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Document 52020IR3121
Opinion of the European Committee of the Regions — Opportunities and synergies of a precautionary adaptation to climate change to promote sustainability and quality of life in regions and municipalities: which framework conditions are required for this?
Parecer do Comité das Regiões Europeu «Oportunidades e sinergias de uma adaptação preventiva às alterações climáticas para promover a sustentabilidade e a qualidade de vida nas regiões e nos municípios — que condições-quadro são necessárias para o efeito?»
Parecer do Comité das Regiões Europeu «Oportunidades e sinergias de uma adaptação preventiva às alterações climáticas para promover a sustentabilidade e a qualidade de vida nas regiões e nos municípios — que condições-quadro são necessárias para o efeito?»
COR 2020/03121
JO C 37 de 2.2.2021, p. 33–39
(BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, HR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)
2.2.2021 |
PT |
Jornal Oficial da União Europeia |
C 37/33 |
Parecer do Comité das Regiões Europeu «Oportunidades e sinergias de uma adaptação preventiva às alterações climáticas para promover a sustentabilidade e a qualidade de vida nas regiões e nos municípios — que condições-quadro são necessárias para o efeito?»
(2021/C 37/06)
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RECOMENDAÇÕES POLÍTICAS
O COMITÉ DAS REGIÕES EUROPEU
A urgência mundial de acelerar a ação
1. |
salienta que os dirigentes políticos devem abordar as alterações climáticas como uma situação de emergência e uma ameaça mundial a enfrentar coletivamente mediante ações e normas comuns, eliminando a compartimentação e os obstáculos. A UE deve assumir um papel de liderança ativo na transição para uma economia com impacto neutro no clima e uma sociedade mais resiliente, a fim de preservar condições de vida favoráveis e assegurar a aplicação de procedimentos claros, credíveis e equivalentes para as empresas e as instituições públicas e privadas europeias a nível mundial, |
2. |
sublinha a importância de os municípios e regiões desempenharem um papel ativo, unindo esforços com a indústria local e internacional para se adaptarem às alterações climáticas e as atenuarem através da adoção de objetivos cada vez mais ambiciosos e realistas, e frisa que é essencial acelerar as ações previstas em todas as políticas pertinentes da UE, aumentar o financiamento da adaptação, elaborar conjuntamente métodos e instrumentos de adaptação adequados, intensificar a cooperação transfronteiriça e o intercâmbio de experiências e boas práticas, e reforçar as capacidades de resiliência e de adaptação, as soluções baseadas na natureza e as oportunidades de inovação; |
3. |
assinala que cerca de 800 governos regionais de 17 Estados-Membros declararam um estado de emergência climática, o que abrange aproximadamente 40 % dos cidadãos da UE que residem em regiões e municípios, cujos dirigentes políticos também sublinharam, reconheceram oficialmente e declararam a gravidade da emergência climática a nível mundial; salienta que este facto constitui um apoio significativo para uma liderança ativa em prol de uma Europa com impacto neutro no clima, colocando a tónica numa abordagem ascendente (1); |
4. |
salienta que a pandemia de COVID-19 tornou ainda mais urgente uma ação rápida e coordenada — a experiência atual da pandemia demonstrou a necessidade de aumentar a resiliência dos sistemas sociais e económicos para fazer face a perturbações em grande escala, uma vez que as crises imprevistas criam riscos complexos, em especial nas economias pouco diversificadas; |
5. |
frisa que as políticas da UE em matéria de adaptação às alterações climáticas e sua atenuação devem ser mais bem integradas nos setores público e privado, bem como nas atividades dos cidadãos no âmbito da política climática da UE: o regime de comércio de licenças de emissão (RCLE), a Decisão Partilha de Esforços e o uso do solo, alteração do uso do solo e florestas (LULUCF). A fim de alcançar a neutralidade climática até 2050, a UE deve acelerar a descarbonização das atividades em todos os setores. Os municípios e as regiões, em parceria com a indústria, são os principais responsáveis pelos setores abrangidos pela Decisão Partilha de Esforços, em particular o aquecimento, o arrefecimento, o uso do solo e os transportes; |
