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Document 52011DC0666
COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE EUROPEAN PARLIAMENT AND THE COUNCIL Enlargement Strategy and Main Challenges 2011-2012
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO Estratégia de Alargamento e Principais Desafios para 2011-2012
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO Estratégia de Alargamento e Principais Desafios para 2011-2012
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COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO
EUROPEU E AO CONSELHO Estratégia de Alargamento e Principais
Desafios para 2011-2012
1.
Introdução
O processo de alargamento da União Europeia
entrou numa nova fase. A conclusão das negociações de adesão com a Croácia,
abrindo as portas para a adesão em meados de 2013, justifica a política
adoptada subsequentemente aos conflitos que assolaram os Balcãs na década de 90
e que tem por objectivo trazer a paz, a estabilidade e a democracia a toda a
região e, a prazo, a adesão à UE. Enquanto elemento novo do poder de
transformação da política de alargamento da UE, proporciona uma nova dinâmica
de reforma a todos os países do alargamento. A política de alargamento da UE, tal como
consagrada no Tratado da União Europeia[1],
é a resposta dada às populações do nosso continente, que aspiram legitimamente
a juntar‑se aos esforços de construção de uma Europa unificada. A
integração dos países da Europa Central e Oriental nos últimos dez anos
demonstrou que o alargamento é benéfico para a União no seu conjunto e que lhe
permite estar em melhores condições para abordar os grandes desafios mundiais. A política de alargamento revelou ser um
poderoso instrumento de transformação da sociedade. Os países que já aderiram à
UE e os que estão em vias de aderir procederam a profundas alterações, graças
às reformas democráticas e económicas impulsionadas pela adesão. O
empenhamento, o respeito das condições estabelecidas e a credibilidade
constituem a pedra angular do processo de adesão e do seu êxito. O consenso renovado sobre o alargamento,
aprovado pelo Conselho Europeu de Dezembro de 2006 e baseado nos princípios da
consolidação dos compromissos, de uma condicionalidade equitativa e rigorosa e
da boa comunicação com o público, conjugados com a capacidade de a UE integrar
novos membros, continua a ser o quadro em que se insere a política de
alargamento da UE. Graças à sua política de alargamento, a UE
alarga a sua zona de paz, de estabilidade, de democracia e de prosperidade,
princípios que registaram uma importância renovada, tendo em conta os recentes
acontecimentos: · Os acontecimentos dramáticos que assolam certos países do Sul do
Mediterrâneo e do Próximo Oriente, bem como a fragilidade das situações que daí
resulta, sublinham a importância de um pólo de estabilidade e de democracia na
Europa do Sudeste, solidamente alicerçada no processo de alargamento da UE. · A recente crise financeira mundial e as dificuldades que actualmente
atravessa a área do euro sublinharam a interdependência das economias
nacionais, tanto no interior como no exterior da UE. Estes acontecimentos
mostram que é importante prosseguir a consolidação da estabilidade económica e
financeira e incentivar o crescimento, nomeadamente nos países do alargamento.
O processo de alargamento constitui um instrumento poderoso para esse efeito. Registaram‑se vários progressos nos
Balcãs Ocidentais desde a adopção do último «pacote alargamento». A prisão de
Ratko Mladić e Goran Hadžić e a sua transferência para o Tribunal
Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia (TPIJ), que constituía um obstáculo
importante à adesão da Sérvia à UE, marcaram uma fase importante na via da
reconciliação. Foi encetado um diálogo entre Belgrado e Pristina, que visa
nomeadamente a realização de progressos na via da adesão à UE, e que começou a
dar os primeiros frutos. Registaram-se progressos relativamente às reformas
associadas à UE na maior parte dos países do alargamento. Os nacionais de dois
outros países dos Balcãs Ocidentais, a Albânia e a Bósnia e Herzegovina, foram
isentos da obrigação de visto. No entanto, num certo número de países,
importantes reformas sofreram atrasos, na maior parte das vezes devido a
acontecimentos políticos e conflitos internos. Os atrasos e os bloqueios foram
particularmente importantes na Bósnia e Herzegovina e na Albânia. A boa
governação, o Estado de direito, a capacidade administrativa, o desemprego, a
reforma da economia e a inclusão social continuam a colocar problemas
importantes na maior parte dos países em causa. A liberdade de expressão nos
meios de comunicação social foi objecto de alguns incidentes preocupantes. O
estatuto do Kosovo[2]
continua a estar na origem de diferendos que têm repercussões negativas tanto
para o próprio Kosovo como para a região. Os recentes acontecimentos no Norte
do Kosovo suscitam profundas preocupações. A questão da denominação da antiga
República jugoslava da Macedónia continua por resolver. O processo de adesão da Islândia avançou
durante o último ano. Os progressos alcançados nas negociações com este país
devem-se ao facto de a Islândia ter já um nível elevado de integração das suas
estruturas devido a uma democracia estabelecida desde há muito, ao seu estatuto
de membro do Espaço Económico Europeu e da zona Schengen e a uma administração
pública de alto nível. Na Turquia, o processo de adesão continua a
ser o quadro mais eficaz para a promoção das reformas ligadas à UE, da
instituição de um diálogo sobre questões de política estrangeira e de
segurança, do reforço da competitividade económica e da diversificação do
abastecimento energético. Infelizmente não foi posível abrir qualquer novo
capítulo, no quadro das negociações de adesão, desde há mais de um ano. É
conveniente desencadear uma nova fase construtiva nas relações com a Turquia
com base em medidas concretas tomadas em domínios de interesse comum. A adesão iminente da Croácia demonstra que o
processo de alargamento tem por objectivo maximizar os efeitos da transformação
que produz nos países em causa. Os melhoramentos introduzidos no processo pelo
consenso renovado sobre o alargamento de 2006 foram postos em prática com a
Croácia, tendo demonstrado a sua utilidade. As negociações futuras e em curso
com outros países do alargamento devem apoiar-se mais nesta experiência. Em
especial, os capítulos de negociação que colocam dificuldades, tais como os
consagrados ao sistema judiciário e aos direitos fundamentais, bem como à
justiça, liberdade e segurança, devem ser analisados rapidamente, a fim de dar
aos países candidatos o tempo necessário para realizarem as reformas que se
impõem e obter resultados. A adesão da Croácia constituirá uma etapa
importante no projecto histórico de integração dos países dos Balcãs Ocidentais
na UE. A UE tem sempre proclamado que a sua política relativamente aos Balcãs
Ocidentais era caracterizada pela inclusão, a começar pela «abordagem regional»
definida em meados da década de 90 e, mais especialmente, através do processo
de estabilização e de associação lançado em 1999, bem como a Cimeira de
Salónica que confirmou que o futuro dos Balcãs Ocidentais reside na União
Europeia. Longe de estabelecer uma linha de demarcação nos Balcãs, esta adesão
deverá servir de catalisador e incentivar o resto da região a acelerar o seu
ritmo na via da adesão à UE. Tendo em conta os compromissos da UE, bem como a
história e a situação geográfica da região, a obra só estará concluída quando o
conjunto dos Balcãs Ocidentais tiver aderido, depois de estarem reunidas todas
as condições. Neste contexto, a Comissão continua plenamente
empenhada no princípio dos méritos próprios. O ritmo a que cada país avançar na
via da adesão depende essencialmente da sua capacidade para satisfazer as
condições e os critérios estabelecidos. A experiência bem sucedida da Croácia envia
mensagens fortes aos outros países do alargamento: ·
a UE respeita os seus compromissos quando as
condições estão satisfeitas; ·
os critérios e as condições de adesão são exigentes
e a sua aplicação é objecto de um acompanhamento estrito.Tal facto não
constitui um obstáculo, mas permite aos países candidatos atingirem um nível
mais elevado de preparação, de que ele próprio e a UE beneficiarão após a sua
adesão; ·
os diferendos bilaterais entre vizinhos devem e podem
ser resolvidos através do diálogo e do compromisso, em conformidade com os
princípios estabelecidos. É importante que o processo de alargamento
continue a ser credível para que as reformas nos países do alargamento avancem
e para obter o apoio dos Estados-Membros. Os progressos realizados durante o
último ano confirmaram que os resultados concretos obtidos na via que conduz à
UE podem igualmente ser alcançados antes da adesão, quando as condições
necessárias estiverem satisfeitas. As recomendações formuladas pela Comissão na
presente comunicação relativamente à passagem para as próximas etapas do
processo de adesão e à extensão da liberalização do regime de vistos à Albânia
e à Bósnia-Herzegovina são do facto exemplos eloquentes. Por outro lado, quando
a vontade política e a preocupação em obter resultados concretos são
insuficientes ou inexistentes, o processo de adesão não progride e corre risco
de paralisar. A presente comunicação estabelece um balanço
do programa de alargamento actual da União Europeia, que diz respeito aos
Balcãs Ocidentais, à Turquia e à Islândia. Com base nas análises aprofundadas
por país que o acompanham[3],
faz o ponto da situação sobre os preparativos para a adesão destes países e a
fase que atingiram no processo, avalia as suas perspectivas para os próximos
anos e formula, relativamente a este aspecto, uma série de recomendações. Tal
como em anos anteriores, é dada especial atenção a uma série de questões
essenciais.
2.
Questões essenciais
2.1.
Reforço da prioridade dada à consolidação do Estado de direito e à reforma da
administração pública O reforço do
Estado de direito é e deve continuar a ser considerado um aspecto de extrema
importância e uma condição fundamental para os países que se encontram na via
da adesão à UE. Esta questão tem sido objecto de uma maior atenção nos últimos
anos em todas as fases do processo de adesão, em conformidade com o consenso
renovado sobre o alargamento. Esta prioridade em relação ao Estado de
direito reflectiu-se no grande interesse dado a estas questões durante as
negociações de adesão com a Croácia, especialmente no contexto dos capítulos de
negociação sobre o sistema judiciário e os direitos fundamentais e a justiça,
liberdade e segurança. O peso dado às questões relativas ao Estado de direito nas
prioridades essenciais estabelecidas como condições para a abertura das
negociações de adesão com a Albânia e o Montenegro constitui um outro exemplo
da importância prioritária de que se reveste esta questão antes do início das
negociações propriamente ditas. A experiência adquirida nas negociações de
adesão com a Croácia será posta ao serviço das negociações futuras e em curso
com outros países. Para o efeito, a Comissão irá propor uma nova abordagem no
que diz respeito às questões ligadas ao sistema judiciário e aos direitos
fundamentais, bem como à justiça e aos assuntos internos. Estas devem ser
analisadas logo a partir das primeiras etapas do processo de adesão, pelo que
os capítulos correspondentes devem ser abertos com base em planos de acção, uma
vez que exigem a obtenção de resultados convincentes. A Comissão apresentará,
em todas as etapas do processo, relatórios periódicos sobre os progressos
realizados nestes domínios em cada data importante estabelecida nos planos de
acção e introduzirá, se for caso disso, as medidas correctivas necessárias.
Este processo será apoiado pelos fundos IPA. No quadro do processo de pré‑adesão, a
Comissão incentivou os países a criarem sistemas judiciários
independentes e eficazes e a colmatar as insuficiências existentes.
Relativamente a este aspecto, a Croácia melhorou o seu sistema de nomeação dos
juízes, a Sérvia procedeu à revisão do procedimento de renovação dos mandatos
dos juízes e dos procuradores e o Montenegro deu início a uma revisão das
principais disposições constitucionais e jurídicas relativas ao sistema
judiciário. O Kosovo concluiu o seu processo de confirmação dos juízes e dos
procuradores. A luta contra a corrupção constitui um
dos problemas principais para o Estado de direito na maior parte dos países do
alargamento. A corrupção continua a constituir um problema grave, que não
afecta apenas os cidadãos na sua vida quotidiana em domínios essenciais como os
cuidados de saúde educação, mas cujo impacto negativo sobre os investimentos,
as actividades comerciais e os orçamentos nacionais é muito grave, nomeadamente
no que se refere aos contratos públicos e aos processos de privatização. Nos
últimos anos, aumentou o interesse da Comissão pela luta contra a corrupção nos
países do alargamento. A importante experiência que a UE adquiriu no
seu trabalho com os países do alargamento permitiu-lhe elaborar a sua própria
estratégia em matéria de luta contra a corrupção em todos os seus domínios de
acção, tanto internos como externos[4].
Embora a Comissão esteja a criar um mecanismo de acompanhamento da corrupção
destinado aos Estados-Membros, continuará a dar grande prioridade ao
acompanhamento das políticas de luta contra a corrupção nos países do
alargamento, com uma tónica especial nos resultados e na sustentabilidade, logo
a partir das primeiras etapas dos preparativos para a adesão. A Comissão
promoverá igualmente uma coordenação estreita entre os doadores internacionais,
a fim de garantir uma utilização optimizada dos recursos. A luta contra a criminalidade organizada
continua a ser uma prioridade importante para os países do alargamento. Está
estreitamente associada à luta contra a corrupção e à criação de sistemas
judiciários independentes. A natureza transfronteiras de muitas actividades
criminosas constitui um importante obstáculo à luta contra a criminalidade
organizada. A cooperação regional entre os organismos responsáveis pela
aplicação efectiva da lei e as instâncias judiciárias, nomeadamente a
criação de redes profissionais, é particularmente importante para resolver este
problema. A Comissão apoia a criação de uma rede regional de procuradores
assistida por peritos destacados pelos Estados-Membros, bem como pelas agências
europeias pertinentes. A Comissão incentiva igualmente a criação de sistemas
coordenados de protecção das testemunhas na região. Durante o último ano, a Comissão intensificou
o seu diálogo sobre Estado de direito com os países dos Balcãs
Ocidentais, o objectivo de reforçar os preparativos logo desde o início do
processo de adesão, com base em análises aprofundadas dos sectores da justiça e
dos assuntos internos. Para o efeito, serão realizadas missões de peritos na
maior parte dos países do alargamento. A Comissão reforçou a cooperação e o
intercâmbio de informações com as agências da UE pertinentes, nomeadamente a
Europol, a Frontex, a Eurojust e o Observatório Europeu da Droga e da
Toxicodependência, bem como com os promotores de iniciativas regionais, o
Conselho da Europa e outras organizações internacionais. Sempre que necessário,
foi já utilizada a aferição do desempenho por padrões de referência durante as
fases iniciais do processo. Foi encetado um diálogo estruturado sobre a justiça
com a Bósnia e Herzegovina, tendo a Comissão proposto a abertura, com o Kosovo,
de um diálogo semelhante sobre o Estado de direito, com o objectivo de abordar
os problemas neste domínio e apoiar a reforma judiciária. A reforma da administração pública, cujo
objectivo consiste em reforçar a transparência, a responsabilização e a
eficácia, elementos essenciais para a democracia e o Estado de direito,
continua a constituir, na maior parte dos países do alargamento, uma prioridade
essencial no que diz respeito aos critérios políticos. São essenciais para a
aplicação do acervo procedimentos administrativos adequados, nomeadamente no
que diz respeito aos recursos humanos e à gestão financeira pública. Os países
devem intensificar os seus esforços para melhorar as suas administrações
públicas com base em estratégias nacionais globais. Em alguns países
do alargamento, são cada vez mais numerosos os indícios da falta de respeito
pela distinção entre os papéis assumidos pelos partidos no poder e pelo Estado.
Tais práticas ameaçam comprometer o Estado de direito e o funcionamento da
democracia. 2.2.
Garantia da liberdade de expressão nos meios de comunicação social A liberdade de
expressão é um direito fundamental que é salvaguardado pelo direito
internacional e que faz parte integrante do funcionamento de uma democracia
pluralista. No quadro do processo de adesão, a garantia desta liberdade
constitui um elemento essencial dos critérios políticos fixados em Copenhaga. Os países do alargamento caracterizam-se, no
seu conjunto, pelo pluralismo dos seus meios de comunicação social. Contudo, em
certos países, esta situação tem-se vindo a degradar‑se ultimamente, o
que suscita grandes preocupações. A Comissão debruça‑se sobre a questão
da liberdade de expressão nos relatórios que acompanham a presente comunicação,
em que é exposta a situação de cada país. Entre os desafios em matéria de liberdade de
expressão e de meios de comunicação social figuram: as ingerência políticas
que, por vezes também se manifestam através do sistema jurídico; as pressões
económicas; o recurso ao crime e à corrupção para influenciar os meios de comunicação
social; e a protecção insuficiente dos jornalistas contra os actos de assédio,
ou mesmo os ataques violentos. Os problemas económicos dizem respeito à falta
de transparência e à concentração da propriedade, à falta de uma concorrência
leal e à falta de independência dos reguladores do mercado. Em vários países do
alargamento, a aplicação da legislação relativa aos meios de comunicação social
não é, no seu conjunto, satisfatória. Vários casos de agressões contra
jornalistas, incluindo assassínios, continuam por resolver, vários anos depois
de terem acontecido. Na Turquia, o quadro jurídico não proporciona ainda uma
garantia suficiente da liberdade de expressão. O número elevado de acções em
justiça e de investigações de que são objecto de certos jornalistas, bem como a
excessiva pressão exercida sobre os meios de comunicação social, suscitam
graves preocupações. Todas estas questões colocam sérias restrições
sobre a expressão de pontos de vista por parte dos meios de comunicação social
críticos dos governos e desencorajam o jornalismo de investigação. Os meios de
comunicação social e os jornalistas são muitas vezes forçados a praticar a
autocensura. É essencial que os países do alargamento
garantam a abertura e o pluralismo dos seus meios de comunicação social para
permitir a criação de uma cultura do jornalismo crítico e independente. Os
organismos públicos de radiodifusão devem melhorar a sua capacidade económica e
a sua autonomia para poderem desempenhar o seu papel. Simultaneamente, os
profissionais dos meios de comunicação social devem empenhar‑se na
conquista de uma auto‑regulamentação baseada em códigos deontológicos e
normas profissionais. Em Maio de 2011, a Comissão organizou uma
conferência sobre a liberdade de expressão, que reuniu representantes dos meios
de comunicação social e da sociedade civil dos Balcãs Ocidentais e da Turquia.
Esta conferência tinha por objectivo ultrapassar o quadro dos debates com os
interlocutores oficiais no âmbito dos governos, para encetar um diálogo com as
pessoas directamente implicadas e escutar os seus pontos de vista e as suas
experiências. As conclusões da conferência continuarão a alimentar os trabalhos
da Comissão neste domínio. A Comissão acompanhará de perto a evolução da
situação no quadro dos acordos e dos diálogos estruturados existentes com os
países do alargamento, e integrará estas questões nas negociações de adesão,
nomeadamente no capítulo consagrado ao sistema judiciário e aos direitos
fundamentais. Por outro lado, identificará as prioridades e incentivará os
governos a prosseguirem os seus esforços para atingirem os padrões europeus no
domínio da liberdade de expressão. Para este efeito, será reforçada a
cooperação com os países parceiros e as organizações internacionais em causa,
nomeadamente o Conselho da Europa e a Organização para a Segurança e a
Cooperação na Europa. Será ainda reforçado o diálogo com os jornalistas e as
suas associações. 2.3.
Reforçar a cooperação regional e a reconciliação nos Balcãs Ocidentais A cooperação regional e as boas relações de
vizinhança constituem elementos essenciais do processo de estabilização e de
associação e são objecto, nesse contexto, de um acompanhamento estreito por
parte da Comissão em todas as etapas do processo de adesão. A cooperação
regional apoia e reforça a reconciliação numa região que foi palco de conflitos
importantes no passado recente. A cooperação e o comércio regionais podem
trazer vantagens económicas suplementares para a região. Fazem igualmente parte
integrante do processo de integração na UE, o que passa frequentemente por
abordagens e medidas regionais. Foram realizados progressos significativos
relativamente a este aspecto durante os últimos dez anos, sendo de assinalar a
adpoção de um conjunto importante de novas medidas no ano passado. As visitas
de líderes da região, nomeadamente sérvios e croatas, a certos países vizinhos,
bem como as declarações relativas aos conflitos que se desencadearam na década
de 90, contribuiram acentuadamente para a reconciliação regional. O processo de
Sarajevo sobre o regresso dos refugiados, que associa a Sérvia, a Croácia, a
Bósnia Herzegovina e o Montenegro, deverá estar concluído com êxito nos
próximos dias. As iniciativas tomadas por ONG e pela sociedade civil, tal como
a «Youth Initiative for Human Rights» e a Comissão «Verdade e reconciliação» e
a Iniciativa Igman, contribuem de forma significativa para reforçar a
reconciliação entre os cidadãos da região, para além da acção dos governos. A cooperação com certos sectores específicos é
satisfatória e progride, nomeadamente no quadro da Comunidade da energia, do
Espaço de Aviação Comum Europeu e da formação comum no âmbito da Escola
Regional de Administração Pública, que está já plenamente operacional. Em
Dezembro de 2010, foi proposta pela Comissão uma estratégia destinada a
promover o desenvolvimento da região do Danúbio, que foi posteriormente
aprovada pelos Estados‑Membros[5].
