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Document 52015IR4287

    Parecer do Comité das Regiões Europeu — Indicadores de desenvolvimento territorial — Para além do PIB

    JO C 120 de 5.4.2016, p. 16–21 (BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, HR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)

    5.4.2016   

    PT

    Jornal Oficial da União Europeia

    C 120/16


    Parecer do Comité das Regiões Europeu — Indicadores de desenvolvimento territorial — Para além do PIB

    (2016/C 120/05)

    Relatora:

    Catiuscia MARINI, presidente da região da Úmbria (IT-PSE)

    RECOMENDAÇÕES POLÍTICAS

    O COMITÉ DAS REGIÕES EUROPEU

    Debate político sobre o tema «Para além do PIB»

    1.

    reconhece a importância de uma abordagem estratégica na elaboração de políticas que defina objetivos comuns com base em valores partilhados e identifique ações a desenvolver para atingir os objetivos definidos conjuntamente. Desta forma, não se perderão as oportunidades criadas pelas revisões intercalares da Estratégia Europa 2020 e do quadro financeiro para 2014-2020. Estas revisões poderão conduzir a uma estrutura de governação significativamente melhorada à qual estarão associados todos os níveis de governo;

    2.

    considera que uma abordagem das políticas públicas baseada em dados factuais, antecipando e avaliando o impacto das opções políticas, é essencial para a aceitação pública de decisões políticas coerentes;

    3.

    salienta, no quadro do debate sobre a medição do progresso nas nossas sociedades, os laços estreitos entre medição, perceção e ação; frisa que as medidas têm de ser escolhidas com base em valores sociais amplamente partilhados e com uma perspetiva de futuro;

    4.

    salienta que medidas ou objetivos expressos com indicadores nunca podem substituir uma estratégia política adequada e claramente formulada. Estes são, por conseguinte, um meio para atingir um fim, ou seja, instrumentos para a implementação de objetivos estratégicos;

    5.

    assinala que o debate sobre o tema «Indicadores de desenvolvimento territorial — Para além do PIB» é, portanto, um debate político, que deve começar por definir de modo participativo e democrático os objetivos estratégicos para as gerações atuais e futuras com base na ação política de uma dada coletividade territorial;

    6.

    considera, neste contexto, que é necessário continuar a melhorar as metodologias presentemente utilizadas para orientar as decisões políticas a nível da UE, a fim de obter informações mais atuais, exaustivas e ajustadas à realidade, e de definir um método adequado e uniforme de integrar os aspetos económicos, sociais e ambientais na análise da situação;

    7.

    sublinha que todos os níveis de governo na União Europeia devem participar neste debate sobre os futuros padrões de referência que orientam o desenvolvimento sustentável e a coesão social na União Europeia, indo para além do PIB;

    8.

    destaca a importância de examinar a fundo a necessidade, a viabilidade e as consequências de desenvolver referências, indicadores e métodos complementares já testados ou utilizados a nível territorial; considera que há tempo para uma análise cuidadosa destes aspetos, a fim de contribuir para os debates durante o próximo período de programação;

    9.

    salienta o desafio decorrente da crescente clivagem territorial na Europa no que toca nomeadamente aos investimentos públicos e privados, à inovação, aos serviços digitais, à produtividade, ao emprego, à pobreza, ao bem-estar social, à evolução demográfica e à repartição territorial da população, e convida a Comissão Europeia a ter esse dado em consideração aquando da avaliação das políticas da UE e da elaboração de novos instrumentos políticos;

    10.

    frisa, a este respeito, que o CdR poderá participar nesse debate, promovendo a posição dos órgãos de poder local e regional e dando um contributo significativo para a definição de um método que garanta um equilíbrio entre as informações de caráter económico, social e ambiental. Ao constituir uma referência para as decisões em matéria de financiamento, este método pode ser extremamente importante para os órgãos de poder local e regional;

    11.