Ligações entre os governos infranacionais e os ODS das Nações Unidas e a CQNUAC
6. |
considera que os governos infranacionais devem assumir um papel importante no reforço das ambições mundiais em matéria de clima e que as políticas de adaptação devem desempenhar um papel fundamental na localização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. A UE deve criar incentivos para que os municípios alcancem os ODS; |
7. |
convida a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC) a reconhecer oficialmente o papel do nível infranacional, a promover ativamente a participação dos governos infranacionais nas políticas de adaptação e atenuação e a propor que as partes adotem objetivos ambiciosos; chama a atenção para os contributos locais apresentados sob a forma de avaliações locais voluntárias, que revelam que os municípios são o nível em que se levam a cabo as ações determinantes e em que se tira mais partido das sinergias e interligações entre os diversos ODS; |
8. |
considera que a COP 26 da CQNUAC constitui uma etapa fundamental para consolidar a posição da UE na vanguarda da ação climática global, e salienta que as atividades em curso das regiões e dos municípios e os compromissos por estes assumidos devem desempenhar um papel forte e visível nesta conferência; está disposto a apoiar as instituições da UE na cooperação com a CQNUAC, a fim de reforçar a visibilidade e o reconhecimento dos governos infranacionais no domínio da diplomacia e das atividades mundiais em matéria de clima; salienta, neste sentido, a colaboração com as comunidades internacionais e as organizações de redes, como o ICLEI, a Coligação «Under2», a Regions4, a Aliança Climática e a CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos); |
Rumo a uma estratégia de adaptação da UE mais influente baseada em novos conhecimentos, na aprendizagem e em inovações
9. |
acolhe com agrado o plano para uma nova estratégia da UE de adaptação às alterações climáticas mais ambiciosa, que coloque a adaptação numa posição de maior destaque entre os objetivos da UE em matéria de clima para 2030 e 2050, melhorando os conhecimentos, reforçando o planeamento e acelerando as ações, e reconhecendo a necessidade de políticas de adaptação a nível regional e local; salienta, a este respeito, a necessidade de integrar eficazmente as questões relacionadas com a adaptação às alterações climáticas em todos os domínios de intervenção; insta a Comissão a desenvolver a nova estratégia de adaptação da UE com objetivos e indicadores claros, em consonância com os princípios da subsidiariedade ativa e da proporcionalidade; |
10. |
considera que, para assistir os governos infranacionais na aplicação das respetivas medidas globais no âmbito dos ODS, a própria UE deve dar o exemplo. Tal implica uma cooperação com os parceiros potenciais fora da UE assente nos valores da União; |
11. |
salienta a necessidade de um sistema de adaptação à escala europeia e de uma estrutura de governação a vários níveis eficaz, dotada de responsabilidades claras que permitam tomar medidas. É importante criar mecanismos eficazes de adaptação e atenuação a nível regional e local recorrendo a redes comuns entre o setor público, o setor privado e o terceiro setor, e reforçando os conhecimentos, as capacidades e os recursos financeiros; |
12. |
sublinha a importância das soluções baseadas na natureza na adaptação às alterações climáticas, uma vez que a sua aplicação permite fazer face a crises interligadas em matéria de clima, natureza e saúde, proporcionando benefícios tanto na esfera social como na esfera ecológica e promovendo simultaneamente a sustentabilidade e a resiliência. As soluções baseadas na natureza podem também ser um meio importante para a consecução dos ODS e das ambições da CQNUAC, em particular no que diz respeito à exploração de sinergias entre os vários ODS e a ação climática; |
13. |
salienta que a adaptação às alterações climáticas exigirá uma transformação significativa e deverá ser integrada como prioridade transversal no planeamento e gestão territorial; as políticas de adaptação têm consequências importantes para a saúde e a justiça social; |
14. |
observa que o nível de preparação local relacionado com a adaptação às alterações climáticas varia a nível mundial e também na Europa. Atualmente, os riscos climáticos não estão incluídos de forma exaustiva na gestão global do risco e nos planos de preparação dos municípios; |