O comércio regional no quadro do Acordo de Comércio Livre da Europa Central
(CEFTA) intensificou‑se e o acordo será alargado a domínios como a
política da concorrência, a prossecução da supressão dos obstáculos pautais e a
liberalização dos serviços. O Conselho de Cooperação Regional (CCR) deu início
à aplicação da sua estratégia e do seu programa de trabalho trienais, sublinhando
as acções que produzem mais resultados. Simultaneamente, certos problemas resultantes
de conflitos anteriores, bem como outras questões bilaterais em suspenso,
continuam a constituir problemas importantes para a estabilidade nos Balcãs
Ocidentais, que afectam a cooperação regional, as relações entre os países, bem
como o seu funcionamento interno e o processo de reforma. É urgente abordar
estas questões remanescentes, o que permitirá eliminar um obstáculo importante
na via dos Balcãs Ocidentais rumo à UE. Em especial, os diferendos associados às
questões interétnicas ou de estatuto, nomeadamente na Bósnia e Herzegovina
e no Kosovo, continuam a impedir o funcionamento normal das instituições, a
entravar o processo de reforma e a agenda europeia e podem, em certos casos,
ter um impacto mais importante a nível regional. A Comissão está convencida de
que a melhor forma, para estes territórios, de resolver esses problemas
consiste em continuar a progredir rumo à adesão à UE. São cruciais neste
contexto os recentes desenvolvimentos, nomeadamente os progressos realizados no
diálogo Belgrado‑Pristina colocado sob a égide da UE. O décimo
aniversário da assinatura do acordo-quadro de Ohrid, ocorrido em Agosto último,
recorda que é possível abordar as difíceis questões relacionadas com a
origem étnica através do diálogo e do compromisso. Foram recentemente obtidos resultados
positivos graças à resolução de problemas relativos ao funcionamento inclusivo
de certas iniciativas regionais, associadas às divergências de pontos de vista
relativamente ao estatuto do Kosovo, sendo contudo necessários esforços
suplementares. Foi alcançado um acordo no âmbito do diálogo Belgrado‑Pristina
relativamente à aceitação pela Sérvia dos carimbos aduaneiros do Kosovo, o que
deverá permitir relançar o comércio regional no quadro do CEFTA. Antes, foram
retomadas as reuniões do CEFTA e do CCR com a participação de todas as partes,
tendo sido assinada a Convenção sobre regras de origem preferenciais
pan-euromediterrânicas. Contudo, as divergências de pontos de vista
relativamente ao estatuto do Kosovo continuaram a impedir a finalização e a
assinatura do Tratado que institui a Comunidade dos Transportes, bem como o
alargamento das medidas comerciais autónomas para o Kosovo e outros parceiros
dos Balcãs Ocidentais. Estas divergências permanecem um obstáculo ao
desenvolvimento das relações contratuais entre a UE e o Kosovo. Uma resolução global das questões associadas à
cooperação regional está pendente no diálogo Belgrado‑Pristina. A
Comissão apela a que todas as partes implicadas para que continuem a procurar
soluções concretas e pragmáticas para garantir o carácter inclusivo da
cooperação regional, sem prejuízo das posições divergentes relativamente ao
estatuto do Kosovo. Os progressos realizados no último ano demonstram que este
objectivo pode ser atingido. Afigura-se essencial para uma reconciliação
duradoura levar a julgameno os autores dos crimes cometidos durante as
guerras que ocorreram na ex-Jugoslávia. Uma plena cooperação com o TPIJ
continua a constituir uma condição essencial para o êxito do processo de adesão
dos Balcãs Ocidentais. As recentes prisões dos dois últimos incriminados do
TPIJ e a sua transferência para a Haia marcaram etapas importantes nesta
direcção. A Comissão apela igualmente aos governos em causa para que prossigam
com maior vigor os seus próprios processos por crimes de guerra a nível
nacional. A Comissão toma muito sério o relatório
aprovado pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa em Janeiro
(relatório Marty) relativamente aos crimes, e nomeadamente ao tráfico de órgãos
humanos, alegadamente perpetrados durante e após o conflito no Kosovo e apoia
plenamente a investigação realizada pela EULEX, assinala a importância da
protecção das testemunhas neste contexto e congratula-se com a criação de uma
equipa especial da EULEX, baseada em Bruxelas, bem como com a cooperação dos
governos implicados com esta última. Globalmente, é importante que os governos e as
organizações da sociedade civil na região redobrem os seus esforços para
explicar aos cidadãos que a reconciliação faz parte integrante do seu futuro
europeu e que os julgamentos dos crimes de guerra constituem um elemento
indispensável deste processo. Os dirigentes políticos deviam evitar declarações
e a adopção de medidas susceptíveis de pôr em causa estes princípios
importantes. No que diz respeito aos problemas
bilaterais em aberto, é conveniente que as partes em causa encontrem uma
solução, o mais rapidamente possível, durante o processo de alargamento,
abordando‑os com determinação e com um bom espírito de vizinhança, tendo
em conta os interesses gerais da UE. A Comissão insta‑os a fazer todos os
possíveis por resolver as questões fronteiriças pendentes, em conformidade com
os princípios e os meios estabelecidos, nomeadamente remetendo determinadas
questões para o Tribunal Internacional de Justiça, se necessário. As questões
bilaterais não deverão paralisar o processo de adesão. A Comissão está disposta
a facilitar a criação do necessário impulso político na procura de soluções e a
apoiar as iniciativas nesse sentido. O acordo no
sentido do recurso a um processo de arbitragem para a resolução do diferendo
fronteiriço entre a Eslovénia e a Croácia, cuja aplicação deverá ter início
ainda este ano, abre a via para a resolução destes problemas bilaterais. A
Comissão encoraja vivamente as partes no diferendo relativo à denominação da
antiga República jugoslava da Macedónia a participarem nas conversações
actualmente realizadas sob a égide das Nações Unidas, demonstrando o mesmo
espírito construtivo. 2.4.
Atingir uma recuperação económica sustentável e subscrever a estratégia «Europa
2020» Todos os países do alargamento se
comprometeram agora na via da retoma económica,mas a ritmos diferentes:
aTurquia saiu da crise com uma economia reforçada e o seu crescimento continua
a ser notável, ainda que os sinais de sobreaquecmento sejam cada vez mais
evidentes. As economias dos Balcãs Oidentais começam também a recuperar, ainda
que lhes seja necessário ainda um certo tempo para que atinjam os níveis
anteriores à crise. A economia da Islândia continua a emergir das importantes
perturbações económicas registadas durante a crise. Contudo, os países do alargamento vêem-se
confrontados com importantes desafios socioeconómicos. O esemprego permanece
elevado e continua a aumentar na maior parte dos países. Os níveis de
desemprego no Kosovo, na Bósnia e Herzegovina e na antiga República jugoslava
da Macedónia continuam a ser os mais elevados da Europa. A taxa de actividade, nomeadamente
das mulheres e dos jovens, é baixa, e o emprego informal generalizado continua
a constituir um problema. As exportações dos Balcãs Ocidentais, que contribuem
para a retoma da economia, continuam a ser dominadas por produtos com reduzido
valor acrescentado, nomeadamente algumas matérias‑primas, que estão
expostos à volatilidade dos preços e à forte concorrência exercida pelos
mercados emergentes. A
maior parte dos países do alargamento manteve políticas macroeconómicas
globalmente prudentes. A consolidação orçamental e a reforma dos mercados de
trabalho continuam a ser as prioridades mais urgentes a curto prazo,
reflectindo dois desafios com que a UE também se vê actualmente confrontada em
grande parte. São necessárias novas reformas estruturais para estimular a
competitividade e melhorar as condições de investimento, a fim de atrair os
investimentos estrangeiros directos, promover a criação de emprego e garantir a
sustentabilidade do crescimento. Nos Balcãs Ocidentais, a melhoria da
capacidade da administração pública e o reforço do Estado de direito,
nomeadamente a reforma do sistema judiciário e a luta contra a corrupção
generalizada, constituem dois desafios particularmente importantes. Progressos
nestes domínios iriam favorecer igualmente o ambiente das empresas. Os serviços
públicos proporcionados às empresas e os investimentos nas infra-estruturas
continuam a ser insuficientes. As
reformas do mercado de trabalho, que prevêem nomeadamente um reexame dos
regimes de transferênias e prestações sociais e de certas questões de
fiscalidade, bem como uma reestruturação dos sistemas educativos, deverão
contribuir para resolver o que constitui uma importante deficiência estrutural
nos Balcãs Ocidentais e um entrave à realização de um crescimento mais forte,
sustentável e inclusivo. Subscrever
os objectivos da estratégia Europa 2020 A
Europa 2020 é a estratégia de crescimento da UE para a década em curso, que
deve ajudar a União a tornar-se uma economia inteligente, sustentável e
inclusiva num mundo em evolução. Os países do alargamento são incentivados a
associar-se à estratégia Europa 2020 e às suas iniciativas emblemáticas[6], que constituem uma âncora útil
para as reformas. Quando
se justifica, os objectivos da Europa 2020 reflectem-se nos diálogos sobre a
política económica e as políticas social e de emprego entre a Comissão e os
países do alargamento. A Comissão orientou a programação da assistência
financeira para os objectivos da Europa 2020, nomeadamente em matéria de
desenvolvimento socioeconómico. A cooperação entre a Comissão e as instituições
financeiras internacionais (IFI) tem em conta estes objectivos. A
crise da dívida em curso na Europa sublinhou a importância de finanças
públicas sólidas e a Comissão partilha alguns dos mecanismos de avaliação
pelos pares com os países candidatos e os países potencialmente candidatos. A
supervisão orçamental multilateral exercida pela UE constitui um instrumento
importante relativamente a este aspecto, que será progressivamente adaptado à
futura governação económica reforçada no âmbito da UE. No
domínio do desenvolvimento do sector privado, a coordenação das acções
com os Balcãs Ocidentais e a Turquia inspira-se nas disposições do «Small
Business Act» da UE[7].
Esta coordenação, baseada nas avaliações periódicas em relação aos critérios
estabelecidos pela UE, deu origem à formulação de recomendações bem testadas,
que ilustram as particularidades nacionais dos países do alargamento. A
Comissão propõe que os resultados do «Small Business Act» sirvam de instrumento
de referência no quadro das futuras actividades associadas às pequenas e médias
empresas (PME) na região. No
que diz respeito ao quadro de investimento a favor dos Balcãs Ocidentais, a
Comissão incentiva as instituições financeiras internacionais (IFI) parceiras a
apoiar novos modos de financiamento das PME, nomeadamente as tomadas de
participação, o capital de risco e os mecanismos de garantia. A Comissão irá co‑financiar
uma plataforma a favor das PME nos Balcãs Ocidentais, que terá por objectivo
melhorar o acesso das PME ao financiamento através de garantias e capital de
risco. No
domínio da investigação e da inovação, a cooperação dos países do
alargamento com a UE está já bastante avançada no que diz respeito às condições
de participação nas iniciativas da UE. Os países do alargamento participam no
7.º Programa-Quadro de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, bem como no
programa para a Competitividade e a Inovação. Os actuais indicadores mostram no
entanto que, na maior parte dos casos, se registam níveis amplamente inferiores
à média da UE a nível dos investimentos e do desenvolvimento das políticas de
investigação e inovação. Os líderes regionais serão incentivados, nomeadamente
aquando das próximas conferências ministeriais, a comprometer‑se a
aumentar os investimentos a favor da investigação, da inovação e do capital
humano. Os
países do alargamento devem preparar-se melhor para fazer face às alterações
climáticas e alinhar os seus esforços pelos da UE para dar resposta a este
desafio, nomeadamente através de acções de sensibilização. A realização
progressiva de acções de luta contra as alterações climáticas será benéfica,
uma vez que é susceptível de provocar um desenvolvimento hipocarbónico, bem
como a criação de emprego. A
recuperação económica nascente deve ainda traduzir-se numa melhoria das condições
sociais. A parte da população que vive abaixo do limiar de pobreza mantém‑se
elevada e continua a aumentar nos Balcãs Ocidentais. Um nível de emprego
informal elevado influencia negativamente a situação social, nomeadamente a dos
jovens. Assegurar
a criação de emprego e a inclusão social dos grupos vulneráveis constitui uma
prioridade. Contudo, foram realizados poucos investimentos reais no sector
social e os obstáculos à planificação estratégica entravaram a cooperação com
os doadores internacionais. A Comissão sublinha, no quadro do seu diálogo
estratégico, a importância do emprego e das políticas sociais e incentiva os
países a estabelecerem objectivos claros e realistas nestes dois domínios, bem
como a orientar melhor as despesas sociais, e a afectá‑las de forma mais
rigorosa em função da sua ordem de prioridade. Os objectivos da Plataforma
Europeia contra a Pobreza e a Exclusão Social devem ser subscritos de forma
adequada pelos países do alargamento. Devem ser
adoptadas medidas sustentáveis a favor da inclusão de todos os grupos
vulneráveis na sociedade. No que diz respeito à minoria particularmente
desfavorecida dos ciganos, a Comissão convidou os Balcãs Ocidentais e a Turquia
a cooperarem no quadro das plataformas da UE para a inserção dos ciganos, que
asseguram um acompanhamento sistemático da sua inclusão e propõem acções na
matéria. A Comissão realizou vários seminários sobre as questões associadas aos
ciganos, a fim de incentivar os países da região a reexaminarem e a reforçarem
os planos de acção nacionais neste domínio, bem como a sua aplicação para lutar
contra a discriminação e melhorar a integração dos ciganos, nomeadamente nos
domínios da educação, do emprego, da habitação e da saúde. Os países dos Balcãs
Ocidentais devem envidar esforços vigorosos para facilitar a inscrição das
pessoas deslocadas no registo civil. A
melhoria da educação e da formação constituem um elemento essencial das
alterações estruturais necessárias para assegurar um crescimento sustentável e
inclusivo. Até agora, os investimentos na educação, nas competências e nas
qualificações têm sido geralmente reduzidos e o reconhecimento regional das
qualificações nacionais é insuficiente. As infra‑estruturas e os sistemas
educativos nacionais devem ser reformulados, sendo necessários programas de
ensino e de formação profissionais comparáveis aos padrões internacionais, a
fim de dar resposta ao actual desequilíbrio entre as necessidades e as
qualificações disponíveis. A Comissão abriu o
quadro estratégico «Educação e Formação 2020» à participação dos países
candidatos; a antiga República jugoslava da Macedónia e o Montenegro ainda não
aderiram. A Comissão propôs o estabelecimento de uma plataforma para a educação
e a formação nos Balcãs Ocidentais, baseando-se no método de coordenação
aberto, a fim de permitir a participação de todos os países do alargamento, o
que incentivará o diálogo sobre os principais desafios estratégicos e garantirá
a sua execução e o seu acompanhamento. Os países dos Balcãs Ocidentais foram
convidados a participar nas actividades centralizadas do Programa de
Aprendizagem ao Longo da Vida da UE. 2.5.
Extensão das redes de transporte e de energia Os cidadãos e as empresas da UE beneficiam
directamente de uma melhor cooperação com os países do alargamento no domínio
dos transportes e da energia. A interconexão das redes de transporte e das
redes energéticas constitui um elemento essencial da cooperação da UE com todos
os países vizinhos, com o objectivo de promover a sustentabilidade do
crescimento económico, as trocas comerciais e culturais e o emprego, bem como
de melhorar as condições de vida. No caso dos países do alargamento, esta
cooperação tem igualmente por objectivo preparar estes últimos para integrarem
plenamente o acervo da UE nos domínios do transporte e da energia. Tendo em conta a sua situação estratégica, na
encruzilhada entre a Europa, o Médio Oriente e o Cáucaso, a Turquia tem
constantemente desenvolvido e reforçado as suas relações com a UE, tal como o
comprova a evolução recente no sector da aviação ou o papel que desempenhou na
criação do Corredor Meridional de Gás. Um novo reforço destas ligações seria
benéfico para ambas as partes. O Corredor Meridional de Gás contribuiria para a
segurança do abastecimento de gás natural da Europa, uma vez que desempenharia
um papel importante na extensão das vias de abastecimento e incentivaria a
concorrência no mercado internacional do gás. A Comissão apoia a Turquia
financeiramente para que esta continue a desenvolver as suas redes de
transporte, nomeadamente no que diz respeito às ligações ferroviárias de alta
velocidade e à modernização das instalações portuárias. Simultaneamente, a
Turquia deve ser incentivada a aprofundar o seu mercado de gás, aumentando a
sua liquidez e flexibilidade contratual. Um tal processo conduziria à
emergência de uma placa giratória para os abastecimentos de energia, cuja
existência garantiria uma maior segurança energética. Nos Balcãs Ocidentais, foi definida uma rede
de transporte regional no quadro do Observatório dos Transportes do Sudeste da
Europa (SEETO), que identifica projectos prioritários que apresentam interesse
a nível regional. Os países dos Balcãs Ocidentais participam, a par dos
Estados-Membros da UE e de outros países europeus, no Acordo sobre o Espaço
Aéreo Comum Europeu, assinado em 2006. Está igualmente prevista uma cooperação
no domínio dos transportes no quadro da estratégia para a região do Danúbio. Desde 2008, a Comissão negoceia a criação de
uma comunidade dos transportes com os países dos Balcãs Ocidentais, destinada a
estabelecer um mercado integrado das infra-estruturas, sistemas e serviços de
transportes terrestres, fluviais e marítimos. Estas negociações estão
praticamente concluídas, mas divergências de pontos de vista relativamente à
denominação do Kosovo têm impedido a sua conclusão. A Comissão apela às partes
em causa para que tomem as medidas necessárias, por forma a permitir uma rápida
conclusão das negociações e a assinatura do Tratado. A Comissão propôs um exame das redes
transeuropeias da UE no domínio dos transportes (RTE‑T), tendo em vista
melhorar as ligações com os países abrangidos pela política de alargamento e a
política de vizinhança[8]. No domínio da energia, a UE prossegue igualmente
a integração das redes, nomeadamente apoiando a Comunidade da Energia, que
engloba a UE e os seus Estados-Membros, o conjunto dos Balcãs Ocidentais, bem
como certos países vizinhos[9].
A Comunidade da Energia estabelece, com base nas regras da UE em matéria
energética, um mercado regional aberto, transparente e competitivo que
contribui para atrair os investimentos. O acervo da Comunidade da Energia
abrange já o mercado interno da energia, a eficiência energética e as energias
renováveis, bem como certas partes do acervo no domínio social, do ambiente e
da concorrência. Será alargado a fim de incluir as existências de petróleo
obrigatórias, para além dos mercados da electricidade e do gás.
3.
Progressos realizados nos países do alargamento e programa para 2011‑2012
3.1.
Balcãs Ocidentais Croácia As negociações de adesão com a Croácia foram
encerradas em Junho último. Esta decisão explica‑se pelo facto de, no ano
passado, a Croácia ter satisfeito os critérios estabelecidos para o
encerramento dos restantes capítulos, nomeadamente os capítulos difíceis
relativos ao sistema judiciário e aos direitos fundamentais, bem como à
política de concorrência. A Croácia obteve resultados consideráveis no domínio
da luta contra a corrupção, criou um novo sistema objectivo e transparente de
nomeação dos juízes e dos procuradores e melhorou significativamente a execução
de programas de ajuda à habitação a favor dos refugiados que regressam ao seu
país. A reestruturação dos seus estaleiros navais em dificuldade progrediu substancialmente. Os resultados das negociações de adesão serão
concretizados num Tratado de Adesão que, tal como previsto pelo Conselho
Europeu de Junho último, deverá ser assinado até ao final do ano, Permitindo
assim que a Croácia adira à UE em 1 de Julho de 2013, sob reserva da conclusão
dos procedimentos de ratificação necessários. A Croácia atingiu um nível muito
elevado de preparação para assumir as responsabilidades decorrentes da sua
adesão. O país satisfaz os critérios políticos de Copenhaga e deverá satisfazer
os critérios económicos e do acervo até 1 de Julho de 2013. A Croácia deve
manter esta dinâmica. A Croácia deve continuar a basear-se nas
reformas realizadas e nas capacidades desenvolvidas durante as negociações de
adesão. A Comissão acompanhará de perto o respeito de todos os compromissos
assumidos pelo país, bem como a prossecução dos seus preparativos tendo em
vista assumir as responsabilidades decorrentes da adesão à UE. Este
acompanhamento centrar-se-á mais, em especial, nos compromissos assumidos pela
Croácia nos seguintes domínios: sistema judiciário e direitos fundamentais.
justiça, liberdade e segurança; bem como a política da concorrência. Este controlo será realizado com base em
quadros de acompanhamento actualizados periodicamente, no diálogo previsto no
Acordo de Estabilização e de Associação, nas missões de avaliação pelos pares,
no programa económico de pré-adesão e nas notificações orçamentais. A Comissão
elaborará relatórios semestrais sobre a execução dos compromissos assumidos
pela Croácia no quadro destes capítulos. Será apresentado ao Parlamento Europeu
e ao Conselho no Outono de 2012 um relatório global de acompanhamento. Se forem identificados problemas durante o
processo de acompanhamento e se a Croácia não encontrar solução, a Comissão
enviará, se necessário, cartas de alerta às autoridades croatas, podendo propor
ao Conselho que tome todas as medidas adequadas antes mesmo da adesão do país.
