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Document 52021IE2760
Opinion of the European Economic and Social Committee on ‘COVID-19: The role of civil society in the reconstruction and resilience of the Euro-Mediterranean region’ (own-initiative opinion)
Parecer do Comité Económico e Social Europeu — COVID-19: O papel da sociedade civil na reconstrução e na resiliência da região euro-mediterrânica (parecer de iniciativa)
Parecer do Comité Económico e Social Europeu — COVID-19: O papel da sociedade civil na reconstrução e na resiliência da região euro-mediterrânica (parecer de iniciativa)
EESC 2021/02760
JO C 140 de 21.4.2023, p. 14–19
(BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, GA, HR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)
21.4.2023 |
PT |
Jornal Oficial da União Europeia |
C 140/14 |
Parecer do Comité Económico e Social Europeu — COVID-19: O papel da sociedade civil na reconstrução e na resiliência da região euro-mediterrânica
(parecer de iniciativa)
(2023/C 140/03)
Relator: |
Angelo PAGLIARA |
Decisão da Plenária |
25.3.2021 |
Base jurídica |
Artigo 52.o, n.o 2, do Regimento |
|
Parecer de iniciativa |
Competência |
Relações Externas |
Adoção em secção |
20.12.2022 |
Adoção em plenária |
24.1.2023 |
Reunião plenária n.o |
575 |
Resultado da votação (votos a favor/votos contra/abstenções) |
183/0/5 |
1. Introdução
1.1. |
A crise pandémica atingiu duramente a região euro-mediterrânica, agravando os problemas existentes e criando novos desafios que se somam aos anteriores. As consequências socioeconómicas são suscetíveis de aumentar as desigualdades, especialmente nos países com sistemas económicos e de produção fracos. |
1.2. |
O Comité de Acompanhamento para o Euromed do CESE decidiu centrar-se no papel da sociedade civil na reconstrução e resiliência da região euro-mediterrânica. |
1.3. |
As organizações da sociedade civil da região euro-mediterrânica e os conselhos económicos e sociais de vários países participaram na elaboração do presente relatório. Estabeleceu-se uma cooperação estreita em especial com o Conselho Económico, Social e Ambiental de Marrocos, que coorganizou a Cimeira Euromed de 2021. |
1.4. |
O relatório de informação reveste-se, portanto, de valor acrescentado significativo, dada a participação da sociedade civil dos dois lados do Mediterrâneo. |
1.5. |
O presente relatório complementa relatórios de informação anteriores subordinados aos seguintes temas: «Ensino e formação profissional na região euro-mediterrânica»; «A digitalização e as PME na região euro-mediterrânica» e «Desenvolvimento sustentável na região mediterrânica» (1). |
2. Conclusões
2.1. |
A nível mundial, a sociedade civil reagiu de imediato à pandemia operando na linha da frente e prestando assistência e ajuda à população. A sociedade civil da região euro-mediterrânica também desempenhou um papel crucial na atenuação dos efeitos negativos da COVID-19. |
2.2. |
Na região euro-mediterrânica, as organizações da sociedade civil coadjuvaram a ação dos governos prestando serviços essenciais e cuidados de saúde, distribuíram equipamento de proteção individual e contribuíram para divulgar as informações essenciais, sobretudo nas zonas periféricas. A sua ação foi fundamental, inclusive para atenuar os efeitos da pandemia nas camadas mais vulneráveis da população, como as mulheres, os jovens, os imigrantes e as pessoas com deficiência. |
2.3. |
A ação da sociedade civil permitiu reforçar a solidariedade na região euro-mediterrânica. Muitas organizações da sociedade civil da vizinhança meridional criaram grupos de solidariedade cívica, testando metodologias inovadoras e intensificando as suas atividades de informação e coordenação em linha. |
2.4. |
O CESE está convicto de que a recuperação económica e social, justa e equitativa, só é possível através da participação dos parceiros sociais e das organizações da sociedade civil, do setor privado e, em especial, das PME. A recuperação da região do Mediterrâneo e o desenvolvimento de modelos socioeconómicos sustentáveis e resilientes devem nortear-se por princípios como o respeito pelo Estado de direito, a proteção dos valores democráticos e dos direitos sociais e humanos, a aplicação das convenções fundamentais da OIT e o compromisso comum para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a neutralidade climática. |
