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Document 52009AR0344

    Parecer do Comité das Regiões sobre a «Estratégia de alargamento e principais desafios para 2009-2010 — Países candidatos»

    JO C 232 de 27.8.2010, p. 36–40 (BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)

    27.8.2010   

    PT

    Jornal Oficial da União Europeia

    C 232/36


    Parecer do Comité das Regiões sobre a «Estratégia de alargamento e principais desafios para 2009-2010 — Países candidatos»

    (2010/C 232/06)

    I.   RECOMENDAÇÕES POLÍTICAS

    O COMITÉ DAS REGIÕES

    Recomendações gerais

    1.   reitera que o objectivo da UE é promover a paz, os valores europeus e a prosperidade dos seus cidadãos. É por isso que a União está aberta a todos os países europeus que cumpram os critérios de Copenhaga;

    2.   observa que o processo de alargamento é um elemento importante para garantir a paz e a estabilidade no continente europeu e proporciona aos cidadãos dos países candidatos uma oportunidade suplementar de tirar partido da prosperidade gerada pelo espaço económico comum;

    3.   salienta que a União Europeia deve confirmar o seu enérgico empenho em manter abertas as perspectivas de integração a todos os países que cumpram os critérios de adesão e as condições de elegibilidade para o Processo de Estabilização e de Associação;

    4.   frisa que o êxito de uma integração eficaz depende do modo como o país candidato prepara a adesão e cumpre os critérios de Copenhaga;

    5.   sublinha o seu total apoio às medidas e reformas dos países candidatos para satisfazerem os critérios de adesão;

    6.   chama a atenção para a importância vital que o respeito do princípio das relações de boa vizinhança e da cooperação regional assume para o processo de integração. Exorta os países candidatos a solucionarem, de uma forma aceitável para ambas as partes, os problemas pendentes com os países vizinhos, em conformidade com as prioridades, os princípios e os valores europeus;

    7.   destaca a importância de envolver os órgãos do poder local e regional no processo de integração desde o início, uma vez que se trata de um processo estrutural e democrático que não pode ser executado apenas ao nível central sem a participação activa de todos os níveis de governo e sem respeitar plenamente os princípios da subsidiariedade e da proximidade;

    CROÁCIA

    Progressos alcançados pela Croácia no processo de adesão

    8.   felicita a Croácia pelos progressos contínuos que tem efectuado para cumprir os critérios de adesão à UE e as obrigações que da mesma decorrem;

    9.   exprime a sua satisfação com o acordo bilateral concluído para sanar o conflito fronteiriço com a Eslovénia, que permitiu chegar a uma solução aceitável para todos sobre a questão;

    10.   encoraja a Croácia a intensificar os seus esforços no sentido de respeitar todos os critérios e objectivos de referência necessários, nomeadamente a plena cooperação com o Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia (TPIJ) sobre os casos ainda por resolver, e a acelerar as reformas em sectores-chave, indispensáveis para que as negociações de adesão possam ser concluídas ainda em 2010;

    11.   considera que foram realizados progressos na luta contra a corrupção. Contudo, faz notar que a corrupção continua generalizada em muitos sectores e recomenda que a Croácia redobre de esforços a fim de reforçar a capacidade administrativa das instâncias encarregadas de combater a corrupção e de promover uma cultura de responsabilidade política a todos os níveis;

    12.   aplaude as garantias jurídicas dadas à liberdade e ao pluralismo dos meios de comunicação e felicita-se que uma e outro sejam respeitados, mas recorda as ameaças e a pressão política a que estão sujeitos os jornalistas que investigam casos de corrupção e de crime organizado;

    13.   manifesta a sua apreensão quanto aos problemas na aplicação da legislação em matéria de não discriminação. Os recentes cortes orçamentais não devem ser usados como pretexto para não aplicar plenamente esta legislação; observa que a discriminação das minorias é um problema mais específico, uma vez que na prática a protecção e as vias de recurso jurídicas contra a mesma ainda não estão alinhadas com as da UE;

    Aumentar as capacidades dos órgãos de poder local e regional

    14.   congratula-se pelo facto de as primeiras eleições directas locais e regionais, que tiveram lugar em Maio de 2009, se terem desenrolado de forma ordenada, terem registado uma taxa de participação elevada e terem alargado a representação política das mulheres;

