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Document 52016IR6620

    Parecer do Comité das Regiões Europeu — A saúde nas cidades: um bem comum

    JO C 306 de 15.9.2017, p. 37–42 (BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, HR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)

    15.9.2017   

    PT

    Jornal Oficial da União Europeia

    C 306/37


    Parecer do Comité das Regiões Europeu — A saúde nas cidades: um bem comum

    (2017/C 306/08)

    Relator:

    Roberto Pella (IT-PPE), presidente do município de Valdengo

    RECOMENDAÇÕES POLÍTICAS

    O COMITÉ DAS REGIÕES EUROPEU (CR)

    Observações gerais

    1.

    reconhece que o conceito de saúde é um elemento imprescindível ao bem-estar de uma sociedade e que esse conceito não se limita apenas à sobrevivência física ou à ausência de doença, mas engloba também os aspetos psicológicos, as condições naturais, ambientais, climáticas e de habitação, bem como a vida laboral, económica, social e cultural, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS);

    2.

    frisa que as cidades desempenham um papel importante na promoção da saúde em resultado do fenómeno da urbanização, uma vez que 70 % da população mundial reside em zonas urbanas;

    3.

    reitera que as medidas, os procedimentos de financiamento e as prioridades da UE costumam estar centrados nas grandes cidades, e que há que dar mais atenção ao importante efeito cumulativo das cidades e dos municípios de pequena e média dimensão, que têm entre 5 000 e 100 000 habitantes e onde vive mais de metade da população da UE (1), bem como ao vasto leque de possibilidades que oferecem em matéria de elaboração e implementação das regras destinadas a melhorar a saúde pública na UE;

    4.

    salienta que o termo «Health City» (cidade da saúde), introduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pressupõe a ideia de uma comunidade consciente da importância da saúde como bem coletivo, capaz de estimular e de executar políticas claras para proteger e melhorar as atuais formas de assistência social e de prevenção, a fim de aumentar a resiliência e a esperança de vida saudável, bem como de reduzir os riscos de deficiência, promovendo simultaneamente os objetivos de desenvolvimento sustentável;

    5.

    observa que apesar de muitas das 12 parcerias lançadas pelo Pacto de Amesterdão de 2016 para a execução da Agenda Urbana da UE dizerem respeito a questões relacionadas com a saúde, ainda não foi consagrada nenhuma parceria específica a esta questão; lamenta, além disso, que a Agenda Urbana da UE não preveja uma cooperação transversal entre os vários níveis administrativos a fim de avaliar precocemente os efeitos na saúde; solicita, por conseguinte, que se inclua a definição de saúde, avaliação da saúde e promoção da saúde na Agenda Urbana da UE, evidenciando o seu impacto na saúde;

    6.

    observa que a saúde pública é uma competência nacional, e que o papel da UE consiste, principalmente, em complementar as políticas dos Estados-Membros ajudando o governo a alcançar objetivos comuns e a realizar economias de escala;

    7.

    realça que é necessário estudar e examinar os determinantes da saúde, nomeadamente no que respeita à saúde nas cidades, e avaliar as oportunidades e as questões decorrentes do aumento da esperança média de vida;

    8.

    reputa necessário rever os mecanismos de assistência social com base nos dados relativos às diferentes necessidades e aos diferentes condicionalismos de cada grupo da população, que apontam para uma tendência para o crescimento das faixas etárias de idade mais elevada, o que corresponde ao aumento da esperança de vida, e para o aumento das desigualdades entre grupos sociais, a que acresce o fenómeno da migração, que constitui um desafio adicional para os serviços sociais e de saúde;

    9.

    entende que os órgãos de poder local e regional são os garantes de uma rede de equidade e de governação colaborativa a vários níveis em que as instituições, as empresas, as organizações da sociedade civil e os cidadãos podem contribuir para o planeamento de um espaço urbano partilhado, justo e harmonioso;

    10.

    salienta a possibilidade de recomendar e adotar instrumentos concretos para a saúde nas cidades como bem comum no âmbito dos seguintes domínios de política prioritários:

    urbanismo,

    mobilidade e transportes,

    ambiente e alimentação saudável,

    desporto, atividade física e educação,

    governação.