15. |
sublinha que, para ter êxito, qualquer ação climática, incluindo a adaptação, deve basear-se nos melhores conhecimentos e inovação disponíveis e depende inteiramente da adesão dos cidadãos. Os órgãos de poder local e regional são o nível de governo que suscita mais confiança, pois conhecem melhor as necessidades e a forma de responder de forma eficiente às exigências e expectativas dos cidadãos europeus; |
16. |
exorta a Comissão Europeia e os Estados-Membros a apoiarem o desenvolvimento:
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17. |
defende a diminuição da pegada de carbono, reduzindo ao mínimo os impactos negativos dos produtos, serviços e organizações; solicita também que seja dada mais atenção ao cunho ecológico, demonstrando o impacto positivo futuro que os produtos, serviços ou organizações podem criar em termos de sustentabilidade; |
18. |
apoia o desenvolvimento de plataformas científicas locais sobre as alterações climáticas (já presentes em várias regiões, em que desempenham o papel de «PIAC local»), a fim de incentivar a cooperação com os cientistas e apoiar a tomada de decisões dos representantes eleitos a nível local; |
19. |
salienta que o desenvolvimento da resiliência a nível pessoal, comunitário e regional é um fator essencial para a adaptação às alterações climáticas; frisa a importância da sensibilização, da aprendizagem, do desenvolvimento de capacidades e de conceitos para reforçar a cultura de colaboração inter-regional e transnacional, de modo que funcione praticamente em todo o mundo; |
20. |
convida a Comissão a criar instrumentos de colaboração à escala europeia e a aumentar a sua utilização, a fim de cocriar novas soluções para os desafios climáticos, e apela à constituição de equipas digitais de orientação e de mentoria entre pares para apoiar novas formas de desenvolvimento sustentável, inovador, regional e local. As regiões e os municípios estão dispostos a servir de bancos de ensaio para desenvolver novas soluções que possam responder às diferentes necessidades dos territórios da UE; |
21. |
salienta a utilidade da rede de laboratórios vivos para colmatar as lacunas em matéria de adaptação às alterações climáticas e sua atenuação e reforçar a inovação em prol do desenvolvimento sustentável; |
22. |
destaca a importância da agricultura e da silvicultura (política agrícola comum) na política climática global, uma vez que desempenham um papel significativo para reforçar a resiliência e a sustentabilidade e promover soluções inovadoras nas zonas rurais; neste sentido, os objetivos do Pacto Ecológico, em particular a Estratégia da Biodiversidade e a Estratégia do Prado ao Prato, devem ser integrados na política agrícola comum, pondo termo à ligação entre as subvenções e a dimensão da superfície agrícola e associando-as, em vez disso, ao cumprimento de normas elevadas e vinculativas em matéria de proteção do clima, biodiversidade, utilização de pesticidas e bem-estar dos animais, cadeias de abastecimento mais curtas e promoção da produção local; |
23. |
destaca as sinergias positivas entre as políticas de conservação da biodiversidade e de atenuação das alterações climáticas e adaptação às mesmas, que constituem os pilares fundamentais em que assenta a luta global contra as alterações climáticas; |
24. |
frisa a importância da utilização de sistemas de informação preventivos, como o Galileu e o Copérnico, para avaliar os perigos e riscos a nível local. Para tal, são necessárias soluções mais sistemáticas e abrangentes de exploração e tratamento de dados a nível local e regional, nomeadamente através do recurso a satélites e sensores com instrumentos apoiados por sistemas de informação geográfica, a fim de identificar as vulnerabilidades associadas aos diferentes riscos relacionados com o clima; encoraja os órgãos de poder local e regional a utilizar e explorar os dados e serviços disponíveis, em particular os oferecidos pelo serviço de monitorização das alterações climáticas Copérnico (C3S); |
25. |
salienta a necessidade de continuar a investir na importância da tecnologia espacial, uma vez que se trata de uma componente fundamental do desenvolvimento sustentável e resiliente, fornecendo informações pertinentes sobre os riscos climáticos e as medidas de adaptação conexas; está disposto a cooperar com a Comissão, o Centro Comum de Investigação e a Agência Europeia do Ambiente a este respeito, para explorar ações destinadas a aproximar estas tecnologias dos órgãos de poder local e regional; |
