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Document 52014DC0700
COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE EUROPEAN PARLIAMENT, THE COUNCIL, THE EUROPEAN ECONOMIC AND SOCIAL COMMITTEE AND THE COMMITTEE OF THE REGIONS Enlargement Strategy and Main Challenges 2014-15
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Estratégia de alargamento e principais desafios 2014-15
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Estratégia de alargamento e principais desafios 2014-15
/* COM/2014/0700 final */
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Estratégia de alargamento e principais desafios 2014-15 /* COM/2014/0700 final */
Completar
as bases de credibilidade I.
A agenda do alargamento –
Realizações e desafios Nos últimos
cinco anos, a Comissão reforçou a credibilidade da política de
alargamento e o seu poder transformador, garantindo uma maior ênfase na
abordagem das reformas fundamentais logo no início do processo de alargamento.
A Comissão deu especial destaque aos três pilares - Estado de direito, governação
económica e reforma da administração pública. Na sua
comunicação sobre a estratégia de alargamento[1]
de 2012, a Comissão introduziu uma nova abordagem em matéria de Estado de
direito. Na sua comunicação de 2013[2],
a Comissão estabeleceu um quadro para o reforço da governação económica, com
base na experiência adquirida com o Semestre Europeu. Este ano, a Comissão
apresenta novas ideias para apoiar a reforma da administração pública nos
países do alargamento. Estes três pilares estão interligados e os progressos
realizados nestes domínios serão fundamentais para determinar o momento em que
países estarão plenamente preparados para aderir à UE. A política de
alargamento da UE contribui para benefícios mútuos em matéria de paz, segurança
e prosperidade na Europa. Reforça o poder político e económico da UE e tem um
forte efeito transformador nos países em causa. Um processo de adesão bem
preparado garante que o alargamento não se realiza em detrimento da eficácia da
União. O décimo
aniversário em maio a adesão de dez Estados-Membros em 2004 recorda-nos os
progressos alcançados. À medida que a UE se torna maior, maiores são as oportunidades
para as nossas empresas, investidores financeiros, consumidores, turistas,
estudantes e proprietários de bens imobiliários. A adesão beneficiou tanto os
países que aderiram à UE como os Estados-Membros que já pertenciam à UE. O
comércio e o investimento aumentaram. A qualidade de vida dos cidadãos
melhorou, na medida em que são aplicáveis, de forma mais geral, as normas da UE
em matéria de ambiente, proteção dos consumidores e outras. Para os países
dos Balcãs Ocidentais, a perspetiva clara de adesão à UE concedida pelos
Estados-Membros da UE é um fator de estabilização decisivo, apoiando os
progressos no sentido do cumprimento das condições necessárias, nomeadamente as
do Processo de Estabilização e de Associação. São essenciais as boas relações
de vizinhança e uma cooperação regional inclusiva. Registaram-se progressos a
este respeito durante o ano passado, mas ainda subsistem algumas questões em
aberto. Envidar esforços contínuos para resolver questões bilaterais entre
países do alargamento e com Estados-Membros, nomeadamente sob os auspícios das
Nações Unidas, se for caso disso, e superar o legado do passado são aspetos
cruciais tendo em vista a história desta região até recentemente dilacerada por
conflitos. O processo de
adesão é rigoroso, baseado em condições estritas mas justas, critérios
estabelecidos e o princípio do mérito próprio. Este aspeto é crucial para a
credibilidade da política de alargamento, para incentivar os países do
alargamento a prosseguirem reformas de grande envergadura e para assegurar o
apoio dos cidadãos da UE. Por seu lado, os Estados-Membros, juntamente com as
instituições da UE, devem realizar um debate informado sobre o impacto
político, económico e social da política de alargamento. * * * A atual agenda
de alargamento abrange os países dos Balcãs Ocidentais, a Turquia e a Islândia.
Foi um ano importante para alguns dos países dos Balcãs Ocidentais: O Montenegro
deu novos passos no quadro das negociações de adesão. Foram abertos doze
capítulos. A implementação de reformas em matéria de Estado de direito começou.
São agora necessários resultados tangíveis que serão fundamentais para
determinar o ritmo global das negociações de adesão. O início das
negociações de adesão é um ponto de viragem nas relações da UE com a Sérvia.
Agora, a Sérvia necessita de cumprir as suas prioridades de reforma de uma
forma sustentada, uma vez que o ritmo das negociações depende dos progressos
realizados em domínios essenciais, nomeadamente em matéria de Estado de direito
e do processo de normalização com o Kosovo*.
Deve ser gerada uma nova dinâmica no âmbito do diálogo entre Belgrado e
Pristina, com vista a resolver questões pendentes essenciais e iniciar uma nova
fase na normalização das relações. Em junho foi concedido à Albânia o
estatuto de candidato em reconhecimento dos seus esforços de reforma e dos
progressos realizados para cumprir as condições exigidas. O país necessita de
aproveitar e consolidar a dinâmica de reformas e centrar os seus esforços em
matéria de luta contra os desafios da sua integração na UE de uma forma
sustentável e inclusiva. Tanto o governo como a oposição necessitam de
assegurar a realização de um debate político principalmente no Parlamento. A rubrica de um
Acordo de Estabilização e de Associação com o Kosovo, em julho,
constitui uma etapa importante nas relações entre a UE e o Kosovo. Agora o
Kosovo deve realizar reformas fundamentais, em especial em matéria de Estado de
direito. O processo de
adesão à UE da antiga República jugoslava da Macedónia está num
impasse. É necessário tomar medidas para inverter os recentes retrocessos,
nomeadamente no que diz respeito à liberdade de expressão e dos meios de
comunicação social e à independência do sistema judiciário. Há uma necessidade
urgente de encontrar uma solução negociada e mutuamente aceitável para a
questão da designação do país. O governo e a oposição devem tomar medidas para
restabelecer o diálogo político no Parlamento. A trajetória de
integração europeia continua numa situação de impasse na Bósnia-Herzegovina.
Na sequência das eleições, será essencial para o país falar a uma só voz,
proceda urgentemente a reformas socioeconómicas e progrida na sua agenda
europeia. Prosseguiu a
implementação de determinados compromissos assumidos em matéria de reformas por
parte da Turquia, tais como o pacote de democratização 2013,
tendo sido tomadas medidas no sentido de uma solução para a questão curda. No
entanto, existem também sérias dúvidas quanto à independência do sistema
judiciário e à proteção das liberdades fundamentais. Negociações de adesão
ativas e credíveis proporcionam o quadro mais adequado para explorar todo o
potencial das relações UE-Turquia. A abertura de negociações sobre os capítulos
pertinentes em matéria de Estado de direito e direitos fundamentais constituiria
um roteiro para reformas nestes domínios fundamentais. Na sequência de
uma decisão do governo, as negociações de adesão da Islândia
estão suspensas desde maio de 2013. * * * A abordagem da
Comissão de tratar em primeiro lugar os elementos fundamentais dá prioridade a
reformas relacionadas com o Estado de direito e os direitos fundamentais, a
governação económica e a melhoria da competitividade económica, bem como o
reforço das instituições democráticas. Tal inclui administração pública, que
continua a ser deficiente na maior parte dos países do alargamento, com
capacidades administrativas limitadas, níveis elevados de politização e falta
de transparência. Reforçar o funcionamento de instituições democráticas exige
também processos eleitorais sólidos e o correto funcionamento dos parlamentos,
incluindo um diálogo construtivo e sustentável em todo o espetro político. É
necessário envidar mais esforços para promover um ambiente propício para as
organizações da sociedade civil. Uma sociedade civil forte reforça a
responsabilização política e promove uma compreensão mais aprofundada das
reformas relacionadas com a adesão. A secção II da
presente comunicação centra-se nos principais desafios e analisa os progressos
realizados nos domínios da reforma da administração pública, governação
económica e competitividade, bem como do Estado de direito e direitos
fundamentais. A secção III analisa questões regionais e bilaterais,
nomeadamente nos Balcãs Ocidentais. A secção IV apresenta conclusões e
recomendações sobre questões horizontais e específicas por país. Em todos os
domínios acima referidos, a Comissão pretende tirar o máximo partido dos
mecanismos e fóruns existentes para fazer avançar as reformas, quer através das
estruturas dos acordos de estabilização e associação (AEA), das negociações de
adesão ou de iniciativas específicas por país lideradas pela Comissão, tais
como diálogos de alto nível ou diálogos estruturados sobre o Estado de direito.
Essas iniciativas foram mais alargadas em novembro de 2013 com a criação de um
diálogo de alto nível com a Albânia sobre as principais prioridades. No que diz
respeito à reforma da administração pública, a Comissão está a introduzir um
diálogo mais estruturado e a criar «grupos especiais» com os países do
alargamento. O ano de 2014
assinala o lançamento do novo Instrumento de Assistência de Pré-Adesão (IPA
II). Através do IPA II, a UE irá disponibilizar 11,7 mil milhões de EUR para o
período 2014-2020, a fim de apoiar os países do alargamento na sua preparação
para a adesão, bem como a cooperação regional e transfronteiriça. O IPA II
reforça a tónica nas prioridades para a adesão à UE nos domínios da democracia
e do Estado de direito, bem como na competitividade e no crescimento, e
introduz igualmente uma abordagem setorial, incentivos para a produção de
resultados, um maior apoio orçamental e o estabelecimento de prioridades para
os projetos. É necessária uma abordagem coordenada para grandes investimentos a
realizar ao longo dos principais corredores de infraestruturas. A coordenação
com as instituições financeiras internacionais (IFI) está a ser reforçada. O
quadro de investimento para os Balcãs Ocidentais continuará a apoiar
investimentos destinados a estimular o emprego e o crescimento e a promover a
conectividade na União. Três
benefícios estratégicos do alargamento (1) Faz da Europa um lugar mais seguro. Através
do processo de adesão, a UE promove a democracia e as liberdades
fundamentais e reforça o Estado de direito em todos os países que pretendem
aderir à UE, reduzindo o impacto da criminalidade transfronteiriça. A atual
política de alargamento reforça a paz e a estabilidade nos Balcãs
Ocidentais e promove a recuperação e a reconciliação após as guerras da década
de 90. (2) Contribui para melhorar a qualidade de vida
das populações através da integração e da cooperação em domínios como a
energia, os transportes, o Estado de direito, a migração, a segurança
alimentar, a proteção dos consumidores, e o ambiente e as alterações
climáticas. O alargamento contribui para assegurar que os nossos próprios
padrões elevados sejam aplicados além das nossas fronteiras, o que reduz os
riscos de os cidadãos da UE serem afetados, por exemplo, por poluição
importada. (3) Favorece a nossa prosperidade. Uma
Europa maior é uma Europa mais forte. Em 2012, o PIB da UE representava
23 % do PIB mundial, elevando-se a 13 biliões de EUR. A adesão beneficiou
tanto os países que aderiram à UE como os Estados-Membros que já pertenciam à
UE. À medida que a UE se alarga, as oportunidades para as nossas empresas,
investidores, consumidores, turistas, estudantes e proprietários de bens
imobiliários evoluem no mesmo sentido. Um mercado único maior é mais atrativo
para os investidores: o investimento direto estrangeiro proveniente do resto do
mundo na UE duplicou em percentagem do PIB desde a adesão de 2004 (tendo
passado de 15,2 % do PIB em 2004 para 30,5 % do PIB em 2012). * * * II.
Dar primazia aos elementos
fundamentais — Consolidação da reforma e o reforço da credibilidade A presente
secção identifica os principais desafios e analisa os progressos realizados nos
domínios da reforma da administração pública, governação económica e
competitividade, bem como do Estado de direito e direitos fundamentais.
Estabelece novas ideias para reforçar o destaque dado à reforma da
administração pública e aprofunda a abordagem à governação económica. Na
comunicação do ano passado foi colocada a tónica particular sobre a forma como
o financiamento de pré-adesão apoia o processo de reforma em geral. Este ano,
chama-se a atenção para certas práticas nos domínios acima referidos, que estão
em vigor nos países do alargamento e que podem servir de inspiração para as
reformas noutras regiões. a)
Reforma
da administração pública Juntamente com o
Estado de direito e a governação económica, a reforma da administração pública
(RAP) é um pilar do processo de alargamento. Estes três «pilares» são questões
transversais, estreitamente ligadas e de importância fundamental para o êxito
das reformas políticas e económicas e para a criação de uma base para a
aplicação das regras e normas da UE. É necessária uma administração pública
eficaz para a governação democrática. Tem igualmente um impacto direto na
capacidade dos governos para a prestação de serviços públicos e para promover a
competitividade e o crescimento. A reforma da
administração pública tem por objetivo reforçar a transparência, a
responsabilização e a eficácia, centrando-se mais nas necessidades dos cidadãos
e das empresas. Uma gestão adequada dos recursos humanos, um melhor planeamento,
coordenação e elaboração das políticas, procedimentos administrativos sólidos e
uma melhoria da gestão das finanças públicas, nomeadamente da administração e
cobrança das receitas, são de importância fundamental para o funcionamento do
Estado e para a realização das reformas necessárias para a integração na UE. Os
países devem intensificar os seus esforços para melhorar as suas administrações
públicas a todos os níveis com base em estratégias nacionais. Reconhecendo os
desafios enfrentados pelos países do alargamento, a Comissão reforça o seu
apoio à criação das estruturas e capacidades administrativas necessárias no
quadro do processo de adesão. A Comissão irá
estruturar os seus trabalhos sobre a RAP com os países do alargamento em torno
das seguintes questões fundamentais: Questões
essenciais para a reforma da administração pública 1. Quadro
estratégico para a reforma da administração pública — inclui o compromisso
político relativamente ao processo de reforma, nomeadamente a liderança
política e a coordenação técnica, bem como o acompanhamento da sua aplicação. 2. Elaboração
e coordenação das políticas — abrange a coordenação adequada no âmbito do
governo, a coordenação interministerial, a elaboração de políticas e a análise
financeira. 3. Serviços
públicos e a gestão dos recursos humanos — cobre a organização e o
funcionamento dos serviços públicos, nomeadamente a despolitização, o
recrutamento e a promoção assentes no mérito, a formação e a
profissionalização. 4. Responsabilização
— inclui a transparência da administração, nomeadamente o acesso à informação e
a possibilidade de recurso administrativo e judicial. 5. Prestação
de serviços — cobre a melhoria dos serviços aos cidadãos e às empresas,
incluindo o reforço dos procedimentos administrativos e serviços de
administração em linha. 6. Gestão
das finanças públicas (GFP) — prevê um compromisso no sentido de adotar uma
abordagem mais abrangente para melhorar a gestão das finanças públicas e o
processo orçamental através da elaboração e implementação de programas de GFP
plurianuais e o lançamento de um diálogo sobre a GFP com a Comissão e as IFI.
Um programa credível e pertinente no domínio da GFP é também fundamental para o
apoio orçamental setorial ao abrigo do IPA. A Comissão visa
integrar melhor a reforma da administração pública no processo de alargamento.
Foram criados, ou estão em vias de o ser, «grupos de trabalho especializados
RAP» com os países dos Balcãs Ocidentais, segundo o modelo dos subcomités do
AEA. Estes grupos especializados já se reuniram no caso da Albânia, Kosovo,
antiga República jugoslava da Macedónia e Montenegro. O primeiro grupo
especializado na RAP com a Sérvia irá reunir-se em outubro. Os grupos
especializados tornar-se-ão a principal plataforma para prosseguir os trabalhos
sobre a RAP, que se articularão em torno das questões essenciais acima
referidas. Os resultados obtidos pelos grupos especializados na RAP devem
alimentar os trabalhos do Conselho/Comité AEA, com um debate político mais
estruturado sobre as principais questões relativas à RAP. Embora não haja
nenhum capítulo específico do acervo que abranja a administração pública
enquanto tal, as negociações de adesão devem igualmente ser utilizadas para
incentivar as reformas necessárias. As questões fundamentais devem ser
abordadas no quadro dos capítulos relevantes — nomeadamente em matéria de
contratos públicos, controlo financeiro, sistema judiciário e direitos
fundamentais, fiscalidade e política económica e monetária, — bem como no
contexto de conferências intergovernamentais, sempre que tal seja importante
para a aplicação do acervo. A coordenação com as IFI, em especial no domínio da
GFP será crucial. A Comissão continua a apoiar a Escola Regional de
Administração Pública, que tem um papel importante a desempenhar na partilha de
experiências na região em matéria de RAP, nomeadamente no que diz respeito ao
processo de integração na UE. Reforço
das capacidades da administração pública no Kosovo: A fim de reforçar as capacidades institucionais e
profissionais da administração pública, o Kosovo criou um programa para jovens
profissionais. Com uma forte incidência nas necessidades inerentes à integração
europeia, este programa concede bolsas de estudo aos melhores estudantes para
lhes permitir frequentar um programa de mestrado especial no Kosovo, juntamente
com a oportunidade de estudar na UE. Cerca de 80 % dos diplomados foram
recrutados pelas autoridades do Kosovo. Tal beneficia não só o Ministério da
Integração Europeia, mas também os ministérios setoriais e as instituições que
serão responsáveis pela execução das obrigações que lhes incumbem por força do
futuro AEA. b)
Governação
económica e competitividade A Comissão está
a reforçar o seu apoio para melhorar a governação económica e a competitividade
nos países do alargamento. Este aspeto é fundamental para dar resposta às
preocupações dos cidadãos numa conjuntura económica que continua a ser difícil,
com uma taxa elevada de desemprego e um baixo nível de investimento. Esta nova
abordagem é particularmente importante em relação aos países dos Balcãs
Ocidentais, uma vez que nenhum deles é considerado uma economia de mercado
viável. Basear-se-á na experiência adquirida pelos Estados-Membros da UE no
quadro do Semestre Europeu. Haverá uma maior ênfase nas reformas estruturais
que são setoriais por natureza. Os países do alargamento serão convidados a
apresentar programas nacionais de reforma económica. Por seu lado, a UE irá
fornecer mais orientações no que se refere a prioridades de reforma e um
financiamento do IPA melhor orientado. Melhorar a governação económica nos
países do alargamento é também importante para manter o apoio ao alargamento na
União Europeia. Todos os países
dos Balcãs Ocidentais enfrentam grandes desafios económicos estruturais, com
elevadas taxas de desemprego e baixos níveis de investimento estrangeiro.
Subsistem importantes desafios em todos os países do alargamento em termos de
reformas económicas, competitividade, criação de emprego e consolidação
orçamental. As deficiências que afetam o Estado de direito e a gestão das
finanças públicas agravam o risco de corrupção, o que tem um impacto negativo
no clima de investimento. Até à data, nenhum dos países elaborou um programa
nacional de reformas abrangente e convincente. Situação
macroeconómica nos países do alargamento Þ
Há um cenário misto em termos de evolução socioeconómica nos países do
alargamento. Todos os países do alargamento têm mantido em grande medida uma
estabilidade macroeconómica global, tendo no entanto aumentado de forma
significativa os riscos a nível orçamental em alguns deles. Prossegue uma
modesta recuperação. As previsões mais recentes da Comissão indicam que os
países candidatos dos Balcãs Ocidentais devem registar um crescimento de
1,6 % em média em 2014. A recuperação não se traduziu em mais emprego. O
desemprego continua elevado, em especial entre os jovens, situando-se
atualmente em média em 21 % nos Balcãs Ocidentais, mas muito mais elevado
na Bósnia-Herzegovina, na antiga República jugoslava da Macedónia e no Kosovo.
Os níveis de pobreza mantêm-se persistentemente elevados. Þ
A UE é o principal parceiro comercial dos países dos Balcãs Ocidentais, que
recebem cerca de 60 % das exportações da região. A UE também é, de longe,
a principal fonte de investimentos diretos estrangeiros. Þ
Em 2013, a Turquia registou um crescimento de 4 %, situando-se as
estimativas de crescimento para 2014 em 2,6 %. A lira turca enfraqueceu e
o défice da balança corrente aumentou para quase 8 % do PIB em 2013. O
desempenho económico recente da Turquia ilustra tanto o elevado potencial como
a persistência de desequilíbrios da sua economia. A UE continua a ser o
principal parceiro comercial da Turquia, sendo destinatária de mais de
40 % das suas exportações. A Turquia passou a ser uma base de investimento
para as empresas europeias, integrando-se cada vez mais na cadeia de produção e
de fornecimento da UE. Cerca de 70 % do investimento direto estrangeiro
realizado na Turquia provém da UE. Principais
indicadores económicos || PIB por habitante em PPC (% da UE) || Crescimento do PIB (%) || Inflação (%) || Desemprego (%) || Taxa de emprego, 20-64 anos (%) || Taxa de participação, 20-64 anos (%) || Exportações (bens & serviços % do PIB) || Dívida pública (% do PIB) || Défice público (% do PIB) Albânia || 30 || 1,4 || 1,9 || 15,6 || 57,2 || 68,0 || 40,2 || 62,0* || -3,4* Bósnia-Herzegovina || 29 || 2,5 || -0,2 || 27,5 || n/d || n/d || 30,0 || n/d || -2,2 Antiga República jugoslava da Macedónia || 35 || 2,9 || 2,8 || 29,0 || 50,3 || 70,4 || 53,9 || 36,0 || -4,1 Kosovo || n/d || 3,4 || 1,8 || 30,0 || n/d || n/d || 17,4 || n/d || n/d Montenegro || 42 || -2,5* || 1,8 || 19,5 || 52,6 || 65,1 || 44,1* || 58,0 || -2,3 Sérvia || 36 || 2,5 || 7,8 || 22,1 || 51,2 || 66,0 || 44,7 || 63,2 || -5,0 Turquia || 55 || 4,0 || 7,5 || 8,8 || 53,4 || 58,4 || 25,7 || 36,2* || -0,3* Fonte: Eurostat. Ano de referência 2013,
exceto (*) 2012. Ø Reforço da
governação económica A estratégia de
alargamento 2013-14 propunha uma nova abordagem para ajudar os países do
alargamento a abordar em primeiro lugar os elementos fundamentais de natureza
económica e a cumprir os critérios económicos. Esta nova abordagem implica uma
mudança no diálogo e uma melhoria da comunicação de informações a fim de dar orientações
claras sobre as reformas necessárias para apoiar o crescimento e a
competitividade a longo prazo. Desafios
económicos essenciais nos Balcãs Ocidentais Þ
Reforçar a consolidação orçamental mediante uma redução dos défices orçamentais
e a aplicação de reformas credíveis no setor público, nomeadamente uma reforma
da administração pública e dos sistemas de pensões. Þ
Reforçar a gestão das finanças públicas, nomeadamente a administração e
cobrança de receitas, a elaboração e execução do orçamento, a contabilidade e a
apresentação de relatórios, bem como a supervisão externa. Þ
Tomar medidas para atenuar a pesada carga que representa o crédito malparado. Þ
Reestruturar e melhorar a governação das empresas públicas. Þ
Melhorar o ambiente empresarial, incluindo a economia digital, e apoiar o
desenvolvimento do setor privado, reduzir os encargos parafiscais, simplificar
a regulamentação e impulsionar os investimentos em investigação. Þ
Melhorar as redes de energia e transportes e aumentar a conectividade. Þ
Estabelecer mercados de trabalho eficazes, nomeadamente com uma flexibilidade
suficiente e medidas relativas ao setor informal, melhorar a empregabilidade
dos trabalhadores, e uma melhor adaptação do ensino e das competências às
necessidades do mercado de trabalho. Os países dos
Balcãs Ocidentais são convidados a reforçar as suas políticas económicas e a
sua governação através da elaboração de programas nacionais de reforma
económica numa base anual. Estes programas serão constituídos por duas partes.