    Urbanismo

    11.

    reclama a integração da saúde e da respetiva definição no conteúdo da Agenda Urbana da UE, promovendo uma nova cultura de planeamento partilhado que possa contribuir para o ordenamento do território, promover a saúde e criar condições favoráveis para a mesma;

    12.

    convida os órgãos de poder local a utilizarem as Ações Urbanas Inovadoras — uma iniciativa da Comissão Europeia com um orçamento total do FEDER de 372 milhões de EUR para o período 2014-2020 (apesar de a saúde não ser referida especificamente como área prioritária), de forma a fornecer às zonas urbanas recursos para testar novas soluções ainda não exploradas a fim de fazer face aos desafios urbanos e refletir sobre ações inovadoras que possam igualmente responder a alguns dos seus desafios no domínio da saúde;

    13.

    exorta à aplicação de políticas que visem a integração da assistência social e da saúde e a melhoria das condições sociais, económicas e ambientais dos bairros desfavorecidos ou que sofrem de desvantagens;

    14.

    chama a atenção para a proteção do bem-estar dos segmentos mais vulneráveis da população, com destaque para as mães e as crianças, e mais expostos a problemas de saúde como as doenças mentais, as doenças físicas ou a deficiência, enquanto prioridade do combate às disparidades socioeconómicas e às crescentes desigualdades com vista à coesão social nas zonas urbanas. Com efeito, a correlação entre os indicadores sociais e de saúde (como o índice global de mortalidade, a deficiência, a saúde subjetiva) demonstra que as disparidades se verificam por escalões (coeficiente de Gini), ou seja, a cada posição na escala social corresponde um nível de saúde menos favorável do que o da posição superior e mais favorável do que o da inferior, o que leva a supor que para que as medidas de combate a este fenómeno apresentem resultados efetivos não bastam soluções seletivas concentradas nas pessoas de alto risco e é necessário ter em conta todo o escalão;

    15.

    considera essencial desenvolver políticas que permitam assegurar um envelhecimento são e ativo de qualidade, num quadro de bem-estar tanto físico como mental e social ou relacional, promovendo a participação nas atividades recreativas da cidade e os programas intergeracionais, também a fim de combater a solidão e o isolamento;

    16.

    frisa que é necessário reforçar as políticas de promoção da saúde, prevenção e integração social e sanitária dos migrantes enquanto prioridade para a inclusão social, recorrendo nomeadamente a modelos de mediadores culturais presentes nas cidades (por exemplo, a RE-HEALTH (2)) e dedicando atenção às vítimas de experiências traumáticas, em especial as crianças;

    17.

    sugere que se avaliem os potenciais benefícios e custos da criação, nos principais centros urbanos, de um observatório dos fatores que determinam a saúde, segundo definições e metodologias europeias harmonizadas, isto é, um centro de informação (focal point on HiAP — ponto de contacto para a saúde em todas as políticas) que daria aos órgãos de poder local e regional acesso a exemplos de boas práticas, estudos de caso, relatórios, possibilidades de financiamento, etc., sobre a matéria;

    18.

    recomenda que as cidades que ainda não disponham de um serviço deste género avaliem os potenciais benefícios e custos da criação da figura do gestor da cidade da saúde (Health City Manager), que deverá interpretar as necessidades manifestadas pela cidade e orientar o respetivo processo de melhoria em colaboração com as administrações locais, coordenando as suas políticas e assegurando a sua execução;

    19.

    considera que um bom ordenamento do território, que vise a melhoria da saúde dos cidadãos, deve não só prever a identificação de espaços verdes, mas também comportar uma avaliação geral do ecossistema das cidades e das regiões;

    Mobilidade e transportes

    20.

