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Document 52022XC1219(02)

Publicação de um pedido de registo de uma denominação em conformidade com o artigo 50.o, n.o 2, alínea a), do Regulamento (UE) n.o 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo aos regimes de qualidade dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios 2022/C 481/06

C/2022/9599

JO C 481 de 19.12.2022, p. 11–14 (BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, GA, HR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)

19.12.2022   

PT

Jornal Oficial da União Europeia

C 481/11


Publicação de um pedido de registo de uma denominação em conformidade com o artigo 50.o, n.o 2, alínea a), do Regulamento (UE) n.o 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo aos regimes de qualidade dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios

(2022/C 481/06)

A presente publicação confere um direito de oposição ao pedido nos termos do artigo 51.o do Regulamento (UE) n.o 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho (1), no prazo de três meses a contar desta data.

DOCUMENTO ÚNICO

«Αφρίνα / Αfrina»

N.o UE: PGI-GR-02822 – 6.12.2021

DOP ( ) IGP (X)

1.   Nome(s) [da DOP ou IGP]

«Αφρίνα / Αfrina»

2.   Estado-Membro ou país terceiro

Grécia

3.   Descrição do produto agrícola ou género alimentício

3.1.    Tipo de produto

Classe 2.6. Sal

3.2.    Descrição do produto correspondente ao nome indicado no ponto 1

«Αφρίνα / Afrina» designa a flor de sal produzida exclusivamente no sapal «branco» de Mesolongi. Trata-se de um sal marinho não transformado, sem aditivos nem sujeito a tratamentos pós colheita.

A flor de sal «Αφρίνα / Afrina» é composta por cristais de cloreto de sódio finos e brancos, que se formam à superfície da água dos cristalizadores em condições climáticas favoráveis (vento, temperatura e sol). Menos salgada do que o sal, tem um sabor ligeiramente amargo, que se deve ao seu elevado teor de magnésio, sendo ideal para temperar alimentos crus ou assados ou mesmo sobremesas. É rica em oligoelementos – metais contidos na água do mar – e, em especial, magnésio (Mg).

A «Αφρίνα / Afrina» é colhida à mão e apresenta as características organoléticas, físicas e químicas indicadas nos quadros 1 e 2.

Quadro 1

Características organoléticas e físicas

Aspeto

Cristais de cor branca

Sabor

Salgado

Cheiro

Sem

Granulometria

> 3 mm 0 %

1-3 mm 45-55 %

< 1 mm 45-55 %


Quadro 2

Composição química

Parâmetros químicos

Teor (%)

Humidade

1,0 - 5,0

Insolúvel na água

0,020 - 0,120

Cálcio (no extrato seco)

0,010 - 0,300

Magnésio (no extrato seco)

0,060 - 0,300

Sulfatos (no extrato seco)

0,200 - 1,100

NaCl (no extrato seco)

97,0 - 99,5

3.3.    Alimentos para animais (unicamente para os produtos de origem animal) e matérias-primas (unicamente para os produtos transformados)

3.4.    Fases específicas da produção que devem ter lugar na área geográfica identificada

Todas as operações têm lugar na área geográfica:

extração da água do mar;

circulação da água extraída do mar nos tanques de evaporação;

abastecimento dos cristalizadores;

colheita;

drenagem natural da «Αφρίνα / Afrina».

3.5.    Regras específicas relativas à fatiagem, ralagem, acondicionamento, etc., do produto a que o nome registado se refere

3.6.    Regras específicas relativas à rotulagem do produto a que o nome registado se refere

4.   Delimitação concisa da área geográfica

Segundo critérios históricos, geográficos e antropológicos, a área geográfica de produção da «Αφρίνα / Afrina» situa-se no município de Iera Polis Mesolongiou, na região de Aitoloakarnania, Grécia Ocidental, sendo definida pelos limites geográficos do sapal «branco»:

Norte dos sapais de Foinikia

Este-nordeste da antiga estrada nacional de Mesolongi-Aitolikos

Oeste da lagoa de Mesolongi

Sudeste do município de Iera Polis Mesolongiou.

5.   Relação com a área geográfica

A flor de sal «Αφρίνα / Afrina» é produzida na lagoa de Mesolongi, tendo granjeado excelente reputação e considerável notoriedade, tanto na Grécia como no estrangeiro. O renome e as características do produto que se devem à sua origem geográfica constituem, por conseguinte, a base da sua relação com a área geográfica.

Esta reputação assenta principalmente na sua textura e sabor, determinados pelo microclima específico das salinas e da lagoa de Mesolongi e pela colheita tradicional, à mão, que se mantiveram praticamente inalteradas ao longo dos anos.

As salinas de Mesolongi constituem o ambiente de produção ideal, protegido pela Convenção de Ramsar e pela Rede Natura 2000. A reputação do produto é reforçada pela natureza única do ecossistema do sapal de Mesolongi e pela fama da lagoa de Mesolongi – o «muito belo lago» de Homero. O Professor Christos Siasos (Agrinioculture, 2014) descreve Mesolongi como a «terra do tesouro branco».

As superfícies ativas das salinas (tanques de evaporação e cristalizadores) são argilosas, sendo que a argila impermeável à água. A partir da condensação da água do mar nos tanques de evaporação, o sal ganha a forma de cristais nos cristalizadores, compartimentos apresentam uma superfície uniforme a todo o comprimento e largura. Significa isto que mesmo as pequenas ondas podem transportar a «Αφρίνα / Afrina» até à borda dos tanques, onde acaba por ser colhida.