26. |
salienta que a adaptação deve ser reconhecida como um pilar importante do Pacto Ecológico Europeu enquanto nova estratégia de crescimento da UE; acolhe com agrado a proposta de Lei Europeia do Clima como forma de proporcionar um quadro abrangente tanto para a atenuação das alterações climáticas como para a adaptação às mesmas; |
Os municípios e as regiões devem desempenhar um papel mais importante nas políticas de adaptação
27. |
salienta que os municípios e as regiões são inovadores e precursores no domínio da ação climática e da adaptação às alterações climáticas, participando frequentemente em projetos de investigação e inovação, como os projetos no âmbito dos programas Horizonte 2020 e Horizonte Europa, o que lhes permite atuar como embaixadores da adaptação às alterações climáticas em toda a Europa e promover a cooperação transfronteiriça entre os níveis infranacionais sobre a forma de enfrentar os desafios climáticos; |
28. |
observa que os governos locais são responsáveis por mais de 70 % da medidas de redução das alterações climáticas e até 90 % das medidas de adaptação às mesmas, e que nenhuma política de adaptação funcionará se não tiver em conta as necessidades, os pontos de vista e os conhecimentos especializados das regiões e dos municípios; assinala que, em toda a UE, se estima que cerca de 40 % das cidades com mais de 150 000 habitantes tenham adotado planos de adaptação (2); |
29. |
observa que as aplicações digitais podem desempenhar um papel fundamental para ajudar os órgãos de poder local e regional a pôr em prática os objetivos em matéria de desenvolvimento sustentável e de clima, ou a adaptar-se às alterações climáticas. Por conseguinte, há que ter sempre em conta as soluções digitais sustentáveis na adaptação às alterações climáticas e sua atenuação; deve proceder-se ao intercâmbio de exemplos de boas práticas, controlando sempre a eficácia real das soluções digitais; |
30. |
salienta que, à medida que o clima se altera, os impactos mais visíveis na Europa e no mundo resultam de fenómenos meteorológicos extremos, como vagas de calor, inundações, escassez de água, incêndios florestais e doenças, que provocam numerosas vítimas humanas, importantes prejuízos financeiros, bem como a deterioração da qualidade de vida; assinala igualmente que o despovoamento rural, a perda de acesso a solos férteis e a perda de biodiversidade criam dificuldades sociais e económicas que se estão a transformar num problema mundial crescente que terá consequências enormes na Europa (3); |
31. |
frisa a importância crucial das duas missões centradas no clima, «uma Europa resiliente às alterações climáticas», e «100 cidades com impacto neutro no clima até 2030»; deseja cooperar com a Comissão para incentivar as candidaturas e nomeações a nível de comunidades, municípios e regiões que representem toda a diversidade geográfica, social e económica dos territórios europeus; está disposto a desenvolver, com as missões, o Pacto de Autarcas e outros intervenientes, um quadro de execução para alcançar o objetivo de neutralidade climática; |
32. |
recomenda que a Agência Europeia do Ambiente, juntamente com várias organizações de peritos, como o Centro Comum de Investigação, a Parceria para a Adaptação Climática da Agenda Urbana (4) e o Pacto de Autarcas para o Clima e Energia (5), forneça regularmente informações atualizadas sobre os conhecimentos científicos e apresente projetos específicos relacionados com as alterações climáticas, os seus impactos e as vulnerabilidades nas principais regiões biogeográficas da Europa; |
33. |
sublinha que o impacto das alterações climáticas é desigual e que os fatores territoriais desempenham um papel crucial na escolha das políticas corretas; as medidas de adaptação adequadas dependem de vulnerabilidades específicas, por exemplo, das regiões ultraperiféricas, das ilhas, das zonas de montanha, das zonas costeiras e das regiões árticas da UE; |
34. |