A primeira parte consiste numa versão melhorada dos atuais programas económicos
de pré-adesão (PEP) para os países candidatos e dos programas económicos e
orçamentais (EFP) para os países potencialmente candidatos e serão igualmente
alargados de modo a incluir o Kosovo. A primeira parte dos programas nacionais
de reforma económica definirá um quadro de política orçamental e macroeconómica
a médio prazo, com maior incidência na avaliação da sustentabilidade externa e
dos obstáculos estruturais ao crescimento, bem como medidas de reforma
concretas para apoiar o quadro de políticas. A segunda parte dos programas
nacionais de reforma económica abrangerá as reformas estruturais que são
setoriais por natureza (tais como transportes, energia, educação, ambiente,
investigação, indústria, concorrência, mercado interno) e que são essenciais
para melhorar a competitividade e o crescimento nos diversos países, incluindo
as necessidades de investimento nas infraestruturas. A Comissão fornecerá aos
países orientações claras e consolidadas para assegurar que estes programas são
orientados para as questões fundamentais. No que diz
respeito à maior atenção às reformas estruturais, 2015 deve ser considerado
como o primeiro ano da fase-piloto. As reformas referidas nesses documentos serão
apoiadas pela assistência ao abrigo do IPA. Para reforçar a supervisão, o
processo de avaliação conduzirá a orientações políticas mais específicas para
cada país. Já em maio de 2014, o Conselho ECOFIN conjunto adotou orientações
mais específicas para cada um dos países candidatos. A Turquia e a UE
têm um interesse comum em promover um programa de reforma económica, em trocar
experiências, em harmonizar posições no âmbito do G 20 e em aprofundar a
integração económica. Além disso, a recente avaliação da união aduaneira
UE-Turquia fornece importantes elementos para a modernização deste acordo
comercial. É do interesse de ambas as partes reforçar as suas relações
comerciais até um nível equivalente aos acordos de comércio modernos e à
importância estratégica das relações entre a UE e a Turquia. O programa
económico pode ser objeto de um diálogo económico regular de alto nível entre a
UE e a Turquia. Esta intensificação dos contactos políticos poderia ser
complementada por um fórum empresarial anual UE-Turquia. Um ciclo
anual de revisão da política económica e de orientações para os Balcãs
Ocidentais 31 de janeiro — Apresentação
à Comissão pelos países, dos programas nacionais de reforma económica
(PNRE) (parte 1 relativa ao quadro macroeconómico e orçamental e ao apoio às
reformas, parte 2 consagrada às reformas estruturais que são por natureza
setoriais e à competitividade). Dada a natureza de longo prazo das reformas ao
abrigo da parte 2, esta parte pode ser objeto de uma simples atualização anual
em cada PNRE subsequente. Fevereiro — Missões de avaliação da
Comissão nos países dos Balcãs Ocidentais. Abril — Reuniões por país com a Comissão para
debater orientações estratégicas específicas. Maio — Conclusões do Conselho ECOFIN. Junho/julho — Reuniões
específicas por país a nível ministerial. Outono — O pacote «Alargamento» da
Comissão faz o balanço sobre os novos progressos realizados desde o Conselho
ECOFIN, oferecendo novas orientações prospetivas mais pormenorizadas a tomar em
consideração nos programas a apresentar no mês de janeiro seguinte. É necessária uma
assistência técnica especializada para ajudar a apoiar a implementação desta
abordagem. A execução das orientações estratégicas específicas por país terá de
ser rapidamente apoiada através de projetos IPA específicos e concretos para
melhorar a governação económica. Os documentos de estratégia nacionais e
plurinacionais do IPA 2014-2020 refletem a importância da governação económica
e a afetam fundos indicativos para este objetivo. Estão a ser elaborados e
serão realizados a partir de 2015 projetos concretos no âmbito do IPA. O aumento da
competitividade e a introdução de medidas de incentivo à criação de emprego na
região atenuarão as pressões migratórias dos países do alargamento para a UE.
Nos alargamentos mais recentes, estavam em vigor disposições transitórias para
introduzir progressivamente a livre circulação integral de trabalhadores
provenientes dos novos Estados-Membros. A eventual necessidade e a natureza das
medidas transitórias e/ou de um mecanismo de salvaguarda em matéria de livre
circulação dos trabalhadores serão abordadas no decurso das negociações de
adesão sobre o futuro alargamento, tendo em conta uma futura avaliação de
impacto. Ø
Diálogo
sobre o emprego e as reformas sociais O apoio da
Comissão ao desenvolvimento económico sustentável nos Balcãs Ocidentais
ultrapassa a estabilização macroeconómica e a obtenção do estatuto de economia
de mercado viável. Desde o início da crise, a Comissão tem vindo a insistir no
facto de que é preciso envidar esforços suplementares para fazer face a uma
situação socioeconómica difícil, nomeadamente a elevada taxa de desemprego. A Comissão já
iniciou um novo diálogo sobre o emprego e os programas de reforma social (ESRP)
com a Turquia e a Sérvia. Seguir-se-ão os diálogos com a antiga República
jugoslava da Macedónia e o Montenegro. A situação socioeconómica nos restantes
países é mais problemática e será necessário um apoio suplementar para
desenvolver as capacidades administrativas que facilitem a sua participação no
novo processo. Estes países serão gradualmente convidados a participar neste
novo diálogo. Uma assistência técnica global é atualmente prestada através do
IPA, para além de um apoio mais alargado nos domínios social e do emprego. A
Comissão irá lançar uma plataforma social e de emprego como um instrumento
adicional para ajudar os países a partilharem experiências e a prepararem-se
para o diálogo ESRP. No quadro de um
exercício distinto, com vista a reduzir o défice de competências e melhorar os sistemas
educativos, a Comissão continuará a desenvolver a plataforma dos Balcãs
Ocidentais para a educação e a formação. Ø Incentivar o
investimento para o crescimento e o emprego; redes e cooperação regional As redes
transfronteiriças de transporte, de energia e de comunicações estão pouco
desenvolvidas nos Balcãs Ocidentais. Os investimentos em infraestruturas são
muito necessários para estimular o desenvolvimento económico na região. Tendo
em conta a dimensão das economias dos Balcãs Ocidentais, uma maior integração é
fundamental. A cooperação económica regional oferece não só uma oportunidade de
crescimento sustentável, mas também uma base para a cooperação política e para
as relações de boa vizinhança. Estão em curso trabalhos sob os auspícios do
Conselho de Cooperação Regional (CCR), a fim de abordar os objetivos e
prioridades da SEE 2020. A liberalização dos serviços prevista na Zona de
Comércio Livre da Europa Central (CEFTA) continuará a apoiar a realização deste
objetivo. Redes de
transportes e energia Melhorar a interconexão no domínio dos transportes e
da energia entre a UE e os países do alargamento é uma prioridade para promover
o crescimento económico sustentável, o emprego, o comércio e o intercâmbio
cultural. Em maio, a Comissão adotou a sua estratégia europeia
para a segurança energética[3]
que visa reforçar a segurança energética da UE. A curto prazo, a estratégia
propõe que a Comissão lance testes de resistência da segurança energética
para simular uma rutura de aprovisionamento de gás para o próximo inverno e
verificar como é que o sistema energético pode fazer face a riscos de segurança
do aprovisionamento. Tendo em conta a dimensão pan-europeia da segurança
energética, a Comissão convidou todos os países dos Balcãs Ocidentais e a
Turquia a participarem nos testes de resistência. A Albânia, a
Bósnia-Herzegovina, a antiga República jugoslava da Macedónia, o Kosovo, a
Sérvia e a Turquia contribuíram para este exercício. A prossecução do
desenvolvimento das infraestruturas transeuropeias de energia e a
cooperação com a Comunidade da Energia são essenciais. A Comunidade da Energia,
que visa alargar o acervo da UE no domínio da energia aos países do alargamento
e países vizinhos, deve continuar a ser reforçada, tendo em conta as
preocupações da UE em matéria de segurança do aprovisionamento. Para o efeito,
é conveniente continuar a promover as reformas no setor energético nos países
participantes e, simultaneamente, apoiar a modernização e a sustentabilidade do
seu sistema energético e a sua plena integração no quadro regulamentar da UE em
matéria de energia. Os futuros trabalhos da Comunidade da Energia devem
centrar-se, em especial, na melhoria da implementação e da execução de reformas
a fim de criar um verdadeiro mercado interno tanto a nível grossista como de
retalho, nomeadamente no que diz respeito à separação dos serviços de utilidade
pública, à transparência dos preços ou à garantia do acesso de terceiros às
redes. A necessidade de garantir o acesso de terceiros é uma das razões pelas
quais a Comissão declarou que os acordos intergovernamentais assinados entre a
Rússia e uma série de países envolvidos no projeto «South Stream» deviam ser
renegociados e suspensa a construção baseada no projeto. A cooperação com a Turquia, tendo em conta a sua localização
estratégica e potencial enquanto placa giratória da energia, deve continuar a
ser desenvolvida. O reforço da cooperação UE-Turquia no domínio da energia, bem
como os progressos pertinentes realizados nas negociações de adesão facilitarão
novos progressos rumo à interconexão e integração dos mercados da energia. A Comissão adotou uma lista de projetos de interesse
comum para o desenvolvimento das infraestruturas transeuropeias de energia.
Deve ser adotada no próximo Conselho Ministerial da Comunidade da Energia uma
lista de programas de interesse comum no domínio da energia. Para implementar
estas redes, as partes (com a ajuda da UE) terão de ultrapassar as dificuldades
de financiamento de interconexões entre os países. O futuro Tratado, que institui uma Comunidade dos Transportes,
irá promover a integração de mercados e de infraestruturas de transporte
terrestre e, ao mesmo tempo, ajudar os países dos Balcãs Ocidentais a aplicarem
as normas da UE neste domínio. A Comissão procedeu igualmente a uma apreciação
das redes transeuropeias da UE no domínio dos transportes (RTE-T) e da energia
(RTE-E), tendo em vista melhorar as ligações com os países abrangidos pela
política de alargamento e pela política de vizinhança. O Quadro para os
Investimentos nos Balcãs Ocidentais (WBIF) desempenhará um papel cada vez mais
importante para ajudar a preparar e a apoiar os investimentos mais necessários
para dinamizar o crescimento e o emprego. Ao abrigo do WBIF, a Comissão, os
doadores bilaterais e as instituições financeiras internacionais apoiam
investimentos no valor de 4 mil milhões de EUR por ano nos domínios dos
transportes, energia, ambiente, alterações climáticas, do apoio a uma economia
eficiente em termos de recursos, do setor social e do setor privado/desenvolvimento
das PME, nos casos em que a Comissão estiver a cofinanciar uma plataforma a
favor das PME dos Balcãs Ocidentais destinada a melhorar o acesso das PME ao
financiamento através de garantias e capital de risco. A Comissão incentiva os
países a criarem comissões nacionais de investimento ou outros mecanismos de
coordenação que conduziriam à criação de reservas únicas de projetos setoriais. Desenvolvimento
de uma reserva de projetos única na Sérvia: A Sérvia está a estabelecer uma lista de projetos
prioritários de infraestruturas de interesse estratégico nacional e da UE nos
setores da energia, transportes, ambiente e infraestruturas empresariais. Estas
prioridades constituirão projetos aprovados a nível político a implementar até
à adesão e para além dela. A lista está a ser desenvolvida com uma metodologia
de seleção coerente e objetiva, com base num projeto financiado pelo IPA. Os
projetos estão a ser cuidadosamente avaliados em termos das restantes etapas
preparatórias/administrativas e das responsabilidades institucionais
pormenorizadas atribuídas para todas as fases em causa. Uma vez aprovados a
nível político por parte do governo, todos os elementos acima referidos,
inexistentes no passado, podem permitir uma melhor definição das prioridades
para o financiamento de projetos, bem como uma melhor coordenação entre as
instituições financeiras internacionais (IFI) e as organizações internacionais
dispostas a fornecer fundos. O objetivo consiste em limitar o financiamento ao
abrigo do IPA e das IFI apenas aos projetos da reserva única. Ø Garantir a
sustentabilidade dos investimentos e uma gestão eficaz dos riscos de
catástrofes Os países dos
Balcãs Ocidentais estão expostos a toda uma série de catástrofes. As graves
inundações que afetaram tanto a Bósnia-Herzegovina como a Sérvia em maio
causaram não só várias dezenas de vítimas, mas tiveram também um impacto
socioeconómico considerável. Os prejuízos totais são estimados em cerca de 2,04
mil milhões de EUR na Bósnia-Herzegovina (equivalente a cerca de 15 % do PIB)
e em 1,52 mil milhões de EUR na Sérvia. As inundações tiveram igualmente um
impacto significativo sobre as perspetivas de crescimento de ambos os países,
afetando negativamente o seu desenvolvimento sustentável a longo prazo. As
inundações sublinharam a importância de um investimento sustentável na gestão
dos riscos de catástrofes e da integração eficaz desta gestão dos riscos de
catástrofes nas políticas económicas globais desses países. c)
O
Estado de direito e os direitos fundamentais i) Estado
de direito O Estado de
direito é um valor fundamental em que assenta a UE e está no cerne do processo
de adesão. Os países que aspiram à adesão à União Europeia devem estabelecer e
promover, desde o início, o bom funcionamento das principais instituições
necessárias para garantir o Estado de direito. Este é essencial para garantir a
estabilidade da envolvente empresarial, proporcionando segurança jurídica aos
operadores económicos, apoiando os consumidores e incentivando o investimento,
o emprego e o crescimento. Registaram-se alguns desenvolvimentos positivos
durante o ano passado neste domínio nos países do alargamento. A abertura dos
capítulos 23 e 24 fornece um quadro importante para o Montenegro
implementar os seus planos de ação global que abrangem uma vasta gama de
questões relacionadas com o Estado de direito. A Sérvia está bastante avançada
no desenvolvimento de planos de ação semelhantes no período que antecede o
início das negociações de adesão no âmbito desses capítulos. Na Albânia, foram
envidados esforços significativos para lutar contra a criminalidade organizada. O reforço do
Estado de direito constitui um desafio crucial para a maioria dos países no
processo de alargamento, nomeadamente em termos de melhoria do funcionamento e
da independência do poder judicial e da luta contra a corrupção e a
criminalidade organizada. Este objetivo exigirá uma forte vontade política,
privilegiando os resultados tangíveis em relação às declarações. Os países
devem obter resultados credíveis das investigações, ações penais e condenações
finais em processos de criminalidade organizada e de corrupção, com um grau
adequado de condenações e de confisco de bens. Na maior parte
dos casos, devem ser realizadas reformas judiciárias de grande
envergadura com o objetivo de garantir um sistema judiciário independente e
eficiente, capaz de garantir julgamentos justos, em que os juízes são nomeados
e promovidos com base no mérito e são imparciais e responsabilizados. A maior
parte dos países adotou estratégias de reforma judiciária. No entanto, a sua
execução encontra-se numa fase precoce e continuam a existir inúmeros desafios.
É necessário garantir a independência dos Conselhos Superiores da Magistratura
instituir procedimentos mais sólidos para a nomeação de juízes e magistrados do
Ministério Público e salvaguardar a independência judiciária, assegurando
simultaneamente a responsabilização. Falta muitas vezes à justiça qualidade e
eficiência; a maioria dos países têm processos com atrasos excessivos e têm
dificuldades para executar as decisões dos tribunais. É necessário que a
cultura judicial evolua a fim de dar uma maior ênfase à prestação de um serviço
aos cidadãos. Formação
de magistrados na antiga República jugoslava da Macedónia: A Academia de Juízes e Magistrados do Ministério
Público foi criada em 2006 e tornou-se operacional em 2007. Proporciona
formação antes da entrada em funções dos futuros juízes e magistrados do
Ministério Público através de uma formação teórica e prática a tempo inteiro,
com a duração de 2 anos, bem como do programa de formação contínua para os
juízes, procuradores do Ministério Público, funcionários judiciais e a
funcionários públicos ao longo de toda a sua carreira. A formação é, em grande
medida, prestada por profissionais, por exemplo, altos magistrados. 80
candidatos a juízes e procuradores têm já o diploma do programa de formação
antes da entrada em funções e no ano passado a Academia acolheu mais de
7 300 participantes com mais de 270 sessões de formação contínua. Foi
também criado um sistema descentralizado para os participantes de fora da
capital, tal como módulos de aprendizagem em linha disponíveis através do
portal Web da Academia. Estão também a ser incentivados contactos com
organizações judiciárias internacionais, nomeadamente, estágios no estrangeiro. A corrupção
continua a ser um grave problema na maior parte dos países do alargamento. Em
domínios como os contratos públicos e a privatização, as práticas de corrupção
continuam a desviar recursos escassos dos orçamentos nacionais, o que afeta
negativamente o clima empresarial e de investimento, que necessita de segurança
jurídica para prosperar. A corrupção também afeta diretamente os cidadãos
enquanto destinatários de determinados serviços públicos, tais como serviços de
educação e de saúde. As ferramentas para evitar de forma eficaz a corrupção
continuam a ser subutilizadas. É preciso que sejam tomadas medidas mais
proativas, bem coordenadas e eficazes, destinadas a fazer respeitar a lei, por
forma a garantir que os casos de corrupção, nomeadamente de alto nível, são
investigados, reprimidos e sancionados de forma adequada. Será necessário obter
resultados substanciais neste domínio. Os países devem
garantir um enquadramento forte para a prevenção da corrupção, sendo necessário
desenvolver esforços adicionais no que diz respeito ao financiamento dos
partidos políticos e das campanhas eleitorais, à gestão dos conflitos de
interesses, à transparência na utilização de fundos públicos, ao acesso à
informação e à apreensão e confisco de bens. A reforma da administração pública
e a gestão das finanças públicas serão cruciais neste contexto. É necessário
melhorar a recolha de dados e a respetiva acessibilidade para melhorar a
transparência e contribuir para acompanhar a aplicação das políticas de luta
contra a corrupção. A luta contra a criminalidade
organizada continua a ser um problema grave na maior parte dos países
do alargamento. Estão a ser realizados progressos, mas há ainda muito mais a
fazer para dotar os organismos com funções coercivas e os serviços do
Ministério Público de instrumentos de investigação e jurídicos eficazes a fim
de combaterem e sancionarem de forma adequada a criminalidade organizada e para
garantir investigações proativas. A luta contra a criminalidade organizada e a
corrupção é fundamental para combater a infiltração da criminalidade nos
sistemas político, jurídico e económico. Os organismos com funções coercivas,
os serviços do Ministério Público e o aparelho judiciário têm de ser mais
resistentes à corrupção e devem ser criados mais controlos para detetar as
empresas aparentemente legais que servem de fachada para atividades criminosas.
A capacidade para realizar investigações financeiras complexas, bem como para
combater o branqueamento de capitais, tem de melhorar substancialmente, devendo
enfrentar-se as novas ameaças como a cibercriminalidade. Os produtos do crime
devem ser efetivamente confiscados, instituído um sistema de confisco alargado
dos bens e ponderar a criminalização do enriquecimento ilícito para abordar o fenómeno
da riqueza inexplicável. A natureza
transfronteiriça de muitas atividades criminosas e grupos de criminalidade
organizada exige o reforço da cooperação regional e internacional, bem como
melhores respostas aos pedidos dos Estados-Membros em matéria de cooperação
policial e judiciária. Prossegue igualmente uma maior cooperação operacional
como as agências europeias competentes, nomeadamente a Europol, a Eurojust e a
FRONTEX. Entraram em vigor acordos operacionais com a Europol na Sérvia e
Albânia e estão em fase de preparação avançada com o Montenegro. A Comissão
continua a apoiar uma rede regional de procuradores e sistemas coordenados de
proteção das testemunhas na região. Conceção
de uma análise estratégica sobre a situação da criminalidade organizada no
Montenegro: Qualquer país que pretenda lutar com êxito contra a
criminalidade organizada deve ter uma visão estratégica coerente e global da
criminalidade organizada no seu território. Isto é necessário para que todos os
interessados, mesmo para além dos serviços com funções coercivas, compreendam
as ameaças que o país está a enfrentar e giram a evolução da situação. O
Montenegro publicou na primavera de 2014, a sua avaliação da ameaça da
criminalidade organizada grave que apresenta uma panorâmica das ameaças da
criminalidade na região e no país que afetam a situação de segurança do
Montenegro. A análise serve atualmente para identificar prioridades comuns para
os organismos com funções coercivas, o que lhes permite preparar respostas
adequadas e aplicar o conceito de «atividades de polícia baseadas nas
informações». A Comissão
continua a atribuir uma elevada prioridade a todos os aspetos do Estado de
direito nos países do alargamento. No âmbito das negociações de adesão, está a
ser implementada uma nova abordagem para os capítulos relativos ao sistema
judiciário e aos direitos fundamentais, bem como à justiça, liberdade e
segurança. Esta abordagem exige resultados sólidos na execução das reformas ao
longo do processo de preparação para a adesão. A UE estabeleceu pela primeira
vez critérios de referência intercalares nas negociações de adesão com o
Montenegro em dezembro de 2013. A Sérvia recebeu orientações substanciais para
os planos de ação globais que está a elaborar como base para a abertura de negociações
sobre questões relacionadas com o Estado de direito. Estas orientações e
critérios de referência orientarão as futuras negociações e os trabalhos a
realizar com os outros países do alargamento. As questões relacionadas com o
Estado de direito estão agora a ser abordadas numa fase precoce do processo de
adesão com todos os países do alargamento, e a realização de progressos neste
domínio é um aspeto importante a ter em conta aquando da tomada de decisões, em
cada fase do processo de adesão à UE. A nova
abordagem dos capítulos 23 e 24 em poucas palavras A nova abordagem relativa à negociação do
capítulo 23 «Sistema judiciário e direitos fundamentais» e do capítulo 24
«Justiça, liberdade e segurança», prevê um quadro mais estruturado para as
negociações, que toma em consideração o tempo necessário para a execução
adequada das reformas: ► os capítulos 23 e 24
devem ser abertos numa fase precoce do processo e encerrados no seu
final, a fim de permitir o máximo de tempo possível para obter resultados
sólidos que assegurem a irreversibilidade das reformas; ► a UE deve fornecer
orientações substanciais como base para uma reforma global dos planos de
ação, que são necessários como critérios de referência iniciais e servirão de
catalisador para as reformas; ► é conveniente
introduzir «critérios intercalares», a fim de melhor orientar o processo de
reforma e manter as reformas numa boa trajetória; ► os critérios de
encerramento só são estabelecidos quando forem realizados progressos
substanciais em todos os domínios, nomeadamente no que diz respeito aos
resultados da aplicação no terreno; ► devem ser previstas garantias
e medidas de correção, por exemplo a atualização dos critérios e a procura
de um equilíbrio global dos progressos realizados nas negociações em todos os
capítulos, a criação de um mecanismo que permita pôr termo às negociações nos
outros capítulos se os progressos em relação aos capítulos 23 e 24
estiverem atrasados. ► há que melhorar a
transparência e a inclusividade do processo, organizando uma ampla consulta
das partes interessadas sobre as reformas, a fim de assegurar que a sua
implementação beneficiará do maior apoio possível. De um modo mais
geral, a Comissão está a utilizar todos os instrumentos disponíveis para
reforçar o Estado de direito, nomeadamente através de um acompanhamento
periódico, em especial graças aos organismos conjuntos instituídos no quadro
dos Acordos de Estabilização e de Associação, através de missões de avaliação e
dos diálogos estruturados; redigindo relatórios, nomeadamente os relatórios de
progresso; através da prestação de assistência financeira, com uma incidência
importante em matéria de Estado de direito ao abrigo do IPA II; através do
reforço das instituições, do TAIEX, da geminação e das avaliações pelos pares,
pondo diretamente em contacto com os seus homólogos os juízes, os procuradores
e outros peritos dos Estados-Membros nos domínios da aplicação das leis, da
gestão das fronteiras e das migrações. Foi criado um grupo de trabalho sobre o
capítulo 23 no quadro da agenda positiva com a Turquia. A fim de melhor
lutar contra a criminalidade transnacional, a Comissão incentiva a
intensificação da cooperação judiciária e policial na região, tanto com os
Estados-Membros da UE como com a Europol, Eurojust e Frontex e cada vez mais
também com o Gabinete Europeu de Apoio em matéria de Asilo. A fim de tomar
medidas adequadas para abordar o fenómeno dos combatentes estrangeiros, os
países do alargamento terão de reforçar a sua capacidade para prevenir a
radicalização, nomeadamente através do intercâmbio de boas práticas e de uma
maior cooperação com os Estados-Membros. O processo de liberalização de vistos,
que prevê condições de reforma específicas, permitiu aos países orientar melhor
os seus esforços. Os países têm de intensificar os seus esforços para
consolidar as reformas e tomar medidas imediatas para prevenir qualquer abuso
do regime de liberalização de vistos. São necessários esforços consolidados nos
domínios da migração e da gestão das fronteiras. As questões em suspenso nestes
domínios continuarão a ser abordadas nos fóruns apropriados, como no quadro do
AEA, e nomeadamente no capítulo 24 «Justiça, liberdade e segurança». ii) Direitos
fundamentais A Comissão
acompanha atentamente a situação em matéria de direitos civis, políticos,
sociais e económicos, bem como os direitos das pessoas pertencentes a minorias
nos países do alargamento. Os direitos fundamentais são, em grande parte,
consagrados na legislação, mas é necessário intensificar os esforços para
garantir o seu pleno respeito na prática. A liberdade de expressão e a
liberdade dos meios de comunicação social continuam a ser uma preocupação
especial. É necessário proteger melhor os direitos das pessoas pertencentes a
minorias e lutar contra a discriminação e a hostilidade para com os grupos
vulneráveis, nomeadamente em razão da orientação sexual. São igualmente
necessários esforços para promover os direitos das mulheres, incluindo a luta
contra a violência doméstica. São necessárias melhorias no que diz respeito aos
direitos da criança, bem como no apoio a pessoas com deficiência. Subsistem
desafios no que se refere a outros direitos fundamentais, como o direito de
propriedade. Muitas vezes são necessárias medidas mais eficazes para facilitar
o acesso à justiça. Os países devem
criar um quadro institucional mais sólido para a proteção dos direitos
fundamentais. Existem já instituições de defesa dos direitos humanos, incluindo
provedores de justiça, mas o seu papel deve ser reforçado proporcionalmente à
gravidade dos problemas em causa. As recomendações destas instituições são
ignoradas com demasiada frequência, não assegurando os organismos estatais um
acompanhamento adequado. Também deve ser encorajada uma cultura de aceitação do
trabalho realizado pelas organizações não governamentais (ONG) e pelos
defensores dos direitos humanos. A fim de melhor integrar os países do
alargamento nos quadros da UE e promover a divulgação das melhores práticas, a
Comissão incentiva fortemente os países candidatos a prosseguir os seus preparativos
que visam a participação, na qualidade de observadores, nos trabalhos da
Agência dos Direitos Fundamentais da UE. O
Tribunal Constitucional garante direitos fundamentais na Turquia: Desde 2011, qualquer pessoa que alegue que um dos
seus direitos fundamentais ou uma das suas liberdades garantidos pela
Constituição foi violado pelas autoridades públicas pode recorrer ao Tribunal
Constitucional, em princípio após esgotamento das vias de recurso ordinárias. É
no âmbito deste procedimento que o Tribunal Constitucional turco tomou, em
2014, decisões que • protegem a liberdade de
expressão e da Internet; • garantem o direito à
liberdade e à segurança, bem como o direito a um julgamento equitativo e abrem
o caminho a novos julgamentos num certo número de processos muito mediatizados,
que polarizaram a atenção na Turquia; • reconhecem discursos de
incitamento ao ódio em razão da orientação sexual como uma infração penal. Ø Liberdade de
expressão e liberdade dos meios de comunicação social O quadro
jurídico que rege a liberdade de expressão e a liberdade dos meios de
comunicação social está, em grande medida, em vigor nos países do alargamento,
num contexto mediático globalmente pluralista. No entanto, a situação em
matéria de liberdade de expressão e dos meios de comunicação social,
deteriorou-se na prática em alguns países no ano passado. É necessário resolver
com urgência um grande número de desafios importantes e a interferência do
governo na liberdade dos meios de comunicação social continua a ser um grave problema.