Além disso, tal como aconteceu no quinto alargamento, o Tratado de Adesão incluirá
uma cláusula geral de salvaguarda económica, uma cláusula de salvaguarda
relativa ao mercado interno e uma cláusula de salvaguarda no domínio da
justiça, liberdade e segurança. Espera-se
que a Croácia continue a desempenhar um papel activo na cooperação regional nos
Balcãs Ocidentais. A Comissão aguarda com expectativa a aplicação do acordo
sobre a resolução do diferendo fronteiriço entre a Eslovénia e a Croácia e
apoiará a criação e o funcionamento do Tribunal arbitral, tal como previsto no
referido acordo. A Comissão congratula-se com a declaração do Governo croata
relativamente ao apoio que dará aos outros países da região rumo à adesão à UE
e incentiva a Croácia a resolver, antes da adesão, os problemas bilaterais não
resolvidos com os seus vizinhos. Simultaneamente, os dirigentes políticos devem
abster-se de qualquer declaração ou medida susceptível de pôr em causa a
importância da reconciliação ou a gravidade dos crimes de guerra. Antiga
República jugoslava da Macedónia As eleições legislativas de Junho último na
antiga República jugoslava da Macedónia desenrolaram‑se globalmente no
respeito das normas internacionais, tendo o país prosseguido as suas reformas
associadas à adesão. A coligação governamental tem‑se mantido estável. O
país continua a cumprir de forma satisfatória os critérios políticos. Foram
realizados alguns progressos no que diz respeito à reforma do Parlamento, ao
sistema judiciário, à administração pública, bem como ao respeito e à protecção
das minorias, ainda que subsistam problemas importantes. É necessário envidar
esforços suplementares em especial no que diz respeito à liberdade de expressão
nos meios de comunicação social, à independência do sistema judiciário, à
reforma da administração pública e à luta contra a corrupção. Devem ser
reforçados os esforços de cooperação das forças políticas. O país continua a
cumprir os compromissos subscritos no Acordo de Estabilização e de Associação
(AEA). A Comissão mantém a sua proposta de passar à segunda fase da associação
prevista no AEA e incentiva o Conselho a decidir rapidamente sobre esta
questão. A Comissão nota que o Conselho não pôde dar
seguimento à recomendação que a Comissão tinha formulado em 2009 a favor da
abertura de negociações de adesão com a antiga República jugoslava da
Macedónia. A passagem do processo de adesão do país à sua fase seguinte será
benéfica para o ritmo das reformas e para o clima das relações inter‑étnicas,
tendo um impacto positivo na região. O litígio entre a Grécia e a antiga República
jugoslava da Macedónia sobre a designação deste último país persiste desde há
vinte anos. Está aberto desde a década de 90 um diálogo sob a égide das Nações
Unidas, complementado desde 2009 por contactos bilaterais, nomeadamente a nível
dos Primeiros‑Ministros. No entanto, estas iniciativas não produziram
ainda quaisquer resultados. A manutenção de relações boa vizinhança, que passa
nomeadamente por uma solução negociada e mutuamente aceitável sobre a questão
da designação do país, sob os auspícios das Nações Unidas, continua a ser
essencial. A Comissão insiste para que as partes redobrem os seus esforços, a
fim de que seja encontrada uma solução o mais rapidamente possível. A Comissão
recorda igualmente que é conveniente evitar quaisquer acções ou declarações
susceptíveis de prejudicar as relações de boa vizinhança. Já deveria ter sido
encontrada desde há muito tempo uma solução para este litígio. Montenegro Em Dezembro de 2010, o Conselho Europeu
concedeu o estatuto de país candidato ao Montenegro, tendo aprovado as sete prioridades
essenciais para a abertura das negociações de adesão, que foram definidas no
parecer da Comissão sobre o pedido de adesão à UE apresentado pelo Montenegro. Desde a adopção do parecer, o Montenegro
realizou bastantes progressos tendo em vista satisfazer os critérios políticos
de Copenhaga, obtendo resultados globalmente satisfatórios, nomeadamente no que
diz respeito às prioridades essenciais que foram definidas. O quadro
legislativo e institucional foi melhorado, tendo em vista reforçar os trabalhos
do Parlamento, o quadro eleitoral, o profissionalismo e a despolitização da
administração pública, a independência do sistema judiciário e sua
responsabilização, a política de luta contra a corrupção e a criminalidade
organizada, a liberdade dos meios de comunicação social, a política de luta
contra a corrupção e a criminalidade organizada, a liberdade dos meios de
comunicação social e a cooperação com a sociedade civil. É necessário envidar esforços
sustentados para melhorar os resultados no domínio do Estado de direito,
nomeadamente no que se refere aos casos de corrupção ao mais alto nível e da
criminalidade organizada. Foram
igualmente tomadas medidas positivas em matéria de luta contra a discriminação
e para melhorar a situação dos deslocados. Estas medidas devem agora traduzir-se numa redução
efectiva das discriminações relativamente aos grupos vulneráveis, nomeadamente
aos deslocados. A Comissão dará especial atenção ao
acompanhamento dos progressos realizados pelo Montenegro nos domínios do Estado
de direito e da luta contra as discriminações, a fim de manter a dinâmica das
reformas nestes domínios, continuando a ajudar o Montenegro a executar as
reformas associadas à UE. Albânia A situação política interna da Albânia foi
dominada numa grande medida pela continuação do bloqueio político e de novas
confrontações. Os violentos confrontos que opuseram os manifestantes
anti‑governamentais e a polícia levaram à morte de quatro pessoas e
amplificaram o clima de desconfiança entre as forças políticas, bem como em
relação a certas instituições do Estado. Apesar de terem sido consideradas
abertas e transparentes, as eleições locais de Maio último foram claramente
marcadas por deficiências que devem ser resolvidas. Em especial, a controvérsia
que envolveu a contagem dos boletins de voto, desviados aquando da eleição do
Presidente da Câmara de Tirana, reforçou a polarização entre a maioria no poder
e a oposição. Afigura-se agora urgente que as forças
políticas albanesas restabeleçam e mantenham um certo nível de diálogo
político, que garanta o bom funcionamento das principais instituições
democráticas, nomeadamente do Parlamento, e que permita progredir na via da
integração na UE. As importantes deficiências verificadas durante as duas
últimas eleições justificam a adopção de uma reforma eleitoral global, que
seria facilitada pelos conselhos de peritos independentes externos e por um
consenso entre partidos políticos. Os dois principais partidos políticos apoiaram
a proposta da UE de restabelecer um diálogo construtivo sobre as prioridades do
país em matéria de integração europeia. É agora essencial que as forças
políticas albanesas se comprometam a colaborar de forma estruturada e
sustentável sobre as reformas europeias. O caminho a seguir deverá incluir um processo
de revisão conjunta e a adopção do plano de acção destinado a dar seguimento às
recomendações formuladas no parecer da Comissão e um calendário das principais
reformas a realizar, nomeadamente no que diz respeito aos trabalhos do
Parlamento e às eleições. Globalmente, a Albânia pouco progrediu no
sentido de cumprir os critérios políticos de adesão e as doze prioridades
essenciais para a abertura das negociações de adesão, que são definidas no
parecer da Comissão aprovado pelo Conselho em Dezembro de 2010. Registaram-se
alguns progressos nos domínios da luta contra a criminalidade organizada, do
tratamento das pessoas detidas em prisões e dos direitos da criança, mas os
progressos realizados continuam a ser insuficientes no que diz respeito ao sistema
judiciário, à política de luta contra a corrupção, aos direitos de propriedade,
à melhoria da situação da comunidade cigana, bem como aos trabalhos necessários
relativamente aos procedimentos parlamentares e às eleições. A Albânia começou
a aplicar um plano de acção destinado a ter em conta recomendações formuladas
no parecer da Comissão. Contudo, são necessários esforços suplementares para
garantir a eficácia e o carácter exaustivo das medidas previstas, nomeadamente
uma cooperação estreita com a oposição. A Albânia deve envidar esforços
sustentados e realizar progressos concretos em todos estes domínios, antes que
a Comissão possa recomendar a concessão do estatuto do país candidato e a
abertura das negociações de adesão. A Albânia continuou a aplicar de forma
adequada o Acordo de Estabilização e de Asociação. Em Dezembro de 2010, o país
obteve a supressão da obrigação de visto para o acesso ao espaço Schengen, na
sequência dos progressos satisfatórios alcançados no quadro do diálogo sobre a
liberalização do regime de vistos. A Comissão está empenhada em continuar a
ajudar a Albânia a executar as suas reformas ligadas à UE e a satisfazer as
prioridades essenciais do parecer. Bósnia e
Herzegovina Na Bósnia e Herzegovina, a acção dos seus
representantes políticos continua a reflectir a ausência de consenso em torno
da direcção global e do futuro do país, bem como da sua estrutura
institucional. Não foi obtido qualquer consenso tendo em vista garantir e
melhorar o funcionamento das instituições, salvaguardando simultaneamente os
interesses das populações que compõem o país, nomeadamente no que diz respeito
às aspirações de adesão à UE por parte do conjunto do país. O processo de
instituição das autoridades executivas e legislativas na sequência das eleições
de Outubro de 2010 ainda não foi concluído através da formação do Governo a
nível do Estado. Este longo atraso entrava a aplicação das reformas de que a
Bósnia e Herzegovina tanto precisa para poder progredir rumo à adesão à UE. O
processo de adesão à UE necessita de instituições funcionais a todos os níveis
e de um mecanismo de coordenação eficaz para as relações com a União, o que
permitiria ao país falar a uma só voz. Consequentemente,
o ritmo global das reformas tem sido muito lento. Foram alcançados alguns
resultados, nomeadamente os que permitiram ao país obter um acesso sem visto à
UE para os seus cidadãos em Dezembro 2010. Em Junho, os dirigentes
da Bósnia e Herzegovina acordaram em encetar com a UE um diálogo estruturado
sobre a justiça no quadro do processo de estabilização e de associação, com o
objectivo de garantir um sistema judiciário independente, eficaz, imparcial e
responsável. O respeito da Convenção Europeia dos Direitos
do Homem constitui uma exigência essencial do acordo intercalar e do Acordo de
Estabilização e de Associação. Relativamente a este aspecto, os atrasos
contínuos relativamente à harmonização da Constituição com um acórdão do
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem sobre uma discriminação relativa à
representação técnica no âmbito das instituições do país continua a ser uma
fonte de grandes preocupações[10].
É conveniente criar um processo credível para tomar em consideração a decisão
do Tribunal dos Direitos do Homem e uma lei em matéria de auxílios estatais
adoptada a nível do Estado. O país deve igualmente realizar progressos tendo em
vista a adopção de uma lei sobre o recenseamento da população a nível do Estado
e acelerar as reformas para facilitar o seu processo de integração na UE. A
adopção do quadro orçamental global constitui uma prioridade para a
sustentabilidade das finanças públicas. A governação da
Bósnia e Herzegovina continua a exigir uma presença internacional dotada de um
mandato executivo. No que diz respeito à sentença definitiva do tribunal de
arbitragem sobre o estatuto de Brčko, cuja aplicação figura entre os
objectivos a atingir e as condições a respeitar para o encerramento do Gabinete
do Alto Representante[11],
foram realizados progressos na resolução da questão relativa ao abastecimento
de electricidade. São necessários esforços suplementares para satisfazer os
objectivos que não foram ainda atingidos, facilitar a transição de um país
submetido a um sistema internacional de governação e de segurança para um país
dotado de instituições nacionais, que se tenha apropriado plenamente dos
processos político e legislativo, em conformidade com as exigências aplicáveis
a um país que aspira a aderir à UE. Entre todas estas questões, a necessidade
de estabelecer um ambiente político estável constitui a prioridade absoluta. O estabelecimento de um diálogo estruturado
sobre a justiça e a experiência retirada das reformas realizadas no quadro do
processo de liberalização do regime de vistos mostram a via a seguir: ao
adoptar uma abordagem europeia de diálogo e compromisso e centrando-se nas
reformas ligadas à UE, o país poderá passar progressivamente de uma situação de
paralisia e confronto para um clima de cooperação e de um sistema de supervisão
internacional para um futuro próprio na UE. A UE reforçou o
seu papel na Bósnia-Herzegovina, com a entrada em funções do seu primeiro
representante único no país. A UE continuará a reforçar o seu apoio às
instituições do país tendo em vista a realização dos objectivos do programa
ligado à UE, em conformidade com as conclusões do Conselho de Março 2011. Sérvia Paralelamente à presente comunicação, a
Comissão adoptou o seu parecer sobre o pedido de adesão da Sérvia à UE. As
conclusões e recomendações do parecer figuram em anexo à presente comunicação. Kosovo Num período marcado por eleições legislativas
antecipadas e pelo longo processo de eleição de um novo Presidente pelo
Parlamento, o Kosovo pouco progrediu no seu programa de reformas. As próprias
eleições registaram graves lacunas, que é conveniente sanar. O Tribunal
Constitucional desempenhou um papel positivo pela forma como exerceu as suas
competências. O novo governo demonstrou o seu empenhamento
na perspectiva europeia do Kosovo, nomeadamente através de esforços sustentados
em domínios como os vistos e o comércio e a constituição de um Conselho
Nacional para a integração do Kosovo na UE. O novo Parlamento começou
recentemente a adoptar os textos legislativos necessários para lançar as
reformas essenciais. É necessário envidar esforços muito mais significativos
para lutar contra a criminalidade organizada e a corrupção. A administração
pública é fraca e a aplicação da reforma judiciária continua a colocar
problemas. Na sequência da Resolução da Assembleia‑Geral
das Nações Unidas de Setembro de 2010, foi lançado um diálogo entre Pristina e
Belgrado sob a égide da UE. O diálogo tem por objectivo promover a cooperação,
favorecer a realização de progressos na via da integração na UE e melhorar as
condições de vida da população, tendo sido conduzido de forma geralmente
construtiva até Setembro, dado origem à conclusão de acordos sobre várias
questões: livre circulação de mercadorias e de pessoas, registo civil e
cadastro. Estes esforços construtivos devem prosseguir e conduzir a novos
progressos na via da normalização das suas relações. Os acordos concluídos
devem ser aplicados de boa-fé. A integração dos sérvios do Kosovo ao sul do
rio Ibër/Ibar melhorou. Os sérvios do Kosovo tomaram parte no recenseamento da
população e a sua taxa de participação nas últimas eleições legislativas aumentou.
Por outro lado, as tensões e incidentes inter‑étnicos persistem na parte
norte do Kosovo. Estruturas sérvias distintas, apoiadas por Belgrado,
opuseram-se ao recenseamento da população e incentivaram o boicote às eleições
organizadas pelas autoridades kosovares. A Comissão apela a todas as partes
implicadas no Kosovo a atenuarem as tensões e a cooperarem plenamente com a
EULEX. A procura de soluções através do diálogo e a
rejeição das acções unilaterais e da violência constituem a única via possível
para avançar no Kosovo. A Comissão apela a todos os intervenientes para que
rejeitem a violência e se abstenham de tomar quaisquer medidas que ameacem a
estabilidade. O Kosovo partilha a perspectiva europeia dos
Balcãs Ocidentais. Em Março, a Comissão publicou a sua proposta de
acordo-quadro que autorizou o Kosovo a participar nos programas da UE, uma das
principais iniciativas anunciadas na comunicação de 2009 sobre o Kosovo[12]. A Comissão continuará a
apoiar os esforços desenvolvidos pelo Kosovo para atingir os dois outros
objectivos essenciais, nomeadamente uma eventual liberalização do regime de
vistos e a conclusão de um acordo comercial com a UE, bem como outros esforços
de reforma destinados a reforçar a perspectiva europeia. A Comissão reexaminará
a sua comunicação de 2009, a fim de garantir que o Kosovo possa continuar a
participar no processo de adesão à UE. Por outro lado, propõe, a abertura de um
diálogo estruturado com o Kosovo em matéria de Estado de direito e sublinha a
importância para o Kosovo de lançar um programa global para o Norte do país. 3.2.
Turquia Com a sua economia dinâmica, o seu importante
papel a nível regional e o seu contributo para a política externa e a segurança
energética da UE, a Turquia é um país essencial para a segurança e a
prosperidade da União Europeia. O país está já largamente integrado na UE em
termos de trocas comerciais e de investimentos estrangeiros, através da união
aduaneira. O país tornou-se uma plataforma industrial importante em relação a
um certo número de empresas europeias de primeiro plano e constitui, a esse
título, um elemento precioso da competitividade da Europa. O elevado
crescimento do PIB da Turquia, que se elevou a cerca de 9 % em 2010, e que se
prevê atinja 6,1 % este ano, bem como o seu estatuto de membro do G20 reforçam
ainda mais a importância económica do país. O contributo da Turquia para a União Europeia
em vários domínios essenciais só será plenamente efectivo com um processo de
adesão dinâmico e credível. Este processo deve respeitar os compromissos da UE
e as condições estabelecidas. Continua a ser
essencial que a Turquia prossiga as suas reformas para satisfazer os critérios
políticos de adesão. A criação de um ministério responsável pelos assuntos
europeus constitui um sinal positivo nesta direcção. Embora tenham sido
realizados nos últimos dez anos progressos substanciais, são necessários
esforços suplementares significativos para garantir o respeito efectivo dos
direitos fundamentais, nomeadamente a liberdade de expressão, os direitos da
mulher e a liberdade de religião. A recente adopção pela Turquia de legislação
em matéria de fundações religiosas, que facilita a recuperação dos bens que
lhes foram confiscados, constitui um avanço significativo. A Comissão está
disposta a continuar a ajudar a Turquia a fazer avançar as reformas
necessárias, nomeadamente um processo inclusivo de reforma constitucional. A Turquia continua a reforçar a sua actividade
diplomática na sequência dos acontecimentos ocorridos no Norte de África e no
Próximo Oriente. Permanece igualmente um parceiro construtivo nos Balcãs
Ocidentais. Na sua qualidade de Estado estável dotado de instituições
democráticas, de uma economia em rápida expansão e de país candidato que
negoceia a sua adesão à UE, a Turquia pode desempenhar um papel importante,
como modelo de estabilidade e apoiando o impulso reformador na sua vizinhança,
que é igualmente a vizinhança da União Europeia. A UE está a reforçar o seu
diálogo político com a Turquia sobre questões de política estrangeira que apresentam
um interesse comum. No presente contexto, importa que esse diálogo se
desenvolva e se inscreva em complemento do processo de adesão e que prossiga o
objectivo de uma coordenação reforçada. Tendo em conta os progressos realizados entre
os dirigentes das duas comunidades no quadro da missão sob os auspícios do
Secretário-Geral das Nações Unidas destinada a encontrar uma solução global
para a questão cipriota, a Turquia é convidada a reforçar concretamente a sua
determinação e a sua contribuição para essas discussões. Uma solução global é
do interesse de todas as partes, dado que reforçaria a estabilidade no Sudeste
do Mediterrâneo, proporcionaria novas oportunidades económicas e dariam um
forte impulso às negociações de adesão da Turquia à UE, que atingiram uma fase
crucial. A Comissão está preocupada com as recentes
tensões nas relações entre a Turquia e Chipre. Recorda que o Conselho apelou
para que fosse evitada qualquer tipo de ameaça, fonte de fricção ou acção
susceptível de prejudicar as relações de boa vizinhança e a resolução pacífica
dos diferendos. A UE sublinhou igualmente todos os direitos soberanos de que os
Estados-Membros da UE beneficiam, entre os quais figura o de concluir acordos
bilaterais, em conformidade com o acervo e o direito internacional, incluindo a
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Em conformidade com as
posições reiteradas do Conselho e da Comissão nos últimos anos, a Comissão
recorda que é urgente que a Turquia satisfaça a obrigação que lhe incumbe de
aplicar plenamente o protocolo adicional e progrida na via da normalização das
relações bilaterais com a República de Chipre. Apela também para que se evite
qualquer tipo de ameaça, fonte de fricção ou acção susceptível de prejudicar as
relações de boa vizinhança e a resolução pacífica dos diferendos. A UE
continuará a acompanhar e a avaliar os progressos realizados sobre estas
questões, em conformidade com as decisões pertinentes do Conselho. A Turquia deve intensificar os seus esforços
para encontrar uma solução para os problemas bilaterais pendentes com os seus
vizinhos, nomeadamente os diferendos fronteiriços. A Grécia apresentou um
número considerável de queixas oficiais relativamente às violações das suas
águas territoriais e do seu espaço aéreo pela Turquia, nomeadamente voos sobre
as ilhas gregas. A Comissão trabalhará no sentido de lançar um
novo círculo virtuoso no processo de adesão com a Turquia. Com base numa
abordagem pragmática e integrando medidas concretas em domínios de interesse
comum, uma concepção comum das limitações e a vontade fazer progredir o
alinhamento da Turquia pela UE, é conveniente criar um programa novo e positivo
para permitir o desenvolvimento de relações mais construtivas e sólidas. Este programa deve abranger uma grande variedade
de domínios, nomeadamente uma cooperação e um diálogo mais estreitos sobre as
reformas políticas, o regime dos vistos, a mobilidade e as migrações, a
energia, a luta contra o terrorismo, a prossecução da participação da Turquia
em programas da UE como «A Europa para os cidadãos», a geminação de cidades,
bem como o comércio e a união aduaneira, a fim de eliminar os diferendos
comerciais existentes, alcançar uma coordenação reforçada no quadro das
negociações sobre os acordos de comércio livre e analisar novas pistas para
explorar plenamente o potencial económico comum da UE e da Turquia.
Paralelamente às negociações de adesão, a Comissão tenciona reforçar a sua
cooperação com a Turquia para apoiar os esforços desenvolvidos pelo país com
vista à realização das reformas necessárias e ao alinhamento pelo acervo,
nomeadamente nos capítulos relativamente aos quais as negociações de adesão não
podem ser abertas por agora. A Comissão continuará a informar o Conselho, logo
que considere que a Turquia satisfez os critérios pertinentes[13]. 3.3.
Islândia A Islândia continua a recuperar do colapso
económico e financeiro de 2008‑2009. A situação política tem‑se
mantido estável, embora o Governo de coligação tenha sido posto à prova por
diversas vezes, tendo‑se registado uma redução da sua maioria no
Parlamento. O processo de adesão da Islândia prosseguiu,
estando prestes a terminar o exame da legislação islandesa. O nível de
integração já elevado do país na UE numa grande variedade domínios constitui
uma vantagem significativa neste contexto. A Comissão toma em consideração as
especificidades e as expectativas da Islândia, no quadro da actual abordagem
para as negociações de adesão e no pleno respeito dos princípios da União e do
acervo. A prossecução de um clima de trabalho aberto e construtivo permitirá
encontrar soluções, traduzindo o nível de cooperação elevado existente entre a
UE e as autoridades islandesas. Nesta base, foram lançadas as negociações de
adesão em relação a um certo número de capítulos. Foram abertos quatro
capítulos, dos quais dois foram provisoriamente encerrados. Tendo em conta o
bom nível de alinhamento global, nomeadamente nos capítulos abrangidos pelo
Espaço Económico Europeu (EEE) e pelos acordos de Schengen, é provável que as
negociações avancem a bom ritmo. A Islândia deve continuar a respeitar as
obrigações que lhe incumbem, nomeadamente as definidas pelo Órgão de
Fiscalização da EFTA no quadro do Acordo EEE. Começaram as acções de comunicação destinadas
a promover um debate esclarecido sobre o processo de adesão. A adesão à UE
continua a ser uma questão controversa na Islândia. A Comissão continuará a dar
apoio no domínio da informação e das relações interpessoais.
4.
Apoio ao processo de alargamento
4.1.
Assistência financeira A Comissão concede assistência financeira e
técnica aos países do alargamento tendo em vista a sua preparação para a
adesão. A assistência é essencialmente concedida através do Instrumento de
Assistência de Pré‑Adesão (IPA), cuja dotação total para o período 2007‑2013
se eleva a 11,6 mil milhões de EUR[14].
Desde 2010, a Comissão tem vindo a reorientar
progressivamente a assistência financeira, passando de uma assistência
destinada a projectos individuais para uma abordagem mais global e sectorial,
centrada nos principais domínios do programa de reforma de cada país
beneficiário. Os governos dos países do alargamento são encorajados a adoptar
políticas globais e sustentáveis em sectores prioritários, como a justiça e os
assuntos internos, a administração pública, o desenvolvimento do sector
privado, os transportes, a energia, o ambiente e as alterações climáticas, o
desenvolvimento social, a agricultura e o desenvolvimento rural. Os documentos de planeamento indicativo
plurianual (DPIP) para o período 2011‑2013 identificam, em relação a cada
país, os sectores essenciais, em função da sua situação específica e dos
progressos que realizaram no seu processo de adesão. É dada especial atenção à
luta contra a corrupção, ao desenvolvimento da sociedade civil e à liberdade de
expressão. Cerca de 10 % dos fundos IPA disponíveis serão atribuídos a
projectos multipaíses nos Balcãs Ocidentais e na Turquia. A Comissão adoptou
hoje o seu Quadro Financeiro Indicativo Plurianual revisto para a assistência
concedida ao abrigo do IPA, que abrange o período 2012‑2013. Em conformidade
com a sua comunicação de Junho de 2011 intitulada «Um orçamento para a Europa
2020»[15],
a Comissão elabora actualmente o quadro jurídico para a concessão de
assistência de pré-adesão ao abrigo do próximo quadro financeiro plurianual,
que irá abranger o período 2014‑2020, como parte de um pacote de
instrumentos no domínio da acção externa. A assistência
concedida ao abrigo do Regulamento IPA actualmente em vigor revelou-se eficaz e
útil. A proposta de um novo instrumento financeiro, que será apresentada em
Dezembro de 2011, basear‑se‑á na experiência obtida com a aplicação
do instrumento actual. Tendo em conta o que precede, o novo instrumento
abrangerá simultaneamente a assistência que visa o respeito dos critérios de
adesão e a assistência ao desenvolvimento socioeconómico. No quadro do diálogo com os países
beneficiários, os outros doadores e a sociedade civil, e inspirando-se na
experiência adquirida até agora, a Comissão tem analisado os meios de reforçar
a ligação entre a assistência financeira e as prioridades definidas na
estratégia de alargamento, bem como os meios que permitam tornar a assistência
financeira mais estratégica, mais orientada e mais flexível e simplificar os
procedimentos. Neste contexto, foram nomeadamente tomados em consideração os
seguintes elementos: uma planificação geral e a mais longo prazo da assistência
que abrange todos os domínios de acção, uma maior atenção às necessidades e às
prioridades dos países beneficiários, a recompensa pelos progressos realizados
no processo de adesão, a utilização dos fundos IPA para atrair os fundos de
outros doadores e do sector privado e um reforço do papel da sociedade civil. 4.2.