2.5. |
O CESE congratula-se com a adoção da nova Agenda para o Mediterrâneo e salienta a necessidade de todas as medidas de apoio à recuperação se orientarem pelo duplo objetivo de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população da região. |
2.6. |
Atualmente, a região do Mediterrâneo concentra vários desafios sociais, políticos, ambientais, geopolíticos e de imigração. Trata-se de desafios fundamentais não só para a Europa, mas também para todo o mundo. O CESE considera que os crescentes desafios multidimensionais da região só podem ser enfrentados através de um multilateralismo renovado e eficaz sob os auspícios da União Europeia. |
2.7. |
A desertificação, a escassez de água e o aumento das temperaturas são efeitos das alterações climáticas que também se fazem sentir na região do Mediterrâneo. A crise atual pôs em evidência a necessidade de reforçar a resiliência comum e de lançar novos reptos de cooperação no domínio do ambiente e da digitalização. Tendo em conta a crescente sensibilização da sociedade civil e graças a uma maior participação dos parceiros sociais, o CESE considera que seria útil alargar e reforçar iniciativas como a Iniciativa WestMED, a fim de contribuir para a consecução dos objetivos climáticos e ambientais através de modelos da economia azul que visem a criação de emprego e a proteção do ecossistema e da diversidade. |
2.8. |
Uma década após a Primavera Árabe, a União Europeia renovou a sua estratégia de cooperação com a vizinhança meridional. Neste contexto, o CESE considera que a nova Agenda para o Mediterrâneo é um instrumento fundamental para a recuperação económica e social da região na sequência da crise da COVID-19. Este empenho numa parceria renovada deve articular-se de forma estreita não só com os desafios económicos e sociais, mas também com os desafios ambientais, demográficos e de imigração, no pleno respeito do progresso e dos valores fundadores da União. A situação dos sistemas de saúde é frágil em muitas partes da região e a crise pandémica constitui um teste significativo que pode também afetar a estabilidade política. |
2.9. |
Nos programas de recuperação e reconstrução da região mediterrânica, importa dar especial atenção à retoma rápida do setor do turismo e, especialmente, das pequenas e médias empresas que empregam mais de metade dos trabalhadores na UE. O impacto prolongado da crise terá repercussões sociais graves, tendo em conta o desemprego estrutural, especialmente o desemprego dos jovens e das mulheres. |
2.10. |
O desenvolvimento do capital humano da mão de obra é especialmente importante para o desenvolvimento sustentado dos parceiros mediterrânicos da UE. Importa promover, em especial, a formação do pessoal no setor do turismo. Além disso, o CESE observa que o problema da «fuga de cérebros» dos países parceiros meridionais para os países altamente industrializados constitui um obstáculo importante, em particular para a transformação digital das suas economias. Por conseguinte, os Estados-Membros da União Europeia devem agilizar as autorizações de trabalho a curto e médio prazo na UE para os trabalhadores por conta própria e por conta de outrem, sobretudo no setor das tecnologias da informação. Ademais, a Comissão Europeia deve apoiar a execução de projetos digitais nos países para que, em especial, os técnicos informáticos possam encontrar boas oportunidades de emprego nos seus países de origem. |
2.11. |
A fim de reforçar o diálogo com a vizinhança meridional, a UE recorrerá aos instrumentos e programas de cooperação existentes. O Comité Económico e Social Europeu recomenda a mais ampla participação das organizações da sociedade civil através de um diálogo civil e social inclusivo a todos os níveis que tenha em conta as especificidades e os papéis dos vários intervenientes envolvidos e que sublinhe o seu contributo para a conceção e aplicação das políticas e das medidas necessárias para gerir o impacto das transformações e crises atuais, a começar pelos efeitos das alterações climáticas. |