    frisa a importância de desenvolver políticas locais de planificação dos transportes públicos urbanos, dos transportes ativos e da mobilidade urbana, assentes na sustentabilidade ambiental e na saúde dos cidadãos. Neste contexto, chama a atenção para a versão revista do programa de trabalho do Horizonte 2020 para o período 2016-2017 no que respeita a «Transportes inteligentes, ecológicos e integrados» (com um orçamento de mais de 6,3 mil milhões de EUR para o período 2014-2020), nomeadamente para o seu capítulo sobre «Mobilidade urbana», e recomenda que os decisores políticos explorem as possibilidades oferecidas pelo programa para investir nos seus projetos de mobilidade local;

    21.

    reitera o seu apoio ao planeamento da mobilidade urbana sustentável e encoraja a conceção de políticas de transporte e de ordenamento/utilização do território segundo uma hierarquia da mobilidade sustentável, que privilegie incentivos e medidas destinados a tornar mais seguras e atraentes as deslocações ativas a pé ou de bicicleta, bem como a promoção dos transportes públicos multimodais; solicita ser incluído no grupo de coordenação da Plataforma Europeia para os Planos de Mobilidade Urbana Sustentável;

    22.

    encoraja os órgãos de poder local e regional a apoiar políticas europeias que incentivem a transição gradual para meios de transporte, privados e públicos, elétricos e eletrificados, em detrimento da utilização de energias fósseis, e que promovam as energias limpas;

    23.

    observa que as cidades só podem ser saudáveis se forem sustentáveis. Salienta que a qualidade de vida e as condições ambientais globais dependem do estado do ambiente urbano e, por conseguinte, que uma abordagem holística e sustentável será um pré-requisito para o desenvolvimento urbano futuro (3);

    24.

    reclama novas políticas de transporte abrangentes, que permitam que todas as cidades se conformem às normas mais rigorosas em matéria de acessibilidade e utilização dos espaços e serviços urbanos para as pessoas com deficiência;

    25.

    recomenda a previsão de ações de sensibilização junto dos cidadãos para opções de mobilidade urbana mais eficientes do ponto de vista económico, ambiental e do impacto na saúde;

    26.

    exorta a Comissão Europeia a incluir a utilização de meios sustentáveis na revisão dos critérios da contratação pública ecológica da UE no setor dos transportes ou a encorajar o desenvolvimento de instrumentos de inovação tecnológica no setor dos transportes, bem como a sua difusão nos Estados-Membros;

    27.

    aplaude expressamente boas práticas como a SEMANA EUROPEIA DA MOBILIDADE — uma campanha bem estabelecida, lançada em 2002, que alcançou em 2016 a sua taxa de participação mais elevada, com 2 427 municípios e cidades, e que prevê a organização de atividades de sensibilização entre 16 e 22 de setembro de cada ano, o projeto PASTA (4) (Physical Activity Through Sustainable Transport Approaches — Atividade física através de abordagens de transportes sustentáveis), financiado pela UE, um programa ativo que reconhece explicitamente a ligação entre a saúde e a mobilidade nas cidades, e as parcerias público-privadas para prestar serviços à população que realiza deslocações pendulares;

    28.

    salienta que os órgãos de poder local e regional dispõem de competências jurídicas para designar as zonas de conservação, apoiar as redes Natura 2000 da UE e integrar as preocupações em matéria de biodiversidade no planeamento urbano e no ordenamento do território, e chama a atenção para o número crescente de trabalhos de investigação científica que mostram que a natureza pode contribuir para enfrentar os desafios sociais e de saúde graças à atenuação dos efeitos das alterações climáticas, à promoção da atividade física e da integração social e à redução do stress;

    Ambiente, alojamento e alimentação saudável

    29.

    congratula-se com a decisão da Comissão Europeia, adotada em 7 de dezembro de 2016, de elaborar um plano de ação para aplicar melhor as Diretivas Aves e Habitats e acolhe favoravelmente o seu reconhecimento da importância da gestão integrada e do ordenamento das cidades a fim de alcançar os objetivos de preservação da biodiversidade no seu território (5);