    15.   aplaude a adopção da estratégia nacional 2009-2013 para a formação dos responsáveis e do pessoal das administrações locais e regionais e reconhece a importância que essa estratégia terá para melhorar a capacidade das administrações locais de prestarem serviços descentralizados aos cidadãos; não obstante, realça as grandes insuficiências dos procedimentos administrativos e constata que a base jurídica para a construção de uma administração pública moderna e profissional é ainda imperfeita;

    16.   salienta que a estratégia de descentralização não foi adoptada, por falta de empenho político, e lamenta a ausência de coordenação geral entre o nível político e o nível técnico, bem como entre o governo nacional e as autarquias locais. Convida as autoridades nacionais a definir procedimentos que assegurem às autarquias uma representação adequada no processo legislativo e recomenda a adopção de medidas para melhorar a sua situação económica;

    17.   apela a acções mais concretas para promover a formação e a melhoria das competências profissionais e dos conhecimentos das autoridades croatas ao nível nacional, regional e local; propõe, neste contexto, a intensificação da cooperação com os Estados-Membros da UE para que, a partir das experiências destes, seja possível cumprir com celeridade as condições estipuladas no acordo de adesão à UE;

    18.   reconhece o progresso efectuado no sentido de simplificar a inscrição das empresas nos registos competentes, mas sublinha que as condições para a actividade empresarial são afectadas negativamente pelo grande número de agentes parafiscais ao nível nacional e local, pela corrupção e pelas insuficiências da administração pública;

    19.   entende que os órgãos do poder regional e local e as respectivas associações devem participar no processo de transposição do acervo da UE. Sublinha que os órgãos de poder local e regional devem estar bem preparados para assumirem as obrigações da futura adesão à UE e beneficiarem das oportunidades que esta oferece;

    ANTIGA REPÚBLICA JUGOSLAVA DA MACEDÓNIA

    Progressos alcançados pela Antiga República Jugoslava da Macedónia no processo de adesão

    20.   toma nota da recomendação da Comissão e das conclusões do Conselho (Assuntos Gerais) de Dezembro de 2009 e exorta o governo da Antiga República Jugoslava da Macedónia a manter relações de boa vizinhança e, sobretudo, a redobrar de esforços para promover, pela via da negociação, uma solução mutuamente aceitável para a questão da sua denominação, sob a égide das Nações Unidas;

    21.   recorda a importância das relações de boa vizinhança e exorta o governo da Antiga República Jugoslava da Macedónia a trabalhar em conjunto com todos os parceiros para aprofundar o desenvolvimento da cooperação regional;

    22.   acolhe favoravelmente a decisão da UE de permitir que os cidadãos da Antiga República Jugoslava da Macedónia possam, a partir de 19 de Dezembro de 2009, viajar sem visto no espaço Schengen;

    23.   solicita que as autoridades da Antiga República Jugoslava da Macedónia levem avante os seus projectos reformadores, nomeadamente nos domínios da reforma da administração pública e da justiça, dos direitos das mulheres e das relações entre etnias, em conformidade com o Acordo de Ohrid de 2001, que prevê a garantia dos direitos dos indivíduos de todas as origens étnicas e o reforço da sua participação na vida pública e na administração;

    24.   congratula-se pelos progressos positivos efectuados pelo país na consolidação e na aplicação do quadro para o combate à corrupção, embora esta permaneça comum e continue a representar um problema grave. O CR exorta ao prosseguimento dos esforços necessários, nomeadamente no que diz respeito à aplicação do quadro jurídico;

    Aumentar as capacidades dos órgãos de poder local

    25.   acolhe positivamente a criação de uma nova Comissão para a Autonomia Local;

    26.   aplaude o recurso à cooperação transfronteiriça para fomentar o diálogo com os órgãos de poder local e regional dos países vizinhos;