solicita a adoção de medidas urgentes para o Ártico, onde as temperaturas invernais já excedem em 2,5oC as temperaturas pré-industriais, o que significa que o gelo marinho e a neve se fundem a um ritmo sem precedentes, como comprovado recentemente, por exemplo, pela expedição MOSAiC. A maior sensibilidade do Ártico — conhecida como «amplificação polar» — exige que se preste particular atenção a esta região; |
35. |
chama a atenção para a riqueza excecional da natureza da região mediterrânica e para a sua especial vulnerabilidade às catástrofes naturais, às alterações climáticas e ao desenvolvimento socioeconómico. São necessárias medidas específicas para aumentar a sustentabilidade dos recursos naturais, nomeadamente protegendo a biodiversidade; |
36. |
frisa que as alterações climáticas estão estreitamente ligadas às mudanças socioeconómicas, como a urbanização; assinala que as zonas urbanas da Europa, onde vivem três quartos da população, enfrentam desafios climáticos que exigem soluções e apoio específicos da UE e dos Estados-Membros (6); sublinha, igualmente, a importância das zonas rurais e periurbanas, onde, por vezes, é ainda mais difícil reduzir as emissões; solicita, por conseguinte, soluções adequadas também para tais zonas; |
37. |
salienta que o diálogo a vários níveis sobre clima e energia se pode tornar um instrumento poderoso para assegurar uma integração vertical e transversal eficaz das políticas de adaptação. Este diálogo deve ser alargado a todo o Pacto Ecológico; |
38. |
sublinha o papel crucial do Pacto de Autarcas para o Clima e Energia e outras iniciativas similares na aproximação das políticas de adaptação dos municípios e das regiões, bem como o papel dos signatários do Pacto de Autarcas na aplicação dos planos de ação para as energias sustentáveis e o clima; |
39. |
salienta a importância de reforçar a utilização, a divulgação e a adoção de tecnologias digitais inovadoras que melhorem as capacidades de integração e a coesão, a fim de prosseguir uma estratégia regional inteligente. A tecnologia 5G, a Internet das coisas e a análise de dados, enquanto exemplos de tais tecnologias, devem ser encaradas como elementos que facilitam a transformação digital e ecológica das regiões e dos municípios e, em particular, como alavancas disruptivas na prestação de serviços públicos digitais, na eficiência energética, na promoção da cultura e do turismo e na coesão social e territorial; |
40. |
destaca o papel dos sistemas energéticos na adaptação e as ligações entre estes, como indicado na comunicação sobre a Estratégia da UE para a Integração do Sistema Energético (7), e insta a Comissão Europeia a continuar a explorar essas ligações no âmbito do seguimento da referida comunicação; |
41. |
salienta a importância de reforçar as parcerias europeias entre regiões e municípios, aplicando os conceitos de especialização inteligente; recomenda o reforço do papel dos municípios e das regiões na plataforma «Climate-ADAPT» (8) e pretende aprofundar a cooperação, em particular com a Agência Europeia do Ambiente, a CCI-Clima do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia e o Centro Comum de Investigação; |
42. |
assinala a necessidade de melhorar as capacidades de execução das regiões e dos municípios e a importância de dispor de pessoal suficiente, incluindo pessoal qualificado. Importa fornecer sistematicamente, em particular a nível municipal, a mão de obra necessária para coordenar os numerosos domínios de responsabilidade e áreas de trabalho associados à aplicação dos objetivos em matéria de desenvolvimento sustentável e ação climática; |
Financiamento e regras mundiais
43. |
insta a Comissão a prestar especial atenção ao sistema de tarifação do CO2. A transformação climática exige novos investimentos, em particular no setor privado, para fins de adaptação e atenuação. A fim de atrair os investimentos necessários, o preço do CO2 deve ser fixado num nível previsível e adequado. Esse sistema deve incentivar as empresas do setor da energia e de outros setores a desempenhar um papel importante na consecução dos objetivos em matéria de clima e na criação de novas soluções neutras em termos de carbono; |
44. |
salienta que é necessário um sistema mais eficiente de tarifação do CO2, que inclua um mecanismo de ajustamento carbónico fronteiriço, para tornar o CO2 um elemento transparente do sistema económico e fomentar a transição para a neutralidade carbónica; tal criaria novas condições de concorrência equitativas para uma ação sustentável e seria um instrumento crucial para tornar o sistema relativo ao CO2 transparente em todos os níveis e setores; |