2.12. |
Estima-se que muitos países da vizinhança meridional registarão uma redução do PIB per capita e terão grandes dificuldades para fazer frente aos riscos sociais, económicos e de pobreza crescentes. Por este motivo, são necessários planos de reconstrução económica e financeira, com medidas que possam também resolver os problemas que estão na origem da cada vez maior precariedade social. |
2.13. |
A recuperação económica de muitos países da vizinhança meridional está estreitamente ligada à eficácia de uma campanha de vacinação adequada, pelo que o CESE recomenda o reforço do Mecanismo COVAX e que as instituições europeias prestem o máximo apoio logístico e de aprovisionamento possível, inclusivamente através de acordos bilaterais. O CESE salienta que é particularmente importante apoiar os países parceiros do sul do Mediterrâneo na criação de instalações de produção autónoma de vacinas e medicamentos nos seus países. Neste contexto, reitera o apelo para que se debata seriamente a possibilidade de suspender as patentes das vacinas e dos medicamentos que visam combater pandemias. |
2.14. |
No âmbito da recuperação após a crise da COVID-19, o CESE considera que a participação ativa da sociedade civil contribuirá para alcançar objetivos como a melhoria da qualidade de vida das populações e a elaboração de um novo modelo de desenvolvimento sustentável. Insta, por conseguinte, as instituições europeias a reforçarem ainda mais todos os instrumentos de participação das organizações da sociedade civil, no âmbito da parceria com a vizinhança meridional. |
2.15. |
As organizações da sociedade civil estiveram na linha da frente do apoio à resposta sanitária e social à pandemia e a sua participação permitiu atenuar as consequências sociais e para a saúde da população. No entanto, como já salientado pelo CESE, a sua capacidade de resposta às necessidades da sociedade está amiúde condicionada pela limitação e inconstância dos recursos. O CESE está convicto de que cumpre reforçar os mecanismos de apoio às organizações da sociedade civil, a fim de proteger melhor os grupos mais vulneráveis particularmente afetados pela pandemia, como os jovens, as mulheres, os migrantes e as pessoas com deficiência. |
2.16. |
O CESE exorta as instituições europeias a lançarem novas ações em prol da paz, da democracia e do respeito pelos direitos humanos nas zonas de conflito situadas na vizinhança meridional. As condições das populações que vivem em zonas de conflito deterioraram-se ainda mais em resultado da pandemia, sendo necessários esforços consideráveis para assegurar um plano de paz completo. |
2.17. |
Tendo em conta que a recuperação da crise pandémica será certamente difícil, as negociações comerciais em curso entre a UE e Marrocos e a Tunísia, assim como as próximas negociações com a Jordânia, assumem especial importância. A UE deve ter mais em conta as assimetrias existentes e adaptar-se adequadamente a cada um dos seus parceiros comerciais meridionais. O CESE apela para uma maior participação das organizações da sociedade civil e dos parceiros sociais nos processos de negociação, assim como para o seu reconhecimento formal nos Tratados, a fim de lhes permitir dar um contributo positivo para as relações comerciais entre os países parceiros, em particular para assegurar a aplicação dos capítulos obrigatórios em matéria de sustentabilidade dos futuros acordos comerciais. |
2.18. |
Além disso, o CESE propõe que as organizações da sociedade civil e os parceiros sociais sejam responsáveis não só pelos capítulos relativos à sustentabilidade, mas também por todo o âmbito de aplicação dos acordos comerciais e de investimento, enquanto elemento da sua participação formal estruturada. |
2.19. |
O CESE reitera o seu ponto de vista de que a UE deve reservar uma parte dos seus recursos de ajuda ao comércio para o apoio à participação e ao reforço das capacidades das organizações da sociedade civil, no âmbito dos esforços em matéria de comércio e investimento sustentáveis. |
2.20. |