    27.   regista com agrado o facto de os observadores da OSCE/ODIHR (Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos Humanos) e do Conselho da Europa terem concluído que as eleições presidenciais e locais de 2009 respeitaram a maior parte dos critérios da OSCE e as normas internacionais para as eleições democráticas. Anima o governo a continuar a aplicar as restantes recomendações da OSCE/ODIHR e faz votos de que se empenhará em esclarecer as violações constatadas;

    28.   insta ao prosseguimento da descentralização e da transferência de mais competências para os municípios, que constituem princípios fundamentais do Acordo-quadro de Ohrid, mas recorda que os municípios necessitam de meios acrescidos, designadamente financeiros. Apoia igualmente os esforços da Associação de Municípios (ZELS), que dão um contributo importante à promoção do processo de descentralização;

    29.   acolhe com satisfação a entrada em vigor da Lei sobre a Cooperação entre Municípios, de Junho de 2009, e espera que a mesma seja efectivamente aplicada, tal como todas as outras leis que venham a ser elaboradas nesse domínio;

    30.   realça a melhoria registada na cobrança dos impostos locais e os esforços envidados no sentido de reforçar a capacidade dos municípios de gerir o imposto sobre as fortunas, assim como os recursos económicos, as dívidas e a auditoria financeira municipais;

    31.   salienta que a capacidade administrativa de certos municípios, nomeadamente os mais escassamente povoados, permanece reduzida no domínio da gestão económica, dos impostos e da auditoria financeira, e lamenta que a transparência e a responsabilização das autarquias locais continuem a constituir um problema;

    32.   está convicto de que é necessária uma melhor coordenação entre o governo nacional e o nível local e de que o Ministério do Poder Local deve empenhar-se mais em facilitar o processo de descentralização;

    33.   apela a mais esforços no combate ao actual tráfico de seres humanos, continuando, para isso, a aplicar o plano de acção nacional de combate ao tráfico de seres humanos e à imigração ilegal e garantindo uma melhor coordenação a nível local neste domínio;

    34.   congratula-se pelo facto de os trabalhadores dos municípios estarem gradualmente a ser formados para poderem aplicar as partes do acervo da UE que competem ao nível local e gerir os recursos concedidos pela UE, e exorta à continuação destes esforços;

    35.   faz notar que a capacidade administrativa de elaborar e pôr em prática uma legislação em matéria ambiental deixa bastante a desejar, quer a nível nacional quer a nível local, e destaca a importância de paliar quanto antes este problema, atendendo nomeadamente ao eventual impacto no ambiente dos países vizinhos;

    TURQUIA

    Progressos alcançados pela Turquia no processo de adesão

    36.   constata com agrado que está em curso um debate público sobre uma série de questões tradicionalmente sensíveis, como o papel do poder judicial, os direitos dos cidadãos de origem curda, os direitos da comunidade alevita, o papel das forças armadas e as relações da Turquia com os países vizinhos, e louva o governo turco pela sua atitude construtiva e pelo seu contributo para o lançamento deste debate;

    37.   constata que em 2009 o país avançou muito pouco em termos de reformas palpáveis e exorta o governo a converter as suas intenções políticas em mudanças concretas da legislação e da sua aplicação na prática;

    38.   manifesta a sua decepção quanto ao facto de, apesar de o país ter adoptado legislação conforme aos critérios de Copenhaga, a sua aplicação continuar a ser muito insatisfatória, em especial no que toca aos direitos das mulheres, à não discriminação, à liberdade religiosa, à liberdade de expressão, à tolerância zero em relação à tortura e ao combate à corrupção;

    39.   mostra-se inquieto quanto à situação em matéria de liberdade de expressão e de imprensa, sobretudo à luz da multa sem precedentes aplicada a um grupo de meios de comunicação;

    40.   exprime a sua decepção com a ausência de progresso registada no domínio da liberdade religiosa e exorta o governo a adoptar um quadro normativo conforme à Convenção Europeia dos Direitos do Homem e à jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que dê a todas as comunidades religiosas não muçulmanas e à dos alevitas a possibilidade de funcionar sem restrições injustificadas;