    propõe que, tendo em vista o próximo período de programação pós-2020, a Comissão Europeia inicie, tão cedo quanto possível, um debate aprofundado com os órgãos de poder local e regional sobre os futuros objetivos dessas políticas e os indicadores necessários para medir os progressos alcançados; na sequência da sua comunicação de 2009, e tendo em consideração a evolução mais recente, convida a Comissão a propor um roteiro sobre o tema «Para além do PIB»;

    Rumo a um método que complemente o PIB para orientar a política da UE

    12.

    reconhece os méritos do produto interno bruto (PIB) como indicador simples, direto e linear baseado numa metodologia clara que permite a comparação de várias medidas macroeconómicas ao longo do tempo e entre países e regiões, representando, assim, um instrumento útil para a atribuição de recursos;

    13.

    assinala, no entanto, que o PIB não mede com exatidão a capacidade de uma sociedade para dar resposta a questões como as alterações climáticas, a utilização eficiente dos recursos e a competitividade das regiões, a qualidade de vida, o envelhecimento demográfico, a inclusão social, as especificidades geográficas, a repartição do rendimento e a distribuição geográfica dos recursos e dos fatores de crescimento económico, aspetos que são de importância capital para os cidadãos, como constatado pelos representantes regionais e locais;

    14.

    congratula-se, por conseguinte, com as numerosas iniciativas a nível internacional, nacional, regional e local no sentido de criar índices que não limitem a medição do progresso ao PIB. Estes podem ajudar a desenvolver indicadores a nível da UE que reflitam a situação nos Estados-Membros, e também a nível local e regional;

    15.

    recorda que é possível utilizar em alternativa, nomeadamente, o Índice de Desenvolvimento Humano, recorrendo a indicadores relativos à esperança de vida, ao estilo de vida saudável, à educação e ao nível de vida digno, com uma metodologia adaptada ao quadro da União Europeia, à semelhança do que fez a ONU com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento;

    16.

    reconhece os progressos notáveis alcançados pelo Eurostat no que toca a uma medição do progresso não limitada ao PIB nos domínios da qualidade de vida, da economia familiar e da sustentabilidade ambiental;

    17.

    observa que nem todas as regiões e municípios dispõem das competências, recursos e capacidades administrativas necessárias para participar na definição de metas e propõe que se adotem outras soluções, nomeadamente uma abordagem mais qualitativa assente num roteiro para a mudança, em que o rumo — ou seja, se as regiões e os municípios estão a dar um contributo positivo para os objetivos nacionais e europeus — é mais importante do que a consecução de determinados objetivos fixos. Isto permitiria que os órgãos de poder local e regional fizessem progressos a um ritmo que corresponda ao seu potencial e capacidades;

    18.

    assinala, no entanto, que os índices a utilizar pelos órgãos de poder local, regional, nacional e europeu para a elaboração e implementação das políticas da UE e para a avaliação dos progressos alcançados com vista à realização dos objetivos comuns devem ser homogéneos e coerentes;

    19.

    recorda que nem todos os tipos de abordagens metodológicas, geralmente agrupados pela comunidade de investigadores em métodos de substituição do PIB, de ajustamento do PIB e de complemento do PIB, são igualmente adequados para um método «para além do PIB» à escala da UE que permita avaliar a situação, bem como os progressos realizados a nível nacional, regional e local;

    20.

    no que diz respeito à política regional da União Europeia, reitera que a coesão territorial é complementar à coesão económica e social, pelo que não pode ser medida apenas com um indicador económico; concorda, todavia, com a Comissão Europeia em que todo o método que vise substituir o PIB excluindo os indicadores económicos do seu âmbito de observação é inadequado para medir de forma uniforme os progressos alcançados com vista à realização dos objetivos comuns;

    21.