É necessário intensificar os esforços envidados para garantir a independência
política e financeira dos organismos de radiodifusão de serviço público,
reforçar as agências de regulação e promover a autorregulação funcional dos
meios de comunicação social. É igualmente necessário combater a pressão
económica informal exercida sobre os meios de comunicação social, nomeadamente
através da transparência da propriedade dos meios de comunicação, impedindo uma
concentração excessiva e instituindo regras transparentes em matéria de
concursos para a publicidade nos meios de comunicação públicos. Em alguns
países, um clima de medo e de censura é alimentado por atos contínuos de
violência e de intimidação contra jornalistas, conseguindo raramente as
autoridades identificar e sancionar os infratores. Por vezes os próprios
governos contribuem para criar uma atmosfera em que os jornalistas que criticam
a política governamental são diabolizados como traidores, conduzindo à
autocensura. Embora a difamação tenha sido despenalizada, as ações penais
contra jornalistas continuam. É necessário desenvolver o sistema judiciário e
dar formação aos juízes a fim de evitar os abusos de poder do Estado. A
Comissão continua a dar prioridade aos trabalhos relativos à liberdade expressão
e à liberdade dos meios de comunicação no processo de adesão à UE. A Comissão
irá explorar a possibilidade de organizar em 2015, juntamente com o Parlamento
Europeu, a terceira edição da conferência «Speak-Up!», reunindo os principais
intervenientes dos meios de comunicação social, da sociedade civil e das
autoridades nacionais. Ainda este ano, a Comissão irá atribuir, pela primeira
vez, um prémio para o jornalismo de investigação. Ø Proteção das
minorias, nomeadamente dos ciganos Globalmente,
estão em vigor quadros jurídicos sólidos e bem concebidos para dar proteção às
minorias. No entanto, a execução na prática é frequentemente complicada,
nomeadamente quando existem ligações a conflitos recentes. Há que envidar mais
esforços para garantir a correta aplicação dos compromissos jurídicos e a
melhor forma de abordar as dificuldades com que se deparam as minorias étnicas.
Questões como a utilização das línguas minoritárias, o acesso à educação e a
representação política, exigem muitas vezes uma maior atenção. Deve ser
incentivada uma cultura geral de aceitação das minorias e combatida a
hostilidade por parte da sociedade através da educação, da organização de
debates para o público em geral e de ações de sensibilização. Há que adotar uma
abordagem proativa, de «tolerância zero» em relação a casos de incitamento ao
ódio, discriminação, violência e de intimidação por motivos étnicos. É
importante consolidar um quadro coerente relativo à luta contra certas formas e
manifestações de racismo e xenofobia em domínios como os meios de comunicação
social audiovisual, o desporto, a política, a educação e a Internet. Nos Balcãs
Ocidentais e na Turquia, a situação da maior parte das comunidades ciganas
continua a ser uma questão altamente preocupante. Os ciganos são muito
frequentemente vítimas de racismo, discriminação e exclusão social, vivendo em
condições de extrema pobreza, com um acesso insuficiente aos cuidados de saúde,
à educação e formação, à habitação e ao emprego. A falta de documentos de
estado civil constituem igualmente um motivo de preocupação. A Comissão
organizou uma cimeira de alto nível sobre os povos ciganos, em abril de 2014,
para chamar a atenção para os desafios com que se confrontam os ciganos em toda
a Europa, nomeadamente nos países do alargamento. Esta cimeira sublinhou o
papel especial desempenhado pelas autoridades locais no sentido de assegurar a
inclusão social dos ciganos. Em 2014, a Comissão criou um prémio da inclusão
dos ciganos a fim de reconhecer a inestimável contribuição das ONG para a
integração dos ciganos. A Comissão está
a trabalhar estreitamente com cada um dos países do alargamento para assegurar
a aplicação, o acompanhamento e a supervisão adequados das estratégias
nacionais a favor dos ciganos. O apoio financeiro ao abrigo do IPA está também
a ser reforçado e melhor orientado para apoiar os progressos sustentáveis nos
cinco domínios prioritários da educação, emprego, saúde, habitação e documentos
de estado civil. A Comissão tenciona reforçar a cooperação estratégica com
organizações internacionais e outros doadores. A inclusão dos ciganos tem de
tornar-se uma prioridade nacional alicerçada numa forte vontade política a
todos os níveis, assumindo todos os interessados as suas responsabilidades. Apoio
aos primeiros anos de escolaridade — assistentes pedagógicos para a comunidade
cigana na Sérvia: A fim de aumentar o número de crianças ciganas
inscritas no sistema de ensino e promover a conclusão do ciclo de ensino
primário, existe desde 2008 uma rede de mais de 170 assistentes pedagógicos.
Estes prestam apoio aos alunos oriundos de grupos vulneráveis, muitos dos quais
são ciganos, organizam lições e mantêm contacto com os pais. Esta iniciativa,
que está agora firmemente consagrada no sistema de ensino sérvio, conduziu a um
aumento significativo das taxas de inscrição nos graus inferiores, bem como nos
programas de educação pré-escolar. Ø Orientação
sexual e identidade de género A
homofobia, a discriminação e os crimes de ódio em razão da orientação sexual e
da identidade de género são ainda fenómenos muito generalizados nos Balcãs
Ocidentais e na Turquia. É urgente que a legislação em matéria de luta contra a
discriminação seja alargada, de modo a incluir a orientação sexual e a
identidade de género no seu âmbito de aplicação na Turquia e na antiga
República jugoslava da Macedónia. Deve ainda ser introduzida uma legislação
relativa a crimes por incitamento ao ódio nestes dois países, bem como na
Bósnia-Herzegovina e no Kosovo. É necessário dar formação ao pessoal dos
serviços policiais e de mediação, juízes e profissionais dos meios de
comunicação para aumentar a sensibilização face à nova legislação, assegurar
uma aplicação adequada e contribuir para uma melhor compreensão. É necessária uma
abordagem de tolerância zero em relação aos discursos de ódio, intimidação e
violência, bem como uma liderança forte por parte das autoridades para dar
origem a uma mudança nas atitudes societais frequentemente hostis em relação à
comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e intersexuais (LGBTI).
Os países devem tomar medidas para combater os estereótipos e a desinformação,
nomeadamente no sistema educativo. Não podem ser invocados valores religiosos
ou culturais para justificar qualquer forma de discriminação. A liberdade de
reunião e de expressão deve ser protegida, nomeadamente através do tratamento
adequado dos desfiles «Orgulho Gay». A Comissão irá
organizar uma conferência de alto nível no final do outono, juntamente com o
Parlamento Europeu e a Presidência italiana do Conselho para fazer o ponto da
situação e dos progressos realizados sobre as questões LGBTI e partilhar as
melhores práticas. Melhorar
a resposta policial aos atos de violência cometidos contra a comunidade LGBTI
na Bósnia-Herzegovina: Regra geral, as ameaças e os atos de violência
contra pessoas com base na sua orientação sexual só muito raramente são
assinalados em toda a região. Tal deve-se, em parte, à indiferença e mesmo à
hostilidade por parte da polícia e da sociedade em geral e à falta de confiança
na resposta das autoridades. A polícia em Sarajevo nomeou agentes de ligação
especialmente formados para tratar os casos de ameaças e ataques homófobos.
Esta iniciativa é o resultado da boa cooperação entre a polícia e as ONG e
sensibilizou as forças policiais para a necessidade de combater este fenómeno
de forma mais séria e de intervir de forma adequada em todos os casos de crimes
de ódio. Ø Direitos das
mulheres É necessário
fazer mais para promover os direitos das mulheres e assegurar a igualdade de
género. Têm de ser resolvidas as questões de discriminação no emprego, bem como
as baixas taxas de participação das mulheres na mão de obra. Os estereótipos e
os papéis tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres continuam a existir,
em alguns casos a tal ponto que limitam seriamente a capacidade das mulheres
para fazer valer os seus direitos, em especial na Turquia. No Kosovo, sérios
obstáculos impedem as mulheres de beneficiarem do direito a herdar terras. A
maioria dos países da região ratificaram a Convenção do Conselho da Europa
relativa à prevenção e ao combate à violência contra as mulheres e à violência
doméstica, que entrou em vigor este ano. A sua aplicação é fundamental, uma vez
que a violência contra as mulheres e o apoio às vítimas continuam a ser
um desafio em todos os países. Na Turquia, a violência doméstica, os crimes de
honra e a questão dos casamentos precoces e forçados continuam a suscitar
grande preocupação. A Convenção estabelece uma série de infrações
caracterizadas como atos de violência contra as mulheres, que devem ser
criminalizados. Estes incluem a violência psicológica, física e sexual,
incluindo a violação, o casamento forçado e a perseguição. Programa
global para a igualdade de género no Montenegro: A evolução das políticas e da legislação nos últimos
anos criou novas perspetivas em matéria de promoção do acesso das mulheres aos
direitos humanos e da sua participação no desenvolvimento político, económico e
social. A fim de assegurar a aplicação da legislação e das políticas, o
Montenegro lançou um vasto programa para a igualdade de género a fim de
melhorar a integridade pessoal, o progresso económico e a representação
política das mulheres. Este programa conduziu à criação de equipas
pluridisciplinares de combate à violência contra as mulheres e contribuiu para
aumentar a participação das mulheres no Parlamento. Ø Direitos da
criança É necessário
envidar mais esforços para proteger os direitos da criança, em especial para
assegurar a proteção contra todas as formas de violência, melhorar o acesso à justiça
e aos sistemas de justiça para os menores e promover as soluções familiares e
de proximidade enquanto alternativas à institucionalização das crianças
privadas de cuidados parentais («desinsitucionalização»). A maioria dos países
da região dispõem já de quadros jurídicos e de planos de ação estabelecidos,
mas a sua execução tem sofrido atrasos. III.
Questões regionais e bilaterais e
esforços para ultrapassar a herança do passado As relações de
boa vizinhança e a cooperação regional constituem elementos essenciais do
processo de estabilização e de associação. As relações
de boa vizinhança foram reforçadas graças a uma intensificação da
cooperação e dos contactos a nível bilateral, mesmo em domínios sensíveis como
os crimes de guerra e o regresso dos refugiados, nomeadamente através da
implementação do programa regional de habitação no âmbito do processo de
Sarajevo[4],
com a construção de alojamentos atualmente em curso, bem como nos domínios da
criminalidade organizada e da cooperação policial. Os progressos realizados
devem ser consolidados. As inundações que afetaram gravemente a
Bósnia-Herzegovina e a Sérvia em maio suscitaram não só uma resposta forte da
UE, sublinhando a solidariedade da UE e os benefícios de uma integração mais
estreita, mas também uma boa cooperação entre estes dois países e em toda a
região. Foi demonstrada uma forte solidariedade fora das fronteiras nacionais e
étnicas, especialmente — mas não só — a nível das populações. Os líderes
políticos devem aproveitar a oportunidade para tirar proveito dessa boa vontade
e concentrar-se na cooperação em desafios comuns na via da adesão à UE. É necessário um
esforço redobrado para ultrapassar os diferendos bilaterais entre os
países do alargamento e com os Estados-Membros. Muitas questões por resolver
continuam a pesar sobre as relações bilaterais na região, especialmente as
decorrentes da dissolução da ex-Jugoslávia, como os conflitos interétnicos e os
relativos ao estatuto, a situação das minorias, a responsabilização por crimes
de guerra, as pessoas desaparecidas e a demarcação das fronteiras. Pontos de
vista radicalmente opostos sobre a história recente também dificultam as
relações. Deve ser dado um seguimento às ações iniciais de apoio à iniciativa RECOM
para a verdade e a reconciliação. A reconciliação é essencial para promover a
estabilidade e apoiar a criação, no Sudeste da Europa, de um ambiente que
permita ultrapassar a herança do passado, minimizando assim os riscos de uma
instrumentalização política dos problemas bilaterais em aberto. Os problemas
bilaterais devem ser abordados pelas partes em causa, o mais rapidamente
possível, e não devem bloquear o processo de adesão, que deve basear-se em
condições bem estabelecidas. A Comissão insta as partes a fazerem todos os
possíveis para resolver os litígios pendentes, em conformidade com os
princípios e os meios estabelecidos, nomeadamente remetendo, se necessário,
determinadas questões para o Tribunal Internacional de Justiça ou outros órgãos
existentes ou órgãos ad hoc de resolução de litígios. O contexto das
negociações de adesão pode gerar um impulso político a favor da resolução dos
litígios. O processo de normalização entre a Sérvia e o Kosovo deve continuar e
o Acordo de Bruxelas[5]
deve ser implementado. A UE integrou a exigência da normalização das relações
no quadro de negociação com a Sérvia e no Acordo de Estabilização e de
Associação com o Kosovo. No que se refere à antiga República jugoslava da
Macedónia, a manutenção de boas relações de vizinhança, nomeadamente uma
solução negociada e mutuamente aceitável sobre a questão da designação do país,
sob os auspícios das Nações Unidas, continua a ser essencial e deve ser
resolvida sem demora. A Comissão continuará a oferecer um apoio político e a
agir enquanto elemento facilitador junto de todos os países em causa, de modo a
encontrar soluções para as questões bilaterais tão rapidamente quanto possível
e continuará a apoiar ativamente os esforços de outras instâncias para
encontrar soluções. As relações de
boa vizinhança continuam a ser reforçadas através de várias iniciativas de cooperação
regional. A Comissão apoia plenamente os trabalhos do Processo de
Cooperação da Europa do Sudeste (SEECP) e do Conselho de Cooperação Regional,
incluindo a estratégia regional 2020. A Comissão congratula-se com a criação da
Assembleia Parlamentar Regional do SEECP em maio, bem como com a cooperação
reforçada recentemente lançada entre os seis países dos Balcãs Ocidentais no
quadro do Processo de Estabilização e de Associação. Esta iniciativa deu
recentemente origem a importantes contactos entre os ministros dos Negócios
Estrangeiros e das Finanças da região para debater desafios comuns, em especial
no domínio da governação económica. A cooperação prosseguiu noutros fóruns
regionais como a Zona de Comércio Livre da Europa Central (CEFTA), a Comunidade
da Energia e a Escola Regional de Administração Pública. É importante que estas
iniciativas sejam complementares, inclusivas e assumidas e conduzidas a nível
regional. A Comissão congratula-se com a realização da Cimeira de Berlim em
agosto, que demonstrou um forte apoio político à perspetiva europeia dos Balcãs
Ocidentais. Estão previstas outras cimeiras anuais, e a próxima será organizada
pela Áustria. O «Processo de Berlim» pode contribuir para incentivar as reformas
e adotar prioridades realistas para os investimentos fundamentais na
conectividade. Pode também funcionar como um estímulo para ajudar a resolver
questões bilaterais pendentes. A Comissão está pronta a apoiar o seguimento
desta iniciativa. * * * IV.
Conclusões e recomendações Com base na
análise que precede e nas avaliações que figuram nos resumos por país em anexo,
a Comissão formula as seguintes conclusões e recomendações: I 1.
Nos
últimos cinco anos, a Comissão reforçou a credibilidade da política de alargamento
e o seu poder transformador, garantindo uma maior ênfase na abordagem das
reformas fundamentais logo no início do processo de alargamento. A Comissão deu
especial destaque aos três pilares do i) Estado de direito, ii) governação
económica e iii) reforma da administração pública. 2.
Em
2012, a Comissão introduziu uma nova abordagem em matéria de Estado de direito.
Em 2013, a Comissão estabeleceu um quadro para o reforço da governação
económica, com base na experiência adquirida com o Semestre Europeu. Este ano,
a Comissão apresenta novas ideias para apoiar a reforma da administração
pública nos países do alargamento. Estes três pilares do processo de
alargamento redinamizado estão interligados e os progressos realizados nestes
domínios serão fundamentais para determinar o momento em que países estarão
plenamente preparados para aderir à UE. 3.
A
política de alargamento da UE continua a contribuir para os benefícios mútuos
em matéria de paz, segurança e prosperidade na Europa. Reforça o poder político
e económico da UE e tem um forte efeito transformador nos países em
causa. Um processo de adesão bem preparado garante que o alargamento não se
realiza em detrimento da eficácia da União. 4.
O
décimo aniversário, em maio, da adesão histórica de dez Estados-Membros
em 2004 recorda-nos os progressos alcançados. À medida que a UE se alarga, as
oportunidades para as nossas empresas, investidores, consumidores, turistas,
estudantes e proprietários de bens imobiliários evoluem no mesmo sentido. A
adesão beneficiou tanto os países que aderiram à UE como os Estados-Membros que
já pertenciam à UE. O comércio e o investimento aumentaram. A qualidade de vida
dos cidadãos melhorou, na medida em que são aplicáveis, de forma mais geral, as
normas da UE em matéria de ambiente, proteção dos consumidores e outras. 5.
Para
os países dos Balcãs Ocidentais, a perspetiva clara de adesão à UE
concedida pelos Estados-Membros da UE é um fator de estabilização decisivo,
apoiando os progressos no sentido do cumprimento das condições necessárias, nomeadamente
as do Processo de Estabilização e de Associação. São essenciais boas relações
de vizinhança e uma cooperação regional inclusiva. Envidar esforços contínuos
para resolver questões bilaterais e superar o legado do passado são aspetos
cruciais tendo em vista a história desta região até recentemente dilacerada por
conflitos. 6.
O
alargamento tornou-se um poderoso instrumento da política externa da União. A
evolução da situação na vizinhança da UE sublinha a importância da política de
alargamento enquanto instrumento para continuar a aprofundar a cooperação sobre
as questões de política externa. O diálogo bilateral em matéria de
política externa deve ser reforçado com cada um dos países do alargamento. O
capítulo 31 (Política externa, de segurança e de defesa) deve ser abordado numa
fase precoce com os países que negoceiam. A Comissão sublinha a importância do
alinhamento progressivo dos países do alargamento pelas posições da UE em
matéria de política externa. Sublinha igualmente a importância da política
comum de segurança e defesa, incluindo, por exemplo, a participação nos
programas da Agência Europeia de Defesa. 7.
O
processo de adesão é rigoroso, baseado em condições estritas mas justas,
critérios bem estabelecidos e o princípio do mérito próprio. Este aspeto é
crucial para a credibilidade da política de alargamento, incentivando os países
do alargamento a prosseguirem reformas de grande envergadura e assegurando o
apoio dos cidadãos da UE. Por seu lado, os Estados-Membros, juntamente com as
instituições da UE, devem realizar um debate informado sobre o impacto
político, económico e social da política de alargamento. 8.
No
que se refere ao primeiro pilar, o reforço do Estado de direito é um
elemento central da redinamização do processo de adesão. A reforma do sistema
judiciário deve ser prosseguida com determinação para assegurar um poder
judicial independente e imparcial e que produz uma justiça eficaz. Os países
devem obter resultados credíveis nas investigações, ações penais e condenações
em processos de criminalidade organizada e de corrupção. As sanções devem ser
dissuasivas, e os bens adquiridos através de meios ilegais devem ser
confiscados. O Estado de direito apoia o ambiente empresarial e de
investimento, proporcionando segurança jurídica e contribuindo para a
competitividade, a criação de emprego e o crescimento. 9.
A
Comissão continua a pôr em prática a nova abordagem em matéria de Estado de
direito, aprovada pelo Conselho em dezembro de 2011. A análise da questão do
Estado de direito logo na fase inicial do processo de adesão maximiza o tempo
que os países têm para desenvolver um historial sólido em matéria de execução
das reformas, o que garante o enraizamento profundo e a irreversibilidade
destas reformas. Em conformidade com a nova abordagem, a Comissão está
determinada a assegurar um progresso global equilibrado nas negociações. Os
progressos realizados no capítulo 23 «Sistema judiciário e direitos
fundamentais» e no capítulo 24 «Justiça, liberdade e segurança» devem ser
acompanhados de progressos no conjunto das negociações. A Comissão recorda a
existência da cláusula de «equilíbrio global» dos quadros de negociação e a
possibilidade de travar as negociações sobre outros capítulos se os progressos
sobre questões do domínio do Estado de direito se atrasarem. 10.