Liberalização do regime de vistos e mobilidade A liberalização do regime de vistos reveste-se
da maior importância para os cidadãos de todos os países do alargamento e faz
parte do processo de adesão. Contudo, os progressos rumo à liberalização são
tributários do respeito por parte dos países em causa das condições que
preservam a segurança interna e os interesses da política migratória da UE. A Islândia faz já
parte do espaço Schengen. Nos Balcãs Ocidentais, os cidadãos croatas sempre
puderam entrar na UE sem visto. A isenção de visto para viajar no espaço
Schengen foi concedida, em Dezembro de 2009, aos cidadãos da antiga República
jugoslava da Macedónia, do Montenegro e da Sérvia e, um ano mais tarde, aos
cidadãos da Albânia e da Bósnia e Herzegovina. As recentes
decisões de abandonar a obrigação de visto para os cidadãos dos países dos
Balcãs Ocidentais baseiam-se no respeito por parte destes países dos critérios
dos roteiros que tinham sido definidos no quadro dos diálogos relativos à
liberalização do regime de vistos, liderados pela Comissão. Esses diálogos
funcionaram como um forte incentivo para a realização de reformas, a fim de
atingir as normas da UE nos domínios da justiça e dos assuntos internos,
nomeadamente reforçando as suas capacidades administrativas em matéria de
gestão das fronteiras e de segurança dos documentos, mas igualmente
consolidando o Estado de direito e a luta contra a criminalidade organizada
transnacional, a corrupção e as migrações ilegais. No entanto, na sequência da supressão do
regime de vistos, certos Estados-Membros da UE registaram um aumento significativo
dos números de pedidos de asilo por parte de cidadãos dos países em causa,
nomeadamente da Sérvia e da antiga República jugoslava da Macedónia, o que
parece constituir um indício de uma exploração abusiva do regime de isenção de
vistos. Para remediar esta situação, a Comissão criou, em Janeiro de 2011, um
mecanismo de acompanhamento para o período subsequente à liberalização do
regime de vistos no quadro do processo de estabilização e de associação,
encetando um diálogo com os países em causa, a fim de avaliar a coerência da
aplicação das reformas e a eficácia das medidas de correcção. Desde então, os
países em causa reforçaram os seus controlos no terreno e lançaram campanhas de
informação para sensibilizar os cidadãos para os direitos e as obrigações
decorrentes do regime de isenção de vistos. A Comissão convida as autoridades
dos países em causa a tomarem todas as medidas complementares necessárias, a
fim de permitir um bom funcionamento do regime de isenção de vistos. Para o
êxito total de tais medidas, será igualmente necessário dar maior apoio e
assegurar melhores condições de vida aos grupos mais vulneráveis em causa,
nomeadamente os ciganos. Aquando de uma revisão mais abrangente da
política de vistos da UE, a Comissão submeteu ao Conselho um projecto de
alteração do Regulamento «Vistos», que permitiria uma suspensão temporária de
um regime existente de isenção de vistos a favor de um país terceiro, em caso
de um afluxo súbito de pessoas[16].
A liberalização do regime de vistos a favor
dos nacionais do Kosovo marcaria o fim de um processo para os Balcãs
Ocidentais. Em Dezembro de 2010, o Conselho confirmou esta perspectiva, uma vez
que tinham sido respeitadas todas as condições estabelecidas. A fim de
satisfazer todas essas condições, o Kosovo adoptou um quadro jurídico para a
readmissão dos seus nacionais, tendo assinado acordos bilaterais de readmissão
com 13 Estados-Membros do espaço Schengen, tendo ainda adoptado planos de
reintegração e prosseguido a sua aplicação. A Comissão tenciona, por conseguinte,
iniciar com o Kosovo um diálogo relativamente aos vistos, por volta do final do
ano. A UE e a Turquia começaram a intensificar a
sua cooperação em matéria de vistos, enquanto a Comissão encetou um
diálogo com a Turquia no que diz respeito aos vistos, à mobilidade e às
migrações, em conformidade com as conclusões do Conselho de Fevereiro de
2011. Este processo começou a dar resultados, tanto no que diz respeito à
emissão dos vistos para os viajantes turcos como no que se refere às medidas
contra a imigração ilegal na UE, e contribuirá para fixar etapas concretas que
a Turquia deve seguir, tendo em vista uma futura liberalização do regime de
vistos. Neste contexto, a adopção pela Turquia das medidas necessárias para a
rápida conclusão do acordo de readmissão constituirá um progresso importante. 4.3.
Informação e comunicação O apoio da opinião pública é capital para o
êxito da política de alargamento. As autoridades dos Estados-Membros e dos
países do alargamento à escala nacional, regional e local têm, relativamente a
este aspecto, um papel primordial a desempenhar nos esforços envidados em
matéria de informação e de comunicação. A Comissão está empenhada em facilitar o
início de um debate público esclarecido sobre o processo de alargamento,
baseado em informações precisas, apresentadas de uma forma simples, através dos
diferentes tipos de meios de comunicação social. Essas informações devem
dirigir-se prioritariamente aos jovens e aos líderes de opinião como
jornalistas e representantes das organizações da sociedade civil e das
empresas. Os intercâmbios parlamentares podem igualmente desempenhar papel
importante na promoção de um debate esclarecido e na compreensão mútua do
processo de alargamento. O período que se segue será marcado por um
debate sobre as próximas etapas do processo de adesão dos países do
alargamento. A obtenção de resultados concretos constitui a melhor forma de
promover a política de alargamento da UE. O êxito das negociações com a Croácia
pode constituir um exemplo forte, tal como a capacidade de resistência
económica da Europa do Sudeste e as realizações concretas em sectores
essenciais como o abastecimento de energia e as redes de transporte. É
essencial explicar à opinião pública a forma como a prossecução do programa de
alargamento pode ajudar a UE a atingir os seus objectivos em matéria de combate
à crise económica, emprego, ambiente e alterações climáticas, segurança e
migrações, acelerando simultaneamente o programa de reformas e melhorando as
condições de vida nos países do alargamento.
5.
Conclusões e recomendações
Com base na análise que precede, a Comissão
apresenta as conclusões e as recomendações seguintes: 1.
O alargamento tem por objectivo alargar a zona de
paz, de estabilidade, de democracia e de prosperidade da UE.O alargamento
beneficia a UE no seu conjunto, permitindo-lhe estar em melhores condições para
fazer face aos grandes problemas que se colocam à escala mundial.Com a
conclusão das negociações de adesão com a Croácia em Junho último, o processo
de alargamento da União Europeia entrou numa nova fase. 2.
A política de alargamento demonstrou ser um
poderoso instrumento de transformação da sociedade. Os países que já aderiram à
UE e os que estão em vias de aderir procederam a profundas alterações graças às
reformas democráticas e económicas impulsionadas pela adesão. O desenvolvimento
registado pela Croácia desde que se empenhou na via da adesão é uma nova
confirmação deste poder de transformação da UE. 3.
No quadro da sua política de alargamento, que se
baseia no consenso renovado que o Conselho Europeu aprovou em Dezembro de 2006,
a UE estabelece condições rigorosas e segue com uma atenção reforçada os
progressos realizados pelos países candidatos, o que se traduz, nestes últimos,
por um nível elevado de preparação, que servirá tanto os seus interesses como
os da UE. 4.
A experiência adquirida durante as negociações com
a Croácia será aproveitada para as negociações em curso e futuras. Para o
efeito, a Comissão irá propor uma nova abordagem no que diz respeito às
questões ligadas ao sistema judiciário e aos direitos fundamentais e à justiça
e segurança. Estas áreas devem ser analisadas logo a partir das primeiras
etapas do processo de adesão e os capítulos correspondentes abertos em
consequência, com base em planos de acção, uma vez que exigem obtenção de
resultados convincentes. A Comissão apresentará, em todas as etapas do
processo, relatórios periódicos sobre os progressos realizados nestes domínios
em cada data importante estabelecida nos planos de acção e introduzirá, se for
caso disso, as medidas correctivas necessárias. Este processo beneficiará do
apoio proporcionado pelos fundos IPA. 5.
Para intensificar as reformas nos países do
alargamento, é necessário um processo de alargamento credível, que dê
uma perspectiva de adesão clara baseada em condições rigorosas e que apresente
aos cidadãos desses países resultados concretos logo na fase do processo de
adesão à UE. As condições estabelecidas no caminho rumo à UE são incentivos
poderosos que encorajam os países em causa a lançarem reformas difíceis. São
igualmente essenciais para que os Estados-Membros dêem o seu apoio ao processo
de alargamento. 6.
O êxito do percurso europeu da Croácia mostra aos
outros países do alargamento a via a seguir. Com a entrada na UE do primeiro
país dos Balcãs Ocidentais, o futuro europeu da região está a tornar-se uma
realidade. 7.
O reforço do Estado de direito continua a
ser um desafio importante para a maior parte dos países do alargamento e
constitui uma condição essencial na via da adesão à UE. A Comissão continua a
dar prioridade à reforma do sistema judiciário e da administração pública, bem
como à luta contra a criminalidade organizada e a corrupção, nomeadamente
através de um acompanhamento periódico, de diálogos estruturados, de avaliações
pelos pares, do desenvolvimento institucional, da geminação e da assistência
financeira. 8.
Em certos países do alargamento, a situação
degradou‑se no domínio da liberdade de expressão. É essencial que
os países do alargamento garantam a abertura e o pluralismo dos seus meios de
comunicação social para permitir um jornalismo crítico e independente. A
Comissão acompanhará com muita atenção a evolução da situação neste domínio e
integrará estas questões nas negociações de adesão, nomeadamente no capítulo
consagrado ao sistema judiciário e aos direitos fundamentais. 9.
A cooperação regional, que é o fundamento da
reconciliação e da integração na UE, continua a ser um elemento essencial do
processo de estabilização e de associação. Embora esta cooperação tenha
progredido em inúmeros domínios, certos problemas herdados essencialmente de
conflitos passados, continuam a ter um impacto negativo e a comprometer a
estabilidade nos Balcãs Ocidentais. É urgente abordar estas questões e, em
especial, criar uma cooperação regional aberta a todos, o que será possível,
independentemente das divergências relativas ao estatuto do Kosovo, se todas as
partes em causa adoptarem uma abordagem construtiva e pragmática. 10.
As questões bilaterais devem ser resolvidas
o mais rapidamente possível pelas partes em causa, que devem demonstrar
determinação e espírito de boa vizinhança, tendo simultaneamente em conta os
interesses gerais da UE, e o objectivo evitar a paralisação do processo de
adesão. Os bloqueios associados às questões bilaterais podem comprometer a
capacidade de o processo de alargamento conduzir à mudança. A Comissão apela às
partes em causa para fazer todos os possíveis para resolver as questões
fronteiriças em suspenso, em conformidade com os princípios e os meios
estabelecidos, nomeadamente remetendo determinadas questões para o Tribunal
Internacional de Justiça, se necessário. As relações boa vizinhança continuam a
ser fundamentais, estando a UE disposta a facilitar a procura de soluções e a
apoiar as iniciativas nesse sentido. 11.
A liberalização do regime de vistos reveste-se da
maior importância para os cidadãos de todos os países do alargamento que
pretendem viajar para a UE. A liberalização do regime de vistos, que se
insere no processo de adesão, continuou a progredir com a supressão, em
Dezembro de 2010, da obrigação de visto para os cidadãos da Bósnia e
Herzegovina e da Albânia, depois de ambos os países terem satisfeito as
condições estabelecidas. A Comissão apela às autoridades dos países dos Balcãs
Ocidentais para que tomem todas as medidas necessárias contra a utilização
abusiva do regime de deslocação sem obrigação de visto. A Comissão, por seu
lado, reforçou o mecanismo de acompanhamento do processo de liberalização do
regime de vistos, criando um processo de diálogo com os países em causa,
nomeadamente tomando medidas destinadas a evitar os abusos. 12.
Tendo em conta os progressos realizados pelo Kosovo
em matéria de readmissão e reintegração dos refugiados que regressam ao seu
país e em conformidade com as conclusões do Conselho de Dezembro de 2010, a
Comissão lançará um diálogo com o Kosovo em matéria de vistos no final do ano.
A UE intensificou a sua cooperação com a Turquia sobre as questões de vistos e
a Comissão deu início a um diálogo com este país em matéria de vistos, mobilidade
e migrações e fixará etapas concretas que a Turquia deverá franquear tendo em
vista uma futura liberalização do regime de vistos. A adopção pela Turquia das
medidas necessárias para a rápida conclusão do acordo de readmissão e a sua
entrada em vigor constituirá um progresso importante. 13.
Na sequência da crise económica mundial, os países
do alargamento entraram agora na via da recuperação económica, mas a
ritmos diferentes: A economia turca saiu reforçada da crise e o crescimento da
Turquia continua a ser notável. Contudo, os países do alargamento vêem-se
confrontados com importantes desafios. O desemprego permanece elevado e
continua a aumentar na maior parte dos países. A consolidação orçamental, as
reformas estruturais e a melhoria do enquadramento das empresas, nomeadamente
através de um reforço do Estado de direito e de uma reforma de mercado de
trabalho, constituem prioridades importantes para garantir um relançamento
sustentável e atingir um crescimento inclusivo. Neste contexto, a Comissão
convida os países do alargamento a subscreverem os objectivos da estratégia
Europa 2020, enquanto alicerce para as suas reformas. 14.
Em Dezembro de 2011, a Comissão apresentará o
quadro para a concessão da assistência financeira de pré-adesão ao
abrigo do quadro financeiro plurianual para o período 2014‑2020,
baseando-se na experiência positiva retirada do instrumento actual. Com base
nesta experiência, a Comissão reforçará a ligação entre a assistência
financeira e as prioridades definidas na estratégia de alargamento, sublinhando
o desenvolvimento socioeconómico, aumentando a flexibilidade da assistência e
simplificando os seus procedimentos. 15.
O apoio da opinião pública é capital para o
êxito da política de alargamento. As autoridades dos Estados-Membros e dos
países do alargamento à escala nacional, regional e local têm, relativamente a
este aspecto, um papel fundamental a desempenhar no âmbito dos esforços de
informação e de comunicação. A Comissão incentiva o desenvolvimento de uma
sociedade civil activa, enquanto elemento essencial da democracia, e que
facilita igualmente um debate informado em matéria de alargamento da UE. 16.
A Comissão adoptou um parecer favorável sobre a
adesão da Croácia à UE e fixou a data dessa adesão para 1 de Julho de
2013. As negociações de adesão foram concluídas, uma vez que a Croácia satisfez
os critérios estabelecidos para o encerramento dos capítulos restantes,
nomeadamente os capítulos difíceis relativos ao sistema judiciário e aos
direitos fundamentais, bem como à política de concorrência. A Croácia deve
continuar a consolidar as suas reformas em conformidade com os compromissos que
assumiu durante as negociações de adesão. A Comissão acompanhará de perto a
prossecução dos preparativos da Croácia, tendo em vista assumir as responsabilidades
decorrentes da sua adesão. Espera-se que a Croácia continue a apoiar o processo
de adesão dos outros países dos Balcãs Ocidentais. 17.
Com a sua economia dinâmica e o papel importante
que desempenha a nível regional, a Turquia é um país fundamental para a União
Europeia, tal como o demonstra a evolução da situação política económica à
escala regional e mundial A Turquia prosseguiu as suas reformas ligadas à UE,
sendo no entanto ainda necessário envidar esforços suplementares
significativos, nomeadamente em matéria de garantia dos direitos fundamentais
essenciais. Infelizmente, as negociações de adesão não avançam há mais de um
ano. A Comissão debruçar-se-á sobre um novo programa para o desenvolvimento de
relações construtivas entre a UE e a Turquia, que continue a apoiar as
reformas, nomeadamente um processo inclusivo de reforma da Constituição e a
integração económica. Este programa poderá abranger uma grande variedade de
domínios de interesse comum, nomeadamente as reformas políticas, o diálogo em
matéria de política externa, o alinhamento pelo acervo, os vistos, a mobilidade
e as migrações, a energia, a luta contra o terrorismo, o comércio e a
participação em programas da UE. A contribuição do país para a UE só será
plenamente efectiva no quadro de uma perspectiva de adesão credível e activa. A Comissão está preocupada com as recentes tensões
nas relações entre a Turquia e Chipre. A Comissão recorda que o Conselho apelou
à Turquia para que evite qualquer tipo de ameaça, fonte de fricção ou acção
susceptível de afectar negativamente as relações de boa vizinhança e a
resolução pacífica dos diferendos fronteiriços. Além disso, a UE sublinhou
todos os direitos soberanos de que os Estados-Membros da UE beneficiam, entre
os quais figura o de concluir acordos bilaterais, em conformidade com o acervo
da UE e o direito internacional, nomeadamente a Convenção das Nações Unidas
sobre o Direito do Mar. A UE tem sublinhado repetidamente que é urgente
que a Turquia cumpra a sua obrigação de aplicar integralmente e de forma não
discriminatória o protocolo adicional ao Acordo de Associação e de progredir na
via da normalização das suas relações bilaterais com a República de Chipre, o
que poderia relançar fortemente o processo de adesão. A UE continuará a
acompanhar e a avaliar os progressos realizados em questões abrangidas pela
Declaração de 21 de Setembro de 2005, em conformidade com as Conlusões
pertinentes do Conselho. Na ausência de progressos, a Comissão recomenda que a
UE mantenha as medidas tomadas em 2006. 18.
No que diz respeito à questão de Chipre, os
dirigentes das comunidades cipriota grega e cipriota turca intensificaram as
negociações tendo em vista alcançar uma solução global sob os auspícios das
Nações Unidas. A Comissão apoia firmemente os seus esforços e fornece
aconselhamento técnico em questões da competência da UE. A Comissão apela aos
dirigentes das duas partes para que cheguem aos compromissos necessários para
que as negociações possam ser concluídas com êxito e incentiva todos os
intervenientes implicados a orientarem todos os seus esforços e os seus
pensamentos para a resolução global da questão cipriota. Durante as discussões,
que se encontram actualmente numa fase de negociação intensa, é primordial que
todas as partes em causa demonstrem uma certa discrição e se esforcem por
garantir um clima positivo que facilitará a conclusão com êxito do processo,
contribuindo de forma concreta para uma resolução global da questão. 19.
O processo de adesão com a Islândia está a
ganhar dinâmica, tendo sido abetas as negociações sobre capítulos específicos
do acervo. O nível de integração elevado do país na UE numa grande variedade
domínios constitui uma vantagem significativa. A Comissão toma em consideração
as especificidades e as expectativas da Islândia, embora respeitando plenamente
a abordagem existente nas negociações de adesão e salvaguardando os princípios
e o acervo da União, bem como o quadro das negociações. A Comissão continuará a
alimentar o debate público sobre a adesão na Islândia com informações factuais
sobre o que representa a adesão à UE. 20.
A antiga República jugoslava da Macedónia
continua a satisfazer os critérios políticos de forma satisfatória.
Verificaram-se alguns progressos no que diz respeito às reformas essenciais. A
aplicação da legislação adoptada, a garantia da liberdade de expressão nos
meios de comunicação social, o reforço da independência do sistema judiciário,
a reforma da administração pública e a luta contra a corrupção continuam, no
entanto, a representar desafios importantes. A Comissão reitera a sua recomendação a favor da
abertura das negociações de adesão à União Europeia com a antiga República
jugoslava da Macedónia. A Comissão reitera a sua proposta de passar desde já
Para a segunda fase da associação, tal como previsto no Acordo de Estabilização
e de Associação. Afigura-se essencial manter relações de boa
vizinhança, nomeadamente através de uma solução negociada e aceite de comum
acordo sobre a questão da designação do país, sob os auspícios das Nações
Unidas. Será conveniente não desperdiçar mais um ano. 21.
O Montenegro abordou com êxito as
prioridades essenciais estabelecidas em 2010 pela UE como requisito prévio para
a abertura das negociações de adesão. O país consolidou o consenso nacional em
torno da integração europeia. Tendo em conta os progressos realizados, a
Comissão considera que o Montenegro atingiu o grau necessário de conformidade
com os critérios de adesão, nomeadamente os critérios políticos fixados em
Copenhaga. No entanto, continua a ser primordial manter a dinâmica da reforma,
sublinhando em especial a aplicação da legislação e das políticas no domínio do
Estado de direito. Para o efeito, a Comissão tenciona propor a aplicação, no
caso do Montenegro, da nova abordagem para os capítulos de negociação
consagrados ao sistema judiciário e aos direitos fundamentais, bem como à
justiça, liberdade e segurança, referidos no ponto 4. Tendo em conta o que precede, bem como as
conclusões do Conselho de Dezembro de 2010, a Comissão recomenda a abertura das
negociações de adesão com o Montenegro. 22.
No último ano, a cena política albanesa foi
em grande medida dominada pelo bloqueio político entre a maioria no poder e a
oposição e por novas confrontações. Afigura-se agora urgente que,
apoiando-se nos sinais encorajadores destes últimos tempos, as forças políticas
albanesas estabeleçam e mantenham um nível de diálogo político que permita o
funcionamento das principais instituições democráticas, o que melhorará o
quadro eleitoral, e a aplicação das reformas essenciais. A Comissão incentiva os
principais intervenientes a estabelecer em conjunto métodos concretos que irão
permitir atenuar as divergências internas, a fim de realizar a perspectiva
europeia do país. 23.
A Comissão apresentou hoje o seu parecer sobre o
pedido de adesão da Sérvia, em que recomenda que o Conselho Europeu
conceda ao país o estatuto de país candidato, tendo em conta os progressos
realizados até ao momento e desde que a Sérvia retome o diálogo com o Kosovo e
prossiga rapidamente a aplicação, de boa fé, dos acordos já concluídos A Sérvia está na boa via para respeitar de forma
satisfatória os critérios políticos fixados pelo Conselho Europeu de Copenhaga
em 1993 e as condições do processo de estabilização e de associação, desde que
os progressos prossigam e que sejam encontradas soluções práticas para os
problemas com o Kosovo. A Comissão recomenda, por conseguinte, a abertura
das negociações de adesão com a Sérvia, logo que o país tenha realizado novos
progressos significativos no que diz respeito à seguinte prioridade essencial: –
Alcançar novos progressos, a fim de normalizar as
relações com o Kosovo, no que respeita às condições do processo de
estabilização e de associação; cumprindo plenamente os princípios da cooperação
regional inclusiva; respeitando plenamente as disposições do Tratado que
institui a Comunidade da Energia; encontrando soluções para as telecomunicações
e o reconhecimento mútuo dos diplomas; continuando a aplicar de boa-fé todos os
acordos concluídos; e cooperando activamente com a missão EULEX para que esta exerça
as suas funções em todo o território do Kosovo. A Comissão apresentará um relatório sobre a
aplicação, pela Sérvia, da prioridade essencial acima referida, logo que tenham
sido realizados progressos suficientes. 24.