    41.   lastima que o governo turco continue a exprimir reservas quanto ao respeito dos direitos das minorias consagrados no direito internacional; exorta-o, por isso, a conformar-se às normas internacionais nesse domínio e insta os partidos políticos a apoiá-lo nesses esforços; convida igualmente a Turquia a adoptar medidas conformes às recomendações da Assembleia-Geral do Conselho da Europa no que diz respeito às minorias gregas nas ilhas de Gökceada (Imbros) e Bozcaada (Tenedos), a fim de preservar o carácter intercultural dessas duas ilhas enquanto exemplo de cooperação entre a Grécia e a Turquia;

    42.   condena as violações constantes dos compromissos decorrentes do protocolo adicional ao Acordo de Associação UE-Turquia e convida a Turquia a aplicar na íntegra e sem distinções este acordo;

    43.   convida todas as partes interessadas a apoiar energicamente as negociações em curso sobre a questão de Chipre e a dar um contributo concreto à sua resolução, com base no modelo de uma confederação bizonal e bicomunitária, dotada de uma única identidade e personalidade jurídica internacional, em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a questão e com os princípios fundadores da UE; exorta ainda as partes interessadas a facilitar a criação de condições propícias às negociações através da retirada das tropas turcas de Chipre, Estado-Membro da UE, da resolução da questão dos colonos e da devolução da zona militarizada de Famagusta aos seus habitantes legítimos;

    44.   recorda a importância da Turquia enquanto país de passagem da imigração ilegal; destaca a perspectiva da retoma das negociações com vista à conclusão de um acordo de readmissão com a UE e aconselha a Turquia, enquanto essa retoma não é possível, a aplicar na íntegra os acordos bilaterais de readmissão já concluídos com os Estados-Membros; insta o governo turco a intensificar a cooperação com a UE em matéria de gestão da imigração, incluindo no âmbito do Frontex, que assegura a vigilância das fronteiras externas da UE;

    45.   no atinente a outras questões regionais, louva a melhoria das relações da Turquia com os seus vizinhos, em especial a celebração de um acordo conjunto com a Arménia, e destaca a grande importância de uma célere ratificação dos protocolos de estabelecimento de relações diplomáticas e de desenvolvimento de relações bilaterais com a Arménia. Faz votos de que a Turquia prossiga com os seus esforços no sentido de manter relações de boa vizinhança e resolver os diferendos de forma pacífica;

    Aumentar as capacidades dos órgãos de poder local

    46.   acolhe com agrado o facto de as eleições locais de Março de 2009 terem sido globalmente livres e justas;

    47.   lamenta a lentidão dos progressos na transferência de competências para os órgãos do poder local, mormente no que respeita à criação de conselhos municipais operacionais, condição indispensável para promover a participação da população na tomada de decisões dos municípios;

    48.   apela ao reforço da transparência e da responsabilização, sobretudo na fiscalização interna e externa das finanças dos órgãos do poder local, e destaca a importância da descentralização e do aumento da capacidade dos municípios de exercerem as competências que lhes sejam atribuídas;

    49.   apoia o facto de as negociações se concentrarem prioritariamente no pleno emprego, assim como na adopção de um programa nacional de transposição do acervo da UE; salienta, porém, que só se registaram progressos limitados na concretização das reformas políticas e constitucionais;

    50.   chama a atenção para o relatório específico do Tribunal de Contas (n.o 16/2009) sobre a gestão das ajudas de pré-adesão concedidas à Turquia pela Comissão Europeia, e convida esta última a aplicar as recomendações desse relatório, definindo objectivos e executando programas com base nos critérios de adesão;

    51.   aplaude a criação de agências de desenvolvimento e louva a participação das partes interessadas locais e regionais na elaboração do orçamento de cada uma delas. Realça, contudo, que os critérios de selecção são bastante vagos e que o procedimento é pouco transparente;

    52.   salienta que a transposição do acervo da UE nos domínios da política regional e da coordenação dos fundos estruturais tem sido muito limitada.

    53.   tem esperança e acredita que as autoridades e outras instituições da Turquia procederão a uma ampla análise das observações críticas e dos pontos fracos atrás referidos e, nessa base, tomarão as medidas jurídico-administrativas pertinentes para os superar.

    Bruxelas, 14 de Abril de 2010

    O Primeiro Vice-Presidente do Comité das Regiões

    Ramón Luís VALCÁRCEL SISO


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