Os
direitos fundamentais são, em grande parte, consagrados no quadro
jurídico dos países do alargamento, mas é necessário intensificar os esforços
para garantir o seu pleno respeito na prática. A liberdade de expressão e a
liberdade dos meios de comunicação social continuam a ser uma preocupação
especial. É necessário proteger melhor os direitos das pessoas pertencentes a
minorias. A discriminação e a hostilidade para com os grupos vulneráveis,
incluindo por motivos de orientação sexual, continuam a ser uma preocupação
importante. É necessário continuar a envidar esforços para promover os direitos
das mulheres, nomeadamente a luta contra a violência doméstica, bem como os
direitos das crianças e das pessoas com deficiência. É necessário integrar melhor
os países do alargamento em quadros da UE e apoiar a divulgação das melhores
práticas. Para o efeito, a Comissão incentiva fortemente os países candidatos a
prosseguirem os seus preparativos para a participação, na qualidade de
observadores, nos trabalhos da Agência dos Direitos Fundamentais da UE. 11.
No
que diz respeito ao segundo pilar, o reforço da governação económica e
da competitividade nos países do alargamento é crucial para cumprir os
critérios económicos para a adesão à UE. As reformas devem ser intensificadas a
fim de alcançar um crescimento sustentável, melhorar a envolvente empresarial e
estimular os investimentos. A elevada taxa de desemprego deve ser combatida, em
especial entre os jovens. O apoio ao desenvolvimento económico deve igualmente
atenuar a pressão migratória na UE. A eventual necessidade e a natureza das
medidas transitórias e/ou de um mecanismo de salvaguarda em matéria de livre
circulação dos trabalhadores serão abordadas no decurso das negociações de
adesão sobre o futuro alargamento, tendo em conta uma futura avaliação de
impacto. 12.
Com
base na experiência do Semestre Europeu e na governação económica reforçada no
âmbito da UE, a Comissão lançou processos de cooperação melhorados com os
países do alargamento. Para os Balcãs Ocidentais, a Comissão prevê a elaboração
de programas nacionais de reforma da economia constituídos por duas partes. A
primeira parte consiste numa versão melhorada dos atuais programas económicos
de pré-adesão (PEP) para os países candidatos e dos programas económicos e
orçamentais (EFP) para os países potencialmente candidatos, alargados de modo a
incluir o Kosovo. Definirá um quadro de política macroeconómico e orçamental a
médio prazo, com maior incidência na avaliação da sustentabilidade externa e
dos obstáculos estruturais ao crescimento. A segunda parte abrangerá as
reformas estruturais que são de natureza setorial e que suscitam mais
preocupações para o reforço da competitividade e do crescimento, incluindo as
necessidades de investimento em infraestruturas. Para reforçar a supervisão,
prosseguirá o processo de avaliação de modo a traduzir-se em orientações
políticas mais específicas para cada país. No que diz respeito à Turquia, será
estabelecido um diálogo económico de alto nível. 13.
No
que diz respeito ao terceiro pilar, a reforma da administração pública
(RAP) é uma prioridade em todos os países. O serviço público continua a ser
excessivamente politizado. A transparência, a responsabilização, o
profissionalismo e a eficácia da administração pública devem ser reforçados. É
necessária uma maior ênfase nas necessidades dos cidadãos e das empresas. A
gestão das finanças públicas também necessita de mais atenção. A Comissão irá
integrar melhor a reforma da administração pública no processo de alargamento.
Foram ou estão em vias de ser estabelecidos «grupos especializados na RAP» com
os países do alargamento. Estes grupos tornar-se-ão a principal plataforma para
fazer avançar os trabalhos em matéria de RAP. Deve ser lançado um debate
político, mais estruturado sobre as questões fundamentais no âmbito do
Conselho/Comité de Associação. As negociações de adesão devem igualmente ser
utilizadas para promover as reformas necessárias. As questões fundamentais
devem ser abordadas no quadro dos capítulos relevantes — nomeadamente em
matéria de contratos públicos, controlo financeiro, sistema judiciário e
direitos fundamentais, fiscalidade e política económica e monetária — bem como
no contexto de conferências intergovernamentais. Os grupos especializados serão
também um fórum para abordar questões horizontais associadas à RAP através dos
capítulos de negociação pertinentes, acompanhar os progressos e assegurar a
coerência. Os resultados serão tidos em conta nas negociações de cada capítulo.
14.
Para
apoiar o processo de reforma, o reforço do funcionamento e da independência das
instituições democráticas fundamentais nos países do alargamento é essencial.
Tal inclui a necessidade de garantir um diálogo construtivo e sustentável entre
todo o espetro político, nomeadamente no Parlamento. É também necessário
envidar mais esforços para promover um ambiente propício à ação das
organizações da sociedade civil. Uma sociedade civil forte reforça a
responsabilização política e promove uma compreensão mais aprofundada das
reformas relacionadas com a adesão. 15.
As
relações de boa vizinhança são elementos essenciais do processo de
estabilização e de associação. São necessários esforços contínuos para superar
o legado do passado, promover a reconciliação e resolver os litígios
bilaterais entre os países do alargamento e com Estados-Membros. Os
problemas bilaterais devem ser abordados pelas partes em causa, o mais
rapidamente possível, e não devem bloquear o processo de adesão, que deve
basear-se em condições bem estabelecidas. 16.
A
cooperação regional continuou a ser reforçada durante o ano transato. A
Comissão apoia plenamente os trabalhos do Processo de Cooperação da Europa do
Sudeste (SEECP) e do Conselho de Cooperação Regional, incluindo a estratégia
regional 2020. A crescente inclusão do Kosovo em iniciativas regionais
constituiu uma evolução positiva. A Comissão congratula-se com o lançamento da
cooperação reforçada no âmbito do grupo dos Seis dos Balcãs Ocidentais no
quadro do Processo de Estabilização e de Associação. Estes desenvolvimentos
reforçam a dimensão multilateral da política de alargamento, apoiam uma
cooperação inclusiva e o intercâmbio de boas práticas em matéria de governação
económica e promovem a conectividade na região e com a UE. A Comissão
congratula-se com a realização da Cimeira de Berlim em agosto, que demonstrou a
existência de um forte apoio político a favor da perspetiva europeia dos Balcãs
Ocidentais. Estão previstas outras cimeiras anuais, e a próxima será organizada
pela Áustria. O «Processo de Berlim» pode contribuir para incentivar as
reformas e adotar prioridades realistas para os principais investimentos em
matéria de conectividade. Pode também funcionar como um estímulo para ajudar a
resolver questões bilaterais pendentes. A Comissão está pronta a apoiar o seguimento
desta iniciativa. 17.
O
ano de 2014 assinalou o lançamento do novo Instrumento de Assistência de
Pré-Adesão. Através do IPA II, a UE irá disponibilizar 11,7 mil milhões de
EUR para o período 2014-2020, a fim de apoiar os países do alargamento na sua
preparação para a adesão, bem como a cooperação regional e transfronteiriça. O
IPA II aumenta o destaque nas prioridades para a adesão à UE nos domínios da
democracia e do Estado de direito, bem como da competitividade e do
crescimento. O IPA II introduz igualmente uma abordagem setorial, incentivos
para a obtenção de resultados, um maior apoio orçamental e o estabelecimento de
prioridades para os projetos. É necessária uma abordagem coordenada para
grandes investimentos a realizar ao longo dos principais corredores de
infraestruturas. A coordenação com as instituições financeiras internacionais
está a ser reforçada. O quadro de investimento para os Balcãs Ocidentais
continuará a apoiar investimentos destinados a estimular o emprego e o
crescimento e a promover a conectividade na União. II 18.
Montenegro: Foram
tomadas novas medidas no quadro das negociações de adesão. O exame analítico
(«screening») do acervo da UE foi concluído em maio de 2014. Em dezembro, foram
abertas negociações sobre o capítulo 23 (Sistema judiciário e direitos
fundamentais) e o capítulo 24 (Justiça, liberdade e segurança). Com base em
planos de ação adotados pelo Montenegro, a UE criou um conjunto abrangente de
84 critérios de referência intercalares para estes capítulos, que fornecem
claras orientações para as futuras reformas. No total, foram iniciadas
negociações sobre doze capítulos e provisoriamente encerradas em relação a
dois. 19.
A
implementação dos planos de ação já começou. Na sequência do alinhamento da
legislação pertinente com as reformas constitucionais de julho de 2013, foi
eleito e nomeado um número importante de juízes e procuradores. Após várias
tentativas, o Parlamento nomeou finalmente um novo Procurador-Geral em outubro
de 2014. A eficiência do aparelho judiciário aumentou. O quadro legislativo
relativo à proteção dos direitos fundamentais, nomeadamente a lei sobre o
Provedor de Justiça, foi reforçado. 20.
Foram,
no entanto, observados atrasos no que diz respeito a um certo número de
medidas, em especial em matéria de reformas legislativas, nomeadamente no que
se refere à luta contra a corrupção. As medidas legislativas adotadas não
produziram ainda resultados na prática. O Montenegro deve garantir rapidamente
a adoção de uma lei adequada em matéria de financiamento dos partidos políticos.
Devem ser obtidos resultados credíveis em matéria de investigações, ações
penais e condenações definitivas em processos de corrupção, nomeadamente de
corrupção de alto nível. O recurso sistemático a instrumentos de apreensão e
confisco de bens deve ser assegurado. Subsistem graves preocupações no que diz
respeito à liberdade de expressão e dos meios de comunicação social. Devem ser
aceleradas as investigações sobre casos de violência contra jornalistas. Deve
ser estabelecido um diálogo político construtivo e restaurada a confiança no
processo eleitoral e nas instituições públicas. O reforço das capacidades
administrativas em matéria de questões de integração na UE será essencial para
manter a dinâmica do processo de adesão à UE. São igualmente necessários a
despolitização da função pública e um maior profissionalismo. A reforma
económica deve ser prosseguida, principalmente para combater a elevada taxa de
desemprego, e o ambiente empresarial melhorado. É necessária com urgência uma
solução sustentável e compatível com as regras da AEA para o produtor de
alumínio KAP. 21.
É
essencial um forte empenho político para realizar as reformas políticas
profundas e duradouras necessárias para reforçar o Estado de direito. O
Montenegro é o primeiro país a abrir os capítulos 23 e 24 no âmbito da
nova abordagem do Estado de direito nas negociações de adesão. A Comissão
recorda a existência da cláusula de «equilíbrio global» do quadro de
negociação. Os progressos realizados na consecução dos critérios de referência
intercalares fixados para os capítulos relativos ao Estado de direito e as
lacunas identificadas supra, demonstradas pelos resultados tangíveis, afetarão
o ritmo das negociações de adesão em geral, incluindo as ordens de trabalhos
das futuras CIG. 22.
Sérvia: As
negociações de adesão da UE com a Sérvia estão atualmente em curso. A decisão
do Conselho Europeu de dar início a negociações foi tomada devido à realização
pela Sérvia de progressos nas reformas e ao seu empenhamento continuado a favor
da normalização das suas relações com o Kosovo. A primeira Conferência
Intergovernamental sobre as negociações realizou-se em janeiro de 2014. O exame
analítico («screening») do acervo da UE desenrola-se como previsto. As graves
inundações que assolaram o país em maio tiveram um impacto socioeconómico
considerável. A UE forneceu uma ajuda imediata e substancial às operações de
emergência e socorro e organizou uma conferência de doadores em julho. Foram
assumidos compromissos significativos por parte da comunidade internacional
para a fase de recuperação e de reconstrução. 23.
A
Sérvia efetuou progressos na reforma da administração pública. Foi adotada uma
estratégia global, tendo sido reforçados a coordenação e o planeamento. No que
diz respeito ao sistema judiciário, foi adotada uma importante legislação, tal
como regras de avaliação dos juízes e dos procuradores. Inúmeros presidentes de
tribunais foram nomeados numa base permanente. Existe um forte impulso político
para combater a corrupção. Foram realizadas várias investigações em processos
de alto nível e envidados esforços no sentido de melhorar a coordenação. A
Sérvia participou ativamente na cooperação regional em matéria de aplicação da
lei. 24.
No
entanto, são necessários esforços continuados para assegurar um sistema judiciário
eficaz e independente. Devem ainda ser adotados diplomas legislativos
fundamentais, como a lei sobre o apoio judiciário gratuito, a lei relativa aos
informadores e a lei relativa aos conflitos de interesses. A corrupção
prevalece em muitos setores. A Sérvia deve criar resultados concretos obtidos
na luta contra a corrupção e criminalidade organizada. Os direitos fundamentais
devem ser plenamente respeitados na prática, incluindo a proteção dos grupos
mais vulneráveis. Existem preocupações quanto à deterioração das condições para
o exercício pleno da liberdade de expressão. As deficiências na administração
pública precisam de ser corrigidas. As conclusões dos organismos reguladores
independentes têm de ser mais acompanhadas. As reformas económicas são também
essenciais para gerar crescimento e combater o elevado nível de desemprego. 25.
Com
base no seu ambicioso mandato, o novo governo deve aproveitar a oportunidade
para prosseguir as reformas com determinação. A Sérvia tem muitos desafios à
sua frente. A Sérvia deve promover proativamente a inclusividade e a
transparência do processo de adesão. Para apoiar o seu processo de reformas, a
Sérvia deve melhorar o planeamento, a coordenação e o acompanhamento da
execução da nova legislação e das novas políticas. Em conformidade com a nova
abordagem das questões relativas ao Estado de direito, foram estabelecidos
critérios de abertura para os capítulos 23 e 24. Estes exigem que a
Sérvia apresente planos de ação abrangentes. A fim de garantir um equilíbrio
global nas negociações, os progressos nestes capítulos devem ser acompanhados
de progressos nas negociações em geral. 26.
A
Sérvia deve manter a sua participação na cooperação regional e um empenhamento
ativo e construtivo no processo de normalização das relações com o Kosovo, que
registou progressos significativos. A Sérvia deve continuar a garantir a
aplicação dos acordos alcançados no diálogo. A Comissão recorda que, tal como
acontece no que respeita aos capítulos sobre o Estado de direito, o quadro de
negociação exige que os progressos realizados no processo de normalização das
relações com o Kosovo ao abrigo do capítulo 35 sejam paralelos aos
progressos nas negociações em geral. O capítulo 35 deve ser aberto numa
fase precoce das negociações, o que proporcionará um quadro sólido de
acompanhamento da aplicação dos acordos concluídos. 27.
Antiga
República jugoslava da Macedónia O
processo de adesão à UE da antiga República jugoslava da Macedónia está num
impasse. A falta de seguimento dado pelo Conselho à recomendação da Comissão
significa que as negociações de adesão ainda não começaram. Ao mesmo tempo, os
resultados insuficientes do governo sobre uma série de questões fundamentais
prejudicaram a sustentabilidade das reformas, com um retrocesso evidente em
alguns domínios. 28.
Foram
ainda realizados alguns progressos novos no que diz respeito à reforma da
administração pública, bem como em matéria de cooperação ativa a nível
policial, regional e internacional. O país mantém um elevado nível de
alinhamento com o acervo tendo em conta a fase em que se encontra no processo
de adesão. A agenda da UE continua a ser a prioridade estratégica do país. 29.
No
entanto, no ano passado, houve sérias preocupações por causa do aumento da
politização das instituições públicas e o controlo governamental sobre os meios
de comunicação social, incluindo no contexto de eleições tal como verificado
pelo OSCE/ODIHR. A confiança nas instituições públicas diminui
progressivamente. Existe uma preocupação crescente com a justiça seletiva. A
situação em matéria de liberdade dos meios de comunicação social continuou a
deteriorar-se. Recentes crises políticas entre o governo e os partidos da
oposição mostraram que os interesses partidários prevalecem cada vez mais sobre
os interesses nacionais. É da responsabilidade do governo e da oposição
assegurar que o debate político tem lugar principalmente no Parlamento e
contribuir para a criação de condições para o seu bom funcionamento. O governo
deve assegurar que a oposição tem a possibilidade de desempenhar plenamente a
sua função de controlo democrático. Ao mesmo tempo, a oposição também deve
participar de forma construtiva nos processos democráticos. Não se realizou no
ano passado qualquer reunião do diálogo de alto nível relativo à adesão. No que
diz respeito à situação interétnica, deve ser construída uma maior confiança
entre as comunidades. A revisão do Acordo-Quadro de Ohrid deve ser concluída e
as suas recomendações implementadas. 30.
É
essencial que sejam tomadas medidas decisivas no sentido de resolver o diferendo
relativo à denominação do país. A incapacidade de as partes chegarem a um
compromisso após 19 anos de conversações sob a égide das Nações Unidas
está a ter um impacto negativo e direto sobre as aspirações europeias do país.
É necessária uma ação determinada, bem como um apoio proativo por parte dos
líderes da UE. A Comissão reafirma que, se o exame analítico e os debates do
Conselho sobre o quadro de negociação estivessem em curso, poderia ser criada a
dinâmica necessária, o que permitiria encontrar uma solução negociada e
mutuamente aceitável para a questão da designação do país, mesmo antes da
abertura dos capítulos de negociação. 31.
Em
geral, tendo em conta os progressos cumulativos realizados pelo país, a
Comissão considera que os critérios políticos continuam a ser suficientemente
respeitados, e mantém a sua recomendação de abertura das negociações de adesão,
lamentando os retrocessos do ano anterior. A Comissão exorta as autoridades a
tomarem medidas decisivas para dar resposta às preocupações relativas à
politização e às deficiências crescentes no que se refere à independência do
poder judicial e à liberdade de expressão, de modo a que as suas recomendações
possam ser mantidas nos próximos anos. A Comissão continua empenhada em apoiar
os esforços do país, nomeadamente através de um processo de diálogo de alto
nível relativo à adesão, para dar resposta a todas as reformas relacionadas com
a UE, a fim de que todo o potencial das relações possa ser alcançado. 32.
Albânia: A
decisão do Conselho Europeu de junho de 2014 de conceder à Albânia o estatuto
de país candidato é o reconhecimento das medidas de reforma empreendidas.
Constitui igualmente um incentivo para acelerar o ritmo das reformas. Em
novembro de 2013, a Comissão lançou um diálogo a alto nível com a Albânia para
ajudar o país a manter-se concentrado no seu processo de integração na UE e
acompanhar os progressos da reforma no âmbito das principais prioridades
identificadas para a abertura das negociações de adesão. Em maio de 2014, a
Albânia adotou um roteiro que estabelece e estrutura as reformas planeadas no
âmbito das principais prioridades. 33.
A
Albânia registou progressos durante o ano transato. Tomou novas medidas para a
reforma do seu sistema judiciário. O governo mostrou a sua vontade política de
agir de forma decisiva em matéria de prevenção e luta contra a corrupção. O
quadro legislativo foi reforçado e a coordenação e o acompanhamento das
políticas a nível central melhoraram. A luta contra a criminalidade organizada
revela uma tendência positiva num certo número de domínios, com uma
intensificação das atividades de aplicação da lei, nomeadamente no que diz
respeito a apreensões de droga e à criminalidade relacionada com a droga, bem
como criminalidade económica e tráfico de seres humanos. Foram tomadas algumas
medidas para melhorar o reconhecimento jurídico dos direitos da comunidade
LGBTI. 34.
No
entanto, persistem muitas lacunas, nomeadamente no domínio do Estado de
direito. Muito há ainda a fazer. A luta contra a corrupção e a criminalidade
organizada constitui um desafio significativo. A Albânia terá de envidar
grandes esforços sustentados para abordar a questão da implementação das
principais prioridades identificadas para a abertura das negociações de adesão.
O país deve agir com determinação para: prosseguir a reforma da
administração pública com vista a reforçar o seu profissionalismo e a sua
despolitização; prosseguir uma ampla reforma do sistema judiciário, a fim de
reforçar a sua independência, eficiência e responsabilização através de um processo
inclusivo e em estreita concertação com a Comissão de Veneza; intensificar os
esforços de luta contra a corrupção e avançar com novas medidas determinadas na
luta contra a criminalidade organizada, tendo em vista a obtenção de resultados
sólidos a nível de investigações proativas, de ações penais e de condenações em
ambos os domínios; tomar medidas eficazes para reforçar a proteção dos direitos
humanos, nomeadamente os direitos dos ciganos e as políticas de luta contra a
discriminação, bem como a aplicação dos direitos de propriedade. No que diz
respeito à liberdade de expressão e dos meios de comunicação social, o governo
não tomou qualquer medida para dar resposta às prioridades identificadas. Todas
as funções estatutárias da autoridade de comunicação social audiovisual têm de
ser restabelecidas e a sua independência garantida na prática. A Albânia deve
prosseguir as reformas económicas destinadas a aumentar a competitividade e a
combater o elevado desemprego, bem como reduzir a elevada parte informal da
economia e melhorar o ambiente empresarial. 35.
É
essencial que o processo de reforma seja acompanhado de um diálogo político
construtivo e sustentável entre o governo e a oposição. É da responsabilidade
do governo e da oposição assegurar que o debate político tem lugar
principalmente no Parlamento e contribuir para a criação de condições para o
seu bom funcionamento. O governo deve assegurar que a oposição tem a
possibilidade de desempenhar plenamente a sua função de controlo democrático.
Ao mesmo tempo, a oposição também deve participar de forma construtiva nos
processos democráticos. O trabalho construtivo e baseado no compromisso no
Parlamento é essencial para a sustentabilidade das reformas. A criação de um
Conselho Nacional para a integração europeia, que reúna todas as partes
interessadas, ajudará a reforçar o caráter inclusivo do processo de reformas. É
também crucial para obter um consenso sobre as reformas pertinentes na
sociedade albanesa. 36.
Bósnia-Herzegovina: O
processo de integração europeia continua numa situação de impasse na
Bósnia-Herzegovina. Os seus dirigentes políticos continuam a manifestar falta
de vontade política coletiva para executar as reformas necessárias para fazer
avançar o país rumo à adesão à UE. Registaram-se progressos muito limitados nas
questões políticas e económicas e no alinhamento pelas normas europeias. As
graves inundações que assolaram o país em maio tiveram um impacto
socioeconómico considerável. A UE forneceu uma ajuda imediata e substancial às
operações de emergência e socorro e organizou uma conferência de doadores em
julho. Foram feitos compromissos significativos por parte da comunidade
internacional para a fase de recuperação e de reconstrução. 37.
Os
protestos generalizados promovidos pelos cidadãos no início de 2014 realçaram a
fragilidade da situação socioeconómica. A Comissão lançou três iniciativas
destinadas a reorientar o processo para as reformas e questões que dizem
diretamente respeito aos cidadãos. Alargou o diálogo estruturado
UE-Bósnia-Herzegovina sobre a justiça a outras questões ligadas ao Estado de
direito, em especial a luta contra a corrupção. Foi instituído um grupo de
trabalho conjunto UE-Bósnia-Herzegovina para acelerar a execução dos projetos
financiados pela UE. Tem-se centrado sobre o reforço da governação económica.
Tal incluiu o desenvolvimento de um «pacto para o crescimento e o emprego»,
juntamente com os principais intervenientes, incluindo as instituições
financeiras internacionais. O pacto constituirá a referência para as reformas
económicas necessárias nos próximos meses. Servirá ainda de base para o
programa nacional de reforma económica, cuja elaboração a Comissão solicitou ao
país até ao final de janeiro de 2015. 38.
A
falta de um mecanismo de coordenação eficaz sobre questões relacionadas com a
UE continua a afetar negativamente a interação do país com a UE. As tensões
políticas que surgiram no Conselho de Ministros relativamente à repartição de
competências entre os diferentes níveis de governo prosseguiram e foram
exacerbadas pela complexidade das disposições institucionais em vigor no país.
Este contexto impediu a realização de três das seis últimas reuniões do
subcomité no âmbito do acordo provisório. A Bósnia-Herzegovina continua a
recusar adaptar este acordo para ter em conta o seu comércio tradicional com a
Croácia antes da sua adesão à UE. A Comissão tomou medidas para suspender
certos benefícios comerciais de que a Bósnia-Herzegovina beneficia se o
processo de adaptação não for concluído até ao final de 2015. O Acordo de
Estabilização e de Associação (AEA), assinado em 2008 e ratificado em 2011,
ainda não entrou em vigor, não tendo a Bósnia-Herzegovina ainda cumprido as
condições aplicáveis. 39.