A UE continuará a facilitar o diálogo entre
Belgrado e Pristina tendo em vista promover a cooperação, favorecer a
realização de progressos na via da integração na UE e melhorar as condições de
vida da população. O diálogo constituiu até agora um meio precioso para atenuar
as divergências entre duas partes, tendo conduzido a vários acordos em domínios
como a liberdade de circulação das mercadorias e das pessoas, o registo civil e
o cadastro. 25.
Num ano marcado por longos processos eleitorais, os
progressos realizados no programa de reformas no Kosovo foram limitados.
O Presidente e o Governo demonstraram o seu empenhamento na perspectiva
europeia do Kosovo, o que deu origem a algumas reformas iniciais. Persistem
grandes desafios no que diz respeito à luta contra a criminalidade organizada e
à corrupção, bem como ao reforço da administração pública. A Comissão propõe o
início de um diálogo estruturado com o Kosovo sobre o Estado de direito, a fim
de abordar estes desafios e apoiar a reforma do sistema judiciário. Embora a integração dos sérvios do Kosovo tenha
melhorado no Sul, as tensões aumentaram no Norte. As populações do Norte devem
também beneficiar da perspectiva europeia. Para o efeito, a Comissão sublinha a
importância para o Kosovo de lançar um programa global para o Norte do país. A Comissão continuará a apoiar os esforços
desenvolvidos pelo Kosovo na via da concretização da sua perspectiva europeia,
nomeadamente no que se refere aos vistos, a um acordo comercial e à
participação do Kosovo nos programas da UE, em conformidade com a sua comunicação
de 2009. Para o efeito, a Comissão reexaminará a sua comunicação de 2009 para
garantir que o Kosovo possa continuar a participar no processo de adesão à UE.
A Comissão incentiva os esforços envidados para ultrapassar os obstáculos ao
desenvolvimento das relações entre a UE e o Kosovo, provocados pelas
divergências sobre o estatuto concedido ao Kosovo. 26.
A Bósnia e Herzegovina continua num impasse
político e institucional, o que prolongou os bloqueios no funcionamento do
Estado e na execução das reformas ligadas à UE. É urgente a formação de um
Governo ao nível nacional, a fim de permitir uma governação eficaz a esse
nível. Para avançar rumo à UE, o país deve alterar a sua Constituição em
conformidade com um acórdão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a fim de
eliminar a discriminação étnica no que diz respeito à representação nas
instituições públicas, e deve adoptar uma lei relativa aos auxílios estatais.
Deve ainda ser adoptada uma lei relativa ao recenseamento. O empenhamento do
país num diálogo estruturado sobre a justiça no quadro do processo de
estabilização e de associação mostra o caminho a seguir, que passa pelo diálogo
e o compromisso, bem como pela concentração dos esforços nas reformas ligadas à
UE. Continua a ser essencial prosseguir no registo de
progressos, com vista a realizar os objectivos e respeitar as condições fixadas
para o encerramento do Gabinete do Alto Representante. A nomeação do primeiro
representante único da UE na Bósnia e Herzegovina reforça a presença da UE e o
seu apoio ao país, para que este passe de uma supervisão internacional para o
seu futuro europeu, em conformidade com as conclusões do Conselho de Março de
2011. 27.
A política de alargamento da UE causou profundas alterações
democráticas e económicas nos países que pretendem aderir à União. O
balanço das acções realizadas durante o ano passado sublinha a importância de
uma política de alargamento credível. Simultaneamente, quando a vontade
política e a preocupação em obter resultados concretos são insuficientes ou
inexistentes, o processo de adesão não progride e corre o risco de paralisação.
A realização de reformas difíceis permite que os países candidatos se tornem
mais estáveis, melhor preparados e mais prósperos. ANEXO
1 Conclusões
e recomendações do parecer da Comissão sobre o pedido de adesão da Sérvia Tendo em conta as reformas substanciais
efectuadas nos últimos anos, a Sérvia progrediu consideravelmente no
cumprimento dos critérios políticos fixados pelo Conselho Europeu de Copenhaga
de 1993, relativos a instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado
de direito, os direitos do homem, o respeito das minorias e a respectiva
protecção, bem como as condições do processo de estabilização e de associação.
A Sérvia dispõe de um quadro constitucional, legislativo e institucional
completo, que corresponde globalmente às normas europeias e internacionais. O
Parlamento tornou-se muito mais eficaz na sua actividade legislativa durante a
actual legislatura. O quadro jurídico e institucional para o Estado de direito
é abrangente, nomeadamente nos domínios da luta contra a corrupção e a
criminalidade organizada, domínios em que foram obtidos os primeiros
resultados. O quadro jurídico relativo à protecção dos direitos do homem e das
minorias está bastante desenvolvido, tendo começado a ser aplicado. A Sérvia
atingiu um nível plenamente satisfatório na sua cooperação com o TPIJ, tendo o
país assumido um papel cada vez mais activo na promoção da reconciliação na
região. A Sérvia aceitou estabelecer um processo de diálogo com o Kosovo, em
cujos trabalhos tem participado, a fim de melhorar as condições de vida das
populações. Este diálogo deu origem a vários acordos (liberdade de circulação
das pessoas e das mercadorias, registo civil e cadastro), tendo a Sérvia tomado
as primeiras medidas para a sua aplicação. No que diz
respeito aos critérios económicos, a Sérvia tomou iniciativas importantes com
vista à criação de uma economia de mercado viável, tendo atingido um certo grau
de estabilidade macroeconómica, apesar da crise económica e financeira mundial.
São contudo necessários esforços suplementares para reestruturar a economia e
melhorar o enquadramento das empresas, reforçando nomeadamente o Estado de
direito e eliminando a burocracia, incentivando a concorrência e o papel do
sector privado, bem como abordando os factores de rigidez do mercado de
trabalho. A fim de estar em condições de fazer face a médio prazo às pressões
concorrenciais e às forças do mercado no âmbito da União, a Sérvia deve
prosseguir as suas reformas estruturais para aumentar a capacidade de produção
da economia e criar um enquadramento favorável para um aumento do investimento
estrangeiro. A Sérvia obter
resultados positivos na execução das suas obrigações decorrentes do Acordo de
Estabilização e de Associação e do Acordo Provisório. A Sérvia deverá
estar em condições de assumir, a médio prazo, as obrigações decorrentes da
adesão na maior parte dos domínios abrangidos pelo acervo, se prosseguir o
processo de alinhamento e continuar a envidar esforços para garantir a execução
e a aplicação da legislação. Deve ser dada atenção especial aos domínios
seguintes: agricultura e desenvolvimento rural, sistema judiciário e direitos
fundamentais, justiça liberdade e segurança, e controlo financeiro. Um cumprimento
pleno do acervo no domínio do ambiente e das alterações climáticas só será
possível a longo prazo e necessitará de maiores níveis de investimento. Com base em
estimativas preliminares, a adesão da Sérvia terá um impacto global limitado
nas políticas da União Europeia e não terá qualquer impacto na capacidade de
este país manter e aprofundar o seu próprio desenvolvimento. A Comissão
recomenda que o Conselho conceda à Sérvia o estatuto de país candidato, tendo
em conta os progressos realizados até ao momento e desde que este país retome o
diálogo com o Kosovo e prossiga rapidamente a aplicação, de boa fé, dos acordos
já concluídos A Sérvia está na
boa via para respeitar de forma satisfatória os critérios políticos fixados
pelo Conselho Europeu de Copenhaga em 1993 e as condições do processo de
estabilização e de associação, desde que os progressos prossigam e que sejam
encontradas soluções práticas para os problemas com o Kosovo. A Comissão
recomenda, por conseguinte, a abertura das negociações de adesão com a Sérvia,
logo que o país tenha realizado novos progressos significativos no que diz
respeito à seguinte prioridade essencial: –
Realizar novos progressos a fim de normalizar as
relações com o Kosovo, no que respeita as condições do processo de estabilização
e de associação, cumprindo plenamente os princípios de uma cooperação regional
inclusiva; respeitando plenamente as disposições do Tratado que institui a
Comunidade da Energia; encontrando soluções para as telecomunicações e o
reconhecimento mútuo dos diplomas; continuando a aplicar de boa-fé todos os
acordos concluídos; e cooperando activamente com a missão EULEX para que esta
exerça as suas funções em todo o território do Kosovo. A Comissão apresentará um relatório sobre a
aplicação, pela Sérvia, da prioridade essencial acima referida, logo que tenham
sido realizados progressos suficientes. Convida‑se a Sérvia a manter a dinâmica
das reformas e a esforçar-se por atingir o grau necessário da conformidade com
os critérios de adesão, com especial atenção para o Estado de direito, e a
prosseguir o seu empenhamento construtivo na cooperação regional e no reforço
das suas relações bilaterais com os países vizinhos. Deve prosseguir a
aplicação do Acordo Provisório e, a partir da sua entrada em vigor, do Acordo
de Estabilização e de Associação. A Comissão continuará a apoiar estes esforços
através do instrumento financeiro de pré‑adesão (IPA). ANEXO
2 Conclusões
relativamente à Croácia, antiga República jugoslava da Macedónia, Montenegro,
Albânia, Bósnia e Herzegovina, Kosovo[17]
Turquia e Islândia Croácia As negociações de adesão da Croácia foram
concluídas em Junho de 2011, após o país ter cumprido os restantes critérios
para o encerramento de capítulos. O país deve agora consolidar o elevado nível
de alinhamento atingido e centrar-se nas tarefas a cumprir antes da adesão. O
presente relatório de acompanhamento insere-se no quadro do acompanhamento, por
parte da Comissão, do respeito pela Croácia de todos os compromissos assumidos
no âmbito das negociações de adesão e da prossecução dos seus trabalhos
preparatórios tendo em vista assumir as responsabilidades decorrentes da sua
adesão. A Croácia continua a cumprir os critérios
políticos. Foram realizados progressos substanciais em todos os domínios,
nomeadamente em matéria de Estado de direito, tendo começado a surgir
resultados concretos. Devem continuar a ser envidados esforços para consolidar
estes resultados. Prosseguiu o reforço da democracia e do
Estado de direito. O Governo e o Parlamento
continuaram a funcionar de forma eficaz. No domínio da reforma da administração
pública, devem ser envidados esforços suplementares para consolidar a
aplicação eficaz do quadro jurídico, a fim de concluir a criação de um serviço
público moderno, fiável, despolitizado e centrado no cidadão. A Croácia realizou bons progressos no que diz
respeito ao sistema judiciário. A nova legislação contribuiu para a
prossecução do reforço da independência do sistema judiciário, tendo sido
tomadas inúmeras medidas para melhorar a sua eficácia. Foi criado um novo
sistema de nomeação dos funcionários judiciais. Subsistem alguns desafios,
nomeadamente a necessidade de continuar a aumentar a eficácia do sistema
judiciário, e de garantir a aplicação prática de novas medidas relativas à independência,
à imparcialidade e à responsabilização do poder judiciário. Registaram-se
progressos em termos de tratamento imparcial dos processos de crimes de guerra.
Foi atribuída às quatro câmaras especializadas em matéria de crimes de guerra a
competência exclusiva do tratamento de todos os novos processos, devendo o seu
papel continuar a ser reforçado no que diz respeito aos processos pendentes. O
Ministério da Justiça adoptou uma estratégia para abordar a impunidade,
nomeadamente nos processos cujas vítimas são pessoas de origem étnica sérvia ou
cujos autores presumidos são membros das forças de segurança croatas. Registaram-se progressos substanciais no
domínio da luta contra a corrupção. A Croácia redobrou os seus esforços
na luta contra a corrupção, registando alguns resultados positivos; melhorou a
legislação e reforçou as autoridades competentes. Deve continuar a desenvolver
os resultados em matéria de tratamento eficaz de processos de corrupção, quer
se trate de processos de corrupção de alto nível ou de corrupção a nível local,
nomeadamente os processos ligados aos contratos públicos e ao sistema
judiciário. É necessário adquirir mais experiência na aplicação do quadro
jurídico recentemente adoptado em matéria de prevenção e reforçar as estruturas
necessárias para a sua aplicação. Os direitos humanos continuam a ser bem
respeitados em geral, tendo sido realizados novos progressos no domínio dos direitos
do homem e da protecção das minorias. A Croácia continuou a tomar
várias medidas para sensibilizar a opinião pública e reforçar a protecção dos
direitos do homem. No que diz respeito ao acesso à justiça, prosseguiu a
melhoria da aplicação da Lei relativa à assistência judiciária, graças
nomeadamente a uma simplificação dos procedimentos. No que se refere ao sistema
prisional, continuam em curso as obras de extensão dos actuais centros de
detenção e de tratamento, mas as prisões croatas continuam superlotadas. No que
diz respeito aos maus tratos, o procurador de justiça continua a receber
queixas relativas ao uso excessivo da força por parte da polícia, às quais deve
ser dado um seguimento adequado. A liberdade de expressão, nomeadamente
a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação social, está prevista no
direito croata e é, em geral, respeitada. Registaram-se progressos
suplementares em matéria de transparência da propriedade dos meios de
comunicação social, mas os progressos foram limitados nas investigações,
iniciadas em anos anteriores, sobre casos de intimidação de jornalistas que
trabalhavam em casos de corrupção e de criminalidade organizada. Contudo, o
número de novos casos assinalados foi reduzido. O desenvolvimento de jornalismo
de investigação foi entravado, em especial, por pressões económicas. Subsistem
problemas de ingerência política a nível local. A liberdade de reunião
deverá ser objecto de uma atenção constante no que diz respeito à gestão das
manifestações. Registaram-se alguns progressos no que diz
respeito aos direitos das mulheres e à igualdade de género. No entanto,
a situação das mulheres no mercado de trabalho não evoluiu de forma
significativa e a taxa de desemprego das mulheres mantém-se elevada.
Verificaram-se progressos limitados em matéria de direitos das crianças.
O Provedor de Justiça para as crianças teve uma intervenção mais activa nos
casos de violência contra crianças que não tinham sido resolvidos de forma
satisfatória pelas autoridades competentes. Registaram‑se progressos limitados no
que se refere à inclusão de grupos socialmente vulneráveis e de pessoas com
deficiência. As capacidades do Gabinete do Provedor para as pessoas com
deficiência estão a ser reforçadas. Os critérios para determinar os direitos
não são aplicados de forma equitativa e as disposições legislativas que regem
os direitos específicos são fragmentadas. A transição dos estabelecimentos de
cuidados para os serviços de cuidados de proximidade progrediu muito
lentamente. O direito laboral e o direito sindical são geralmente
respeitados. A Croácia começou a obter resultados em
matéria de aplicação da lei relativa à luta contra a discriminação e da
lei relativa aos crimes de ódio. Foram tomadas diversas medidas de
sensibilização e o Gabinete do Provedor encarregado dos direitos do homem
beneficia de um reforço das suas capacidades. Os organismos encarregados de
fazer aplicar a lei sobre os crimes de ódio deram início a certo número de
processos. Contudo, é conveniente obter resultados concretos neste domínio e
abordar o problema da homofobia e da xenofobia no seio da sociedade croata. Registaram-se progressos no que se refere ao respeito
e à protecção dos direitos das minorias e dos direitos culturais. Foram
mantidas os compromissos assumidos publicamente, a alto nível, a favor da
defesa dos direitos das minorias, reafirmando o seu lugar na sociedade croata,
tendo sido assegurado o financiamento das organizações que representam as
minorias. As investigações realizadas pela polícia relativamente aos incidentes
contra as minorias melhoraram. Foram tomadas medidas para reforçar a aplicação
das disposições em matéria de mercado de trabalho da lei constitucional sobre
os direitos das minorias nacionais, tendo sido adoptado um plano para o emprego
das minorias, que deve agora ser aplicado. Contudo, a Croácia deve continuar a
promover um espírito de tolerância em relação às minorias, nomeadamente à da
minoria sérvia. Subsistem os casos de discriminação, em especial no sector
público à escala local. Foram registados melhoramentos em termos de acesso da
minoria cigana à educação, nomeadamente à educação pré‑escolar.
Prosseguiu a melhoria das infra-estruturas de certos acampamento ciganos. A
participação da minoria cigana no sistema educativo continua a colocar
problemas, mas os ciganos poderiam tirar melhor partido das medidas tomadas a
seu favor. Os problemas de acesso dos ciganos a um alojamento adequado, à
protecção social e aos cuidados de saúde persistem, continuando a sua taxa de
desemprego a ser extremamente elevada. Verificaram-se progressos satisfatórios no que
diz respeito às questões ligadas ao regresso dos refugiados, que
continuam a regressar à Croácia. São de assinalar progressos no domínio do
alojamento, nomeadamente a criação de programas que permitem a concessão de
habitações aos repatriados. Diminuiu o número de recursos em atraso
relativamente a pedidos de reconstrução de habitações recusadas. Realizaram-se
progressos no que diz respeito à reconstrução de imóveis. Prosseguiu a
aplicação da decisão relativa à validação dos direitos à pensão. Todavia, a
Croácia deve progredir na concessão de alojamento aos restantes requerentes de
ajuda ao alojamento, cujo número está estimado em 2 500. Devem ser acelerados
os esforços para criar as condições económicas e sociais necessárias para a
sustentabilidade do regresso dos refugiados. No que diz respeito às questões
regionais e às obrigações internacionais, a Croácia continua a cooperar
com o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ). Dando
seguimento ao pedido de Gabinete do Procurador do TPIJ, a task force
inter-serviços criada pelo Governo explorou novas pistas importantes no quadro
das suas investigações destinadas a localizar e a encontrar os documentos em
falta relativamente à utilização da artilharia. Todavia, a Croácia não
conseguiu apresentar todos estes documentos militares. Os dirigentes políticos
devem igualmente evitar qualquer declaração ou medida susceptível de pôr em
causa a importância da reconciliação e a necessidade de fazer justiça através
da instauração de acções penais por crimes de guerra. Realizaram-se progressos significativos no que
diz respeito ao processo da Declaração de Sarajevo. Na sequência das reuniões
de Junho e Setembro de 2011, a Bósnia e Herzegovina, a Croácia, o Montenegro e
a Sérvia chegaram a acordo sobre diversos pontos, nomeadamente sobre o texto de
uma declaração comum que deve ser assinada aquando de uma conferência
ministerial a realizar em Novembro de 2011 em Belgrado. Em Julho, o Governo croata adoptou e
transmitiu ao Parlamento para adopção uma declaração relativa à promoção dos
valores europeus na Europa do Sudeste, em que a Croácia se compromete
firmemente a garantir que as questões bilaterais, nomeadamente os problemas
fronteiriços, não irão entravar a adesão dos países candidatos à UE ao longo do
processo, desde o seu início até à entrada em vigor do Tratado de Adesão. A Croácia continuou a participar activamente
em iniciativas regionais, nomeadamente no quadro do Processo de Cooperação para
a Europa do Sudeste (SEECP), do Conselho de Cooperação Regional (CCR) e do
Acordo Centro-Europeu de Comércio Livre (ALECE). As relações bilaterais com os
outros países do alargamento e os Estados-Membros da UE vizinhos continuam a
desenvolver-se, nomeadamente com a Sérvia, embora certas questões careçam de
uma atenção contínua, especialmente no que diz respeito à cooperação em matéria
de investigações e de acções instauradas por crimes de guerra. As relações com
a Eslovénia continuaram a melhorar com a entrada em vigor do acordo relativo à
resolução do diferendo fronteiriço. A economia croata continuou em fase de
recessão em 2010 e durante o primeiro trimestre de 2011, apesar da recuperação
económica dos países da UE e dos outros parceiros comerciais da Croácia. No
entanto, existem sinais de crescimento da actividade económica desde a
Primavera. O desemprego, o défice e a dívida pública continuaram a aumentar. O
elevado endividamento externo continua a ser um dos principais factores de
debilidade da economia. Quanto aos critérios económicos, a
Croácia é uma economia de mercado viável. A Croácia deve estar em condições de
fazer face às pressões concorrenciais e às forças do mercado no âmbito da
União, desde que aplique o seu vasto programa de reformas com determinação,
tendo em vista ultrapassar as suas deficiências estruturais. Foi mantido um vasto consenso político sobre
os fundamentos de uma economia de mercado. Dadas as actuais limitações, a
política macroeconómica prosseguida foi globalmente adequada, com vista a fazer
face aos desafios colocados pela recessão. O banco central conseguiu preservar
a taxa de câmbio e a estabilidade financeira, mantendo simultaneamente uma
política monetária flexível, uma vez que as pressões inflacionistas subjacentes
continuaram reduzidas. O sector bancário continuou a resistir aos choques. No
domínio orçamental, as autoridades esforçaram‑se por conter o aumento do
défice, restringindo as despesas. O quadro orçamental destinado a assegurar a
sustentabilidade orçamental a médio prazo foi melhorado. O défice da balança
corrente continuou a diminuir devido ao aumento das exportações, enquanto a
evolução moderada da procura interna permitiu conter as importações. Foram
obtidos alguns progressos, ainda que limitados, em matéria de reformas
estruturais no quadro do programa de recuperação económica. Todavia, globalmente, o ritmo das reformas
estruturais permaneceu lento, nomeadamente no que diz respeito ao processo de
privatização e à reestruturação das empresas dificitárias. O clima dos
investimentos continuou a reflectir as pesadas restrições regulamentares, a
falta de previsibilidade das decisões administrativas, nomeadamente a nível
local, e o grande número de taxas parafiscais. As reformas previstas
relativamente a um mercado de trabalho muito rígido foram fortemente
circunscritas e as suas taxas de emprego e de participação, já reduzidas,
continuaram a diminuir. As transferências sociais, que representam uma parte
relativamente elevada das despesas públicas, continuam a estar orientadas de
forma deficiente. Tendo em conta a necessidade de obter uma viabilidade
orçamental a médio prazo, seria conveniente continuar a melhorar o processo
orçamental. O reforço da eficiência das despesas públicas continua a constituir
um desafio importante. No que diz respeito à capacidade de a
Croácia assumir as obrigações decorrentes da adesão, prosseguiram a bom
ritmo os preparativos necessários para o cumprimento dos requisitos da UE,
tendo o país atingido um grau elevado de alinhamento pelas normas da UE na
maior parte dos sectores. Foram realizados progressos suplementares na maior
parte dos domínios, nomeadamente nos capítulos em que o nível de alinhamento é
já elevado. É necessário envidar esforços adicionais em certos domínios para
reforçar as capacidades administrativas necessárias à aplicação adequada do
acervo. A aplicação do Acordo de Estabilização e de Associação tem‑se
processado de forma harmoniosa. Realizaram-se progressos satisfatórios no
domínio da livre circulação das mercadorias. O alinhamento deste
capítulo pelo acervo está bastante avançado. Contudo, são necessários esforços
suplementares, nomeadamente no que se refere às revisões pendentes da
legislação horizontal e da legislação sobre os produtos da antiga e da nova e
antiga abordagem, a fim de alinhar integralmente a legislação nacional pelo
acervo. Continuaram os
progressos no domínio da livre circulação dos trabalhadores, estando no
bom caminho os preparativos com vista à aplicação do acervo. Deve ser dada uma
atenção permanente ao reforço das capacidades administrativas no que diz
respeito à coordenação dos regimes de segurança social. São de assinalar progressos suplementares no
domínio do direito de estabelecimento e da livre prestação de serviços,
em que o alinhamento pelo acervo é globalmente satisfatório. É conveniente
prosseguir os esforços envidados no que diz respeito ao reconhecimento mútuo
das qualificações profissionais, bem como à transposição e à aplicação da
Directiva «Serviços», a fim de atingir um alinhamento completo, bem como
continuar a reforçar a capacidade administrativa da entidade reguladora dos
serviços postais. Realizaram-se
progressos suplementares no domínio da livre circulação de capitais, no
que diz respeito ao acervo sobre os serviços de pagamento, à liberalização dos
movimentos de capitais e à luta contra o branqueamento de capitais. O
alinhamento da legislação está quase terminado. Continuaram os progressos no domínio dos contratos
públicos. O alinhamento pelo acervo tem vindo a avançar satisfatoriamente e está
quase concluído.