    propõe que haja uma cooperação estreita entre si e, em particular, a OCDE, em iniciativas como a ação intitulada «Como é a vida na sua região?», que constituem um instrumento de fácil compreensão e uma abordagem mais holística para medir os progressos realizados a nível local e regional. No entanto, no contexto de uma estratégia plurianual para a Europa, opõe-se a uma abordagem que meça o progresso com base numa classificação que utilize uma única medida. Assinala, a este respeito, que várias regiões também manifestaram interesse pelo «Better Life Index» da OCDE e, sobretudo, pelos indicadores nele utilizados. Os seus resultados, embora não permitam medir o desenvolvimento regional, dão uma indicação da qualidade de vida da população, o que pode servir de base para a definição, no futuro, de objetivos e estratégias a nível local e regional;

    22.

    considera que se poderiam aprofundar mais os métodos que procuram ajustar o PIB acrescentando às medidas de desempenho económico tradicionais fatores ambientais e sociais monetizados com vista a modelizar ou simular os efeitos económicos, sociais e ambientais de diferentes medidas políticas. Neste contexto, importa ter presente que o Índice de Progresso Social constitui uma referência relevante que já é utilizada em 40 países;

    23.

    considera que é urgente desenvolver dados estatísticos comparáveis a nível local e infralocal, bem como traduzir as atuais classificações urbano-rurais da OCDE e da Comissão em categorias do Eurostat que possam, com base em informações fiáveis do terreno, contribuir tanto para a elaboração como para a avaliação das políticas da UE;

    24.

    assinala a insuficiência de informação quantitativa sobre as várias regiões com características territoriais específicas da UE, designadamente geográficas, ambientais, económicas e sociais, que condicionam o desenvolvimento, e de que são exemplo singular as regiões ultraperiféricas. Também propõe que o Eurostat adote as categorias territoriais identificadas pelo Tratado, como é o caso da ultraperiferia, com base nas quais se produzam estatísticas que contribuam para a devida adaptação e adequação territorial das políticas e ações da UE;

    25.

    congratula-se com o trabalho realizado pela Comissão Europeia em matéria de ajustamento do PIB, recorrendo a uma abordagem particularmente bem-sucedida que consiste em alargar o alcance das contas nacionais de modo a integrar o domínio ambiental e social; chama, no entanto, a atenção para as dificuldades teóricas que essa abordagem pressupõe e os recursos consideráveis necessários para exprimir aspetos sociais em termos monetários, especialmente quando se trata de contas regionais e municipais; duvida igualmente que os resultados desta abordagem complexa possam ser facilmente comunicados ao público;

    26.

    apoia, por conseguinte, os métodos que complementem o PIB para medir os progressos alcançados com vista à realização dos objetivos estratégicos comuns, uma vez que tais métodos apreendem a realidade multidimensional, abrangendo diferentes elementos do bem-estar nos domínios económico, social e ambiental, com a ajuda de um número limitado de índices;

    27.

    entende, neste contexto, que a metodologia mais apropriada para a elaboração de políticas a todos os níveis de governação terá que ser capaz de medir de forma abrangente o bem-estar, nomeadamente nos domínios económico (p. ex., produtividade, inovação e exportações), laboral (p. ex., indicadores em matéria de emprego e da qualidade do mesmo), ambiental (p. ex., intensidade e eficiência energética da economia, zonas naturais protegidas e biodiversidade, quota de energia proveniente de fontes renováveis e emissões de CO2), demográfico (nomeadamente indicadores relativos à situação e às deslocações da população) e da inclusão social (p. ex., pessoas em risco de pobreza ou de exclusão social e distribuição do rendimento) e das questões territoriais (incluindo a acessibilidade e a «capacidade de carga»);

    28.

    propõe, além disso, que a escolha recaia principalmente em indicadores que medem os possíveis efeitos das políticas implementadas, especialmente mediante a medição dos resultados e impactos, bem como dos custos e salienta que no caso das regiões ultraperiféricas há uma necessidade especial de dados sobre determinados défices e condições adversas, os quais devem ser considerados antes da definição e implementação das políticas;

    29.