Os
atores políticos envolvidos não conseguiram chegar a acordo sobre as
estratégias a nível nacional exigidas pelo Instrumento de Assistência de
Pré-Adesão em setores como a energia, os transportes e o ambiente. Tal conduziu
a uma redução substancial do nível de financiamento nestes domínios e a uma
reorientação para assistência direta aos cidadãos. A adoção do acordo
necessário permitirá à Bósnia-Herzegovina beneficiar plenamente do
financiamento disponível. 40.
Não
obstante os intensos esforços de mediação da Comissão para resolver as
situações de bloqueio que persistem, o acórdão Sejdić-Finci do Tribunal
Europeu dos Direitos do Homem não foi executado. Este acórdão continua a ser
instrumentalizado ao serviço de interesses políticos e étnicos específicos e a
solução para o problema está ligada a outras questões. 41.
Para
que a Bósnia-Herzegovina possa avançar rumo à adesão à UE é importante que
todos os níveis de poder sejam rapidamente constituídos na sequência das eleições
e a que sejam tomadas rapidamente medidas de reforma concretas. Os cidadãos da
Bósnia-Herzegovina têm o direito de esperar dos seus dirigentes políticos uma
direção clara para o seu país. Há que melhorar a eficácia e o funcionamento das
instituições políticas a todos os níveis de poder, em especial, a interação
entre os diferentes níveis de governo. Para o efeito, há que criar um mecanismo
de coordenação eficaz para as questões relacionadas com a UE. A
administração pública deve igualmente ser reforçada a todos os níveis. 42.
Kosovo: A
conclusão das negociações de um Acordo de Estabilização e de Associação com o
Kosovo e sua rubrica em julho constituíram uma etapa importante no processo de
integração europeia do Kosovo. Será o primeiro acordo global entre a UE e o
Kosovo. O AEA prevê um reforço do diálogo político, uma maior integração
comercial, incluindo a abertura dos mercados da UE aos produtos industriais e
agrícolas kosovares, e novas formas de cooperação. Neste momento, a Comissão
aguarda com expectativa a sua assinatura e conclusão. Na sequência das eleições
de junho, registou-se um ambiente político cada vez mais polarizado e o Kosovo
chegou a uma situação de impasse político, o que teve por efeito o adiamento de
certas reformas fundamentais. 43.
O
Kosovo realizou progressos no seu diálogo sobre a liberalização do regime de
vistos. Prosseguiu a sua boa cooperação com a missão da UE para o Estado de
Direito, a EULEX. As autoridades do Kosovo assumiram o compromisso político
substancial de renovar o mandato da missão e, ao mesmo tempo, assumir maiores
responsabilidades, e acordaram em estabelecer um tribunal especializado para
apreciar os processos instruídos pela Unidade Especial de Investigação. Para
completar este processo, o Kosovo deve adotar as necessárias alterações
legislativas, incluindo a sua Constituição. O Kosovo deve cooperar com o
tribunal previsto e lidar com o passado. 44.
O
Kosovo enfrenta inúmeros desafios. O Estado de direito no Kosovo, incluindo a
independência do poder judicial, bem como os resultados limitados em matéria de
luta contra a criminalidade organizada e a corrupção, continuam a ser uma
preocupação importante. Há que fazer mais para resolver as lacunas
identificadas no quadro do diálogo sobre vistos, nomeadamente atenuando os riscos
a nível da segurança e das migrações resultantes de uma liberalização do regime
de vistos. A necessidade de executar reformas económicas estruturais que
permitam combater uma taxa elevada de desemprego está a tornar-se urgente.
Reformas importantes, como a reforma eleitoral e as reformas da administração
pública, têm de ser realizadas prioritariamente e a proteção das minorias
garantida. 45.
O
Kosovo deve trabalhar ativamente no seu programa de reformas da UE e nas
prioridades salientadas no estudo de viabilidade de 2012, bem como nos mais
recentes relatórios sobre os progressos realizados. Nos termos do AEA, o Kosovo
comprometeu-se a realizar um programa completo de reformas e um alinhamento
legislativo com o acervo da UE, nomeadamente em setores como o Estado de
direito, a administração pública, a economia, a concorrência e o comércio. O
Kosovo deve empenhar-se em preparar a boa execução do AEA, incluindo as
estruturas necessárias. A Comissão está pronta a apoiar o Kosovo nesta nova e
importante etapa das suas relações com a UE e a intensificar o seu diálogo com
o Conselho Nacional para a integração europeia. 46.
Os
progressos realizados pelo Kosovo para o seu futuro europeu foram possíveis
graças aos progressos realizados no quadro das suas reformas e no seu
empenhamento constante a favor da normalização das suas relações com a Sérvia,
que evoluíram consideravelmente. A este respeito, o novo governo do Kosovo terá
de manter o seu empenhamento na cooperação regional e um empenhamento ativo e
construtivo no processo de normalização com a Sérvia. O Kosovo deve continuar a
garantir a aplicação dos acordos alcançados no diálogo. 47.
A
situação no norte do Kosovo continua tensa. Todos os intervenientes devem
colaborar com a EULEX e abster-se de tomar medidas unilaterais. A EULEX deve
ser plenamente apoiada para realizar o seu mandato no norte do Kosovo. Devem
ser envidados esforços suplementares para permitir que os quatro municípios do
norte funcionem no quadro jurídico do Kosovo. 48.
Turquia: A
Turquia é um país candidato e um parceiro estratégico para a União Europeia. A
sua economia dinâmica contribui de forma apreciável para a prosperidade do
continente europeu. A evolução muito grave da situação na região, nomeadamente
na Síria e no Iraque, tornam a cooperação sobre as questões de política externa
ainda mais crucial. A localização estratégica da Turquia sublinha também a
importância de uma maior cooperação em matéria de política de migração e de
segurança energética. O valor de tal cooperação é ainda mais evidente tendo em
conta os consideráveis desafios colocados pelos recentes desenvolvimentos na
nossa vizinhança comum, incluindo a crise na Ucrânia. 49.
Negociações
de adesão ativas e credíveis proporcionam um quadro mais adequado para explorar
todo o potencial das relações UE-Turquia. Tendo em conta o seu âmbito e
profundidade únicos, o processo de adesão, que não tem qualquer outra
alternativa, promove as reformas relacionadas com a UE e proporciona uma base
importante para intensificar o diálogo sobre questões de política externa e de
segurança e reforçar a competitividade económica e as oportunidades comerciais.
Contribui também para aumentar a cooperação nos domínios da energia e da
justiça e dos assuntos internos, nomeadamente em matéria de política de
migração, de vistos e readmissão. A dinâmica das negociações de adesão deve ser
relançada, respeitando os compromissos da UE e as condições estabelecidas. A UE
continua a ser um importante alicerce das reformas económicas e políticas da
Turquia. Relativamente a este aspeto, é do interesse tanto da Turquia como da
UE que os critérios de referência para a abertura do capítulo 23: (Sistema
judiciário e direitos fundamentais) e do capítulo 24: (Justiça, liberdade e
segurança) sejam definidos com a maior brevidade possível e que conduzam à
abertura de negociações sobre estes dois capítulos. A Turquia pode acelerar o
ritmo das negociações respeitando os critérios de referência, fazendo progredir
o cumprimento das condições definidas no quadro de negociação e honrando as
suas obrigações contratuais para com a UE, o que poderia relançar fortemente o
processo de negociação. Entretanto, a cooperação entre a UE e a Turquia deve
desenvolver-se em todas os domínios cruciais, nomeadamente os já identificados
na agenda positiva. 50.
A
Turquia desempenha um importante papel regional e está ativamente envolvida na
sua vizinhança alargada. A este respeito, é necessário continuar a desenvolver
o diálogo e a cooperação em questões de política externa de interesse comum. A
continuação da participação da Turquia em missões e operações da PCSD, e a sua
recente proposta para contribuir para a EUFOR RCA e para a EUBAM Líbia, são
bem-vindas. O papel da Turquia na Síria, em especial no que respeita ao
importante apoio humanitário prestado aos sírios que atravessam a fronteira
para fugir à violência, é fundamental. A UE comprometeu-se a continuar a dar o
seu apoio aos governos e às comunidades de acolhimento dos países vizinhos da
Síria, de modo a permitir-lhes enfrentar eficazmente o crescente fluxo de refugiados
e a reforçar a sua resiliência. A Turquia manifestou claramente a sua vontade
de desempenhar um papel ativo na coligação contra o Estado Islâmico do Iraque e
do Levante (EI). O diálogo político deve ser utilizado para desenvolver uma
cooperação mais estreita contra o EI e as suas redes de financiamento. O
diálogo ativo entre a UE e a Turquia sobre o contraterrorismo é bem-vindo e
deve ser reforçado, em especial no que se refere aos «combatentes
estrangeiros». Esta cooperação deverá ser ainda mais reforçada através da
adoção pela Turquia de nova legislação em matéria de luta contra o terrorismo.
A UE continua a incentivar a Turquia a desenvolver a sua política externa em
complementaridade e em coordenação com a UE, e a alinhar-se progressivamente pelas
políticas e posições da UE. 51.
Prosseguiu
a aplicação das reformas adotadas em anos anteriores, nomeadamente as medidas
do pacote de democratização anunciadas em setembro de 2013. O Tribunal
Constitucional tomou uma série de decisões importantes, o que ilustrou a
solidez do sistema constitucional do país. O acordo de readmissão UE-Turquia
foi assinado em dezembro de 2013, paralelamente ao lançamento do diálogo sobre
a liberalização dos vistos, e entrou em vigor em 1 de outubro de 2014, criando
uma nova dinâmica nas relações UE-Turquia. Foram envidados novos esforços no
sentido de uma resolução pacífica da questão curda, nomeadamente a adoção de
legislação destinada a «proporcionar uma base jurídica mais sólida para o
processo». Este processo reveste-se de importância histórica para a Turquia e
deve ser prosseguido de boa fé por todas as partes. 52.
A
resposta do governo, na sequência de alegações de corrupção formuladas em
dezembro de 2013, suscitou graves preocupações no que se refere à independência
do poder judicial e à separação dos poderes. As reafetações e o despedimento de
agentes policiais, juízes e procuradores, apesar de o governo afirmar que estes
não estavam relacionados com o processo de luta contra a corrupção, tiveram
impacto sobre o funcionamento eficaz das instituições relevantes, e levantam
questões quanto ao modo como os procedimentos foram utilizados para os
formalizar. É essencial que as investigações sobre as alegações de corrupção
sejam conduzidas de forma adequada com total transparência e que as capacidades
operacionais do sistema judiciário e das forças policiais sejam asseguradas. As
tentativas de proibição dos meios de comunicação social, mais tarde anuladas
pelo Tribunal Constitucional, e as pressões exercidas sobre a imprensa, conduzindo
a uma autocensura generalizada, refletem uma abordagem restritiva da liberdade
de expressão. A abordagem adotada no domínio da liberdade de reunião continua a
ser restritiva. A legislação turca relativa ao direito de reunião e às
intervenção das forças da ordem e a sua aplicação devem estar em conformidade
com as normas europeias. 53.
Neste
contexto, as prioridades para a Turquia consistirão em promover o diálogo com
todo o espetro político e a sociedade em geral, em fortalecer os seus esforços
de reforma em ligação com o Estado de direito e em prestar especial atenção ao
respeito dos direitos fundamentais, tanto na lei como na prática. A abertura
das negociações relativas aos capítulos 23 e 24 forneceria à Turquia um
roteiro global para as reformas a realizar neste domínio essencial. A Turquia é
convidada a cooperar de forma mais sistemática com a Comissão e outros
organismos relevantes, como o Conselho da Europa, incluindo a Comissão de
Veneza. Em geral, deve ser dada mais atenção à aplicação efetiva da legislação
existente. O Ministério dos Assuntos Europeus tem um papel crucial a
desempenhar para assegurar a coordenação e a compatibilidade da nova legislação
com a legislação da UE. A Comissão aguarda com expectativa que a Turquia dê um
seguimento concreto à sua estratégia da UE recentemente adotada, que visa
relançar o processo de adesão do país. 54.
A
agenda positiva, lançada em 2012, continua a apoiar e complementar as
negociações de adesão com a Turquia através de uma cooperação reforçada num
certo número de domínios que apresentam um interesse comum. Uma intensificação
dos contactos de alto nível entre a Turquia, a UE e os seus Estados-Membros
continuaria a reforçar a cooperação. Os desafios no domínio da justiça e dos
assuntos internos, nomeadamente no domínio das migrações, exigem um
aprofundamento dos esforços conjuntos. A UE espera que a aplicação plena e
efetiva das obrigações assumidas pela Turquia no âmbito do acordo de readmissão
em relação a todos os Estados-Membros. 55.
A
Turquia, pela sua dimensão e pelo dinamismo da sua economia, é também um
importante parceiro comercial da UE e um precioso elemento da sua
competitividade graças à união aduaneira. É chegado o momento de trabalhar no
sentido de libertar o pleno potencial da união aduaneira. A UE deve dar início
com a Turquia a um diálogo sobre o alargamento e a modernização das relações
comerciais recíprocas, em benefício de ambas as partes. Deve igualmente ser
abordado um certo número de questões relacionadas com o funcionamento da união
aduaneira, com base na avaliação concluída em 2014. É também crucial para
desenvolver um diálogo económico ativo e de grande alcance. A prossecução do
reforço da cooperação UE-Turquia no domínio da energia, bem como os progressos
realizados nas negociações de adesão, facilitariam a interconexão e a
integração dos mercados da energia. A abertura das negociações relativas ao
capítulo 5 (contratos públicos), capítulo 8 (concorrência) e
capítulo 19 (emprego e política social), logo que a Turquia cumpra os critérios
necessários, reforçaria em grande medida a cooperação económica. 56.
A
Comissão salienta todos os direitos soberanos de que gozam os Estados-Membros
da UE, entre os quais figura o de concluir acordos bilaterais e o de prospetar
e explorar os seus recursos naturais, em conformidade com o acervo da UE e o
direito internacional, nomeadamente a Convenção das Nações Unidas sobre o
Direito do Mar. Em conformidade com as posições reiteradas em várias ocasiões
pelo Conselho e pela Comissão nos últimos anos, é agora urgente que a Turquia
satisfaça a obrigação que lhe incumbe de aplicar plenamente o protocolo
adicional e progrida na via da normalização das suas relações com a República
de Chipre. Tal poderia dar um novo impulso ao processo de adesão, permitindo,
em especial, a realização de progressos sobre os oito capítulos abrangidos
pelas conclusões do Conselho de dezembro de 2006. A Comissão apela também para
que se evite qualquer tipo de ameaça, fonte de fricção ou provocação suscetível
de prejudicar as relações de boa vizinhança e a resolução pacífica dos
diferendos. Congratula-se com o apoio da Turquia ao reatamento de verdadeiras
negociações com vista à resolução da questão cipriota. Agora é importante que
seja dado seguimento a esse apoio através de declarações construtivas e ações
concretas. 57.
No
que diz respeito à questão de Chipre, a Comissão congratula-se com o
reatamento de verdadeiras negociações entre os dirigentes da comunidade
cipriota grega e da comunidade cipriota turca sob os auspícios das Nações
Unidas, e a nomeação de Espen Barth Eide como conselheiro especial do
Secretário-Geral da ONU para Chipre. A Comissão espera que ambas as partes
encetem dentro em breve negociações estruturadas substanciais, que abrirão
caminho a um acordo sobre uma solução global do problema de Chipre para
benefício de todos. A Comissão encoraja a adoção de medidas que contribuam para
um ambiente positivo entre as comunidades e beneficiem a vida quotidiana dos
cipriotas e congratula-se com as iniciativas da sociedade civil para esse
efeito. A UE manifestou a sua disponibilidade para tomar em consideração as
condições de uma solução consentânea com os princípios em que se fundamenta a
União. É conveniente evitar as declarações que não contribuem para a criação de
uma atmosfera positiva no quadro das negociações em curso sobre a resolução da
questão cipriota. 58.
Islândia: Na
sequência de uma decisão do governo islandês, as negociações de adesão estão
suspensas desde maio de 2013. Tendo em conta a posição do governo, a Comissão
continuou a supressão gradual da assistência de pré-adesão fornecida à Islândia
ao abrigo do IPA. A Islândia continua a ser um parceiro importante para a UE
através da sua participação no acordo sobre o Espaço Económico Europeu, do seu
estatuto de membro do Espaço Schengen, bem como através da cooperação sobre as
questões do Ártico. ANEXO Resumo
das conclusões dos relatórios de progresso relativamente ao Montenegro, à
Sérvia, à antiga República jugoslava da Macedónia, à Albânia, à
Bósnia-Herzegovina, ao Kosovo e à Turquia Montenegro
O
Montenegro continua a cumprir de forma satisfatória os critérios políticos.
O governo permaneceu concentrado na integração na UE. As estruturas necessárias
para as negociações de adesão foram ainda mais reforçadas. A adoção do plano de
ação 2014-15 para a execução da estratégia de reforma da administração pública
e a criação de um novo grupo especial sobre a reforma da administração pública
no quadro do Acordo de Estabilização e de Associação (AEA), devem apoiar os
progressos neste domínio. A administração pública necessita de ser mais
racionalizada, a transparência reforçada para limitar os riscos de corrupção e
as capacidades administrativas no domínio da integração europeia asseguradas.
São necessários esforços significativos para resolver o problema do elevado
nível de politização da administração pública, bem como para assegurar
processos de recrutamento e promoção baseados no mérito. Aumentar o seu
profissionalismo e a sua eficiência é importante, quanto mais não seja para
preparar a administração para os desafios das negociações de adesão e de
aplicação do acervo. No que diz respeito à gestão das finanças públicas, as
capacidades em matéria de previsões financeiras devem ser reforçadas, tal como
a conformidade com as normas europeias. Os processos
eleitorais que se desenrolaram em vários municípios no início de 2014 foram
marcados por alegações de irregularidades. Se for caso disso, deviam ser objeto
de investigação e, se necessário, julgados pelas autoridades competentes.
Devido ao clima político polarizado, a formação de novas equipas da
administração em certos municípios após as eleições foi um processo difícil.
Foi adotada em fevereiro e março nova legislação eleitoral. Dá resposta a
diversas recomendações pendentes da OSCE/ODIHR, embora algumas questões
continuem ainda por resolver em conformidade com as normas e as melhores
práticas europeias. A adoção de alterações à lei do financiamento dos partidos
políticos foi marcada por alguma controvérsia, tendo o principal partido no
poder votado contra. Na sequência de uma decisão do Tribunal Constitucional
proferida em junho, uma parte significativa das alterações à lei relativa ao
financiamento dos partidos políticos foi considerada inconstitucional. O
Montenegro deve proceder rapidamente ao alinhamento completo do seu quadro
legislativo neste domínio pelas normas e melhores práticas europeias, bem como
fornecer um primeiro balanço comprovativo da correta aplicação da lei,
nomeadamente no que diz respeito à aplicação das sanções dissuasivas que se
imponham. O acompanhamento judicial do alegado desvio de fundos públicos para
fins político-partidários continua por concluir e deve ser assumida a
responsabilidade política. No domínio da
reforma do sistema judiciário, está em curso a aplicação das medidas de acordo
com os prazos previstos no plano de ação. Na sequência do alinhamento da
legislação pertinente pelas reformas constitucionais de julho de 2013, foram
eleitos vários juízes e procuradores. Após várias tentativas, o Parlamento
nomeou finalmente um novo Procurador-Geral em outubro de 2014. Devem ser
concluídas as reformas com vista a introduzir um sistema de recrutamento único
à escala nacional para os juízes e os magistrados do Ministério Público, um
sistema de promoção baseado no mérito, bem como melhores procedimentos
disciplinares. Embora a eficiência dos tribunais tenha globalmente aumentado,
devem prosseguir os esforços para reforçar ainda mais a eficiência do sistema
judiciário. O impacto das
medidas de luta contra a corrupção tem sido, até à data, limitado. Já antes do
início da entrada em funcionamento da nova agência de luta contra a corrupção,
as instituições existentes no domínio da prevenção da corrupção deviam ser
reforçadas a fim de adotar uma atitude mais proativa. A corrupção continua a
existir em vários domínios e a constituir um problema grave. Devem ser obtidos
resultados credíveis em matéria de investigações, ações penais e condenações
definitivas em processos de corrupção, nomeadamente de corrupção de alto nível.
O recurso sistemático a instrumentos de apreensão e confisco de bens deve ser
assegurado. Embora tenham continuado a obter-se resultados no domínio da luta
contra a droga e tenham sido lançados novos procedimentos no que se refere à
introdução clandestina de migrantes, continuam a existir dificuldades na luta
contra outras formas de criminalidade organizada, nomeadamente o tráfico de
seres humanos, a cibercriminalidade e o branqueamento de capitais. O número de
condenações definitivas, tanto no que diz respeito à corrupção como à
criminalidade organizada, é limitado, sendo os processos frequentemente
reenviados para serem objeto de um novo julgamento devido a vícios processuais.