45. |
apoia o apelo do Parlamento Europeu para que seja estabelecido um orçamento líquido de emissões de gases com efeito de estufa para a UE27, com base nos cálculos científicos mais recentes utilizados pelo PIAC, que represente a parte justa da União nas restantes emissões globais, em conformidade com os objetivos do Acordo de Paris, e que oriente a definição da trajetória da União rumo a emissões líquidas nulas de gases com efeito de estufa até 2050; |
46. |
exorta a UE a assumir um papel de liderança forte a nível mundial a fim de desenvolver os sistemas necessários de tarifação e de orçamentação do CO2 até 2030 e negociar elementos semelhantes com os seus parceiros comerciais a nível mundial; |
47. |
propõe a promoção de investimentos a longo prazo em infraestruturas relacionadas com a adaptação, financiados pela UE; salienta a importância de dispor, a todos os níveis de governo, de oportunidades de financiamento adequadas para a adaptação às alterações climáticas, bem como de estudar novas opções possíveis para as estruturas existentes e analisar soluções novas e inovadoras; |
48. |
recomenda que a UE e os governos nacionais assegurem um financiamento público estável e sistemático da adaptação, por exemplo para os serviços de utilidade pública, os serviços de emergência e salvamento e os cuidados de saúde. A adaptação preventiva exige investimentos significativos em infraestruturas e dispositivos de salvamento que integrem a adaptação às alterações climáticas e a sua atenuação nas medidas globais de sustentabilidade; |
49. |
acolhe com agrado o anúncio das obrigações verdes para financiar a ação climática; assinala que os recursos públicos podem não ser suficientes para responder a todas as necessidades de adaptação e que se deve incentivar o financiamento privado dos esforços de adaptação. Os critérios da taxonomia e da gestão do que se considera sustentável e não prejudicial devem ser elaborados de forma a evitar que constituam um encargo administrativo para quem pretenda realizar investimentos sustentáveis, especialmente quando estes aspetos ultrapassam a legislação em vigor na UE e nos Estados-Membros; |
50. |
reconhece que o novo quadro para 2021-2027 se centrará em grande medida numa Europa mais inteligente graças à inovação e numa Europa mais ecológica e sem emissões de carbono; apela a que o CR desempenhe um papel mais importante na orientação da utilização dos vários instrumentos destinados ao investimento regional público-privado na adaptação às alterações climáticas e sua atenuação. Tal inclui o apoio a estratégias locais e a capacitação dos órgãos de poder local na gestão dos fundos da UE, nacionais, regionais e locais; salienta que os programas europeus devem promover a criação e o intercâmbio de soluções climáticas eficazes, em benefício de municípios de dimensões diferentes; |
51. |
sublinha que os órgãos de poder local e regional são as entidades que melhor conhecem as necessidades e os problemas dos cidadãos e que são responsáveis pela aplicação das políticas da UE a nível local e regional. Por conseguinte, os Estados-Membros devem associar os órgãos de poder local e regional ao processo decisório da UE e nacional; incentiva ainda os Estados-Membros a delegarem a gestão dos fundos e instrumentos financeiros aos órgãos de poder local e regional, com base no princípio da subsidiariedade; |
52. |
destaca o novo nível de compromisso do Banco Europeu de Investimento (BEI), no sentido de aumentar a percentagem de financiamento destinado à ação climática e à sustentabilidade ambiental até 2025, e a elaboração do Roteiro do Banco para o Clima (9); acolhe com agrado a introdução do sistema de avaliação dos riscos climáticos do BEI para a avaliação sistemática dos riscos físicos associados ao clima; |
53. |
salienta a necessidade de ancorar a elaboração da nova estratégia de adaptação da UE nos princípios estabelecidos no Pacto Ecológico Europeu; insta a Comissão a reconhecer os municípios e as regiões como parceiros de pleno direito neste contexto e a colmatar melhor o fosso entre as estratégias de adaptação locais (ascendentes) e nacionais; |
Melhoria da coerência e do funcionamento em toda a Europa
54. |