    propõe, por conseguinte, que se acompanhem as tendências europeias ao nível de todas as instituições da UE, com base no valioso trabalho desenvolvido pelo Sistema de Análise da Estratégia e Política Europeias (ESPAS), cooperando neste processo. Tal proporcionaria um sistema de alerta precoce a todos os níveis de governação em matéria de tendências económicas, sociais ou ambientais relevantes a nível europeu que possam ter impacto nos objetivos estratégicos ou exigir um ajustamento das prioridades estratégicas;

    Revisão da estratégia «Europa 2020» e futuro da política de coesão

    30.

    frisa que a estratégia «Europa 2020» definiu um conjunto de objetivos associados a indicadores-chave e reconheceu a importância de complementar os dados relativos ao crescimento económico (PIB) com outros indicadores económicos, sociais, ambientais e demográficos para medir o progresso sustentável; acrescenta que tal também é válido para o nível infranacional;

    31.

    sublinha que o processo de definição de objetivos da estratégia «Europa 2020» e de seleção de indicadores para medir os progressos alcançados foi marcadamente do topo para a base, sem ter em conta a situação específica a nível local e regional. Em contrapartida, a política de coesão reconhece que cada território tem necessidades e objetivos específicos, uma vez que a prossecução dos objetivos gerais da UE não deve limitar o potencial de desenvolvimento de determinada região ou município, que resulta dos conhecimentos e competências particulares desse território. É por essa razão que, no contexto da Estratégia Europa 2020, o CdR solicita que se adotem objetivos de índole regional;

    32.

    congratula-se com o sistema atual da política de coesão, que constitui um apoio e um valor acrescentado consideráveis para as regiões e contribui de forma significativa para o desenvolvimento das regiões em causa; convida a Comissão Europeia a elaborar uma estratégia sobre o funcionamento da política de coesão para o período de programação com início em 2021, conservando o atual método de execução, em que o PIB, devidamente integrado com outros indicadores, desempenha um papel fundamental ao nível da avaliação e da execução;

    33.

    chama a atenção, neste contexto, para o alcance diferente do objetivo «cooperação territorial europeia» da política de coesão. Em particular, o desenvolvimento da cooperação transfronteiriça tem por objetivo apoiar a integração das regiões fronteiriças em todos os domínios da vida dos cidadãos, ou seja, bastante além do quadro dos objetivos da Estratégia Europa 2020. Neste âmbito, é necessário desenvolver métodos e indicadores que permitam fazer o levantamento e avaliar melhor este tipo de progressos;

    34.

    salienta que a política de coesão e a estratégia «Europa 2020» estão estreitamente alinhadas, mas critica o seu desfasamento no que toca aos métodos de medição e intervenção;

    35.

    recorda a Comissão Europeia que importa dar mais ênfase à dimensão territorial na estratégia «Europa 2020» revista, em particular no domínio da coesão territorial, em que o desenvolvimento de indicadores económicos, sociais e ambientais pertinentes pode melhorar as políticas locais e regionais. Tais estratégias devem recorrer a métodos baseados numa abordagem pluridimensional, em que o PIB ou outros indicadores económicos são complementados pela medição de questões sociais e ambientais que tenham sido aprovadas politicamente a todos os níveis de governação;

    36.

    salienta que, face aos fortes incentivos para a concentração temática dos recursos financeiros dos fundos estruturais num número limitado de domínios políticos que contribuem para a consecução da estratégia «Europa 2020», é razoável pressupor que o êxito da política de coesão será medido pelos progressos alcançados com vista à concretização dos objetivos da estratégia «Europa 2020»;

    37.

    sugere vivamente que os novos grandes objetivos da Estratégia Europa 2020 e da sua sucessora pós-2020 sejam definidos da base para o topo, de modo que os futuros programas nacionais de reformas reflitam o contributo das regiões e dos poderes locais para a consecução dos grandes objetivos nacionais. Tal levaria também os governos nacionais a incluírem os órgãos de poder local e regional na elaboração dos programas nacionais de reformas, o que não se verifica atualmente na maioria dos Estados-Membros;