A luta contra a criminalidade organizada e a corrupção é fundamental para
combater a infiltração da criminalidade nos sistemas político, jurídico e
económico. O quadro
jurídico e institucional que rege o respeito dos direitos humanos está em vigor
e os principais elementos da legislação internacional em matéria de direitos
humanos foram incorporados no sistema jurídico. As capacidades das instituições
para a proteção e a aplicação efetiva dos direitos humanos devem ser
reforçadas, nomeadamente as do sistema judiciária e da polícia. Os grupos
vulneráveis, por exemplo os ciganos e as pessoas com deficiência, são os mais
afetados por insuficiências neste domínio. Subsistem graves
preocupações no que diz respeito à liberdade de expressão, a qual tem sido
comprometida por atos de violência contra jornalistas e ataques à propriedade
dos meios de comunicação. Os casos antigos e recentes de ameaças e de violência
contra jornalistas continuam a ser objeto de investigações aprofundadas e de
ações penais, a fim de identificar não só os autores materiais, mas também os
que estão por detrás dos ataques. Os processos mais antigos, em particular,
devem ser examinados com caráter de urgência para evitar a sua prescrição. Foi
criada no mês de dezembro uma comissão para acompanhar as atividades das
autoridades competentes na investigação de casos tanto antigos como recentes de
ameaças e violência contra jornalistas. As suas recomendações devem ser
integralmente seguidas pelas autoridades. O governo deve continuar a promover e
a apoiar publicamente a liberdade dos meios de comunicação social, evitando
quaisquer declarações que possam ser entendidas como intimidação. Os organismos
de autorregulação responsáveis pela manutenção e promoção de padrões
profissionais e éticos são deficientes. As autoridades
do Montenegro tomaram novas medidas para reforçar a proteção dos direitos das
lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e intersexuais (LGBTI). O primeiro
desfile «Orgulho Gay», realizado em Podgorica em outubro de 2013, teve o apoio
adequado por parte das autoridades. No entanto, prosseguiram os ataques à
comunidade LGBTI e as condenações penais por este tipo de factos continuam a
ser raras. A hostilidade contra estas pessoas continua a ser um fenómeno
generalizado na sociedade. Realizaram-se
alguns progressos no que diz respeito à situação dos ciganos, em especial a
nível da frequência escolar; no entanto, a taxa de abandono escolar e a fraca
participação das raparigas no conjunto da população estudantil cigana são
motivos de preocupação. A discriminação contra os ciganos e a sua
sub-representação política são problemas que o Montenegro deve resolver. O
Montenegro continua a manter boas relações bilaterais com os outros países do
alargamento e com os Estados-Membros da UE seus vizinhos e participa ativamente
no desenvolvimento da cooperação regional. Foi rubricado um acordo fronteiriço
com a Bósnia-Herzegovina. Quanto ao
Tribunal Penal Internacional, o acordo bilateral de imunidade de 2007 entre o
Montenegro e os Estados Unidos continua em vigor e prevê derrogações à
competência do Tribunal. O Montenegro tem de se alinhar pela posição da UE no
quadro das negociações de adesão No que diz
respeito aos critérios económicos, o Montenegro realizou alguns
progressos suplementares na via de uma economia de mercado efetiva. O país
deve, a médio prazo, estar em condições de reencontrar a capacidade para
resistir às pressões concorrenciais e às forças de mercado no âmbito da União,
desde que continue a combater as atuais deficiências através de reformas
estruturais adequadas. A economia
recuperou em 2013 de uma dupla recessão, mas a recuperação continua a ser
frágil, devido ao enfraquecimento da procura interna, a uma base de produção
limitada, e a um elevado nível de dependência em relação ao exterior. O défice
da balança corrente diminuiu ligeiramente, mas os desequilíbrios externos continuam
a ser importantes. Os défices orçamentais consideráveis e persistentes apontam
para a necessidade de medidas de consolidação orçamental a fim de garantir uma
redução da dívida pública. Não obstante as melhorias marginais, as condições do
mercado de trabalho continuam a ser precárias tendo em conta as taxas de
desemprego muito elevadas, especialmente entre os jovens e os desempregados de
longa duração. O Montenegro
deve aumentar a mobilidade dos trabalhadores e reforçar a eficácia das
políticas ativas do mercado de trabalho, bem como aumentar a qualidade do
ensino, nomeadamente o ensino e a formação profissionais. Para apoiar o
desenvolvimento do setor privado, devem ser tomadas medidas para simplificar
ainda mais o quadro regulamentar e jurídico, nomeadamente reforçar a execução
dos contratos, reduzir os custos administrativos e os obstáculos e facilitar os
processos de privatização. A situação instável do conglomerado do alumínio KAP
apela a uma solução sustentável, aplicada em conformidade com as disposições do
AEA, a fim de evitar um novo ciclo de passivos contingentes. No que
respeita à capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão à UE,
o Montenegro encontra-se em níveis variáveis de alinhamento. Em resultado do
processo de exame analítico, a Comissão considerou que, em relação a vinte
capítulos, o Montenegro tinha avançado suficientemente para que as negociações
sobre estes capítulos sejam abertas sem estabelecer critérios de referência
iniciais. Dez destes capítulos já foram abertos, tendo sido estabelecidos
critérios de referência intercalares ou de encerramento e dois foram
provisoriamente encerrados. Além dos capítulos relativos ao Estado de direito,
foram estabelecidos critérios iniciais para onze capítulos[6]. O
cumprimento dos critérios iniciais, bem como os critérios intercalares
estabelecidos para os capítulos relativos ao Estado de direito e os critérios
para o encerramento, fixados para outros oito capítulos[7], devem
orientar o Montenegro no seu percurso de integração. Globalmente,
o Montenegro avançou no seu alinhamento em certos capítulos do acervo,
incluindo a legislação em matéria de propriedade intelectual, ciência e
investigação, educação e cultura, saúde e defesa do consumidor, e a política
externa, de segurança e de defesa. O Montenegro alinhou-se geralmente pelas
medidas restritivas introduzidas pelas decisões do Conselho, incluindo as
medidas restritivas da UE no contexto da anexação ilegal da Crimeia pela Rússia
e dos acontecimentos no leste da Ucrânia. O
alinhamento com o acervo e o reforço das capacidades administrativas
necessárias continuam a representar um importante desafio para o Montenegro. A
administração montenegrina necessita de se centrar no cumprimento dos critérios
iniciais estabelecidos e ainda pendentes. Deve ser dada especial prioridade à
observância das regras do AEA em matéria de auxílios estatais no caso da KAP.
As capacidades administrativas em todas as áreas do ambiente e das alterações
climáticas devem ser reforçadas, tanto a nível central como local, a fim de
garantir o alinhamento e a aplicação do acervo nestes domínios. Sérvia A Sérvia
continua a cumprir de forma satisfatória os critérios políticos. As
eleições legislativas antecipadas, realizadas em março, confirmaram as
aspirações do país em matéria de integração europeia. A adesão à UE continua a
ser o objetivo principal do novo governo. Este pode contar com uma maioria sem
precedentes de dois terços no Parlamento para realizar as grandes reformas
prioritárias necessárias para conduzir o país na via europeia. O governo sérvio
estabeleceu ambiciosas metas económicas a este respeito. As reformas
constitucionais logo no início da nova legislatura poderão representar um
progresso decisivo nas negociações de adesão. Deve ser dada atenção à continuação
da melhoria da inclusão e da transparência do processo de reforma. O
procedimento parlamentar de urgência deve ser limitado aos casos em que seja
estritamente necessário. O papel desempenhado pelas entidades reguladoras
independentes deve ser continuamente reconhecido e as suas recomendações
seguidas. Foi organizada em junho uma convenção nacional sobre a União Europeia
para servir de plataforma de cooperação com a sociedade civil durante o
processo de negociações da adesão, que deverá concretizar-se através de uma
maior consulta da sociedade civil ao longo de todo o processo, especialmente em
momentos de grandes desafios económicos e sociais para os cidadãos da Sérvia. A Sérvia está a
avançar na reforma da sua administração pública. Foi adotada uma estratégia
global e reforçada a coordenação e o planeamento das políticas públicas graças
à criação de um novo secretariado para as políticas públicas. Contudo, falta
ainda uma reforma sólida e global, apoiada por instrumentos adequados de
análise e de gestão do desempenho. Foram
dados os primeiros passos na aplicação das estratégias nacionais no domínio da
reforma judiciária e da luta contra a corrupção adotadas no ano passado. A
Sérvia procedeu a um balanço dos desafios significativos que o seu sistema judiciário
está a enfrentar. Efetuou uma intensa atividade legislativa. Foram adotadas
regras para a avaliação dos juízes e dos procuradores. Inúmeros presidentes de
tribunais foram nomeados numa base permanente. A primeira geração de notários
públicos tomou posse. Continuam no entanto por adotar diplomas legislativos
fundamentais, como a lei sobre o apoio judiciário gratuito. A avaliação da
aplicação da legislação recentemente adotada está pendente. São necessários
esforços continuados para assegurar um sistema judiciário eficaz e
independente. O recrutamento e a nomeação de magistrados continuam a ser
regidos por critérios pouco claros. A generalização do princípio do
contraditório e a alteração das redes de tribunais ainda não tiveram um impacto
significativo sobre a eficiência e a qualidade do sistema judiciário. Existe
um forte impulso político a favor da luta contra a corrupção. Foram realizadas
várias investigações em processos de alto nível e foram envidados esforços no
sentido de melhorar a coordenação e a liderança institucional neste domínio.
Todavia, a corrupção continua endémica em muitos setores, constituindo um grave
problema. O rácio de condenações em relação às acusações é baixo. Têm ainda de
ser criados mecanismos de proteção dos informadores. Devem igualmente ser
criados mecanismos eficazes de prevenção e repressão. O papel da agência e do
conselho de luta contra a corrupção precisam de ser apoiados ao mais alto nível
e as suas recomendações e propostas devidamente seguidas. Terão de ser encontradas
alternativas eficazes para substituir o recurso excessivo a incriminações por
motivo de abuso de posição no setor privado. A Sérvia
participou ativamente na cooperação regional em matéria de aplicação da lei,
que deu resultados concretos na luta contra a criminalidade organizada,
conduzindo nomeadamente a uma detenção de alto nível em ligação com grupos
associados à criminalidade organizada. É necessária uma avaliação estratégica
das ameaças ligadas à criminalidade organizada, com vista a desenvolver um
planeamento e uma análise estratégicos e, posteriormente, encontrar respostas
adequadas em termos de aplicação da lei, nomeadamente através do conceito de
«atividades policiais com base em informações confidenciais». Devem ser obtidos
resultados credíveis no que diz respeito às investigações, ações penais e
condenações definitivas em processos de corrupção e de criminalidade
organizada, incluindo os de alto nível. A luta contra a criminalidade
organizada e a corrupção é fundamental para combater a infiltração da
criminalidade nos sistemas político, jurídico e económico. A mais
longo prazo, a adoção de planos de ação credíveis e abrangentes para os
capítulos 23 e 24, em conformidade com a nova abordagem, será uma etapa
fundamental para a Sérvia. O quadro
jurídico para a proteção das minorias continua a ser, de um modo geral,
respeitado, mas a sua aplicação coerente em toda a Sérvia deve ainda ser
reforçada, em domínios como a educação, a utilização de línguas, o acesso aos
meios de comunicação e a difusão de serviços religiosos em língua minoritária.
As medidas positivas tomadas para melhorar a situação dos ciganos devem ser
reforçadas, sobretudo no que se refere à educação, à habitação e ao emprego.
São necessários novos esforços sustentados para melhorar a situação dos
refugiados e das pessoas deslocadas. O
desfile «Orgulho Gay», que teve lugar em Belgrado em 28 de setembro, sem
incidentes de maior, constitui um marco importante para o exercício efetivo dos
direitos humanos em geral e dos direitos das pessoas lésbicas, homossexuais,
bissexuais, transexuais e intersexuais (LGBTI) em especial. A Sérvia deu um
importante passo no sentido da execução da estratégia sobre os meios de
comunicação social de 2011, através da adoção, em agosto, de um pacote de legislação
relativa à comunicação social, destinada a aumentar a transparência em matéria
de propriedade e de financiamento e a alinhar a legislação e as práticas pelo
quadro da UE. Existem, contudo, preocupações quanto à deterioração das
condições para o exercício pleno da liberdade de expressão. As autoridades
detêm uma responsabilidade fundamental de contribuir ativamente para o
exercício da liberdade de expressão, incluindo através de um apoio adequado a
organismos independentes, defensores dos direitos humanos e jornalistas
independentes. A promoção de todos os direitos fundamentais e a aplicação da
estratégia de luta contra a discriminação exigirão uma abordagem ainda mais
proativa e específica. A Sérvia
continuou a adotar uma abordagem construtiva na cooperação regional e efetuou
melhorias significativas nas relações que mantém com alguns dos seus vizinhos. No que
diz respeito à normalização das relações com o Kosovo, a Sérvia
manteve-se empenhada no diálogo e globalmente empenhada na aplicação do primeiro
acordo de abril de 2013 sobre os princípios que regem a normalização das
relações e outros acordos concluídos no âmbito do diálogo. Tal conduziu a uma
série de alterações irreversíveis no terreno, como a realização de eleições
locais e legislativas realizadas a nível nacional pela primeira vez e ao avanço
significativo do desmantelamento das estruturas de polícia e de justiça
sérvias. Foi aprovada uma solução permanente para a integração do Kosovo no
processo de cooperação da Europa do Sudeste (SEECP). Embora não se tenham
realizado reuniões de alto nível desde as eleições antecipadas organizadas no
Kosovo, prosseguiram os trabalhos a nível técnico, permitindo a realização de
progressos nos domínios da cobrança de direitos aduaneiros, da gestão integrada
das fronteiras, da energia e das telecomunicações. No
entanto, os progressos registados na implementação do diálogo abrandaram em
geral. Foram realizadas eleições gerais antecipadas, tanto na Sérvia como no
Kosovo. É importante que o diálogo de alto nível seja retomado. É também
essencial que ambas as partes continuem a participar plenamente na aplicação de
boa fé de todos os acordos existentes. Novos progressos deviam gradualmente
conduzir à normalização completa das relações entre a Sérvia e o Kosovo, sob a
forma de um acordo juridicamente vinculativo até ao final das negociações de
adesão da Sérvia, com a perspetiva, tanto para a Sérvia como para o Kosovo, de
estarem em condições de exercer plenamente os seus direitos e de assumir as
suas responsabilidades. No que diz
respeito aos critérios económicos, a Sérvia realizou alguns progressos
na via da criação de uma economia de mercado viável. Deve ser implementado um
grande número de reformas estruturais a fim de poder fazer face, a médio prazo,
às pressões concorrenciais e às forças de mercado no âmbito da União. A economia
contraiu-se, no primeiro semestre do ano, também afetada pelas fortes
inundações. O governo deu início ao seu ambicioso programa de reformas
económicas e estruturais, com a adoção de um primeiro conjunto de leis
importantes sobre o trabalho, as privatizações e as falências. Apesar de uma
série de novas medidas, os desequilíbrios orçamentais continuam a ser muito
elevados e a dívida pública continuou a aumentar. No entanto, o crescimento das
exportações contribuiu para reduzir os desequilíbrios externos. A inflação
atingiu níveis historicamente baixos, inferior ao intervalo de variação
previsto pelo banco central. A taxa de desemprego permaneceu muito elevada. São necessários
esforços significativos para reduzir as despesas públicas e aplicar as reformas
estruturais adotadas, a fim de restabelecer a sustentabilidade orçamental e, em
última análise, apoiar o crescimento. Para reduzir a forte influência do Estado
na economia, a Sérvia deve combater as ineficiências do vasto setor público,
prosseguir as privatizações em conformidade com o calendário, racionalizar os
auxílios estatais e melhorar a governação das empresas públicas. A cobrança de
impostos deve ser melhorada, também através do combate ao grande setor
informal. O ambiente empresarial sofre de excesso de burocracia, da lentidão do
processo de entrada e saída do mercado, de inúmeros obstáculos ao investimento,
como a fragilidade do sistema jurídico e da lentidão da execução dos contratos.
A elevada percentagem de crédito malparado deve ser abordada de forma eficaz
para melhorar a concessão de empréstimos bancários. A modernização das
infraestruturas físicas, especialmente após os prejuízos causados pelas
inundações, exige esforços persistentes e a criação de uma margem orçamental
suplementar. A eficiência do sistema educativo deve ser melhorada, tendo em
conta a diminuição do número de alunos e a inadequação das qualificações no
mercado de trabalho. No que se refere
à sua capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão, a
Sérvia prosseguiu o alinhamento da sua legislação pelos requisitos da
legislação da UE em muitos domínios. Continuou a cumprir adequadamente as
obrigações subscritas no Acordo de Estabilização e de Associação (AEA). São de
assinalar progressos satisfatórios no domínio da sociedade da informação e
meios de comunicação social com a adoção do pacote de três leis de
implementação da estratégia sobre os meios de comunicação social de 2011,
continuando o alinhamento do quadro jurídico da Sérvia pelo acervo. Prosseguiu
igualmente o alinhamento da legislação em matéria de transporte rodoviário,
ferroviário e aéreo, tal como a divulgação dos resultados dos recenseamentos da
população e da agricultura. A nova estratégia de reforma da administração
pública de janeiro de 2014 integra o controlo interno das finanças públicas
entre as prioridades de reforma. No domínio da
política externa e de segurança, o alinhamento da Sérvia com as declarações da
UE e as decisões do Conselho deve ser melhorado, de modo a que a Sérvia cumpra
o requisito estabelecido no âmbito do quadro de negociação relativamente ao
alinhamento progressivo das suas políticas e decisões neste domínio pelas
adotadas pela União Europeia e pelos seus Estados-Membros no período que
antecede a adesão. A Sérvia necessita urgentemente de elaborar e aplicar
mecanismos fiáveis e sólidos de controlo e acompanhamento do alinhamento pelo
acervo em todos os domínios. São igualmente necessários esforços consideráveis
não só para reforçar e aplicar plenamente o quadro jurídico global mas também,
e mais importante ainda, apoiar estas reformas com recursos financeiros e
humanos adequados. Existe também uma falta de coordenação e liderança
institucional em alguns dos principais domínios do acervo e há que salvaguardar
a independência das entidades reguladoras. A legislação em matéria de controlo
dos auxílios estatais deve ser alinhada pelo acervo e ser efetivamente aplicada
a todas as empresas, nomeadamente as que estejam em processo de reestruturação
e privatização. São necessários esforços suplementares para simplificar o
procedimento de asilo em conformidade com as normas da UE e para modernizar
urgentemente as instalações de acolhimento permanente. A Sérvia necessita de
intensificar os seus esforços no sentido do alinhamento no domínio da energia,
nomeadamente no que diz respeito ao gasoduto South Stream. Deve realizar a
separação no setor do gás e a reestruturação da empresa pública de gás
Srbijagas como uma questão prioritária. É igualmente necessário prosseguir o
alinhamento nos domínios da fiscalidade, do ambiente, das alterações climáticas
e dos organismos geneticamente modificados, juntamente com um reforço
substancial do sistema global de saúde e proteção social. Antiga
República jugoslava da Macedónia Globalmente, o
país continua a cumprir de forma satisfatória os critérios políticos.
Concluiu a maior parte das suas reformas no que diz respeito ao sistema
judiciário e à administração pública, e efetuou progressos desde que se tornou
um país candidato em 2005. O nível de alinhamento da legislação é elevado em
relação à fase do processo de adesão em que o país se encontra. No entanto,
subsistem importantes desafios, tendo em alguns domínios mesmo aumentado. Estes
dizem respeito, em especial, à cultura política cada vez mais fraturante, a
sérias preocupações ligadas à crescente politização e ao controlo governamental
sobre as instituições estatais e os meios de comunicação social, e a uma
situação interétnica ainda frágil. A OSCE/ODIHR
considerou na sua avaliação que as eleições presidenciais e as eleições
legislativas antecipadas de abril de 2014 tinham sido organizadas de forma
eficiente, mas afetadas pela falta de separação entre as atividades estatais e
as partidárias e pela cobertura tendenciosa dos meios de comunicação social. As
preocupações sobre a falta de separação entre o Estado e os partidos no poder
estão a minar a confiança nas instituições públicas. A falta de diálogo e as
divisões persistentes entre os partidos conduziram a uma nova crise política,
decorrente de alegações de fraude em relação às eleições, que teve como
consequência a ausência do principal partido da oposição no Parlamento. Os
principais partidos políticos não envidaram esforços suficientes para se
empenharem em políticas construtivas no interesse de todo o eleitorado e de
todo o país. O governo e a oposição devem tomar medidas para restabelecer o
diálogo político no Parlamento. O governo deve assegurar que a oposição tem a
possibilidade de desempenhar plenamente a sua função de controlo democrático.
Ao mesmo tempo, a oposição também deve participar de forma construtiva nos
processos democráticos. A politização da
administração pública, tanto a nível central como local, é uma fonte de grande
preocupação. Os princípios de transparência, da responsabilização e do mérito
ainda não são plenamente aplicados. A OSCE/ODIHR referiu além disso acusações
credíveis de pressões que teriam sido exercidas sobre os funcionários do setor
público durante as eleições de abril de 2014. Estas questões devem ser
resolvidas, nomeadamente através do novo quadro legislativo. No domínio do
Estado de direito, há que continuar a reforçar a independência e a competência
dos tribunais, dando mais ênfase à qualidade do sistema judiciário para os
cidadãos. O nível avançado do país em termos de progresso técnico e legislativo
neste domínio é ensombrado por problemas crescentes em matéria de justiça
seletiva. Começam a ser obtidos resultados, mas a corrupção continua a existir
em vários domínios e a constituir um problema grave. O quadro da luta contra a
corrupção tem de ser aplicado de forma mais eficaz. Foram registadas
novas melhorias nos domínios da cooperação policial e da luta contra a
criminalidade organizada e o tráfico de seres humanos. Os esforços devem
prosseguir a fim de obter resultados a nível das investigações, ações penais e
condenações em processos de criminalidade organizada e de corrupção. A luta
contra a criminalidade organizada e a corrupção é fundamental para combater a
infiltração da criminalidade nos sistemas político, jurídico e económico. O quadro global
relativo à proteção dos direitos fundamentais está em vigor, mas a tónica deve
ser colocada na sua aplicação efetiva. São necessários esforços permanentes
para dar resposta às preocupações relativas aos preconceitos e às
discriminações contra as populações ciganas e para combater a intolerância
contra as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e intersexuais
(LGBTI). A situação em
matéria de liberdade dos meios de comunicação social continuou a deteriorar-se.
A influência do governo sobre o conteúdo dos meios de comunicação social é
exercida através, nomeadamente, da publicidade financiada pelo Estado. As
reportagens verdadeiramente independentes são raras, os principais meios de
comunicação não informam o grande público de forma exata e não existe um debate
público informado. No que se refere
às relações interétnicas, o Acordo-Quadro de Ohrid, que pôs termo ao conflito
de 2001, proporciona o quadro que permite garantir o caráter multiétnico da
sociedade. No entanto, a falta de confiança entre as comunidades prevalece.
Tensões podem ser facilmente desencadeadas por acontecimentos ou incidentes. É
necessária uma abordagem comum mais dinâmica para promover uma sociedade
multiétnica e inclusiva. A revisão do Acordo-Quadro de Ohrid deve ser concluída
e as suas recomendações implementadas. O país mantém,
em geral, boas relações com os outros países do alargamento e desempenha um
papel ativo na cooperação regional. Continua a ser importante manter uma
abordagem construtiva no que diz respeito às relações com os Estados-Membros da
UE seus vizinhos e serem evitadas quaisquer ações ou declarações suscetíveis de
prejudicar as relações de boa vizinhança. No que diz respeito
aos critérios económicos, a antiga República jugoslava da Macedónia
continua bastante avançada e, em certos domínios, realizou alguns progressos na
criação de uma economia de mercado efetiva. Para fazer face às pressões
concorrenciais e às forças do mercado no âmbito da União a médio prazo, o país
terá de enfrentar desafios importantes através da aplicação determinada das
reformas estruturais. A recuperação
económica continuou a registar progressos, mas baseia-se ainda essencialmente
no setor externo, e teve um impacto limitado no desemprego, que continua a ser
elevado, especialmente entre os jovens. As reformas destinadas a abordar os
fatores de rigidez estrutural do mercado de trabalho registaram progressos
limitados. A estabilidade financeira foi preservada e os fluxos de IDE
aumentaram. A disciplina orçamental, bem como a transparência e a qualidade das
despesas públicas, deterioraram-se. As perspetivas
de crescimento e emprego dependem em larga medida do ambiente empresarial do
setor privado nacional. Para apoiar esta iniciativa, é necessário continuar a
facilitar os procedimentos de concessão de licenças, o que permitirá também
incentivar a ligação entre empresas nacionais e empresas estrangeiras; acelerar
os procedimentos de saída do mercado; e, em geral, garantir condições
equitativas para todas as empresas, face à regulação das atividades das
empresas. O acesso ao financiamento deve ser melhorado, nomeadamente
restabelecendo o canal dos empréstimos bancários. É necessário resolver o
problema da inadequação das competências dos trabalhadores em relação às
necessidades do mercado do trabalho, através de novas reformas do sistema
educativo, nomeadamente a execução da estratégia de formação profissional. No
que diz respeito às finanças públicas, a nova deterioração da disciplina
orçamental em 2013 e 2014 exige procedimentos de planeamento orçamental
reforçados e uma maior coerência da execução do orçamento anual e da estratégia
orçamental de médio prazo. A qualidade da despesa pública deve ser melhorada,
transferindo a composição das despesas de capital para investimentos favoráveis
ao crescimento. A antiga
República jugoslava da Macedónia realizou progressos suplementares na melhoria
da sua capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão. O
país continua a participar no processo de estabilização e de associação e a
cumprir os seus compromissos no âmbito do Acordo de Estabilização e de
Associação. O país tem uma
vasta cooperação com a UE em todos os domínios do acervo e está numa fase avançada
do processo de alinhamento legislativo, a nível estratégico e institucional. O
país alcançou um nível de alinhamento pelo acervo suficiente para lhe permitir
passar à fase seguinte do processo de adesão. A tónica deve agora ser colocada
nas suas capacidades administrativas e na aplicação efetiva. No domínio do
mercado interno, o país atingiu um bom nível de alinhamento da legislação nos
domínios dos movimentos de capitais, dos serviços postais e do direito das
sociedades. No domínio da justiça e dos assuntos internos, o país está bem
avançado nos seus preparativos em matéria de política de vistos, fronteiras
externas e Schengen, bem como na cooperação policial. Por outro lado, são
necessários esforços suplementares, em especial em matéria de política regional,
ambiente e alterações climáticas, política social e educação. O controlo
interno das finanças públicas deve igualmente ser reforçado e desenvolvido em
toda a administração pública. O Conselho ainda
não tomou uma decisão sobre a proposta da Comissão de 2009 relativamente à
passagem para a segunda fase da associação, nos termos do artigo 5.º do
Acordo de Estabilização e de Associação. Albânia A Albânia
continuou a realizar progressos no que diz respeito aos critérios políticos.