Há que dar especial atenção ao alinhamento das disposições
de aplicação da nova lei relativa aos contratos públicos e ao reforço das
instituições neste sector, através da formação contínua e do desenvolvimento
profissional do seu pessoal. Registaram-se
progressos no domínio do direito das sociedades, em que o alinhamento
pelo acervo prossegue a bom ritmo. São de assinalar progressos suplementares no
domínio do direito da propriedade intelectual, estando o alinhamento
pelo acervo muito avançado. É conveniente reforçar a sensibilização do público
em geral para os direitos de propriedade intelectual. Realizaram-se
progressos significativos em matéria de política de concorrência,
nomeadamente graças à aprovação de planos de reestruturação para os estaleiros
navais. Contudo, não foi assinado qualquer contrato de privatização. Foi
atingido um elevado nível de alinhamento da legislação. É necessário envidar
esforços suplementares para melhorar os resultados da agência da concorrência
em matéria de aplicação das medidas de luta contra os cartéis, na sequência da
entrada em vigor da nova lei relativa à concorrência. São de assinalar progressos satisfatórios no
domínio dos serviços financeiros, no que se refere tanto ao alinhamento
da legislação como ao reforço da capacidade administrativa. O alinhamento está
bastante avançado. A Croácia realizou
bons progressos no domínio da sociedade da informação e dos meios
comunicação social, tendo atingido um nível elevado de alinhamento pelo
acervo. É necessário desenvolver progressos suplementares para prosseguir a
liberalização do todos os segmentos dos mercados das comunicações electrónicas
e promover a independência do serviço público da radiodifusão. São de assinalar progressos satisfatórios no
domínio da agricultura e do desenvolvimento rural, nomeadamente no que
se refere à criação e entrada em funcionamento do organismo de pagamento e do
sistema integrado de gestão e de controlo, bem como da organização comum dos
mercados. Globalmente, os preparativos seguem uma boa via. A Croácia deve
envidar esforços consideráveis e sustentáveis em todos estes domínios, para que
os sistemas criados estejam plenamente operacionais e conformes. Deve
igualmente progredir no alinhamento do sistema de apoio à agricultura pelo
acervo e aumentar om urgência a sua capacidade de absorção dos fundos de
desenvolvimento rural. Registaram-se
progressos encorajadores no domínio da segurança alimentar e da política
veterinária e fitossanitária, nomeadamente no que diz respeito à
transposição da legislação da UE e à adopção das disposições de aplicação. A
transposição da legislação está praticamente concluída em vários sectores. A
Croácia deve prosseguir os seus esforços tendo em vista a modernização e o
controlo dos estabelecimentos, a criação de postos de inspecção nas fronteiras,
a supervisão do sector dos subprodutos de origem animal e o reforço da sua
capacidade administrativa e de controlo. A Croácia continuou a registar bons progressos
em termos de alinhamento pelo acervo no domínio da pesca. Globalmente,
os preparativos estão bastante avançados. A Croácia deve continuar a envidar
esforços relativamente à aplicação da legislação, nomeadamente no que diz
respeito à gestão, inspecção e controlo da frota, bem como à política
estrutural. Registaram-se progressos suplementares em
matéria de política dos transportes, sendo o nível de alinhamento
alcançado neste domínio satisfatório. São necessários esforços suplementares,
nomeadamente na prossecução dos trabalhos relativos à segunda fase do Acordo
sobre o Espaço Aéreo Comum Europeu, a fim de concluir o alinhamento da
legislação no sector da aviação e assegurar o funcionamento adequado das
autoridades responsáveis pela segurança dos transportes ferroviários e do
sistema de controlo e informação do tráfico dos navios. Registaram-se alguns progressos no domínio da energia,
em que o nível de alinhamento é elevado, devendo no entanto a prosseguir os
esforços, nomeadamente para abrir os mercados do gás e da electricidade e para
atingir os objectivos da UE em matéria de energias renováveis e de eficiência
energética. Os procedimentos administrativos aplicáveis aos projectos em
matéria de energias renováveis devem ser simplificados e as capacidades
administrativas reforçadas. Registaram-se alguns progressos no domínio da fiscalidade.
Embora o nível de alinhamento seja muito elevado, a Croácia deve redobrar os
seus esforços, em especial no domínio do IVA e dos impostos especiais de
consumo. A Croácia deve continuar a trabalhar a nível dos preparativos para a
interconexão dos sistemas informáticos. Registaram-se
alguns progressos no domínio da política económica e monetária, em que o
alinhamento pelo acervo está concluído. Será importante prosseguir os esforços
para melhorar a coordenação das políticas económicas. Registaram‑se bons progressos no domínio
das estatísticas, tendo sido atingido um bom nível de alinhamento. Devem
prosseguir os esforços para alinhar completamente as estatísticas croatas pelas
exigências da UE. Foram realizados
alguns progressos no domínio da política social e do emprego, em que a
Croácia atingiu um bom nível de alinhamento pelo acervo. No entanto, subsistem
lacunas em matéria de alinhamento da legislação, nomeadamente no que diz
respeito à transposição das directivas relativas ao direito de trabalho que não
se enquadram no âmbito de aplicação da lei sobre trabalho, bem como nos
domínios da luta contra as discriminações e a igualdade de género. Deve ser
dada a devida atenção à resolução das deficiências estruturais no mercado do
trabalho, bem como à necessidade de garantir um bom funcionamento do diálogo
social e o reforço das capacidades dos parceiros sociais. É necessário um
reforço constante das capacidades administrativas em todos os domínios. A Croácia realizou
alguns progressos no domínio da política empresarial e da política
industrial. O alinhamento deste capítulo pelo acervo está muito avançado.
São necessários esforços suplementares sustentados para melhorar o clima
empresarial, através da redução da carga administrativa, bem como em matéria de
inovação e de competências. Há que concluir o alinhamento da definição das PME
pelo acervo e continuar a progredir na reestruturação do sector da construção
naval. A Croácia registou progressos suplementares no
domínio das redes transeuropeias, em que o alinhamento pelo acervo está
terminado. Registaram-se progressos satisfatórios no
domínio da política regional e da coordenação dos instrumentos estruturais.
A Croácia está bastante avançada nos seus preparativos que visam a aplicação da
política de coesão da UE em todos os domínios, devendo centrar a sua acção no
reforço da sua capacidade administrativa, tendo em vista a futura aplicação da
política de coesão e a constituição de uma reserva de projectos «maduros». A Croácia realizou progressos substanciais no
que diz respeito ao sistema judiciário e aos direitos fundamentais. A
reforma do sistema judiciário prosseguiu com a adopção de nova legislação que
reforça a independência do poder judiciário e com os progressos obtidos na
redução dos processos em atraso. A reforma da justiça deve ser objecto de uma
atenção permanente, em especial em matéria de eficácia do poder judiciário e da
aplicação prática de novas medidas relativamente à independência,
imparcialidade e responsabilização do poder judiciário. A Croácia continuou a
melhorar o tratamento dos dossiês nacionais relativos a crimes de guerra. A
questão da impunidade deve ser objecto uma atenção aprofundada. A Croácia
redobrou os seus esforços na sua luta contra a corrupção, tendo registado
resultados positivos, nomeadamente em matéria de melhoria da legislação e
reforço da capacidade das autoridades competentes. Deve continuar a melhorar os
resultados em matéria de tratamento eficaz de processos de corrupção,
especialmente em matéria de processos de corrupção de alto nível ou de
corrupção a nível local, nomeadamente os processos ligados aos contratos
públicos e ao sistema judiciário. Deve adquirir mais experiência na aplicação
do quadro jurídico recentemente adoptado em matéria de prevenção. A protecção
dos direitos fundamentais foi reforçada, devendo no entanto ser melhorada na
prática, nomeadamente no que diz respeito às minorias e aos refugiados. Registaram-se progressos satisfatórios no
domínio da justiça, liberdade e segurança, em que o nível geral de
alinhamento pelo acervo avançou. Em matéria de asilo, o quadro jurídico foi
reforçado. É necessário dar atenção à melhoria da integração das pessoas a quem
foi concedida protecção na Croácia e à protecção dos migrantes menores em
situação irregular. Deve continuar o alinhamento pelo acervo da UE em matéria
de vistos. Registaram-se progressos no que diz respeito às fronteiras externas.
Prosseguiu o reforço da polícia das fronteiras no que se refere ao pessoal e ao
equipamento. A Croácia deve centrar-se na aplicação do plano de acção revisto
para a gestão integrada das fronteiras, de acordo com o calendário previsto.
São de assinalar progressos no domínio da cooperação judiciária em matéria
civil e penal. São igualmente de assinalar progressos encorajadores no que diz
respeito à luta contra a criminalidade organizada e ao tráfico de drogas. Continuaram os progressos no domínio da ciência
e da investigação, sendo o nível de alinhamento muito elevado, mas
continuando a ser necessários esforços no que se refere ao nível dos
investimentos na investigação, bem como aos investigadores de alto nível e aos
seus direitos. Devem ser devidamente tomados em consideração os preparativos
tendo em vista a União da inovação. Registaram‑se bons progressos nos
domínios da educação, formação, juventude e cultura, em que a Croácia
atingiu um bom nível de alinhamento pelo acervo. A Croácia participa nos
programas «Aprendizagem ao longo da vida» e «Juventude em acção» desde Janeiro
de 2011. A formação e o ensino profissionais exigem uma atenção permanente. Registaram progressos no domínio do ambiente.
Globalmente, os preparativos da Croácia neste domínio estão quase concluídos,
tanto em termos de alinhamento pelo acervo como de aplicação da legislação,
nomeadamente no que diz respeito à qualidade da água e aos produtos químicos. É
conveniente melhorar a aplicação do acervo horizontal e, nomeadamente, a
participação do público e o acesso à justiça em questões ligadas ao ambiente.
Continua a ser necessário envidar esforços significativos para reforçar a
capacidade administrativa, nomeadamente no que diz respeito à protecção da
natureza e às alterações climáticas. No que diz respeito às alterações
climáticas, impõem‑se esforços suplementares significativos para
concluir o alinhamento legislativo e para garantir a sua aplicação,
nomeadamente nos domínios da aviação, da atribuição gratuita, dos registos e
dos leilões. Registaram‑se alguns progressos no
domínio da protecção dos consumidores e da saúde. O alinhamento pelo
acervo e os preparativos em matéria de protecção dos consumidores estão
bastante avançados. São necessários esforços sustentados para resolver as
questões em suspenso no domínio da saúde pública. A Croácia continuou a progredir no domínio da união
aduaneira. O alinhamento legislativo pelo acervo relativo a este capítulo
está bastante avançado, tendo ainda progredido durante o período abrangido pelo
presente relatório. A Croácia continuou a reforçar as suas capacidades
administrativas e operacionais, através da modernização dos equipamentos
destinados aos controlos físicos e da melhoria das competências em matéria de
análise de riscos. Os preparativos estão igualmente bastante avançados no que
diz respeito à interconexão dos sistemas informáticos, devendo no entanto
prosseguir. É necessário envidar esforços para reforçar a capacidade administrativa
em matéria de controlos internos, controlos a posteriori e gestão dos
riscos. A
Croácia continuou a fazer progressos no domínio das relações externas,
em que atingiu um nível de alinhamento avançado e continua a coordenar e a
alinhar as suas posições pelas da UE, no âmbito das organizações
internacionais. Contudo, a Croácia deve redobrar os seus esforços para
aproximar os seus acordos internacionais do acervo da UE e continuar a reforçar
a sua capacidade administrativa em matéria de política para o desenvolvimento e
ajuda humanitária. A Croácia registou progressos suplementares no
domínio da política externa, de segurança e de defesa. Continuou a
participar em várias missões civis e militares da UE, no quadro da PESD. A
Croácia atingiu um nível elevado de alinhamento neste domínio. No entanto, deve
continuar a reforçar a aplicação do controlo das armas, nomeadamente a
transparência das informações sobre as armas. A Croácia realizou progressos suplementares no
domínio de controlo financeiro, em que atingiu um nível de alinhamento
avançado. São necessários esforços contínuos para melhorar o conjunto do controlo
interno das finanças públicas e a auditoria externa na Croácia, aos níveis
central e local. São de assinalar progressos satisfatórios no
domínio das disposições financeiras e orçamentais. As
infra-estruturas administrativas e os procedimentos que permitirão a gestão do
sistema dos recursos próprios a partir da adesão foram, em grande medida,
implantados. Antiga República jugoslava da Macedónia A antiga República
jugoslava da Macedónia continua a cumprir os critérios políticos de
forma satisfatória. O país prosseguiu as suas reformas com vista à
adesão, mas continuam por resolver desafios fundamentais. As eleições
legislativas de Junho respeitaram, de forma geral, os padrões internacionais,
tendo o novo Governo de coligação sido constituído rapidamente. Foram
realizados alguns progressos nos domínios do sistema judiciário e da
administração pública, nomeadamente no que diz respeito ao quadro jurídico. São
necessários esforços suplementares para garantir uma aplicação eficaz,
nomeadamente no que se refere à liberdade de expressão nos meios de comunicação
social, à reforma judiciária e administrativa e à luta contra a corrupção. O
diálogo entre o Governo e a oposição deve ser reforçado, a fim de permitir um
funcionamento adequado das instituições. O Acordo-quadro de
Ohrid (AQO), celebrado há dez anos, continua a ser essencial para a democracia
e o Estado de direito no país. Registaram-se
alguns progressos na aplicação da lei relativa ao regime linguístico, na
descentralização e na representação equitativa. O país deve manter os seus
esforços para dar resposta aos actuais desafios, como a educação, e garantir a
manutenção de relações harmoniosas entre todas as comunidades. Verificaram-se
melhorias na realização das eleições, que foram abertas e bem organizadas em
todo o país. O Governo terá de solucionar as deficiências verificadas e aplicar
plenamente as conclusões e as recomendações da missão de observação das
eleições do Gabinete para as Instituições Democráticas e os Direitos Humanos da
OSCE. Os recursos do Parlamento devem ser reforçados, a fim de lhe permitir
desempenhar o seu papel. O boicote por parte da oposição entravou o
funcionamento do Parlamento entre Janeiro e as eleições. Na sequência das
eleições, a oposição passou a estar presente no novo Parlamento. Registaram-se
alguns progressos na reforma do Parlamento. A aplicação da lei sobre o regime
linguístico e as regras processuais progrediu. O diálogo político deve ser
intensificado. O Governo de
coligação ultrapassou as dificuldades e reforçou a sua cooperação interna. O
novo Governo deu um novo impulso ao processo de reforma associado à adesão. No
que diz respeito à autonomia local, é conveniente tornar mais transparente e
mais equitativo o quadro financeiro aplicável à prestação de serviços a nível
local. Realizaram-se
progressos no que diz respeito ao quadro aplicável à administração pública,
através de criação de um ministério responsável pela reforma da administração
pública. Os serviços administrativos foram desenvolvidos com vista a melhorar
os serviços prestados aos cidadãos. Contudo, os progressos foram limitados a
nível da execução global das reformas. É necessário envidar esforços suplementares
não negligenciáveis, nomeadamente no que se refere à estratégia de recrutamento
e ao respeito dos princípios de transparência, profissionalismo e independência
da função pública. As alterações introduzidas na lei relativa aos procedimentos
administrativos gerais não garantem uma prestação efectiva de serviços
administrativos nem a protecção dos cidadãos. Foi adoptado um vasto
pacote de medidas jurídicas para reforçar a eficácia do poder judiciário; uma
parte dessas medidas entrará em vigor entre 2012 e 2015. Foi criado o Supremo
Tribunal Administrativo, que suprimiu uma lacuna no sistema judiciário. Foram
retirados ao Ministro da Justiça os seus direitos de voto no Conselho
Judiciário, a fim de reforçar a independência do poder judiciário. São necessárias
novas medidas para melhorar na prática a independência e o profissionalismo, o
que passa em especial pelos procedimentos de recrutamento. A aplicação das
reformas adoptadas anteriormente deve ser reforçada. Foram introduzidas
novas alterações no quadro jurídico aplicável à luta contra a corrupção. As
recomendações do GRECO foram seguidas, tendo‑se dado início a uma
verificação sistemática das declarações de património. O país deve alcançar um historial credível na instrução dos
processos de corrupção de alto nível, devendo ser sistematizada a verificação
das declarações de conflito de interesses. A transparência das despesas
públicas e do financiamento dos partidos políticos continua a ser insuficiente.
A corrupção continua a prevalecer em muitas áreas e a constituir um grave
problema. O quadro jurídico
e institucional relativo aos direitos do homem e à protecção das minorias
está em grande medida criado. Os direitos civis e políticos são
geralmente respeitados, tendo sido realizados alguns progressos suplementares,
embora limitados. Certas prisões foram renovadas, mas o país ainda não elaborou
uma estratégia nacional eficaz para o seu sistema prisional. Subsistem
deficiências em matéria de luta contra a impunidade no âmbito dos órgãos
responsáveis pela aplicação da lei. Foi dado início a um diálogo relativamente
às graves preocupações relacionadas com a falta de liberdade de expressão nos
meios de comunicação social. Os chefes de redacção e os jornalistas assinalaram
o aumento das pressões políticas e dos actos de intimidação. O encerramento de
uma grande cadeia de televisão e de três jornais que criticavam o Governo,
acusados de evasão fiscal, fez surgir dúvidas quanto à proporcionalidade e à
selectividade do procedimento, que deu origem a uma redução da diversidade na
paisagem mediática. Neste contexto, os jornalistas e os comentadores políticos
são facilmente influenciados, o que provoca uma autocensura generalizada. O
organismo de radiodifusão público não cumpre o seu papel estatutário. Os direitos económicos e sociais estão, em
grande medida, em vigor, tendo sido realizados progressos adicionais neste
domínio. Foram aplicados novos critérios à participação representativa dos
parceiros sociais. O Conselho nacional de prevenção da delinquência juvenil e a
comissão do luta contra as discriminações começaram a funcionar. A lei
contra as discriminações ainda não foi integralmente alinhada pelo acervo,
nomeadamente no que diz respeito à discriminação com base na orientação sexual.
As capacidades da Comissão de luta contra as discriminações devem ser
reforçadas. Foram realizados alguns progressos no domínio
dos direitos culturais e das minorias. O 10.º aniversário do
Acordo-quadro de Ohrid proporcionou uma boa oportunidade para uma
intensificação do diálogo entre as comunidades no país. O Presidente da
República e o Primeiro-Ministro participaram ambos em manifestações organizadas
nesta ocasião. No Parlamento, a aplicação da lei relativa ao regime linguístico
progrediu. A representação da comunidade albanesa da função pública está em
conformidade com o seu peso na população, tendo a das comunidades cigana e
turca aumentado. A integração dos ciganos no sistema educativo melhorou, tendo
a sua taxa de inscrição no ensino secundário e na universidade progredido. É conveniente
prosseguir os esforços envidados para desenvolver a confiança, nomeadamente nos
domínios da educação, da cultura das línguas. Os ciganos continuam a viver em
condições muito difíceis e a ser vítimas de discriminação. No que diz
respeito às questões regionais e às obrigações internacionais, o país
continuou a cooperar plenamente com o Tribunal Penal Internacional para a
ex-Jugoslávia (TPIJ). Em Julho, o Parlamento adoptou uma interpretação
autêntica da lei relativa à amnistia, que indica que a amnistia devia abranger
os suspeitos de todos os processos que não sejam tratados pelo TPIJ. No que diz
respeito ao Tribunal Penal Internacional, o acordo bilateral de imunidade
concluído com os Estados Unidos não está em conformidade com as posições comuns
e com os princípios orientadores da UE. É coveniente que o país se alinhe pela
posição da UE. O país continuou a participar activamente em
iniciativas de cooperação regionais, nomeadamente no quadro do Processo de
Cooperação para a Europa do Sudeste (SEECP), do Conselho de Cooperação Regional
(CCR) e do Acordo Centro-Europeu de Comércio Livre (ALECE). A antiga República jugoslava da Macedónia é um
parceiro activo na região e continuou desenvolver as suas relações com os seus
vizinhos e com os outros países do alargamento. As relações com a Grécia
mantêm-se afectadas pela questão não resolvida da designação do país, que
continua a participar nas discussões, tanto sob a égide das Nações Unidas como
no quadro de reuniões directas entre os Primeiros-Ministros, tendo em vista
encontrar uma solução para o problema. Devem ser evitadas quaisquer acções ou
declarações susceptíveis de prejudicar as relações de boa vizinhança.
Afigura-se essencial manter relações de boa vizinhança, nomeadamente através de
uma solução negociada e aceite de comum acordo sobre a questão da designação do
país, sob os auspícios das Nações Unidas. A antiga República jugoslava da Macedónia
melhorou a sua capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão, tendo
progredido no respeito das prioridades enunciadas na Parceria para a Adesão.
Contudo, o país continua a confrontar-se com graves lacunas na execução e
aplicação efectiva da legislação, não dispondo dos recursos humanos e
financeiros necessários para a aplicação integral do acervo. A economia
da antiga República jugoslava da Macedónia começou a recuperar durante o
segundo semestre de 2010, beneficiando da procura externa e do aumento do
investimento, nomeadamente na área da construção. No final de 2010, o Governo
negociou uma linha de crédito cautelar com o FMI, que permitirá reforçar a
confiança dos mercados internacionais. Prosseguiram as reformas estruturais. No
entanto, o desemprego estrutural elevado, nomeadamente entre os jovens e os
menos qualificados, continua a constituir uma fonte de preocupação importante.