    38.

    espera que a política de coesão retome a sua função original de diminuir as desigualdades de desenvolvimento entre as regiões e de constituir a principal política de investimento à escala da UE, defendendo para o efeito, uma revisão da ligação entre a política de coesão e a futura estratégia «Europa 2020», no período pós-2020;

    39.

    sublinha, no entanto, que certos instrumentos da UE ainda se baseiam em medidas económicas excessivamente restritas. Isto também se aplica à política de coesão, em que os fundos são repartidos entre os Estados-Membros em função do PIB per capita e do desemprego, enquanto a classificação das regiões do nível NUTS 2 numa das três categorias de desenvolvimento que determina a afetação das dotações se baseia unicamente no PIB per capita;

    40.

    frisa, por conseguinte, que as decisões quanto à elegibilidade basicamente ignoram os aspetos sociais, ambientais e territoriais nas regiões europeias, quando a direção lógica deveria ser basear os futuros instrumentos num método mais abrangente e uniforme, que recorresse mais a indicadores sociais, ambientais e territoriais, que evidenciassem, nomeadamente, as especificidades regionais previstas no Tratado que devem ser consideradas na elegibilidade das regiões;

    41.

    questiona a capacidade do nível NUTS 2 para refletir as comunidades e geografias reais quando, em muitos Estados-Membros, as zonas NUTS não passam de geografias estatísticas baseadas na população em vez de refletirem os limites reais ou as zonas geográficas funcionais. Embora note que a classificação NUTS também é usada atualmente para a afetação dos fundos estruturais da UE, recorrer a ela para formular e avaliar o impacto territorial das políticas da UE em matéria de coesão, transportes, ambiente e outros domínios tem um efeito generalizado que resulta em políticas da UE desfasadas da realidade no terreno. A este respeito, em prol de uma repartição dos fundos mais equitativa, é necessário compensar lacunas fundamentais do PIB, tais como a distorção territorial resultante das deslocações pendulares dos trabalhadores através de fronteiras NUTS, tendo em conta a situação social e ambiental das regiões na tomada de decisões em matéria de elegibilidade;

    42.

    destaca, a este respeito, que os fundos estruturais, nomeadamente o Fundo de Coesão, devem poder financiar medidas destinadas a complementar o PIB no próximo período financeiro plurianual, desde que estas sejam politicamente aceitáveis a todos os níveis de governação;

    Próximas etapas para uma estratégia baseada em indicadores que vão para além do PIB

    43.

    reconhece, ao mesmo tempo, a legitimidade de se estabelecerem metas globais com vista à realização de objetivos estratégicos abrangentes e salienta que, para monitorizar os progressos, é necessário disponibilizar, em tempo útil, dados regionais pertinentes, harmonizados e comparáveis;

    44.

    sublinha, neste contexto, que é essencial dispor, a nível regional, de indicadores e de dados frequentemente atualizados, a fim de facilitar a avaliação da proposta técnica e de se tomarem boas decisões políticas. Por conseguinte, não obstante a eficácia e a boa articulação do sistema de dados Eurostat sobre os indicadores do bem-estar, cabe à Comissão Europeia e ao Eurostat enfrentar com urgência o desafio de monta que se coloca aos decisores políticos locais e regionais, inclusive na ótica da implementação a vários níveis da estratégia «Europa 2020» e da política de coesão, visando melhorar e otimizar o sistema de dados em concomitância com a elaboração e a utilização de métodos de análise de impacto aplicados à avaliação das políticas;

    45.

    congratula-se, a este respeito, com os progressos alcançados pela Comissão relativamente ao seu roteiro de 2009 para «Medir o progresso num mundo em mudança», mas lamenta os poucos progressos registados na produção e difusão de dados regionais e locais;

    46.