    30.

    reitera o seu apelo e empenho no aumento das dotações do Programa LIFE para a natureza e a biodiversidade após 2020, a fim de criar nas cidades infraestruturas e soluções verdes, reconhecidas como fundamentais tendo em conta as alterações climáticas, os objetivos em matéria de clima e de energia da Agenda 2020-2030 da UE, o Acordo de Paris, as agendas das Nações Unidas e da FAO e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável; nesta perspetiva, solicita um maior apoio a iniciativas de nível local e regional para a adaptação às alterações climáticas no contexto urbano europeu (6) com vista ao Oitavo Programa-Quadro da UE em matéria de Ambiente 2020-2027;

    31.

    solicita que se intervenha sobre os fatores ambientais e climáticos a fim de promover a saúde nas cidades. Estudos realizados demonstraram que a urbanização tem impacto na prevalência de doenças como as cardiovasculares e respiratórias, mas também a obesidade e a diabetes de tipo 2. Solicita, portanto, a realização de estudos sobre os custos e os benefícios da inação contra a poluição atmosférica e a poluição sonora, que influenciam e determinam o estado de saúde nas cidades, a fim de promover a consciencialização e de escolher as políticas públicas economicamente mais viáveis (7);

    32.

    encoraja as iniciativas que promovem a colaboração entre os órgãos de poder local e regional e os setores da saúde e da natureza, e que visam melhorar a saúde e o bem-estar dos cidadãos através da sua ligação à natureza, permitindo-lhes beneficiar de um acesso regular a zonas naturais na proximidade, fomentando uma atividade física regular e utilizando as zonas naturais para intervenções terapêuticas juntamente com outros tratamentos de saúde;

    33.

    acolhe com agrado boas práticas, como o prémio «Capital Verde da Europa» e o recém-criado Corpo Europeu de Solidariedade, que oferecerá aos jovens europeus oportunidades de contribuir diretamente para a gestão dos sítios Natura 2000 através de atividades de voluntariado, aproximando-os, deste modo, da natureza, aumentando a sensibilização para as questões ambientais e permitindo tirar partido dos benefícios da natureza e da biodiversidade para a saúde;

    34.

    exorta a que se tenham em conta as condições de alojamento e os problemas de saúde relacionados com o alojamento, bem como as questões de saúde e segurança na construção e manutenção dos edifícios públicos, tais como escolas e creches, nomeadamente no que se refere à qualidade do ar interior;

    35.

    recomenda que seja prestada a máxima atenção à importância de adotar uma alimentação saudável, segundo orientações precisas que tenham em conta os diferentes contextos e os diferentes grupos-alvo da população (cantinas escolares, cantinas de empresa, cantinas sociais adequadas). Neste contexto, congratula-se com a publicação do relatório técnico sobre a contratação pública em matéria de alimentação saudável nas escolas e recomenda que todos os órgãos de poder local e regional que adquirem produtos e serviços alimentares nas escolas ou para as mesmas utilizem este documento de apoio para melhor integrar a saúde e a nutrição nas especificações em matéria de abastecimento alimentar;

    36.

    recomenda a promoção de políticas destinadas a recompensar a responsabilidade ambiental no setor produtivo e orientadas tanto para os produtores como para os produtos, inclusivamente no setor dos resíduos;

    37.

    recomenda uma ênfase especial na prevenção dos distúrbios alimentares e do consumo nocivo de álcool, tabaco e outras formas de dependência, incluindo soluções concretas a nível local e regional não só mediante a promoção de uma investigação inovadora e de alta qualidade, a partilha de dados e de elementos de prova e a avaliação das medidas regulamentares, mas também da adoção de políticas de controlo e prevenção nas áreas e espaços públicos;

    Desporto, atividade física e educação

    38.