O CESE já apelou, no passado, para o reforço das competências digitais em ambos os lados do Mediterrâneo. Na sequência da adoção da nova estratégia para o Mediterrâneo e tendo em vista a reconstrução pós-pandemia, o CESE recorda a necessidade de reforçar o investimento em infraestruturas digitais e de apoiar a transformação digital das PME enquanto motores do emprego e do desenvolvimento social, nomeadamente através da participação dos parceiros sociais, reconhecendo o potencial da negociação coletiva e do diálogo social a vários níveis. |
3. Observações gerais
3.1. |
A crise pandémica exacerbou os pontos mais críticos da vizinhança meridional. Vinte e cinco anos após a Declaração de Barcelona e dez anos após a Primavera Árabe, a região continua a fazer frente a desafios enormes. A União Europeia e os seus parceiros na região mediterrânica decidiram recentemente relançar e reforçar a cooperação através da ambiciosa «nova Agenda para o Mediterrâneo». |
3.2. |
A nova agenda baseia-se na convicção de que só trabalhando em conjunto e num espírito de parceria será possível fazer frente com êxito aos desafios estratégicos do futuro no interesse de ambas as partes. A agenda inclui um plano económico e de investimento específico para apoiar a recuperação social e económica da vizinhança meridional em 2021-2027. Como declarado pelo alto representante Josep Borrell, o objetivo comum consiste em construir uma vizinhança meridional pacífica, segura, mais democrática, mais respeitadora do ambiente, próspera e inclusiva. |
3.3. |
Num estudo recente publicado no âmbito do Programa Med Dialogue for Rights and Equality [Diálogo mediterrânico para os direitos e a igualdade] intitulado «Bridging the Sea» (2), transparece que quase 63 % das organizações da sociedade civil ativas na vizinhança meridional se dedicam a questões como a consolidação da democracia e dos direitos, ao passo que mais de 53 % procuram, nomeadamente, combater as desigualdades socioeconómicas. A sensibilidade e atenção às questões ecológicas e ambientais ganham cada vez mais importância para estas organizações. Estes dados confirmam a existência de uma base sólida e a necessidade de reforçar o apoio à sociedade civil, a fim de responder melhor aos desafios do futuro. |
3.4. |
A sociedade civil nos países da vizinhança meridional reforçou a sua presença ao longo das duas últimas décadas. A sua participação ativa permitiu atenuar as consequências sociais e para a saúde da população, mas, ao mesmo tempo, pôs em evidência a necessidade de adotar medidas para reforçar as capacidades e competências da sociedade civil para funcionar melhor. |
3.5. |
A região do Mediterrâneo, tal como o resto do mundo, sofreu um choque económico e social forte em resultado da pandemia de COVID-19. As consequências sociais e sanitárias foram agravadas pela falta de infraestruturas de saúde pública adequadas, especialmente nos países mais frágeis. A crise pandémica veio juntar-se às crises já existentes em vários países, devido a uma série de fatores, como o já precário desenvolvimento económico e social, os elevados níveis de desemprego e as consequências dos conflitos em algumas zonas, como a Líbia e a Síria. |
3.6. |
Embora com diferenças significativas, os governos da região do Mediterrâneo reagiram de imediato para conter a propagação da pandemia, adotando medidas de apoio aos trabalhadores e às empresas, nomeadamente em colaboração com os parceiros sociais e as organizações da sociedade civil, apesar de a respetiva participação ter sido amiúde insuficiente e, em alguns casos, inexistente. A fim de conter os efeitos da pandemia, quase todos os países da região do Mediterrâneo adotaram medidas de confinamento, como em Marrocos, no Egito, na Jordânia e no Líbano, recolhimento obrigatório e restrição das deslocações. |
3.7. |
Na sequência da crise pandémica, muitos governos da região adotaram políticas expansionistas para fazer frente à crise económica e apoiar setores específicos, incentivando a produção, introduzindo benefícios fiscais e económicos e adotando medidas para atrair investimento. |
3.8. |