    salienta que, muitas vezes, os países onde a disponibilidade de dados regionais e, principalmente, locais é mais lacunar são aqueles que, ao abrigo dos fundos estruturais da UE, podem consagrar uma parte significativa da sua dotação ao designado objetivo temático 11 (reforço da capacidade institucional). O facto de estarmos no início do período de programação representa uma oportunidade única para obter um conjunto de dados pan-europeus comparáveis a nível local e regional, que possam ser utilizados para fornecer informação quando da elaboração e avaliação das políticas da UE pós-2020;

    47.

    insta o Sistema Estatístico Europeu a melhorar ainda mais a qualidade dos dados administrativos, bem como a acelerar a aplicação de estatísticas de georreferenciação para acrescentar valor à recolha de dados e reduzir o encargo dos inquiridos;

    48.

    regozija-se com o facto de se ter registado um crescimento constante dos dados disponíveis na UE, em especial a nível local e regional, desde o último parecer do CdR sobre o tema «Para além do PIB», mas lamenta que ainda subsistam lacunas significativas. Por conseguinte, propõe que a Comissão Europeia apresente, assim que possível, uma análise das lacunas atuais e futuras a nível regional no que diz respeito à disponibilização de um conjunto exaustivo de dados económicos, sociais, ambientais e demográficos sobre a Europa que vão para além do PIB;

    49.

    a este respeito, lamenta em particular o facto de, atualmente, a regionalização dos indicadores da estratégia «Europa 2020» não ser satisfatória, na medida em que apenas estão disponíveis os indicadores necessários à avaliação dos grandes objetivos da estratégia a nível regional (nível NUTS 2 e 3) e, por vezes, com um desfasamento temporal considerável. O mesmo se aplica aos indicadores alternativos que as regiões e os municípios possam considerar necessários no seu território como condição prévia para os progressos com vista à concretização dos objetivos e metas da UE. Dispor de estatísticas regionais atualizadas permitiria criar um indicador sintético do desempenho regional, como proposto pelo Comité das Regiões Europeu;

    50.

    solicita à Comissão Europeia/Eurostat que estabeleçam um calendário para associar os órgãos de poder local e regional ao processo de definição de objetivos (realistas) e para disponibilizar as estatísticas regionais necessárias à elaboração, implementação, monitorização e avaliação da estratégia «Europa 2020» renovada, fixando objetivos territorialmente diferenciados;

    51.

    destaca a necessidade de ir além do atual sistema de estatísticas e indicadores (baseado no Regulamento NUTS) quando se medem os progressos realizados a nível local e regional, em especial no atinente ao conceito de «regiões funcionais» e de zonas transfronteiriças, e sugere que a Comissão Europeia desenvolva os conceitos e indicadores que esta abordagem exige e tenha em conta os domínios que fazem parte das estratégias macrorregionais;

    52.

    reitera que se deve dar mais ênfase às dimensões urbana e rural num vasto leque de políticas da UE, em particular no domínio da coesão territorial, em que o desenvolvimento de indicadores económicos, sociais e ambientais pertinentes pode melhorar as políticas locais e regionais;

    53.

    insta a Comissão Europeia a incluir no Programa Estatístico Europeu as medidas necessárias visando eliminar os défices de informação estatística sobre a diversidade e as especificidades territoriais existentes na UE, designadamente medidas para a recolha de dados e criação de indicadores sobre os fenómenos do afastamento e isolamento das regiões, a fim de melhorar o processo de conceção e implementação de políticas europeias mais adaptadas às regiões afetadas por esses fenómenos, em coerência com o princípio da coesão territorial;

    54.

    reputa necessário elaborar um modelo de apoio à decisão apto a definir uma escala de prioridades do bem-estar a nível local, a fim de inscrever as necessidades locais específicas num quadro comum a todas as regiões da UE e de utilizar essa escala na avaliação ex ante e ex post da eficácia das políticas, inclusive nas fases de negociação entre a Comissão Europeia e os órgãos de poder local ou de consulta com as partes interessadas locais.

    Bruxelas, 11 de fevereiro de 2016.

    O Presidente do Comité das Regiões Europeu

    Markku MARKKULA


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