A produção de «Αφρίνα / Afrina» obriga à evaporação/concentração contínua de uma quantidade suficiente de água do mar até ao momento em que começam a formar-se os cristais de sal. A concentração ocorre naturalmente, graças à energia solar e ao microclima predominante, ou seja, a velocidade do vento, temperatura e humidade relativa. As águas salinas precisam de ventos fortes e de sol, especialmente durante o verão, dispensando a chuva intensa durante o período vegetativo, para o sal poder cristalizar.

Forma-se assim uma camada fina de cristais de sal à superfície dos cristalizadores de grande dimensão. Os ventos oeste transportam os cristais formados à superfície da água do lado nascente dos talhos, onde a «Αφρίνα / Afrina» é finalmente colhida.

O fator humano é igualmente importante, uma vez que o processo de colheita tradicional, que praticamente não sofreu alterações ao longo dos anos, contribuiu também para criar e manter a reputação do produto. A colheita da «Αφρίνα / Afrina» é feita à mão, por trabalhadores qualificados, com a ajuda de ferramentas de madeira, contribuindo para a uniformidade do produto acabado graças à sua formação e experiência. Para identificar e separar o produto, é preciso experiência e aptidão. Esta técnica tradicional é transmitida de geração em geração pelos trabalhadores do ramo.

A colheita manual dos cristais de sal à superfície contribui para a elevada pureza e total ausência de lamas do produto (já que os cristais não entram em contacto com o fundo dos cristalizadores) e cor branca natural. Como não precisa de ser lavado, o produto apresenta um teor mais elevado de sais inorgânicos, nomeadamente sais de magnésio solúveis. Assim, a «Αφρίνα / Afrina» tem um teor de magnésio superior ao dos outros sais comuns e dos sais comerciais transformados, que lhe confere um sabor especial (ligeiramente amargo, menos salgado) e a torna ideal para temperar alimentos crus ou assados, ou mesmo sobremesas.

«Αφρίνα / Afrina» é a denominação tradicionalmente utilizada para a flor de sal produzida na região de Mesolongi. O próprio termo «Αφρίνα / Afrina», que provém da palavra «espuma» (afrós), indica a forma como o produto é fabricado. Na sua obra Mesolongi (1925), K. A. Stasinopoulos escreveu: «O sal de luxo, Afrina, obtido por evaporação natural, também se produz na lagoa. A espuma é formada pelas ondas suaves que se quebram nas suas margens. O calor do sol condensa a espuma e forma a Afrina».

A reputação do produto é confirmada por muitas referências históricas e bibliográficas.

As primeiras referências históricas à flor de sal «Αφρίνα / Afrina» remontam ao início do século passado. Na sua obra To alas (Sal) (1906), K. A. Stasinopoulos escreveu: «o sal de Mesolongi, Afrina, é o melhor de todos os sais evaporados naturais e dos sais gregos em geral». A «Αφρίνα / Afrina» era conhecida pela sua qualidade superior e sabor, sendo muito procurada como presente de luxo (Mesolongi, K. A. Stasinopoulos, 1925).

O seu sabor e textura ganharam grande renome junto dos especialistas, por exemplo: Na sua obra To alas (Salt) (1906) K. A. Stasinopoulos escreveu: «a espuma é tão branca como a neve e tão delicada como o éter». Além disso, o Professor Christos Siasos (Agriniocultura, 2014) menciona as seguintes características: «A brisa produz cristais em forma de flocos nas bordas dos cristalizadores, até o sal ser extraído dos talhos. Esses flocos constituem a flor de sal denominada Afrina nesta região. A Afrina é colhida à mão. Considera-se o sal mais saboroso e de melhor qualidade. Apresenta textura distintiva, derrete na boca e provoca uma explosão de sabores».

Na sua obra premiada, Falar o dialeto de Mesolongi (1979), que contém cerca de 2000 termos e expressões locais, o escritor Akakia Kordosi, de Mesolongi, registou o seguinte: «Afrina: espuma de sal».

Na sua obra «SALT - O Sal na História e na Cultura Europeia» (1997), Theodora Petanidou, professora da Universidade de Egeu, afirma que «Afrina é o nome tradicional dado na região de Mesolongi à pequena quantidade de cristais de sal que se formam à superfície das águas salobras».

As referências contemporâneas, em suporte papel e em linha, na rádio e na televisão e em programas de culinária especializados, mantêm e reforçam a reputação e a notoriedade especiais do produto.

Muitos cozinheiros de grande renome utilizam a «Αφρίνα / Afrina». A título de exemplo, refira-se o prato com que o jovem cozinheiro Nikos Billis ganhou um prémio em San Pellegrino, onde representou os países mediterrânicos (Gastronomos, 2016). Stelios Parliaros, George Calombaris, Sotiris Kontizas, Argyros Barbarigos, entre outros, também utilizam a flor de sal «Αφρίνα / Afrina» nos seus pratos.

Vale a pena mencionar que o primeiro museu dedicado ao sal na Grécia, criado em 2019 na zona de Tourlida, Mesolongi, confirma a reputação da região e a sua relação estreita com o sal.

A excelente qualidade da «Αφρίνα / Afrina» tem sido constantemente reconhecida nos últimos anos. Não foi por acaso que recebeu dois prémios em concursos internacionais de culinária e temperos – uma medalha de prata, em 2016, no âmbito do Olymp Awards Food and Beverage Competition, realizado em Atenas, e uma distinção, em 2020, no Great Taste, realizado em Londres. De salientar também que a «Αφρίνα / Afrina » foi escolhida para ser oferecida de presente comemorativo aos dirigentes que marcaram presença na Cimeira dedicada ao Sul da UE, realizada em Atenas, em 2016.

Referência à publicação do caderno de especificações

http://www.minagric.gr/images/stories/docs/agrotis/POP-PGE/2021/prodiagrafes_afrina280622.pdf


(1)  JO L 343 de 14.12.2012, p. 1.


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