A pandemia teve consequências económicas negativas em toda a região do Mediterrâneo, não só devido a fatores como a redução da procura interna e externa e a queda do consumo, mas também devido à deterioração da situação financeira e da dívida pública. Desde o início da crise pandémica, os governos da região transferiram recursos adicionais para os sistemas de saúde e económico a fim de apoiar determinados setores. Por este motivo, o défice público de quase todos os países da região do Mediterrâneo aumentará consideravelmente. |
3.9. |
O setor dos transportes foi duramente afetado por medidas restritivas que impediram e reduziram a mobilidade internacional. Consequentemente, o turismo foi um dos setores mais afetados pela crise pandémica. Segundo estimativas da OCDE, o setor contraiu-se entre 45 e 70 % e o turismo internacional caiu entre 60 e 80 % (3). O turismo é um dos principais setores económicos dos países do Mediterrâneo e, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), o Egito e Marrocos estarão entre os países mais afetados a nível mundial (4). |
3.10. |
As micro, pequenas e médias empresas e os trabalhadores por conta própria são uma das componentes importantes da economia dos países situados na margem sul do Mediterrâneo. Tiveram de reduzir consideravelmente o seu volume de negócios e a grande maioria foi forçada a diminuir o número de trabalhadores. Assim, serão necessárias medidas estruturais para ajudar as PME a sair da crise, prosperar e inovar, abordando o duplo desafio da digitalização e da descarbonização. |
3.11. |
A crise pandémica na região do Mediterrâneo afetou todos os grupos sociais, em especial: os jovens em virtude do agravamento do mercado de trabalho e do encerramento das escolas e universidades; as mulheres que, em algumas zonas da vizinhança meridional, trabalham sobretudo na economia informal, na agricultura e no setor do turismo gravemente afetado pelas medidas de confinamento; os grupos vulneráveis como os trabalhadores informais e os refugiados, que muitas vezes não beneficiaram das medidas de proteção social, e as pessoas com deficiência devido à não prestação frequente de serviços. |
3.12. |
Em algumas zonas da vizinhança meridional, fatores como a escassez de água e o acesso deficiente ao saneamento exacerbaram o impacto da pandemia, especialmente nos estratos sociais mais isolados, nas zonas de conflito e nos campos de refugiados. |
4. Desafios e oportunidades
4.1. |
Como salientado pelo secretário-geral da União para o Mediterrâneo (5), a crise sanitária atual põe em risco o progresso socioeconómico da região verificado nos últimos anos. No entanto, a crise constitui uma oportunidade para reforçar a integração e tornar as economias mais resilientes. |
4.2. |
A sociedade civil na região euro-mediterrânica desempenha um papel da maior importância para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva após a pandemia. Do mesmo modo, como salientado na Cimeira Social do Porto (6), a participação ativa dos parceiros sociais e das organizações da sociedade civil é crucial para que ninguém fique para trás e para a aplicação efetiva do Pilar Europeu dos Direitos Sociais. |
4.3. |
A COVID-19 e as medidas conexas adotadas põem em risco a sustentabilidade da sociedade civil. Os governos e muitos doadores suspenderam as subvenções e congelaram o financiamento, redirecionando as verbas para os esforços de auxílio no âmbito da COVID-19. O resultado desta ação ameaça a já frágil sustentabilidade das organizações da sociedade civil, a possibilidade de continuarem ao serviço das comunidades e o emprego de muitos trabalhadores da sociedade civil. No entanto, depositam-se grandes expectativas nessas organizações. O CESE frisa que as subvenções com vista a assegurar a sustentabilidade organizacional e o financiamento para apoio das atividades essenciais são cruciais para que as organizações da sociedade civil se possam adaptar a situações em rápida transformação e prosseguir a sua atividade durante as crises. |
4.4. |
O CESE salienta que o Mediterrâneo é uma das regiões mais vulneráveis do mundo aos impactos das alterações climáticas. A COVID-19 afetou negativamente a situação social e o desenvolvimento, tornando urgente a adoção de estratégias em matéria de desenvolvimento sustentável e para uma economia verde. |
4.5. |