Foi lançado um diálogo de alto nível sobre as principais prioridades e foram
estabelecidos grupos de trabalho mistos encarregados de estruturar os trabalhos
sobre as reformas necessárias. Deve ainda ser criado um Conselho Nacional para
a integração europeia a fim de promover a inclusividade e reunir todas as
partes interessadas em torno do processo de reforma. É fundamental estabelecer
um diálogo político construtivo e sustentável entre o governo e a oposição para
garantir a sustentabilidade das reformas. O Parlamento
adotou por consenso uma resolução sobre a integração europeia. Adotou uma série
de medidas legislativas pertinentes para a integração na UE, principalmente no
domínio da luta contra a corrupção e a criminalidade organizada e pronunciou-se
igualmente sobre as nomeações no aparelho judiciário. A transparência do
processo legislativo melhorou. No entanto, o clima de tensão política afetou os
trabalhos parlamentares, tendo-se a oposição abstido frequentemente e, desde
julho, boicota todos os trabalhos parlamentares. Tanto o governo como a
oposição necessitam de assegurar a realização de um debate político
principalmente no Parlamento. O governo deve assegurar que a oposição tem a
possibilidade de desempenhar plenamente a sua função de controlo democrático.
Ao mesmo tempo, a oposição também deve participar de forma construtiva nos
processos democráticos. A reforma da
administração pública prosseguiu, nomeadamente com a entrada em vigor da lei da
função pública, a adoção das disposições de execução relevantes e as medidas destinadas
a melhorar os procedimentos de recrutamento. A sua aplicação deve prosseguir
com vista a reforçar a despolitização, a responsabilização e as normas
profissionais da administração pública. O código de procedimentos
administrativos deve ser ultimado e adotado em conformidade com as normas da
UE. Será igualmente conveniente tomar medidas para reforçar a independência e o
desempenho das instituições independentes. A Albânia tomou
novas medidas no sentido da reforma do sistema judiciário, cooperando com a
Comissão de Veneza com vista ao reforço da independência, da responsabilização
e do profissionalismo do sistema judiciário e começando a elaborar o projeto de
estratégia de reforma judicial para 2014-2020. Foram tomadas algumas medidas
para melhorar a responsabilização e a transparência do sistema judiciário,
nomeadamente através de alterações legislativas que regulamentam as imunidades
dos juízes e procuradores. Processos disciplinares contra juízes conduziram a
um certo número de sanções. Os Tribunais Administrativos entraram em
funcionamento, embora continuem a não estar plenamente operacionais. Foram
introduzidas alterações à Lei relativa ao Conselho Superior da Justiça
destinadas a melhorar o seu funcionamento. No entanto, foram expressas algumas
preocupações sobre a sua rápida adoção sem uma consulta a todos os
intervenientes relevantes. Continuam a verificar-se muitas deficiências e
existe unanimidade sobre a urgência de uma reforma aprofundada do sistema
judiciário. São necessários esforços suplementares significativos para garantir
a independência, a eficiência e a responsabilização do sistema judiciário,
nomeadamente através de alterações constitucionais. A Albânia terá de
prosseguir, com determinação, este processo num espírito de cooperação construtiva
com todas as partes interessadas, incluindo em cooperação estreita com a
Comissão de Veneza. É necessária uma ação determinada para reforçar o sistema
disciplinar dos juízes, dos procuradores e dos advogados, bem como para
melhorar ainda mais a eficiência dos tribunais. O governo mostrou a sua
vontade política de agir de forma decisiva em matéria de prevenção e luta
contra a corrupção. O quadro legislativo foi reforçado e a coordenação e o
acompanhamento das políticas a nível central melhoraram. Foi nomeado um
coordenador nacional de luta contra a corrupção e criada uma rede de pontos de
contacto de luta contra a corrupção em todos os ministérios competentes. No
entanto, a corrupção prevalece em muitos domínios, incluindo no sistema
judiciário e nas instâncias de aplicação da lei, e continua a ser um problema
particularmente grave. A Albânia deve tomar medidas para fazer aplicar o quadro
legislativo e adotar a estratégia de luta contra a corrupção para 2014-20 e os
planos de ação conexos. Há que melhorar a cooperação interinstitucional e
eliminar os obstáculos existentes à realização de investigações proativas. A
Albânia deve igualmente continuar a melhorar os seus resultados em matéria de
investigações, ações e condenações nos processos de corrupção, nomeadamente de
alto nível. A luta contra a
criminalidade organizada revela uma tendência positiva num certo número de
domínios, com uma intensificação das atividades de aplicação da lei,
nomeadamente no que diz respeito a apreensões de droga e à criminalidade
relacionada com a droga, à criminalidade económica e ao tráfico de seres
humanos. Em especial, as autoridades tomaram importantes medidas de luta contra
o cultivo e o tráfico de canábis, que continua a ser preocupante, nomeadamente
através de uma grande operação policial na aldeia de Lazarat e no norte do
país. A cooperação internacional foi reforçada. No entanto, os esforços
envidados na luta contra a criminalidade organizada devem ser acelerados. A
cooperação entre as instituições responsáveis pela aplicação da lei deve ser
melhorada e há que eliminar os obstáculos legislativos que afetam a eficiência
das investigações. A Albânia deve envidar esforços sustentáveis, combinados com
investigações financeira proativas e sistemáticas, e coerentes em matéria de
aplicação da legislação, para combater todos os tipos de atividades criminosas,
tais como o branqueamento de capitais, e o tráfico de seres humanos e de droga.
A Albânia deve continuar a agir de forma determinada contra o cultivo de
canábis. A luta contra a criminalidade organizada e a corrupção é fundamental
para combater a infiltração da criminalidade nos sistemas político, jurídico e económico. No domínio dos
direitos humanos, a liberdade de reunião e de associação, bem como a liberdade
de pensamento, de consciência e de religião, foram, de modo geral, respeitadas.
A cooperação entre as autoridades estatais e as organizações da sociedade civil
sobre os direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e
intersexuais (LGBTI) foi melhorada. O quadro jurídico aplicável às pessoas com
deficiência foi revisto e a sua aplicação deve ser garantida. Há que suprimir
as disposições jurídicas discriminatórias em matéria de género, reforçar as
capacidades institucionais no que diz respeito à proteção das crianças e
combater o trabalho forçado da criança. Foi adotado um plano de ação relativo
aos direitos das crianças. A Albânia terá de concentrar-se em medidas de
execução destinadas a reforçar a inclusão dos ciganos e a proteger os grupos
vulneráveis. A proteção dos direitos de propriedade deve ser reforçada,
nomeadamente através da revisão da estratégia de reforma dos direitos de
propriedade de 2012 e reforçando a segurança da propriedade jurídica. No que
diz respeito à liberdade de expressão e dos meios de comunicação social, o
governo não tomou qualquer medida para dar resposta às prioridades
identificadas. Todas as funções estatutárias do órgão de comunicação social
audiovisual têm de ser restabelecidas e a sua independência garantida na
prática. A utilização não autorizada de frequências por vários organismos da
radiodifusão continua a ser um problema. O envolvimento
positivo da Albânia na cooperação regional e nas relações de boa vizinhança
continua a ser essencial. No
que diz respeito aos critérios económicos, a Albânia realizou alguns
progressos na via de uma economia de mercado efetiva. O país deve estar em
condições de fazer face à pressão competitiva e às forças de mercado na União a
médio prazo, desde que acelere mais as suas reformas estruturais. A Albânia
preservou a sua estabilidade macroeconómica, procedeu à liquidação dos
pagamentos em atraso e tomou medidas para melhorar a administração fiscal e a
cobrança dos impostos. No entanto, o crescimento económico abrandou e o défice
da balança corrente continua a ser elevado, o que reflete uma fraca
competitividade. O défice orçamental excedeu o objetivo em 2013 e o elevado
nível da dívida pública aumentou ainda mais limitando a margem de manobra
orçamental. A inflação manteve-se baixa, o que permitiu prosseguir a
flexibilização das condições monetárias, mas esta não se traduziu em
crescimento de crédito devido ao elevado nível de empréstimos improdutivos nos
bancos comerciais. O desemprego é elevado e a economia informal continua a ser
generalizada. A Albânia deve
prosseguir os esforços de consolidação orçamental com vista a reduzir a dívida
pública, embora preservando ao mesmo tempo margem para despesas favoráveis ao
crescimento. É conveniente proceder a reformas no setor da energia e prosseguir
a realização das da administração fiscal e do sistema de pensões, a fim de
reduzir os riscos para as finanças públicas. Os empréstimos bancários e o
crescimento do crédito devem ser apoiados, garantindo que o Estado continua a
pagar as dívidas em atraso para com as empresas e combatendo o crédito
malparado, bem como suprimindo os obstáculos ao desenvolvimento do setor
privado, através de uma melhoria do ambiente empresarial, que se caracteriza
por deficiências em matéria de Estado de direito, lacunas no quadro
regulamentar e incertezas em torno dos direitos de propriedade. É fundamental a
criação de condições favoráveis aos investimentos privados, nomeadamente ao
investimento direto estrangeiro, para a diversificação da base de produção
limitada. A educação e a formação devem ser ainda melhoradas para resolver as
inadequações em matéria de competências no mercado de trabalho e aumentar a
empregabilidade. O Acordo de
Estabilização e de Associação (AEA), que entrou em vigor em abril de 2009,
continuou a ser globalmente aplicado sem problemas. A Albânia prosseguiu o
alinhamento da sua legislação pelos requisitos da UE numa série de domínios,
reforçando a sua capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão.
Foi adotado um novo plano nacional de integração europeia para 2014-2020. No
entanto, foram registadas poucas melhorias concretas na maior parte dos
domínios. A Albânia terá de envidar esforços consideráveis para melhorar os
seus preparativos para a aplicação do acervo da UE. São necessários mais esforços
para garantir a proteção dos direitos de propriedade intelectual. A resolução do
litígio entre o governo e a empresa de distribuição de eletricidade ČEZ
contribuiu para preparar o caminho para novas reformas no setor da energia. A
intensificação dos esforços neste domínio, incluindo a diversificação das
fontes de energia e o funcionamento do mercado da eletricidade, é essencial
para o desenvolvimento económico. A Albânia deverá igualmente reforçar a
proteção ambiental e colmatar as lacunas observadas nos domínios dos
transportes, segurança alimentar, proteção dos consumidores e saúde. A
capacidade administrativa e o profissionalismo dos organismos responsáveis pela
aplicação do acervo devem ser reforçados e a independência dos organismos
reguladores salvaguardada. Continua a ser essencial reforçar a transparência e
a responsabilização, em especial no que se refere aos contratos públicos e à
gestão das finanças públicas. Bósnia-Herzegovina
Uma
vez mais o país realizou muito poucos progressos no cumprimento dos critérios
políticos. Não
houve progressos reais na criação de instituições funcionais e sustentáveis. Do
mesmo modo, a Assembleia Parlamentar da Bósnia-Herzegovina realizou progressos
muito limitados na adoção de legislação relativa à UE. Os diferendos em função
dos critérios políticos e étnicos tiveram um importante efeito negativo nos
trabalhos das assembleias a nível do Estado e da Federação. A cooperação com
a sociedade civil aos níveis do Estado, das Entidades e dos cantões continua a
ser limitada. Como manifestado aquando dos protestos sociais do início de 2014,
todos os governos devem, prioritariamente, concentrar-se na resolução das
necessidades socioeconómicas das populações, em particular na luta contra a
taxa muito elevada de desemprego dos jovens e ajudar os necessitados, também na
sequência das fortes inundações em maio. Tendo em conta o
clima político, foram registados progressos muito limitados na reforma da
administração pública e na melhoria da sua capacidade para cumprir os
requisitos do processo de integração na UE. A fragmentação do quadro
administrativo e jurídico a diferentes níveis do governo continua a ser uma
questão de grande preocupação, uma vez que afeta fortemente a funcionalidade do
sistema de serviços públicos. Deve ser elaborada uma nova estratégia de reforma
da administração pública após 2014. As necessárias reformas na gestão das
finanças públicas têm de ser abordadas de uma forma global. No domínio da
reforma do sistema judicial registaram-se poucos progressos. O diálogo
estruturado sobre a justiça continua a ser uma importante plataforma para obter
um consenso sobre as reformas judiciárias e tem vindo a ser alargado a outras
questões relacionadas com o Estado de direito. A reforma do sistema judiciário
a nível do Estado deve ser efetuada prioritariamente. A falta de recursos
humanos a todos os níveis para resolver o problema dos atrasos nos processos
relativos aos crimes de guerra foi em parte resolvida, mas é ainda necessário
assegurar a sustentabilidade com o correto planeamento e consagrar dotações
pertinentes por parte das autoridades nacionais competentes. O poder judicial
exige um maior reforço dos instrumentos disciplinares e a previsão de uma
regulamentação adequada dos conflitos de interesses. Registaram-se
poucos progressos nas reformas para reduzir a corrupção, que continua a afetar
todo o setor público e continua a ser mais grave nos domínios da prestação de
serviços e do acesso ao emprego. As redes de favoritismo político são
generalizadas e influenciam todos os níveis de governo. A investigação e a
instauração de ações penais nos processos muito mediatizados continuam a ser
insuficientes e o nível global da eficácia das investigações, ações penais e
condenações é muito reduzido. Há pouca vontade política para passar da retórica
e combater a corrupção, nomeadamente procedendo a investigações e condenações
em processos de corrupção muito mediatizados. Globalmente, registaram-se
progressos limitados na luta contra a criminalidade organizada, que continua a
ser um problema grave, apesar de algumas operações conjuntas bem-sucedidas,
incluindo através de uma estreita coordenação com os países vizinhos. A luta
contra a criminalidade organizada e a corrupção é fundamental para combater a
infiltração da criminalidade nos sistemas político, jurídico e económico. O quadro
jurídico e institucional que rege o respeito dos direitos humanos está em vigor
e os principais elementos da legislação internacional em matéria de direitos
humanos foram incorporados no sistema jurídico. No entanto, o aumento da
pressão política e financeira exercida sobre os meios de comunicação social e a
intimidação e ameaças contra jornalistas e editores são fonte de grande
preocupação. Devem ser envidados mais esforços para tornar as escolas mais
inclusivas e resolver o problema da continuação da existência de «duas escolas
sob o mesmo teto» a nível da Federação. Deve ser assegurada uma eficaz
prevenção e investigação de casos de incitamento ao ódio, de violência e
discriminação contra as lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais
(LGBTI). Embora tenham sido tomadas medidas muito eficazes para dar resposta às
necessidades dos ciganos em matéria de habitação, são necessários esforços
suplementares nos domínios da educação, da saúde e do emprego. No que diz
respeito aos refugiados e às pessoas deslocadas internamente, deve ser
assegurada a implementação efetiva da estratégia revista, em especial os seus
aspetos socioeconómicos. A Bósnia-Herzegovina continuou a participar ativamente
nas iniciativas de cooperação regional e a manter relações de boa vizinhança. No que diz respeito
aos critérios económicos, a Bósnia-Herzegovina realizou progressos
limitados na via de uma economia de mercado efetiva. Serão necessárias medidas
importantes para dar resposta às persistentes deficiências estruturais de forma
a poder fazer face às pressões concorrenciais e às forças de mercado no
interior da União a longo prazo. O crescimento
económico retomou timidamente e o défice da balança corrente diminuiu, num
contexto de persistentes desequilíbrios externos. A recuperação continua frágil
devido ao enfraquecimento da procura interna e a uma base de produção limitada.
As fortes inundações na primavera vieram agravar a situação económica e
orçamental a curto prazo. Foram envidados esforços para melhorar a coordenação
orçamental na Federação, bem como na cobrança de impostos indiretos. A
Bósnia-Herzegovina deve prosseguir a adoção urgente de medidas de preservação
da disciplina orçamental. Além disso, são necessários mais esforços para fazer
face à significativa presença do Estado na economia e reduzir o nível e
melhorar a composição e a orientação das despesas públicas. Além disso, a
ineficácia das empresas públicas deve também ser tratada de forma adequada. Uma
melhor coordenação entre e nas Entidades facilitará significativamente e
melhorará o processo de elaboração das políticas económicas. Os grandes
desequilíbrios do mercado de trabalho, tal como refletidos pela persistência de
elevados níveis de desemprego, nomeadamente entre os jovens, bem como a taxa de
participação muito baixa, exigem medidas decisivas para eliminar os
desincentivos ao trabalho e melhorar a qualidade do ensino. É conveniente, além
disso, suprir as deficiências no ambiente jurídico e empresarial, nomeadamente
a lentidão dos procedimentos de execução dos contratos e o custo elevado e a
complexidade dos procedimentos de entrada e de saída do mercado, bem como o
subdesenvolvimento das infraestruturas, a fim de apoiar o desenvolvimento do
setor privado e atrair o investimento, especialmente o investimento
estrangeiro. Neste contexto, o setor informal continua a
constituir um desafio importante. Além disso, deve ser combatido o elevado
nível de empréstimos improdutivos. Tal como no ano
passado, a falta de um verdadeiro apoio político à agenda da UE, a ausência de
um mecanismo de coordenação eficaz sobre questões relacionadas com a UE e
litígios internos sobre competências traduziram-se em progressos limitados no
que respeita à harmonização com a legislação e as normas da UE. Isto
refere-se, em especial, aos domínios da circulação de pessoas e de
trabalhadores, da livre prestação de serviços e do direito de estabelecimento,
da liberdade de circulação de bens, da proteção do consumidor, do emprego e das
políticas sociais, da educação, da cultura e da investigação, ao setor
industrial e das PME, aos domínios do ambiente e do clima e na área dos
transportes. Num certo número de domínios os progressos foram dificultados pela
falta de estratégias a nível nacional. Registaram-se
poucos progressos nos domínios da agricultura e desenvolvimento rural,
segurança alimentar, política veterinária e fitossanitária e pescas. A falta de
alinhamento pelos requisitos da UE neste domínio continua a impedir as
exportações de mercadorias de origem animal para a UE, uma situação lamentável
que exige esforços sérios e bem coordenadas para ser ultrapassada. No domínio da fiscalidade, a Bósnia-Herzegovina adotou um
regime fiscal específico para as pequenas empresas fabricantes de cerveja, que
não está conforme com as obrigações decorrentes do acordo provisório, na medida
em que discrimina as importações de cerveja. Não foram alcançados grandes
progressos no setor da energia devido à complexidade da estrutura
administrativa, aos litígios sobre competências entre o nível do Estado e o das
Entidades e à falta de vontade política. Tal conduziu, nomeadamente, a uma
violação grave e persistente das obrigações que lhe incumbem por força do
Tratado que institui a Comunidade da Energia no domínio do gás que precisa de
ser resolvida com urgência. São de assinalar progressos, nomeadamente no
domínio do mercado interno com a adoção da lei relativa à adjudicação de
contratos públicos, que permite ao país o alinhamento com as diretivas da UE de
2004. A cooperação entre organismos estatísticos a nível do Estado e das
Entidades melhorou, em especial no contexto do recenseamento da população e da
habitação. Kosovo
No que diz
respeito aos critérios políticos, a agenda política do Kosovo foi
dominada, no ano passado, pelas eleições locais e legislativas e suas
consequências. As eleições legislativas de junho foram transparentes e bem
organizadas. Decorreram sem grandes incidentes e os eleitores votaram
livremente em todo o Kosovo, incluindo nos quatro municípios do norte. As
eleições consolidaram os progressos realizados nas eleições locais de final de
2013. Em ambos os casos, o processo eleitoral melhorou. Houve menos casos de
fraude eleitoral do que nas eleições de 2010, tendo sido tratados de forma
eficiente. Um número considerável dos processos de 2010 encontram-se ainda
pendentes nos tribunais. O Kosovo tem ainda de dar seguimento às recomendações
das missões de observação eleitoral e dos peritos, que preconizam a adoção de
um código eleitoral exaustivo e a melhoria da exatidão das listas eleitorais. É
conveniente, aquando das reformas eleitorais, garantir que o quadro jurídico
que rege as eleições reflete as melhores práticas na UE. A recente adesão do
Kosovo à Comissão de Veneza pode contribuir para esse efeito. A incapacidade
de constituir a nova assembleia legislativa sem problemas e em tempo útil foi
um retrocesso. O novo governo e a assembleia terão de relançar o programa de
reformas do Kosovo. Estes dois poderes devem explorar o consenso político
existente no Kosovo sobre a integração europeia. O governo do Kosovo demonstrou
a sua capacidade para coordenar a sua agenda de integração na UE, nomeadamente
no que diz respeito às negociações sobre o AEA. Aproveitando os conhecimentos
especializados dos diferentes departamentos e instituições, os negociadores do
Kosovo envidaram esforços substanciais para examinar em pormenor o texto
proposto e analisar o seu eventual impacto, o que reflete uma boa compreensão
do impacto dos compromissos assumidos. A fim de
implementar e cumprir as obrigações que lhe incumbem por força do futuro Acordo
de Estabilização e de Associação, o executivo e a assembleia do Kosovo devem
centrar as atenções na implementação da legislação e das políticas. É
necessário que os planos legislativos e estratégicos reflitam de forma realista
os recursos necessários. A nova legislatura proporciona uma boa oportunidade
para melhorar a supervisão do poder executivo e o processo legislativo. O papel
da assembleia na supervisão de instituições e autoridades de regulação
independentes deve ser reforçado. A independência destes organismos deve ser
preservada e as nomeações para esses organismos devem realizar-se sem demora,
com base num processo de seleção justo e despolitizado, bem como em critérios
objetivos. Prosseguiu a boa
cooperação com a missão da UE para o Estado de Direito, a EULEX. As autoridades
do Kosovo assumiram um compromisso político substancial a favor da prorrogação
do mandato da missão e acordaram em instituir um tribunal especializado para se
pronunciar sobre as conclusões da equipa especial de investigação. Para
completar este processo, o Kosovo deve adotar as necessárias alterações
legislativas, incluindo no que diz respeito à sua Constituição. As autoridades
judiciais geriram bem os desafios estruturais com que se confrontaram, tais
como a reforma global do poder judicial adotada em 2013 e o processo de
transferência de algumas funções da EULEX para as autoridades locais. O diálogo
estruturado sobre o Estado de direito continuou a apoiar este processo. O
número de processos em atraso nos tribunais e a dificuldade em garantir uma
justiça independente e imparcial continuam a ser um desafio. As autoridades
judiciais do Kosovo têm de proceder, de forma proativa, a acusações baseadas em
provas admissíveis, e proferir sentenças devidamente fundamentadas e atempadas,
independentemente da opinião pública ou política que prevalece. No que diz
respeito à luta contra a corrupção e a criminalidade organizada, o número de
investigações de crimes relacionados com a droga aumentou, tendo alguns grupos
relacionados com o tráfico de seres humanos sido desmantelados. No entanto, o
Kosovo está ainda numa fase inicial da sua luta contra a criminalidade
organizada e a corrupção, como demonstrado pelo número reduzido de condenações
e apreensão de drogas. Os organismos com funções coercivas estão relutantes em
iniciar investigações financeiras e o número de casos de congelamento e
confisco de bens decretado pela justiça e executado pela polícia continua a ser
reduzido. A intimidação de testemunhas continua a ser um grande motivo de
preocupação. O novo governo e o Parlamento devem dar provas de tolerância zero
em relação à corrupção e criminalidade organizada e manifestar uma vontade
política clara de lutar contra a corrupção e a criminalidade organizada. A
classe política do Kosovo tem de demonstrar a sua disponibilidade para aceitar
o resultado de processos judiciais independentes. A luta contra a criminalidade
organizada e a corrupção é fundamental para combater a infiltração da
criminalidade nos sistemas político, jurídico e económico. A aplicação da
estratégia (2010-13) e do plano de ação (2012-14) sobre a reforma da
administração pública constituiu um grande desafio para o Kosovo, com
resultados muito limitados. Apoiado por um firme compromisso político, o Kosovo
deve estabelecer um quadro estratégico realista para a elaboração de políticas,
a planificação legislativa e a aplicação prática das reformas. É prioritária a
conclusão do quadro legislativo para a função pública, assegurando a sua
despolitização e a realização de avaliações de desempenho da função pública. O
Kosovo deve igualmente adotar uma lei relativa aos procedimentos
administrativos gerais, que é crucial para o desenvolvimento de um ambiente
favorável às empresas. Embora tenham sido adotados algumas disposições e regulamentos
em matéria de gestão das finanças públicas, o Kosovo deve adotar uma abordagem
mais abrangente das reformas neste domínio. O Kosovo deve garantir a sua
aplicação e melhorar o acompanhamento dado aos relatórios do Auditor-Geral. Os direitos
humanos e os direitos fundamentais continuam a ser, de um modo geral,
garantidos por lei no Kosovo. A comissão independente dos meios de comunicação
social está de novo operacional. Os autores da violência contra o jornal Kosovo
2.0 foram condenados com penas suspensas. As ameaças e os ataques à comunidade
de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais (LGBTI), bem como a
jornalistas e ativistas continuaram, o que continua a ser uma preocupação
importante. Há que criar as condições que garantem a liberdade de expressão e o
pluralismo dos meios de comunicação social. Os direitos de propriedade devem
ser efetivamente aplicados, incluindo o acesso das mulheres aos bens herdados.