    recorda que a atividade física é uma das formas mais eficazes de prevenir as doenças não transmissíveis, combater a obesidade e manter um estilo de vida saudável; tendo em conta os elementos de prova cada vez mais numerosos sobre a correlação positiva entre o exercício e a saúde mental e os processos cognitivos correlatos, apela para que os órgãos de poder local e regional recolham e partilhem os seus exemplos de boas práticas, que poderão ser fontes de inspiração, orientação e aprendizagem;

    39.

    exorta a Comissão Europeia a reforçar o papel dos municípios e das regiões na execução de políticas melhores em matéria de atividade física benéfica para a saúde (HEPA) que permitam incentivar a cultura da atividade física em todos os setores da vida dos cidadãos, da escola ao trabalho, do tempo livre aos transportes, e responder aos recentes apelos do Conselho e do Parlamento para a adoção de iniciativas de promoção de estilos de vida saudáveis;

    40.

    reitera a necessidade de promover a formação e o reforço das capacidades no domínio da saúde nos estabelecimentos de ensino, uma vez que está comprovado que a educação para a saúde nas escolas é uma forma eficaz de reduzir a prevalência de comportamentos de risco para a saúde dos jovens;

    41.

    aprova o conteúdo do primeiro relatório sobre a aplicação da Recomendação do Conselho relativa à promoção transectorial das atividades físicas benéficas para a saúde, adotado pela Comissão Europeia e publicado em dezembro de 2016 (8), e recomenda que a Comissão Europeia defina como objetivo a redução do custo da inatividade física, estimado em cerca de 80 mil milhões de EUR por ano nos 28 Estados-Membros (9), através de um reforço das atividades de promoção da atividade física e do combate ao sedentarismo, assim como do apoio à definição de indicadores para o acompanhamento a nível local, regional e da UE;

    42.

    acolhe com especial favor e encoraja a partilha de boas práticas a nível local como a criação de condições para o alargamento dos percursos para bicicletas e peões a atividades como a corrida ou a caminhada, além de à mobilidade urbana, garantindo uma segurança adequada, a utilização de espaços verdes públicos equipados como «ginásios ao ar livre», o aumento da quantidade e da qualidade do número de horas dedicadas ao ensino do desporto para todos nas escolas ou a abertura das infraestruturas desportivas escolares a outros segmentos da população fora dos horários escolares; apoia iniciativas como a designação anual da capital e das cidades europeias do desporto, um evento coordenado pela ACES Europa (Associação da capital e das cidades europeias do desporto), a Semana Europeia do Desporto (cuja edição de 2017 terá por tema «Desporto e saúde»), o programa Erasmus+ Sport, e uma promoção mais eficaz da atividade física benéfica para a saúde (HEPA);

    43.

    reconhece o grande impacto da crise económica e financeira na capacidade dos sistemas de saúde públicos para prestarem serviços adequados, inclusive à luz da crescente procura decorrente, nomeadamente, do envelhecimento da população; lembra que as TIC podem ser um instrumento poderoso para manter cuidados de saúde de elevada qualidade e com uma boa relação custo-eficácia, uma vez que permitem a pessoas de todas as idades gerir melhor a sua saúde e qualidade de vida, tanto nas zonas urbanas como rurais;

    Governação

    44.

    propõe-se examinar, juntamente com a Comissão Europeia, os meios concretos para levar as administrações regionais e locais a participar ativamente em redes como as cidades inteligentes ou o Pacto de Autarcas, ou nas redes de prevenção e promoção da saúde impulsionadas pela OMS (Healthy Cities Network [Rede das Cidades Saúdáveis], Healthy Ageing Task Force [Grupo de Trabalho para o Envelhecimento Saudável], Age-Friendly Cities Project [Projeto de Cidades Conviviais para os Idosos], Regions for Health Network [Rede Regiões para a Saúde], Schools for Health in Europe Network [Rede das Escolas para a Saúde na Europa]) em domínios de aplicação fundamentais para a iniciativa emblemática «Uma Europa eficiente em termos de recursos» (10), como a biodiversidade e o uso dos solos, a gestão de resíduos e da água ou a poluição atmosférica,