As capacidades institucionais da administração pública e dos organismos de
regulação e de supervisão continuam a ser inadequadas. No que diz
respeito aos critérios económicos, a antiga República jugoslava da
Macedónia continua bastante avançada. Em alguns domínios, continuou a progredir
na via de uma economia de mercado viável, nomeadamente facilitando o registo
das empresas, acelerando os procedimentos judiciais, melhorando o funcionamento
dos mercados financeiros, simplificando ainda mais o quadro regulamentar e
melhorando a comunicação com a comunidade empresarial. O país deve estar em
condições de fazer face à pressão competitiva e às forças de mercado na União a
médio prazo, desde que aplique vigorosamente o seu programa de reformas, a fim
de reduzir as deficiências estruturais. O país manteve um
amplo consenso sobre os elementos essenciais das políticas económicas, tendo o
diálogo económico com a comunidade empresarial melhorado. A orientação
escolhida para a política monetária, baseada na indexação de facto ao
euro, apoiou o crescimento e contribuiu para a estabilidade macroeconómica. A
política orçamental permaneceu centrada na estabilização. São de assinalar
progressos suplementares no que diz respeito à melhoria do acesso ao mercado e
à simplificação do quadro regulamentar. A duração dos processos de falência
voltou a ser reduzida e o registo dos bens imóveis está praticamente concluído.
O sector financeiro começou a recuperar de crise financeira mundial. A concorrência
neste sector melhorou ligeiramente, tal como o nível de intermediação
financeira. As limitações do
Estado de direito continuam a entravar o bom funcionamento da economia de
mercado. A eficácia da administração pública é ainda reduzida, reflectindo o
peso dos procedimentos, da insuficiência de efectivos e de uma elevada rotação
dos funcionários. Certas agências de regulação e de supervisão continuam a não
ter a independência e os recursos necessários para cumprir eficazmente as suas
missões. A execução dos contratos continua a ser difícil, o que prejudica o
clima empresarial, nomeadamente para as pequenas e médias empresas. A qualidade
da educação e do capital humano é medíocre. O capital físico deve ser
modernizado e reforçado. A qualidade da governação orçamental permaneceu fraca,
devido em parte ao facto de as despesas públicas se centrarem fortemente no
curto prazo. Consequentemente, os progressos na redução do desemprego
estrutural, muito elevado, mantêm-se muito limitados. A dívida do sector público
aumentou, reflectindo os contínuos défices orçamentais e o aumento dos
empréstimos externos. O sector informal continua a constituir um grave
problema. Realizaram-se
alguns progressos no domínio da livre circulação das mercadorias. O
orçamento consagrado à aplicação da estratégia global nas instituições
horizontais aumentou, mas as disposições‑quadro continuam a não estar
alinhadas pelo acervo horizontal. Registaram-se poucos progressos no domínio da
liberdade de circulação dos trabalhadores, encontrando‑se o
alinhamento pelo acervo ainda numa fase inicial. No domínio do direito
estabelecimento e da liberdade de prestação de serviços, o país está no bom
caminho, nomeadamente no sector dos serviços postais. O nível de coordenação
entre os diferentes organismos encarregados de autorizar a prestação de
serviços transfronteiras também melhorou. Em matéria de reconhecimento mútuo
das qualificações profissionais, o país está ainda numa fase inicial. No que
diz respeito à livre circulação dos capitais, os progressos centraram-se
principalmente na aplicação da legislação no domínio da luta contra o
branqueamento capitais e do financiamento do terrorismo. São aplicadas
restrições aos investimentos de carteira a curto prazo e às transferências
transfronteiras, na pendência da passagem para a segunda fase do Acordo de
Estabilização e de Associação. Registaram‑se
progressos no domínio dos contratos públicos. Os procedimentos de
adjudicação do contratos são mais transparentes e a execução foi acelerada. A
legislação em matéria de concessões e de parcerias público-privadas ainda não
foram alinhadas pelo acervo. As capacidades administrativas no domínio das
medidas correctivas e das concessões, tal como as das autoridades contratantes,
continuam a ser insuficientes. Registaram-se
progressos satisfatórios no domínio do direito das sociedades,
nomeadamente no que diz respeito à prossecução do alinhamento da legislação
nacional pelo acervo. O quadro jurídico no domínio da auditoria só está
parcialmente alinhado pelo acervo. Foram realizados alguns progressos a nível
do quadro jurídico dos direitos de propriedade intelectual. Os
resultados das investigações, acções intentadas e condenações no domínio da
luta contra a pirataria e a contrafacção, bem como o seguimento judicial dado a
este tipo de processos, não é satisfatório, continuando o nível de
sensibilização do público para os direitos de propriedade intelectual a ser em
geral reduzido. Registaram-se
alguns progressos no domínio da concorrência. O número de processos tratados
relativamente a concentrações e auxílios estatais aumentou, tendo permanecido
reduzido no sector dos cartéis. A qualidade das decisões tomadas no domínio dos
auxílios estatais deve continuar a ser melhorada. A comissão para a protecção
da concorrência não dispõe de recursos orçamentais nem de efectivos adequados
nos sectores dos cartéis, dos abusos de posição dominante e das concentrações. Globalmente, foram
observados progressos satisfatórios no domínio dos serviços financeiros.
A supervisão baseada no risco tem vindo a ser aplicada de forma progressiva.
Foi introduzida nova legislação para os serviços financeiros, tais como a
locação financeira e os instrumentos financeiros não bancários. Registaram-se progressos no domínio da sociedade
da informação e dos meios de comunicação social. O alinhamento pelo acervo
progride, tendo sido introduzida a maior parte das medidas fundamentais de
salvaguarda em matéria de concorrência. As capacidades do Conselho para a rádio
e televisão em matéria de supervisão do mercado permanecem insuficientes. Realizaram-se progressos suplementares no
domínio da agricultura e do desenvolvimento rural. As principais
políticas de apoio à agricultura e ao desenvolvimento rural estão gradualmente
a ser alinhadas pelas exigências da UE. O alinhamento pelo acervo exige
importantes esforços contínuos. As capacidades administrativas continuam a ser
uma fonte de preocupação. Registaram-se progressos suplementares no domínio da segurança
alimentar, da política veterinária e fitossanitária, nomeadamente no que
diz respeito à adopção de uma nova lei‑quadro. As capacidades
administrativas da Agência para a política alimentar e veterinária permanecem,
contudo, insuficientes para garantir uma aplicação adequada do acervo. No domínio da política
dos transportes, verificaram-se progressos nomeadamente no que diz respeito
à utilização dos tacógrafos. Os desafios que subsistem dizem nomeadamente
respeito às capacidades administrativas, ainda insuficientes, das autoridades
responsáveis pela regulamentação e pela segurança no sector dos transportes.
Devem ser introduzidos os procedimentos de certificação em matéria de
segurança. No domínio da energia, foram realizados
progressos satisfatórios, nomeadamente a promulgação da nova legislação‑quadro
e a resolução de um litígio de longa data com o gestor da rede de distribuição,
um grande investidor da UE. Terá de ser criado um mercado da electricidade que
funcione eficazmente, devendo ser garantidas as condições de concorrência. A
independência financeira do organismo encarregado da protecção contra as
radiações não está ainda assegurada. São de assinalar
progressos limitados na aproximação da legislação fiscal com o acervo.
As capacidades operacionais da administração fiscal continuaram a melhorar. Devem
agora ser criados os meios eficazes de luta contra a fraude fiscal, não estando
ainda em vigor um código de conduta em matéria de fiscalidade das empresas. Registaram-se progressos significativos no
domínio da política económica e monetária, nomeadamente a adopção da
legislação relativa ao banco central. A qualidade do programa económico de
pré-adesão melhorou. Registaram-se progressos satisfatórios em vários domínios
das estatísticas; são ainda necessários esforços substanciais para melhorar,
nomeadamente, as estatísticas económicas Foram assinalados
progressos limitados no alinhamento da legislação nacional pelo acervo no
domínio da política social e e do emprego. Deu-se início à aplicação da
lei-quadro relativa à luta contra as discriminações. Continua por
concluir o pleno alinhamento pelo acervo. A elevada taxa de desemprego e
a fraca participação no mercado trabalho continuam a ser preocupantes. A
inclusão dos ciganos, das pessoas com deficiência e dos outros excluídos
sociais tem‑se processado de forma lenta. Deviam continuar a ser
aplicadas políticas de emprego e inclusão social eficazes, devendo o diálogo
social ser intensificado. As capacidades administrativas globais não são
suficientes. Os progressos foram satisfatórios, mas
desiguais, no domínio da política empresarial e industrial.
Registaram-se progressos no que diz respeito à simplificação da legislação e
dos procedimentos administrativos ligados à actividade das empresas e à redução
dos custos administrativos. As medidas de apoio às empresas continuam
disseminadas por vários programas. No domínio das redes
transeuropeias registaram‑se progressos adicionais. O país continua a
desenvolver as suas redes de transportes, energia e telecomunicações e a
participar activamente no Observatório dos Transportes do Sudeste da Europa e
na Comunidade da Energia. A execução do corredor X continua atrasada, uma vez
que foi necessário um prazo adicional para criar o quadro financeiro. Registaram-se alguns progressos no domínio do desenvolvimento
regional e da coordenação dos fundos estruturais. São de assinalar alguns
progressos na execução das componentes IPA relativamente ao programa
operacional para o desenvolvimento regional e o desenvolvimento dos recursos
humanos. A falta de competências e uma coordenação institucional insuficiente
causaram atrasos consideráveis. É necessário reforçar a apropriação, por parte
das autoridades, da execução do programa. São de assinalar
progressos limitados em matéria de independência e de eficácia do sistema
juduciário, nomeadamente no que diz respeito à alteração do papel
desempenhado pelo Ministro da Justiça a nível do Conselho Judiciário e da
criação do Supremo Tribunal Administrativo. É necessário envidar esforços
suplementares no que se refere à avaliação e à segurança de emprego dos juízes.
Registaram‑se alguns progressos em matéria de política de luta contra
a corrupção. O alinhamento da legislação prosseguiu, tendo sido instituída
a verificação sistemática das declarações de património. O país deve obter
resultados na instrução dos processos de corrupção de alto nível. No que diz
respeito aos direitos fundamentais, o quadro jurídico e institucional
está globalmente criado, devendo no entanto ser melhor aplicado. Foi lançado um
diálogo para dar resposta às graves preocupações relativamente à liberdade de
expressão dos meios de comunicação social. Registaram-se alguns progressos no
que diz respeito aos direitos culturais e às minorias. O Acordo-quadro de Ohrid
continua a ser um elemento essencial para a democracia e o Estado de direito no
país. No domínio da justiça, liberdade e
segurança, verificaram-se progressos satisfatórios no que diz respeito às
fronteiras externas e Schengen, bem como à cooperação judiciária e à cooperação
aduaneira. A polícia das fronteiras continua a ter falta de equipamentos
técnicos adequados e meios orçamentais. Foram obtidos alguns progressos no que
diz respeito às migrações, à política dos vistos, à cooperação policial e à
luta contra a criminalidade organizada. Prosseguiu a aplicação da reforma da
polícia, persistindo no entanto problemas estruturais, bem omo carências a
nível dos efectivos e do financiamento. No domínio do direito de asilo, a
aplicação da legislação continua a ser insuficiente, nomeadamente a prestação
de assistência jurídica, a disponibilização de intérpretes e o acesso aos
direitos sociais. No que diz respeito às normas europeias em
matéria de ciência e investigação, verificaram‑se progressos. Foi
adoptada a estratégia nacional para 2011‑2020. A taxa de participação no
7.º Programa-Quadro de Investigação voltou a aumentar. As capacidades
administrativas disponibilizadas para apoiar a participação nos programas‑quadro
são limitadas. Registaram‑se alguns progressos no que diz respeito às
normas europeias nos domínios da educação, formação, juventude e cultura.
O país melhorou o seu desempenho em relação aos critérios de referência comuns
estabelecidos no quadro estratégico «Educação e formação 2020». Os programas
«Educação ao longo da vida» e «Juventude em acção» continuaram suspensos.
Melhorar a interacção entre as comunidades étnicas no ensino continua a ser um
desafio. Verificaram-se progressos no domínio do ambiente,
nomeadamente no que diz respeito à transposição do acervo para a legislação
nacional e à ratificação de acordos ambientais multilaterais. São necessários
esforços significativos para aplicar a legislação nacional, nomeadamente nos
sectores da gestão da água e do controlo da poluição industrial. No que se
refere às alterações climáticas, realizaram-se poucos progressos para
alinhar a legislação do país pelo acervo e proceder à sua aplicação. É
necessário envidar esforços suplementares para reforçar as capacidades
institucionais e a cooperação inter-serviços. Registaram‑se alguns
progressos no domínio da protecção dos consumidores e da saúde. Os
esforços continuam entravados pela falta de recursos financeiros e pelas
deficiências das estruturas operacionais. Foram realizados
progressos satisfatórios no domínio da união aduaneira, tanto no que diz
respeito à legislação aduaneira como às capacidades administrativas e
operacionais. Registaram-se
progressos no domínio das relações externas, nomeadamente no alinhamento
pela política comercial comum. Verificaram‑se
também progressos no domínio da política externa e de segurança e de defesa
comum. O país tomou medidas para melhorar a coordenação entre as
autoridades competentes na aplicação das restrições internacionais, tendo‑se
alinhado por todas as declarações da UE e decisões do Conselho, demonstrando um
empenhamento constante em participar nas operações civis, militares e de gestão
de crise. Os progressos no domínio do controlo
financeiro disseram principalmente respeito à aproximação legislativa,
esperando-se que sejam envidados esforços para garantir a aplicação da
legislação, em especial no que diz respeito à criação dos sistemas de gestão e
de controlo financeiro. As capacidades administrativas do Tribunal de Contas
foram reforçadas; contudo, a sua independência ainda não foi consagrada na
Constituição. Não se verificaram quaisquer progressos específicos no domínio
das disposições financeiras e orçamentais. Globalmente, não existem
divergências significativas entre o sistema montenegrino e o da UE no que diz
respeito aos princípios fundamentais e às instituições nos domínios de acção
subjacentes, que sejam susceptíveis de prejudicar a aplicação adequada das
regras relativas aos recursos próprios. Não foi ainda criaddo o quadro
administrativo que permite a aplicação do quadro relativo aos recursos
próprios. Montenegro O Montenegro
registou bons progressos no cumprimento dos critérios políticos de
adesão à UE, obtendo resultados globalmente satisfatórios, nomeadamente na
abordagem das prioridades essenciais identificadas no parecer da Comissão
publicado em 2010[18].
O quadro legislativo e
institucional foi melhorado, tendo em vista reforçar os trabalhos do
Parlamento, o quadro eleitoral, o profissionalismo e a despolitização da
administração pública, a independência do sistema judiciário e sua
responsabilização, a política de luta contra a corrupção, a liberdade dos meios
de comunicação social e a cooperação com a sociedade civil. O
Montenegro multiplicou os seus esforços para melhorar os seus resultados em
matéria de luta contra a corrupção e a criminalidade organizada. Foram tomadas medidas para melhorar
a aplicação das políticas de luta contra as discriminações e para garantir o
estatuto jurídico das pessoas deslocadas e o respeito dos seus direitos. Contudo, os grupos vulneráveis
continuam a confrontar‑se, na prática, com discriminações. O Montenegro continuou a
desempenhar o seu papel construtivo na região e a aplicar, sem grandes
dificuldades, o Acordo de Estabilização e de Associação. No que diz
respeito à democracia e ao Estado de direito, a legislação
relativa aos direitos das minorias, às liberdades e às eleições foi alinhada
pela Constituição. O novo quadro
legislativo e institucional para a realização de eleições, uma das
prioridades essenciais do parecer, foi consideravelmente melhorado, em
conformidade com as principais recomendações da OSCE/ODIHR e da Comissão de
Veneza. A nova lei eleitoral implementa o compromisso constitucional de uma
representação autêntica das minorias, introduzindo uma discriminação positiva
para a representação aquando das eleições legislativas, que implica todas as
minorias. Melhora igualmente a administração e reforça a transparência
do processo eleitoral. O Montenegro realizou igualmente progressos no reforço
das funções legislativas e de controlo do Parlamento, uma outra
prioridade essesncial do parecer, graças a um maior apoio às comissões
parlamentares, uma melhor planificação dos trabalhos do Parlamento e um
controlo reforçado, nomeadamente nos domínios da defesa e da segurança. As
capacidades gerais e os meios de que o Parlamento dispõe para examinar os
projectos de lei face ao acervo da UE devem ser melhoradas. É necessário
envidar esforços suplementares para consolidar o papel de controlo do
Parlamento e para melhorar as suas capacidades administrativas. O processo de
integração na UE constitui uma grande prioridade do novo Governo. A
coordenação dos trabalhos do Governo e o processo de elaboração das políticas
continuaram a melhorar, nomeadamente a nível da qualidade das consultas da
sociedade civil. Os trabalhos do Governo relativos ao plano da acção para a
execução das prioridades essenciais do parecer da Comissão foram realizados
forma racional e eficaz. A capacidade dos ministérios para assegurar a
coerência e controlar a aplicação adequada da legislação melhorou ligeiramente,
mas deve continuar a ser reforçada. As capacidades administrativas afectadas à
coordenação da integração europeia, nomeadamente à assistência financeira,
devem ser significativamente reforçadas. As alterações legislativas destinadas
a criar uma administração transparente, eficaz e responsável a nível local
continuam pendentes. O Montenegro tomou medidas importantes para
dar resposta aos principais desafios colocados pela reforma da administração
pública, uma outra prioridade essencial do parecer. O Governo adoptou e
começou a aplicar uma estratégia de reforma da administração pública destinada
a introduzir um sistema de recrutamento e de promoção conforme às normas da UE,
tornando‑a mais eficaz. Foi adoptado um quadro jurídico melhorado no
domínio da função pública e da administração do Estado, relativamente ao
desempenho, à despolitização e a um recrutamento baseado no mérito. A
legislação que rege os procedimentos administrativos foi alterada, tendo sido
lançada uma nova reforma aprofundada. A autoridade responsável pela gestão dos
recursos humanos foi reforçada. Os preparativos para a aplicação da legislação
adoptada devem ser acelerados. Estes preparativos destinam-se a garantir na
prática a despolitização, o profissionalismo, a eficácia e a imparcialidade da
administração, nomeadamente através de um recrutamento e uma promoção baseados
no mérito. A aplicação desta
estratégia deve ter devidamente em conta a necessidade de racionalizar as
respectivas estruturas e de reforçar as capacidades administrativas,
nomeadamente nos domínios ligados à integração europeia, garantindo
simultaneamente a viabilidade financeira da administração pública. As
capacidades do Gabinete do Provedor e do Tribunal de Contas devem continuar a
ser reforçadas. No que diz
respeito ao sistema judiciário, o Montenegro realizou progressos no
reforço da independência, da autonomia, da eficácia e da responsabilidade dos
juízes e procuradores, uma das prioridades essenciais estabelecidas no parecer.
O quadro jurídico que rege a independência do aparelho judiciário e a autonomia
do Ministério Público foi melhorado a nível das disposições de ordem
subconstitucional, tendo o processo de reforma constitucional progredido. As
disposições destinadas a garantir a responsabilidade dos juízes e dos
procuradores são agora mais rigorosas. É necessário envidar esforços
significativos durante o período que se segue, a fim de que a reforma jurídica
seja concluída e a legislação recentemente adoptada seja efectivamente
aplicada, nomeadamente através da obtenção de resultados convincentes na luta
contra a corrupção e a criminalidade organizada a todos os níveis. O Montenegro
ainda não criou um sistema de recrutamento único aplicado em todo país e
baseado em testes anónimos para as primeiras nomeações na magistratura. Deve
ser instituída uma formação sistemática de todos os juízes e procuradores, em
especial no que diz respeito à nova legislação e ao direito da UE. Foram
acelerados os esforços destinados a reduzir os processos judiciais em atraso,
mas a metodologia utilizada devia ser mais coerente. A falta de
infra-estruturas e de equipamentos adaptados continua a impedir um
funcionamento adequado sistema judiciário. As decisões juduciais devem ser
divulgadas sem reservas. No domínio da política de luta contra a
corrupção, foram realizados progressos na aplicação da estratégia e do
plano da acção adoptados pelo Governo, que constitui uma das prioridades
essenciais estabelecidas no parecer. O quadro estratégico e legislativo da luta
contra a corrupção foi reforçado nos domínios essenciais como o financiamento
dos partidos políticos, os conflitos de interesse, a acusação, a protecção dos
informadores e os contratos públicos. O Montenegro procedeu a uma análise de
riscos em vários domínios vulneráveis em relação à corrupção, a fim de definir
de forma mais precisa as suas políticas de prevenção. As capacidades técnicas e
administrativas de prevenção e de luta contra a corrupção foram melhoradas,
tendo vários processos de corrupção sido objecto de investigação. Foram tomadas
medidas para obter resultados concretos em matéria de investigações proactivas,
de acções penais e de condenações nos processos de corrupção a todos os níveis,
o que constitui uma prioridade essencial do parecer no domínio da luta contra a
corrupção. Contudo, o país deve redobrar os seus esforços para prosseguir nesta
via. O número de condenações definitivas, especialmente nos processos de
corrupção de alto nível, continua a ser reduzido. A falta de equipamentos
adequados e de recursos humanos especializados continua a entravar o recurso a
medidas de investigação especiais. É conveniente melhorar a coordenação entre
as agências e, em especial, a cooperação entre os procuradores e a polícia. A
aplicação do quadro legislativo não é equitativa. As disposições recentemente
adoptadas no domínio dos conflitos de interesse e do financiamento dos partidos
políticos devem ser aplicadas com determinação. Continua a ser necessário um
acompanhamento mais rigoroso da corrupção e dos conflitos de interesse no âmbito
do aparelho judiciário. A corrupção continua a prevalecer em muitas áreas e a
constituir um grave problema. De forma geral, os direitos do homem
são respeitados e a protecção das minorias é assegurada no
Montenegro. O país envidou esforços para continuar a melhorar o quadro
institucional e jurídico nesta matéria. A aplicação efectiva da
legislação existente e o reforço das capacidades administrativas devem ser
garantidos. Foram realizados progressos limitados no
domínio da promoção e do respeito dos direitos do homem. A autoridade e
a influência do «Protector dos direitos do homem e das liberdades» (Provedor)
foram consideravelmente reforçadas. Foi adoptada em Julho a nova lei relativa
ao Provedor, que designa este último como o mecanismo nacional de protecção
contra a tortura e a discriminação. Contudo, o Gabinete do Procurador continua
a confrontar‑se com lacunas no que diz respeito às capacidades
financeiras e administrativas para desempenhar as suas funções de forma
eficiente. Foram realizados alguns progressos limitados no que diz respeito aos
maus tratos e à luta contra a impunidade, tendo o pessoal em causa
seguido uma formação complementar. Continuam a ser assinalados casos de
violência ocasionais, nomeadamente nas esquadras. O tratamento destes casos
continua a ser lento. No que diz respeito ao sistema prisional, o
Montenegro dotou-se do quadro jurídico e regulamentar necessário para o
estabelecimento de um sistema de sanções alternativas e de aplicação das
sanções penais. É necessário continuar a alinhar as condições de
detenção pelos padrões internacionais, nomeadamente no que diz respeito aos
tratamentos médicos e às instalações reservadas às visitas das famílias. Deve
igualmente ser resolvido o problema da aplicação efectiva das sanções. Verificaram-se progressos no domínio da liberdade
de expressão, uma das prioridades essenciais estabelecidas no parecer. A
difamação foi totalmente despenalizada. O Supremo Tribunal adoptou orientações
dirigidas aos tribunais nacionais para o cálculo das compensações financeiras
no quadro dos processos de difamação contra os meios de comunicação social,
inspiradas nas normas europeias e na jurisprudência do Tribunal Europeu dos
Direitos do Homem. Contudo, certos casos anteriores de violência e as actuais
ameaças aos jornalistas não foram ainda objecto de uma investigação e acção
adequadas. A liberdade da reunião e de associação
é globalmente respeitada. Verificaram-se progressos consideráveis na
cooperação entre as instituições do Estado e as organizações da sociedade
civil, uma das prioridades essenciais estabelecidas no parecer. Foi
adoptada em Julho a lei relativa às ONG. As mais altas autoridades do Estado
encetaram contactos periódicos com as ONG tendo, no seu conjunto, cooperado de
forma aberta e construtiva com os diferentes intervenientes. Foram igualmente
envidados esforços para melhorar a cooperação com a sociedade civil a nível
local. O Montenegro realizou progressos no que diz
respeito às políticas de luta contra as discriminações, que constituem
também uma das prioridades essenciais estabelecidas no parecer. A lei relativa
ao Provedor foi adoptada em Julho; este é agora competente nas processos de
luta contra a discriminação. Foi nomeado em Setembro, no âmbito do Gabinete
Primeiro-Ministro, um conselheiro para a luta contra a discriminação. Os
ciganos, os ashkali e os egyptians, as pessoas com deficiência,
bem bem como as lésbicas, os homossexuais, os bissexuais e os transsexuais
(LGBT) continuam a ser vítimas de discriminações, nomeadamente por parte de entidades
públicas. É conveniente demonstrar que a lei relativa à luta contra a
discriminação é aplicada de forma eficaz, graças ao reforço das capacidades do
Gabinete do Provedor e dos organismos encarregados de fazer respeitar a lei, a
fim de que estes estejam em condições de tratar adequadamente os casos de
discriminação. Verificaram-se progressos em matéria de respeito dos direitos
das pessoas com deficiência. Foram adoptadas a lei relativa às
discriminações contra pessoas com deficiência, bem como a lei sobre a
reinserção profissional e o emprego das pessoas com deficiência. Foram lançadas
acções a favor da educação inclusiva, tendo sido envidados esforços para
promover o emprego neste domínio. Contudo, o quadro jurídico apresenta lacunas,
nomeadamente no que diz respeito aos mecanismos de discriminação positiva ou de
sanção, continuando essas pessoas a ser actualmente vítimas de discriminações,
nomeadamente no que se refere ao emprego e ao acesso aos locais públicos. As
condições de vida na instituição Komanski Most continuam a ser preocupantes.