salienta que os objetivos do Pacto Europeu para o Clima assentam na subsidiariedade ativa e na governação a vários níveis: o CR está disposto a dar o seu apoio político à aplicação desta iniciativa (10) e a levá-la a todos os municípios e regiões da Europa; neste contexto, insta a Comissão a incluir as medidas de adaptação como uma das vertentes desta iniciativa importante; |
55. |
sublinha o potencial do Pacto Europeu para o Clima enquanto, por um lado, instrumento de governação inovador que reforça a cooperação entre os órgãos de poder local e regional e as instituições europeias e, por outro, iniciativa de alcance geral para fomentar a criação de pactos locais para o clima em toda a UE e facilitar o recurso a boas práticas, nomeadamente em matéria de adaptação às alterações climáticas; |
56. |
reitera a importância de integrar as políticas de adaptação nas infraestruturas territoriais e no planeamento e gestão da paisagem (11): os municípios e as regiões deverão envidar esforços significativos; |
57. |
acolhe com agrado a proposta de um Plano Meta Climática 2030 ambicioso e convida a Comissão a incluir igualmente medidas e objetivos de adaptação neste contexto; |
58. |
sublinha que diversas iniciativas, como os diálogos com os cidadãos, as avaliações do impacto territorial, os diálogos a vários níveis sobre clima e energia e a rede RegHub, bem como a iniciativa urbana europeia da política de coesão pós-2020, podem apoiar tanto a avaliação das medidas de adaptação como a definição da agenda estratégica, através da participação das pessoas diretamente afetadas pelas alterações climáticas e pelas medidas de adaptação; |
59. |
acolhe com agrado o lançamento da «Vaga de Renovação», uma iniciativa virada para o futuro que intensifica os esforços da UE num dos domínios fundamentais para a consecução dos nossos objetivos climáticos; insta, neste contexto, a Comissão a continuar a desenvolver o papel da renovação dos edifícios no reforço dos objetivos de adaptação e no aumento da resistência do ambiente construído; |
60. |
assinala que o impacto das alterações climáticas nos cidadãos varia em função da sua vulnerabilidade social e económica, idade e género. Por conseguinte, o aspeto social das políticas de adaptação deve ser analisado cuidadosamente na nova estratégia da UE, com base no trabalho desenvolvido pela Agência Europeia do Ambiente neste domínio (12); |
61. |
salienta que os Estados-Membros estão a elaborar atualmente vários planos e estratégias, como as estratégias de adaptação às alterações climáticas, os planos nacionais em matéria de energia e clima, as estratégias nacionais a longo prazo e as estratégias de desenvolvimento sustentável, bem como outras políticas setoriais, por exemplo no domínio da biodiversidade, da silvicultura, da agricultura e do ordenamento do território; assinala que tal pode criar confusão para os municípios e as regiões e insta a Comissão Europeia a reconsiderar o quadro geral a favor de uma abordagem mais integrada; |
62. |
insta a Comissão a recomendar vivamente aos Estados-Membros que associem os governos infranacionais à elaboração das suas estratégias de adaptação e promovam o desenvolvimento de estratégias locais e regionais, bem como uma repartição regional das estratégias nacionais; mostra-se disponível para organizar diálogos a vários níveis sobre clima e energia para o efeito. |
Bruxelas, 10 de dezembro de 2020.
O Presidente do Comité das Regiões Europeu
Apostolos TZITZIKOSTAS
(1) https://climateemergencydeclaration.org/climate-emergency-declarations-cover-15-million-citizens/
(2) Relatório sobre a execução da estratégia da UE para a adaptação às alterações climáticas [COM(2018) 738 final].
(3) https://www.eea.europa.eu/themes/climate-change-adaptation
(4) https://ec.europa.eu/futurium/en/climate-adaptation
(5) https://www.pactodeautarcas.eu/
(6) https://www.pactodeautarcas.eu/
(7) COM(2020) 299 final.
(8) https://climate-adapt.eea.europa.eu/
(9) https://www.eib.org/en/about/partners/cso/consultations/item/cb-roadmap-stakeholder-engagement.htm
(10) Ver o Parecer «Pacto Europeu para o Clima (1360/2020)» (JO C 440 de 18.12.2020, p. 99), elaborado por Rafał Trzaskowski (PL-PPE), disponível em: https://cor.europa.eu/PT/our-work/Pages/OpinionTimeline.aspx?opId=CDR-1360-2020
(11) https://ec.europa.eu/clima/sites/clima/files/adaptation/what/docs/swd_2013_137_en.pdf
(12) https://www.eea.europa.eu/publications/unequal-exposure-and-unequal-impacts