    45.

    apela para um maior apoio a iniciativas locais para promover a informação e a adesão dos cidadãos a programas de prevenção primária, com especial destaque para as doenças associadas ao estilo de vida, crónicas, transmissíveis e não transmissíveis, que representam hoje o principal risco para a saúde e o desenvolvimento humano. Insta a que se apoiem os programas de prevenção secundária, cientificamente validados, através da participação institucional e educativa dos cidadãos;

    46.

    preconiza uma aliança forte entre municípios, universidades, serviços de saúde, centros de investigação, empresas, profissionais, associações de voluntariado e organizações comunitárias para estudar e monitorizar, a nível urbano, o impacto dos fatores que determinam a saúde dos cidadãos, a fim de instituir uma governação a vários níveis mais eficaz e reativa para melhorar a política em matéria de saúde;

    47.

    salienta que compete a todos os níveis de governo, bem como aos próprios cidadãos, dar um contributo importante para a redução do impacto das doenças transmissíveis, promovendo e incentivando planos de vacinação, a profilaxia e estilos de vida saudáveis e estudando os contextos urbanos mais adequados para informar e motivar os cidadãos (locais de tratamento, locais de trabalho, estruturas desportivas, locais virtuais, como sítios Web de referência das próprias administrações);

    48.

    salienta que foram tomadas poucas medidas até à data para avaliar os efeitos da economia circular na saúde. No que se refere à aplicação e à prossecução dos trabalhos sobre o pacote da economia circular da Comissão Europeia, bem como aos projetos nacionais que visam promover a economia circular, importa avaliar os seus efeitos sobre a saúde de forma mais pormenorizada e há que reforçar o diálogo entre as autoridades responsáveis pela gestão dos resíduos, a proteção do ambiente e a proteção da saúde (por exemplo, sobre a utilização de resíduos na terraplenagem ou sobre a reutilização da água);

    49.

    recomenda que a promoção do bem-estar e da saúde seja integrada nas estratégias locais e regionais, de modo a ter este elemento mais em conta no processo de decisão de diferentes setores. A execução pode ser monitorizada através de relatórios sobre o bem-estar disponíveis em linha, que contemplem indicadores definidos a nível nacional.

    Bruxelas, 11 de maio de 2017.

    O Presidente do Comité das Regiões Europeu

    Markku MARKKULA


    (1)  CdR 7987/2013.

    (2)  Gerida em colaboração com a Organização Internacional para as Migrações, http://re-health.eea.iom.int/.

    (3)  COR-2013-07987.

    (4)  http://pastaproject.eu/home/

    (5)  http://europa.eu/rapid/press-release_MEX-16-4308_en.htm: «O plano de ação incluirá uma série de medidas concretas, tais como a realização de reuniões regulares com os autarcas e outros órgãos de poder local para avaliar os desafios da execução e ajudar os Estados-Membros a tomar as medidas corretivas necessárias. Além disso, o plano definirá, em parceria com os Estados-Membros e com as partes interessadas pertinentes, orientações de execução adequadas para os intervenientes regionais, reduzindo encargos e litígios supérfluos e incentivando o investimento nacional e regional na biodiversidade. O Comité das Regiões será estreitamente associado ao seguimento do debate de orientação hoje realizado.».

    (6)  Avaliação intercalar do Programa LIFE (ref.a: COR-2016-04126).

    (7)  Rumo a uma nova estratégia da UE para a adaptação às alterações climáticas — Adoção de uma abordagem integrada (ref.a: COR-2016-02430).

    (8)  http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?qid=1483950644221&uri=CELEX:52016DC0768

    (9)  Estudo ISCA/CEBR (2015), in Narrative review: the state of physical activity in Europe [Análise descritiva: o estado da atividade física na Europa], p. 37; PASS Project fr.calameo.com/read/000761585fb41d432c387.

    (10)  CdR 140/2011.


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