A adoção de planos de recuperação na região do Mediterrâneo tem o potencial de assegurar o desenvolvimento económico, social e ambiental da região. É essencial associar essa oportunidade de desenvolvimento ao respeito por princípios como a solidariedade, a luta contra as desigualdades, a proteção e o respeito pelo Estado de direito. A participação ativa da sociedade civil é essencial para a consecução de todos os objetivos. |
4.6. |
Nos países da vizinhança meridional, as ações destinadas a conter os problemas ambientais relacionados com as alterações climáticas, a escassez de água, a desertificação e a poluição devem assumir especial importância nos futuros planos de reconstrução pós-COVID-19, a par do crescimento económico. As ações de defesa e proteção do ambiente podem ter um impacto positivo na região mediterrânica ao diversificarem a economia e ao criarem postos de trabalho de qualidade. Neste contexto, o CESE chama a atenção para o potencial muito elevado das energias renováveis (em especial a energia solar e eólica) nos países parceiros meridionais e insta a UE e os seus Estados-Membros a fomentarem investimentos conjuntos mais sustentáveis nesse domínio. |
4.7. |
O CESE já salientou a necessidade de promover uma transição justa na região do Mediterrâneo, com vista a obter um impacto positivo na saúde, na educação e na igualdade de género. A fim de assegurar uma recuperação verdadeiramente norteada pelos princípios da transição e da digitalização, será crucial promover a sensibilização e o desenvolvimento de um espírito empreendedor e de competências digitais específicas. O CESE subscreve o apelo dos países parceiros meridionais para um maior empenho da UE e dos seus Estados-Membros no domínio da investigação e da cooperação para o desenvolvimento no Mediterrâneo. |
4.8. |
Num contexto caracterizado por uma percentagem significativa de emprego e economia informal, a retoma na vizinhança meridional está também estreitamente ligada ao desenvolvimento de um modelo eficaz de formação profissional e educação. O CESE reitera a necessidade de reforçar as competências profissionais, em especial dos jovens e das mulheres, para que as possam utilizar em contextos nacionais e transnacionais, numa ótica de «cérebros circulares». As organizações da sociedade civil também desempenham um papel importante no reforço das competências através da educação não formal e da organização de seminários e de formações, assim como da promoção da economia social. O Comité frisa igualmente a necessidade, já salientada no diálogo regional com os parceiros sociais da União para o Mediterrâneo, de designadamente envolver os parceiros sociais, a fim de resolver o problema do desfasamento entre a oferta e a procura no mercado de trabalho. |
Bruxelas, 24 de janeiro de 2023.
A Presidente do Comité Económico e Social Europeu
Christa SCHWENG
(1) Além disso, o presente relatório de informação insere-se no âmbito de pareceres recentes do CESE sobre o tema em apreço, nomeadamente: Parecer do Comité Económico e Social Europeu — Proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que cria um Mecanismo de Recuperação e Resiliência [COM(2020) 408 final — 2020/0104 (COD)] — Proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que cria um Instrumento de Assistência Técnica [COM(2020) 409 final — 2020/0103 (COD)] (JO C 364 de 28.10.2020, p. 132); Parecer — Regulamento relativo à Iniciativa de Investimento de Resposta ao Coronavírus (ECO/515) (ainda não publicado no Jornal Oficial); Parecer do Comité Económico e Social Europeu — Emergência pós-COVID-19: criação de uma nova matriz multilateral (parecer de iniciativa) (JO C 364 de 28.10.2020, p. 53).
(2) https://meddialogue.eu/wp-content/uploads/2021/02/Publication-Bridging-the-sea.pdf
(3) https://read.oecd-ilibrary.org/view/?ref=124_124984-7uf8nm95se&title=Covid-19_Tourism_Policy_Responses&_ga=2.143901749.1647750476.1622806508-1692148678.1622806341
(4) https://unctad.org/system/files/official-document/ditcinf2020d3_en.pdf
(5) Ministros dos Negócios Estrangeiros da UM definem domínios prioritários para uma maior cooperação e integração na região euro-mediterrânica — União para o Mediterrâneo — UM (ufmsecretariat.org).
(6) https://www.2021portugal.eu/pt/cimeira-social-do-porto/compromisso-social-do-porto/