilidade), no
desempenho da investigação, na capacidade para transferir conhecimentos e
apoiar o desenvolvimento regional e no grau de internacionalização. [31] Acordado
no âmbito da Recomendação do Conselho sobre a mobilidade dos jovens para fins
de aprendizagem, 28 de Junho de 2011. [32] Ver
COM(2010) 206 de 13.4.2011. [33] O Erasmus
apoia a mobilidade de créditos e não uma mobilidade total, ao passo que o
Erasmus Mundos apoia unicamente a mobilidade de estudantes que frequentam
programas específicos do Mestrado Erasmus Mundus. [34] Processo
C-73/08 Nicolas Bressol, Céline Chaverot e outros/ Gouvernement de la Communauté
française. [35] Perfis
comuns (investigador em início de carreira/reconhecido/experiente/principal)
para todos os sectores e países participantes, de acordo com o documento Innovation
Union (2010). Relatório adoptado
pelo Grupo Director «Recursos Humanos e Mobilidade» do EEI, Maio de 2011. [36] Em
conformidade com o Código de Conduta para o Recrutamento de Investigadores e a
Carta Europeia do Investigador. [37] Conclusões
do Conselho sobre a internacionalização do ensino superior, 11 de Maio de 2010. [38] E
Recomendação 2005/761/CE, destinada a facilitar a emissão
pelos Estados-Membros de vistos uniformes de curta duração para os
investigadores nacionais de países terceiros que se desloquem para efeitos de
investigação científica na Comunidade. [39] Por exemplo,
trabalhar com o BEI sobre a garantia europeia dos empréstimos para estudantes,
com o Comité das Regiões relativamente ao papel do ensino superior no
desenvolvimento regional e com os Estados‑Membros no âmbito do Grupo de
Trabalho «Modernização do Ensino Superior».