O Kosovo tem ainda de racionalizar o seu sistema institucional encarregado da
proteção dos direitos humanos. As responsabilidades de cada um não são claras,
o que dificulta a aplicação da legislação e do acompanhamento. Foram atribuídas
terras a algumas famílias ciganas deslocadas internamente que viviam num
acampamento no Montenegro. O edifício principal do acampamento de ciganos de
Leposaviq/Leposavić foi encerrado. O conselho de aplicação e
acompanhamento contribuiu para uma maior proteção do património cultural e
religioso. No entanto, o Kosovo deve redobrar os seus esforços para
assegurar a aplicação dos quadros legislativos e estratégicos, nomeadamente do
plano de ação a favor da integração das comunidades cigana, ascáli e egipciana.
Os incidentes em matéria de segurança e os crimes contra pessoas pertencentes a
minorias e sua propriedade devem ser investigados e reprimidos de forma
exaustiva e rápida. As leis relativas ao centro histórico de Prizren e sobre
Velika Hoča/Hoçë e Madhe devem ser aplicadas. A ausência de progressos no
que diz respeito à aplicação da lei sobre Velika Hoča/Hoçë e Madhe é
motivo de especial preocupação, apesar as instruções administrativas do
Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território. São necessárias medidas
enérgicas para impedir as construções ilegais e a demolição de sítios do património
cultural. Quanto à
cooperação regional, o Kosovo realizou progressos suplementares, tendo
concluído novos acordos de cooperação bilaterais com alguns dos seus vizinhos. No
que diz respeito à normalização das relações com a Sérvia, o Kosovo
manteve-se empenhado no diálogo e globalmente comprometido com a aplicação do
primeiro acordo, de abril de 2013, sobre os princípios que governam a
normalização das relações e outros acordos concluídos no âmbito do diálogo. Tal
conduziu a uma série de alterações irreversíveis no terreno, como a realização
de eleições locais e legislativas realizadas a nível nacional pela primeira vez
e ao avanço significativo do desmantelamento das estruturas de polícia e de
justiça sérvias. Foi aprovada uma solução permanente para a integração do
Kosovo no processo de cooperação da Europa do Sudeste (SEECP). Embora não se
tenham realizado reuniões de alto nível desde as eleições antecipadas
organizadas no Kosovo, prosseguiram os trabalhos a nível técnico, permitindo a
realização de progressos nos domínios da cobrança de direitos aduaneiros, da
gestão integrada das fronteiras, da energia e das telecomunicações. No
entanto, os progressos registados na implementação do diálogo abrandaram em
geral. Foram realizadas eleições gerais antecipadas, tanto na Sérvia como no
Kosovo. É importante que o diálogo de alto nível seja retomado. É também
essencial que ambas as partes continuem a participar plenamente na aplicação de
boa fé de todos os acordos existentes. Novos progressos deviam
gradualmente conduzir à normalização completa das relações entre a Sérvia e o
Kosovo, sob a forma de um acordo juridicamente vinculativo concluído até ao
final das negociações de adesão da Sérvia, com a perspetiva tanto para a Sérvia
como para o Kosovo, de estarem em condições de exercer plenamente os seus
direitos e de assumir as suas responsabilidades. No que diz
respeito aos critérios económicos, o Kosovo realizou alguns progressos
na via da criação de uma economia de mercado efetiva. Serão necessários
esforços importantes para dar resposta às persistentes deficiências estruturais
de forma a poder fazer face às pressões concorrenciais e às forças de mercado
no interior da União a longo prazo. O crescimento
económico permaneceu positivo, situando-se em 3,4 %, mas não permitiu melhorar
as condições do mercado de trabalho. Subsistem importantes desequilíbrios
externos, não obstante uma certa redução do défice comercial. A estabilidade
macroeconómica foi globalmente preservada, apesar de aumentos ad hoc
significativos das despesas correntes durante o período pré-eleitoral, em
especial em matéria de salários e pensões. Essas práticas prejudicam a
transparência, a previsibilidade e a credibilidade da política orçamental,
complicam o planeamento orçamental e fazem evoluir a composição das despesas a
favor de despesas menos favoráveis ao crescimento. Reforçar o
planeamento orçamental e aplicar efetivamente a disciplina orçamental é de
importância vital. Além disso, as decisões sobre grandes projetos de
infraestruturas, como no setor dos transportes, devem basear-se em avaliações
adequadas dos custos-benefícios para maximizar as vantagens económicas. Tendo
em conta a taxa de desemprego persistente e muito elevada, devem ser envidados
esforços para facilitar o desenvolvimento do setor privado através de melhorias
no ambiente empresarial. Para esse efeito, devem ser rapidamente eliminados os
obstáculos decorrentes das deficiências das capacidades administrativas, da
dificuldade de acesso ao financiamento, bem como da lentidão e complexidade dos
procedimentos de privatização. O Kosovo deve assegurar um funcionamento
adequado do sistema jurídico e judicial, melhorar a execução dos contratos e
reduzir efetivamente os atrasos nos tribunais. Aelaboração das estatísticas
económicas deve ser melhorada. No que se refere
à aproximação à legislação e normas da UE, as instituições do Kosovo têm
demonstrado a sua capacidade para respeitar as prioridades políticas, tais como
as negociações do AEA, o diálogo sobre a liberalização dos vistos e o diálogo
com a Sérvia. Tal foi o resultado de fortes compromissos políticos. A obtenção
de resultados noutros domínios de reforma prioritários tem sido mais irregular.
O quadro jurídico de base que permite a circulação de capitais mantém-se em
vigor, mas os obstáculos à aquisição de bens imobiliários por estrangeiros
persistem. No domínio da concorrência, o Kosovo regista resultados limitados,
devido a uma supervisão muito fraca das práticas anticoncorrenciais e dos
auxílios estatais. O Kosovo deve garantir que as autoridades de concorrência
trabalham de forma eficaz e independente. A lei sobre a contratação pública foi
alterada de molde a introduzir preferências a favor dos produtores locais.
Estas preferências terão de ser suprimidas no prazo de cinco anos a contar da
data de entrada em vigor do AEA. Verificou-se uma
melhoria constante no fornecimento de energia ao Kosovo, com a consequência de
os cortes de eletricidade serem agora pouco frequentes. Uma explosão na central
Kosovo A sublinhou a fragilidade do sistema. O Kosovo deve preparar mais
ativamente o desmantelamento desta central. Registaram-se sólidos progressos
nos domínios da agricultura e da segurança alimentar, apesar da escassez de
recursos. A transferência de inspetores para a agência central deve ser
completada urgentemente. Esta medida é essencial para a aplicação das normas
alimentares e veterinárias, que são importantes para o comércio no contexto do
AEA. A falta de interesse pelo ambiente tornou-se uma questão importante para a
saúde pública e a qualidade de vida no Kosovo. Turquia
No que
diz respeito aos critérios políticos, o ano foi marcado uma vez mais por
grandes contrastes. Por um
lado, prosseguiu a aplicação das reformas adotadas em anos anteriores. Foram
adotadas e aplicadas várias medidas dos 3.º e 4.º pacotes de reformas do
sistema judiciário, bem como as medidas de democratização anunciadas e
apresentadas em setembro de 2013. Estas medidas, entre outras, diminuíram o
limiar para o apoio orçamental aos partidos políticos, permitiram a realização
de atividades políticas em línguas e dialetos diferentes do turco, e previram
um ensino privado em línguas e dialetos diferentes do turco. A adoção, em
março, de um plano de ação sobre a prevenção de violações da Convenção Europeia
dos Direitos do Homem (CEDH) constituiu uma etapa importante com vista ao
alinhamento do quadro e das práticas jurídicas da Turquia pela jurisprudência
do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH). O Tribunal Constitucional
continuou a aplicar o procedimento de recurso individual. Proferiu uma série de
acórdãos importantes, reforçando a proteção dos direitos fundamentais no país e
ilustrando a solidez do sistema constitucional turco. Em
junho, o Parlamento turco aprovou uma lei para «dar uma base jurídica mais
sólida ao processo de resolução» da questão curda. A lei foi aprovada com um
amplo apoio de todos os partidos políticos. Abrange medidas destinadas a
eliminar o terrorismo, a reforçar a inclusão social, a reintegrar os que saem
do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e deponham as armas, e a
preparar a opinião pública para o regresso de antigos combatentes. A lei
reforça a base em que assenta o processo de resolução da questão curda e
contribui de forma positiva para a estabilidade e a proteção dos direitos
humanos na Turquia. Em
setembro, o Ministério dos Assuntos Europeus apresentou uma «estratégia para a
União Europeia», destinada a dinamizar o processo de adesão da Turquia. Essa
estratégia assenta em três pilares: reformas políticas; uma transformação
socioeconómica no quadro do processo de adesão; uma estratégia de comunicação.
Prevê-se que será seguida de planos de ação com medidas concretas e um
calendário de aplicação. Por
outro lado, a resposta do governo às alegações de corrupção contra personalidades
de alto nível, incluindo membros do governo e suas famílias, suscitou graves
preocupações quanto à independência do poder judicial e do Estado de direito.
Esta resposta consistiu, nomeadamente, em alterações à Lei relativa ao Conselho
Superior da Magistratura e do Ministério Público e subsequentes inúmeras
reafetações ou despedimentos de juízes e magistrados do Ministério Público, bem
como a reafetação, o despedimento, ou mesmo a detenção, de um grande número de
agentes da polícia. Esta situação suscitou preocupações no que diz respeito às
capacidades operacionais do sistema judiciário e da polícia e faz levantar
sérias dúvidas quanto à sua capacidade para realizar investigações em casos de
alegada corrupção de forma não discriminatória, transparente e imparcial. O
Tribunal Constitucional considerou inconstitucional um certo número de
disposições da lei relativa ao Conselho Superior da Magistratura e do
Ministério Público, após o que o Parlamento alterou a legislação e restabeleceu
as disposições anteriores. Estes
desenvolvimentos resultaram também num aumento da polarização no espetro
político. Vários textos legislativos propostos pela maioria no poder, incluindo
sobre questões fundamentais para a democracia turca, foram adotados sem um
verdadeiro debate parlamentar ou uma consulta adequada das partes interessadas
e da sociedade civil. O processo de tomada de decisão global, tanto a nível
nacional como a nível local, devia prever uma consulta mais estruturada e
sistemática da sociedade civil. É essencial proceder a uma reforma do atual
enquadramento jurídico, tornando-o mais propício ao desenvolvimento das
organizações da sociedade civil em geral. No que
diz respeito à liberdade de expressão, prosseguiu um amplo debate público sobre
temas previamente considerados sensíveis, incluindo as questões curda e
arménia. No entanto, várias disposições do quadro jurídico turco, bem como a
respetiva interpretação pelos membros do sistema judicial continuam a entravar
a liberdade de expressão, nomeadamente a liberdade dos meios de comunicação
social. Alterações introduzidas na lei sobre a Internet restringiram a
liberdade de expressão na Internet. As proibições generalizadas do YouTube e do
Twitter suscitaram sérias preocupações. Estas proibições foram posteriormente
declaradas inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional. Os funcionários do
Estado continuaram a fazer declarações com um efeito intimidatório para os
meios de comunicação social. Este facto, combinado com a estrutura de
propriedade do setor dos meios de comunicação social da Turquia, conduziu a uma
autocensura generalizada na imprensa, bem como a demissões e despedimentos de
jornalistas. A
legislação turca relativa ao direito de reunião, centrando-se mais na
legalidade do que na natureza pacífica da manifestação, e a sua aplicação pelas
forças policiais, têm de estar em conformidade com as normas europeias. Deve
ser adotada uma legislação relativa à criação de uma comissão de acompanhamento
da aplicação da lei enquanto organismo de supervisão independente encarregado
das infrações policiais. A
definição pouco clara, em direito penal, de adesão a uma organização armada
continua a ser a fonte de um grande número de detenções e ações penais. Deve
ainda ser estabelecido um quadro jurídico compatível com o TEDH para reger as
questões de fé e de objeção de consciência. São necessários esforços
consideráveis para garantir de forma efetiva os direitos das mulheres, das
crianças, e das lésbicas, homossexuais, bissexuais, transexuais e transgénero
(LGBTI). A violência doméstica, os crimes de honra e a questão dos casamentos
precoces e forçados continuam a suscitar grande preocupação. A Turquia deve
garantir o pleno respeito de todos os direitos de propriedade, incluindo os das
comunidades religiosas não muçulmanas. Estas
lacunas devem ser colmatadas e as autoridades devem intensificar os seus
esforços para proteger outros direitos e liberdades fundamentais, a fim de que
todos os cidadãos possam exercer os seus direitos sem obstáculos. A
assinatura do acordo de readmissão UE-Turquia, em 16 de dezembro de 2013, em
paralelo com o início do diálogo sobre a liberalização dos vistos imprimiu uma
nova dinâmica às relações UE-Turquia. O acordo de readmissão entrou em vigor em
1 de outubro de 2014, ao passo que o primeiro relatório sobre os progressos
realizados pela Turquia no âmbito do roteiro relativo à liberalização do regime
de vistos será publicado em 20 de outubro de 2014. É importante que estes dois
processos avancem. Uma aplicação integral e efetiva face a todos os
Estados-Membros é fundamental. No que
diz respeito à luta contra a criminalidade organizada, a Turquia melhorou o seu
programa para combater o financiamento do terrorismo, consolidou a rede de
unidades de proteção das testemunhas e reorganizou as responsabilidades em
matéria de luta contra o tráfico de seres humanos. No entanto, expulsões
coletivas de agentes da polícia suscitaram preocupações quanto ao seu impacto
sobre as capacidades operacionais dos principais serviços de polícia que
participam na luta contra a criminalidade organizada. A luta contra a
criminalidade organizada e a corrupção é fundamental para combater a influência
ilícita dos grupos criminosos nos sistemas político, jurídico e económico. Em
matéria de política externa, a Turquia continuou a desempenhar um papel
importante no contexto da sua vizinhança alargada. Desempenhou um papel
particularmente importante em relação à Síria, condenando firmemente e em
várias ocasiões a violência exercida pelo regime sírio em relação aos civis,
apoiando o desenvolvimento de uma oposição mais unificada e fornecendo uma
assistência humanitária vital a mais de um milhão de sírios que fogem do seu
país. Continuou também a prestar apoio concreto às conversações do grupo E3 +3
com o Irão. Foram estabelecidas bases sólidas para uma maior segurança
energética europeia com a adoção das decisões finais de investimento para a
realização dos três projetos do corredor meridional de gás. O diálogo político
regular entre a UE e a Turquia prosseguiu, abrangendo tanto as questões
internacionais de interesse comum, como o Médio Oriente e a Ásia Central e as
questões mundiais como os combatentes estrangeiros e a não proliferação. A
Turquia prosseguiu a sua política de empenhamento nos Balcãs Ocidentais,
nomeadamente através da sua participação ativa no Processo de Cooperação da
Europa do Sudeste e do seu contributo para missões militares, de polícia e de
«Estado de direito», lideradas pela UE. Tendo em conta os graves desafios que
surgem na vizinhança imediata da Turquia, o diálogo com a UE deve
intensificar-se e o alinhamento pelas posições da UE melhorar. A Turquia apoiou
o reatamento de verdadeiras negociações entre os dirigentes das duas
comunidades em Chipre, sob os auspícios do Secretário-Geral das Nações Unidas.
A Turquia e a Grécia promoveram visitas recíprocas dos dois negociadores
principais a Ancara e Atenas, no quadro das negociações em curso. No entanto, a
Turquia continuou a emitir declarações contra o direito de a República de
Chipre explorar recursos de hidrocarbonetos na zona económica exclusiva de
Chipre para benefício de todos os cipriotas. Espera-se que a Turquia apoie
ativamente as negociações com vista a uma resolução justa, abrangente e viável
do problema de Chipre sob os auspícios das Nações Unidas, em conformidade com
as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU e em consonância com
os princípios em que assenta a UE. O empenhamento concreto da Turquia a favor
dessa resolução global continua a ser crucial. Apesar dos repetidos apelos do Conselho
e da Comissão, a Turquia ainda não cumpriu a sua obrigação de assegurar a
aplicação plena e não discriminatória do protocolo adicional ao Acordo de
Associação e não suprimiu todos os obstáculos à livre circulação das
mercadorias, nomeadamente as restrições relativamente às ligações de transporte
diretas com Chipre. Não se registaram quaisquer progressos na normalização das
relações bilaterais com a República de Chipre. A
Turquia deve empenhar-se inequivocamente em manter relações de boa vizinhança e
em resolver pacificamente quaisquer litígios, em conformidade com a Carta das
Nações Unidas, recorrendo, se necessário, ao Tribunal Internacional de Justiça.
Neste contexto, a UE manifestou uma vez mais sérias preocupações e instou a
Turquia a evitar qualquer tipo de ameaça ou ação contra um Estado-Membro, ou
fonte de fricção ou ações suscetíveis de prejudicarem as relações de boa
vizinhança e a resolução pacífica dos diferendos. A UE
congratulou-se com o facto de prosseguirem as iniciativas de cooperação entre a
Grécia e a Turquia para melhorar as relações bilaterais. Realizou-se o 58.º e
mais recente ciclo de conversações exploratórias para a delimitação da
plataforma continental. A Grécia e Chipre apresentaram queixas oficiais
relativamente às violações repetidas e cada vez mais numerosas das suas águas
territoriais e do seu espaço aéreo pela Turquia, nomeadamente os voos sobre as
ilhas gregas. Quanto aos critérios
económicos, a Turquia é considerada uma economia de mercado efetiva. O país
deve estar em condições de fazer face à pressão competitiva e às forças de
mercado na União a médio prazo, desde que acelere a aplicação de reformas
estruturais globais. Após o
abrandamento de 2012, a produção e o emprego registaram um crescimento
moderado. No entanto, o desemprego aumentou em consequência de uma forte
expansão da mão de obra. O défice da balança corrente, apesar de uma ligeira
diminuição em 2014, permaneceu a um nível elevado. A dependência do afluxo
sustentado de capitais torna a Turquia vulnerável às alterações da perceção do
risco a nível mundial, o que dá origem a grandes flutuações da taxa de câmbio. Embora o défice
orçamental e a dívida pública se mantenham em níveis moderados, a persistência
de derrapagens orçamentais do lado da despesa exige um reforço do quadro
orçamental. A política orçamental deve contribuir para o aumento global da
poupança nacional, tendo em conta a necessidade de reduzir o défice externo.
Considerando que a inflação segue uma tendência ascendente, continuando a
divergir do objetivo do banco central, a política monetária deve permanecer
restritiva e centrar-se claramente na estabilidade dos preços. Não obstante
alguns progressos realizados em matéria de privatizações e a liberalização do
mercado da eletricidade, é essencial acelerar as reformas estruturais em grande
escala para melhorar o funcionamento dos mercados dos bens, dos serviços e do
trabalho. Estas reformas devem incluir novas melhorias no sistema judiciário e
nas capacidades administrativas, reforçar a transparência dos auxílios
estatais, e garantir um sistema aberto, justo e competitivo em matéria de
contratos públicos. No que
respeita à capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão,
a Turquia continuou a alinhar a sua legislação pelo acervo. Em 2013, foi aberto
um novo capítulo de negociação (o capítulo 22, relativo à política regional e à
coordenação dos instrumentos estruturais). Foram
realizados progressos satisfatórios no que diz respeito às redes
transeuropeias. A Turquia tem igualmente dado passos importantes em domínios
essenciais no âmbito do capítulo 24, em especial no que se refere à
política de migração e de asilo, apesar da sobrecarga muito considerável que a
contínua crise dos refugiados representa. Foram realizados progressos no
domínio da energia, em especial a segurança do aprovisionamento e o mercado
interno da eletricidade, em matéria de direito das sociedades, política
empresarial e industrial, estatísticas, ciência e investigação, livre
circulação de capitais no que respeita à luta contra o branqueamento de
capitais e o financiamento do terrorismo, e da aplicação do programa de
pré-adesão relativo ao desenvolvimento rural. Globalmente,
a Turquia avançou no seu alinhamento em vários capítulos do acervo,
nomeadamente a liberdade de circulação de mercadorias, o direito das
sociedades, o direito de propriedade intelectual, os serviços financeiros, a
energia, a política económica e monetária, as estatísticas, a política
empresarial e industrial, as redes transeuropeias, a ciência e a investigação,
a união aduaneira e as relações externas. Em todos
os domínios, é necessário dar mais atenção às medidas relativas ao cumprimento
da legislação. A Turquia deve continuar a envidar esforços no domínio da
justiça, liberdade e segurança, segurança alimentar, política veterinária e fitossanitária,
ambiente e alterações climáticas. Ainda são necessários progressos
significativos nos capítulos relativos ao sistema judiciário e direitos
fundamentais, política social e emprego, em especial nos domínios do direito do
trabalho e saúde e segurança no trabalho. É necessário prosseguir o alinhamento
legislativo, em especial em matéria de contratos públicos, política da
concorrência, nomeadamente auxílios estatais, sociedade da informação e meios
de comunicação social. [1] COM(2012)
600 final. [2] COM(2013)
700 final. * Esta designação não
prejudica as posições relativas ao estatuto e está conforme com a Resolução
1244/99 do CSNU e o parecer do TIJ sobre a declaração de independência do
Kosovo. [3] COM(2014)
330 final. [4] Croácia, Sérvia,
Bósnia-Herzegovina e Montenegro. [5] Abril de 2013, «Primeiro
acordo sobre os princípios que governam a normalização das relações». [6] Livre
circulação de mercadorias; liberdade de estabelecimento e liberdade de
prestação de serviços (o Montenegro cumpriu o critério inicial relativo a este
capítulo e, como consequência, foi convidado a apresentar a sua posição de
negociação); política da concorrência; a agricultura e o desenvolvimento rural;
a segurança alimentar, a política veterinária e fitossanitária; pescas; energia;
política económica e monetária; política social e emprego; política regional e
coordenação dos instrumentos estruturais; ambiente e alterações climáticas. [7] Livre circulação de
capitais; contratos públicos; direito das sociedades; direito da propriedade
intelectual; sociedade da informação e meios de comunicação social; política
empresarial e industrial; política externa, de segurança e de defesa; controlo
financeiro.