Foram realizados alguns progressos em matéria de promoção do respeito dos direitos
das mulheres, continuando no entanto o respeito desses direitos a ser
limitado no que diz respeito à violência doméstica. O acesso das mulheres a
posições de chefia tem de ser melhorado. Registaram-se progressos limitados em matéria
de direitos de propriedade. O processo de restituição continua a
ser muito lento e deve ser acelerado. Verificaram-se vários casos de
falsificação de títulos de propriedade, pelo que foram tomadas medidas para
reforçar o controlo dos serviços de cadastro. O Parlamento adoptou, em Julho,
alterações à lei relativa ao recenseamento nacional e ao cadastro dos bens
imobiliários. Contudo, seria conveniente que o funcionamento do cadastro
continuasse a ser melhorado, nomeadamente do ponto de vista do carácter
exaustivo e da exactidão dos dados, bem como da cobertura do território
nacional. As relações interétnicas permaneceram estáveis
no Montenegro. Foram envidados esforços para melhorar a representação política
das minorias, graças ao alinhamento da lei relativa aos direitos das minorias
pela Constituição. Apesar dos esforços contínuos das autoridades, tanto
nacionais como locais, os progressos continuam a ser bastante limitados no que
diz respeito à inclusão económica, social e política dos ciganos, ashkali
e egyptians. Foram obtidos progressos limitados em termos de melhoria da
situação das pessoas deslocadas, uma das prioridades essenciais
estabelecidas no parecer. Apesar dos esforços das autoridades para que lhes
fosse concedido um estatuto jurídico, a lentidão dos procedimentos fez com que
apenas um pequeno número de pessoas tivesse até agora obtido o estatuto de
residente legal. No que se refere
às questões regionais e às obrigações internacionais, o
Montenegro continua a respeitar as condições do processo de estabilização e de
associação em matéria de cooperação com ou TPIJ e de cooperação regional. O
país continuou a participar activamente em iniciativas de cooperação regional,
nomeadamente no quadro do Processo de Cooperação para a Europa do Sudeste
(SEECP), do Conselho de Cooperação Regional (CCR) e do Acordo Centro-Europeu de
Comércio Livre (ALECE). Em 2010‑2011, exerceu a presidência da Iniciativa
Centro-Europeia (CEI), do Processo de Cooperação para a Europa do Sudeste
(SEECP) e da Iniciativa Adriático-Jónia (AII). O país continua firmemente
empenhado na cooperação regional e no desempenho de um papel construtivo a
nível regional. Todavia, continuam por resolver a certas questões bilaterais
pendentes. Realizaram-se progressos significativos em
relação com o processo da Declaração de Sarajevo. Na sequência das
reuniões de Junho e Setembro de 2011, a Bósnia e Herzegovina, a Croácia, o
Montenegro e a Sérvia chegaram a acordo sobre diversos pontos, nomeadamente
sobre o texto de uma declaração comum que deve ser assinada aquando de uma
conferência ministerial a realizar em Novembro de 2011 em Belgrado. No que diz
respeito ao Tribunal Penal Internacional, o acordo bilateral de imunidade de
2003 concluído com os Estados Unidos não está em conformidade com as posições
comuns e com os princípios orientadores da UE. É coveniente que o Montenegro se
alinhe pela posição da UE. A economia do Montenegro começou a recuperar
em 2010 dos efeitos da crise, que pôs à prova o quadro da política económica do
país. Na ausência de instrumentos normais de política monetária[19], a política orçamental teve a
difícil missão de instituir um equilíbrio entre o restabelecimento do crescimento
e a realização da consolidação. No entanto, o país conseguiu melhorar a
estabilidade macroeconómica geral, bem como a qualidade das finanças públicas,
tendo mantido o ritmo das reformas. O processo de recuperação da economia
montenegrina continua frágil. A competitividade da economia continua a ser
limitada, verificando‑se uma reduzida diversificação pelos diferentes
sectores. Subsistem limitações no que diz respeito ao Estado de direito, à
administração pública, aos recursos humanos e às infra-estruturas. No que diz respeito
aos critérios económicos, o Montenegro realizou progressos suplementares
rumo a uma economia de mercado viável, prosseguindo a estabilização do sector
bancário e conservando uma posição orçamental relativamente prudente, o que reforçou
a estabilidade macroeconómica. O país deve estar em condições de fazer face à
pressão competitiva e às forças de mercado na União a médio prazo, desde que
corrijaa as suas deficiências estruturais actuais, aplicando o seu programa de
reformas. A recuperação das
indústrias orientadas para a exportação incentivou o crescimento económico e,
conjugado com uma procura interna moderada e uma evolução positiva do sector do
turismo, contribuiu para reduzir os desequilíbrios externos, que continuam, no
entanto, a ser elevados. A política económica permaneceu coerente, tendo
algumas reformas estruturais progredido. A reforma do regime público de pensões
marca uma etapa para uma gestão mais eficaz e mais sustentável das finanças
públicas. Os mecanismos de entrada e de saída do mercado, a execução dos
contratos, tal como os procedimentos de registo das empresas e os direitos de
propriedade continuaram a melhorar. O Montenegro dotou-se de uma legislação
financeira destinada a melhorar a capacidade de resistência do sector. Todavia, uma vez que
concentraram a sua atenção na consolidação dos seus balanços, os bancos
desempenharam apenas moderadamente o seu papel de intermediação financeira. O
nível muito elevado de crédito malparado continua a constituir uma grave ameaça
para a estabilidade financeira. As empresas continuam a ser confrontadas com
condições de crédito rigorosas e taxas de juro elevadas. A taxa de desemprego é
elevada. As necessidades de financiamento do orçamento conduziram à expansão da
dívida pública, enquanto os eventuais passivos ligados às garantias do Estado e
aos pagamentos orçamentais em atraso aumentaram consideravelmente. O processo
de privatização sofreu com o clima geral desfavorável. Para além do turismo e
das exportações de produtos de base, a actividade económica continua a
centrar-se nos bens e serviços não exportáveis. O sector informal continua a
constituir um grave problema. As deficiências persistentes do Estado de direito
prejudicam o ambiente empresarial e o clima de investimento. No que diz
respeito à capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão,
o Montenegro realizou progressos satisfatórios, nomeadamente nos domínios dos
contratos públicos, do direito das sociedades, das estatísticas, dos serviços
financeiros, do sistema judiciário e dos direitos fundamentais, da ciência e
investigação, bem como da educação, juventude e cultura. Noutros domínios, como
a livre circulação dos trabalhadores, a livre prestação de serviços, a
agricultura, o ambiente, a política regional e a coordenação dos fundos
estruturais, os progressos foram mais limitados. Globalmente, o Montenegro
continuou a cumprir adequadamente as obrigações subscritas no Acordo de
Estabilização e de Associação (AEA). Contudo, subsistem deficiências no que diz
respeito aos auxílios estatais e ao tráfico em trânsito, que necessitam de um
novo esforço de alinhamento. No domínio da livre circulação das
mercadorias, verificaram-se alguns progressos em matéria de normalização,
acreditação, metrologia e supervisão do mercado. O alinhamento do quadro
jurídico horizontal pelo acervo não está muito avançado e a transposição do
acervo associada aos produtos ainda não começou verdadeiramente. Registaram-se
poucos progressos no domínio da liberdade de circulação dos trabalhadores,
principalmente no que diz respeito à coordenação dos regimes de segurança
social. O alinhamento do quadro legislativo pelo acervo encontra-se ainda numa
fase inicial. Realizaram-se poucos progressos no domínio do direito de
estabelecimento e da livre prestação de serviços, nomeadamente no que se
refere à emissão de licenças construção. A independência plena da Agência das
Comunicações Electrónicas e dos Serviços Postais continua por garantir. Devem
ser reforçados os esforços para concretizar o alinhamento pela Directiva da UE
relativa aos serviços. Registaram‑se alguns progressos no domínio da livre
circulação de capitais e, mais particularmente, na luta contra o
branqueamento capitais, na luta contra o financiamento do terrorismo e na
cooperação entre as autoridades de supervisão financeira e os organismos
encarregados de fazer respeitar a lei. As capacidades administrativas e de
supervisão continuam a ser reduzidas. São de assinalar progressos satisfatórios
no domínio dos contratos públicos. As capacidades administrativas foram
reforçadas, tendo os procedimentos sido tornados mais transparentes. O quadro
institucional geral dos contratos públicos suscita certas preocupações. O
Montenegro realizou progressos satisfatórios no domínio do direito das sociedades.
Verificaram-se avanços no alinhamento pelo acervo da legislação em matéria
de organização das empresas, contabilidade e auditoria, bem como das ofertas
públicas de aquisição. Obtiveram‑se alguns progressos no
domínio do direito da propriedade intelectual, nomeadamente no
alinhamento da legislação pelo acervo em matéria de direitos de autor e
direitos conexos, marcas e protecção dos desenhos e modelos industriais. É
essencial reforçar as capacidades administrativas para continuar a progredir
neste domínio. No domínio da política da concorrência,
o Montenegro progrediu no alinhamento da sua legislação nacional pelo acervo.
No entanto, as capacidades administrativas da autoridade de defesa da
concorrência e dos organismos responsáveis pelo controlo dos auxílios estatais
continuam a colocar problemas. Além disso, o alinhamento do quadro jurídico
relativo ao controlo dos auxílios estatais pela regulamentação da UE não foi
ainda plenamente efectuado. O facto de os compromissos em matéria de
auxílios estatais no âmbito do Acordo de Estabilização e de Associação não
serem totalmente respeitados continua a colocar problemas. A
independência operacional da autoridade responsável pelos auxílios estatais
deve ser garantida de forma mais vigorosa. No que diz respeito à indústria
metalúrgica, as autoridades devem assegurar a transparência total dos montantes
de auxílios concedidos aos produtores de alumínio e de aço. Devem ser tomadas
sem demora as decisões relativas à propriedade da empresa siderúrgica declarada
em situação de falência. O Montenegro progrediu de forma heterogénea no
domínio dos serviços financeiros, nomeadamente no que diz respeito aos
bancos. A cooperação entre as três instituições encarregadas de regulação do
sector foi reforçada. O alinhamento da legislação relativa aos seguros, às
infra-estruturas financeiras, aos mercados dos valores mobiliários e aos
serviços de investimento encontram-se ainda numa fase inicial, devendo ser
resolvida a situação dos fundos de pensão. No que diz respeito à sociedade da
informação e aos meios de comunicação social, verificaram-se novos
progressos em termos de alinhamento legislativo. Nos domínios das comunicações
electrónicas e da sociedade da informação, a independência da autoridade de
regulação foi reforçada, continuando no entanto ameaçada. O Montenegro deve
intensificar os seus esforços para aplicar plenamente a legislação e introduzir
garantias em matéria de concorrência, que permitam assegurar a igualdade de
tratamento entre todos os operadores. No domínio da política audiovisual, a
Agência dos meios electrónicos foi reforçada, continuando no entanto a ser
insuficiente a sua capacidade para controlar eficazmente o mercado. Registaram‑se alguns progressos no
domínio da agricultura e do desenvolvimento rural. O Montenegro está a
criar as bases que permitirão compilar estatísticas agrícolas rigorosas. Os
progressos foram relativamente limitados no que se refere à elaboração de
políticas e à utilização da assistência financeira disponível para o
desenvolvimento rural. Registaram-se alguns progressos no domínio da segurança
alimentar e da política veterinária e fitossanitária, nomeadamente no que
diz respeito ao reforço das capacidades em matéria de segurança alimentar e ao
alinhamento da política veterinária e fitossanitária pelo acervo. Realizaram-se
progressos no domínio da pesca, nomeadamente em matéria de reforço das
capacidades administrativas, de intensificação do controlo e do acompanhamento
dos recursos haliêuticos marinhos e de recolha sistemática de dados. As
capacidades de gestão e de inspecção da administração da pesca continuam
reduzidas. Realizaram-se alguns progressos no domínio da política
dos transportes, nomeadamente no que se refere ao alinhamento pelo acervo
relativo ao transporte rodoviário e ao transporte aéreo. Devem ser envidados
esforços suplementares para transpor plenamente o acervo relativo ao
transporte, nomeadamente o terceiro pacote ferroviário. Foram adoptadas
decisões com vista à eliminação das taxas rodoviárias aplicadas aos veículos da
UE, que devem, no entanto, ser plenamente aplicadas. O Montenegro realizou
alguns progressos no domínio da energia, nomeadamente no sector das
energias renováveis. Foi adoptada uma nova estratégia em matéria de política
energética até 2030. Devem ser envidados esforços suplementares tendo em vista
a adopção de legislação relativa às existências petrolíferas, bem como a
criação de um quadro regulamentar que favoreça uma maior utilização, em todos
os sectores, das fontes de energia renováveis. As suas capacidades
administrativas continuam limitadas. O Montenegro registou alguns progressos no
domínio da fiscalidade, principalmente através do desenvolvimento de um
sistema informatizado de registo e de cobrança. As capacidades administrativas
continuam a ser reduzidas no sector das tecnologias da informação (TI),
enquanto a eficácia dos sistemas informáticos para a cooperação administrativa
e o controlo interno continua a ser deficiente. São de assinalar novos progressos no domínio
da política económica e monetária, nomeadamente uma melhoria do quadro
jurídico graças à adopção de disposições pormenorizadas relativamente às
reservas obrigatórias, ao registo dos créditos, bem como à retirada,
substituição e destruição das moedas e notas usadas. Registaram-se progressos satisfatórios no
domínio das estatísticas. Em Abril 2011, o Montenegro procedeu ao
recenseamento da população e da habitação, tendo publicado os primeiros
resultados completos em Julho. No entanto, são necessários esforços
suplementares consideráveis para sanar as deficiências estruturais
identificadas e melhorar as infra‑estruturas, tendo em vista atingir um
nível satisfatório de alinhamento pelo acervo neste domínio. Registaram-se poucos progressos no que diz
respeito ao alinhamento pelo acervo no domínio da política social e do
emprego, nomeadamente a nível da saúde e da segurança no local de trabalho,
da inclusão e da protecção sociais. Verificaram-se alguns progressos no que diz
respeito ao diálogo social. Foram envidados esforços no que diz respeito à luta
contra a discriminação, graças nomeadamente à adopção da lei relativa ao
Provedor e às acções de sensibilização. Tanto as capacidades do serviço público
de emprego como as medidas activas no mercado de trabalho continuam a ser
insuficientes para lutar contra as reduzidas taxas de actividade e de emprego,
e a inadequação das necessidades face às qualificações disponíveis.
Globalmente, a situação das finanças públicas prejudica as reformas no domínio
social. Registaram-se alguns progressos em matéria de política
empresarial e de política industrial, nomeadamente no que diz respeito à
definição de uma política a favor das PME. Todavia, devem ser intensificados os
esforços para desenvolver uma política industrial, bem como uma política
destinada aos sectores estratégicos da indústria transformadora. Registaram‑se poucos progressos no
domínio das redes transeuropeias. Quanto às infra-estruturas RTE‑T,
continuam a ser necessários trabalhos suplementares para melhorar as ligações
rodoviárias e ferroviárias. Os progressos relativos às TRE‑T estão
essencialmente ligados à melhoria das linhas de interconexão eléctrica. Registaram-se progressos limitados no domínio
da política regional e da coordenação dos dos instrumentos estruturais,
principalmente no sentido da criação de estruturas de execução pertinentes para
as componentes III e IV do IPA. A conclusão destas estruturas deve ser
prioritária. Devem ser criadas capacidades administrativas adequadas,
nomeadamente em domínios como a planificação estratégica, a elaboração e gestão
de projectos, a gestão e o controlo financeiro dos projectos. No domínio do sistema
judiciário e dos direitos fundamentais, o Montenegro realizou alguns
progressos, nomeadamente através da abordagem das prioridades essenciais pertinentes
estabelecidas no parecer da Comissão. Será necessário envidar esforços
suplementares sustentados para assegurar o alinhamento pelo acervo deste
capítulo, nomeadamente para o executar e fazer aplicar de forma efectiva, a
médio prazo. Os resultados obtidos na luta contra a grande criminalidade,
nomeadamente a corrupção de alto nível, devem ser melhorados. No que diz
respeito aos direitos fundamentais, apesar dos progressos verificados no
reforço do quadro institucional e jurídico, o Montenegro deve aplicar
plenamente as garantias jurídicas existentes e reforçar as capacidades
administrativas. No que diz respeito à justiça, liberdade e
segurança, foram realizados progressos satisfatórios no que se refere ao
reforço da cooperação judiciária, nomeadamente em matéria penal. Registaram-se
alguns progressos no domínio da migração e asilo. Foram igualmente realizados
progressos no domínio da gestão das fronteiras. Foi adoptada uma nova
estratégia para lutar contra o terrorismo. Verificaram-se progressos na
resposta aos desafios colocados pela luta contra a criminalidade organizada,
nomeadamente sob a forma de uma cooperação internacional e regional mais
estreita. O número de investigações e detenções, nomeadamente na área do
tráfico de drogas, progrediu ligeiramente. As investigações financeiras
realizadas no âmbito de dois processos importantes deram origem ao confisco
temporário de activos num montante significativo. Todavia, o número global de
investigações no domínio financeiro e o confisco do produto de actividades
criminosas continua a ser pouco elevado. Impõe-se uma melhoria da cooperação
entre agências e serviços de polícia baseados em informações. Os mecanismos de
investigação e de instauração de acções devem ser reforçados, nomeadamente nos
domínios do tráfico de seres humanos e do branqueamento de capitais. Continuam
por adoptar as alterações das leis no domínio dos assuntos internos e da luta
contra o branqueamento de capitais. A política de vistos necessita de maior
alinhamento. É necessário envidar esforços suplementares para garantir
condições adequadas para o acolhimento dos requerentes de asilo e dos
imigrantes irregulares. Registaram-se progressos satisfatórios no
domínio da investigação e inovação. O quadro institucional e legislativo
relativo às actividades de investigação científica foi reforçado, tendo sido
tomadas várias medidas para melhorar a mobilidade dos investigadores. Devem ser
devidamente tomados em consideração os preparativos para a União da Inovação. São de assinalar alguns progressos nos
domínios da educação e cultura, nomeadamente no alinhamento pelo acervo.
Continuam a ser necessários esforços suplementares para garantir uma educação
inclusiva dos grupos vulneráveis e das crianças com necessidades especiais. O Montenegro realizou poucos progressos no
alinhamento e aplicação do acervo no domínio do ambiente e das alterações
climáticas. Os principais avanços resultam da adopção de disposições
de aplicação em matéria de gestão dos resíduos e de espaços naturais e da
ratificação de acordos ambientais internacionais. As capacidades
administrativas da agência para a protecção do ambiente melhoraram, mas os seus
serviços de inspecção precisam de ser largamente reforçados. O
Montenegro tem de acelerar o seu planeamento estratégico em todos os sectores e
integrar mais sistematicamente o ambiente noutros sectores de intervenção, a
fim de assegurar um financiamento sustentável de execução. As
capacidades da administração responsável pelo ambiente e as alterações
climáticas, tanto a nível nacional como local, exigem um reforço responsável. No domínio da defesa dos consumidores e da
saúde, o Montenegro tem progredido no sentido do alinhamento pela política
da UE relativa aos consumidores e pela estratégia da UE relativa à saúde.
Contudo, é necessário envidar esforços suplementares para alinhar a legislação
nacional pelo acervo e criar capacidades administrativas. Continua a ser
reduzido o apoio dado às organizações de consumidores e às actividades de
sensibilização. O Montenegro realizou progressos no domínio da
união aduaneira e, mais especificamente, no que diz respeito ao
alinhamento pela nomenclatura combinada e à supressão dos direitos aduaneiros
que não estão em conformidade com o acervo, bem como às obrigações decorrentes
do AEA. Continua a ser necessário envidar esforços suplementares em domínios
como a gestão dos contingentes, as disposições relacionadas com a segurança e o
alinhamento pelo código aduaneiro da UE. O Montenegro realizou alguns progressos no
domínio das relações externas. É necessário reforçar as capacidades
institucionais e administrativas afectadas às políticas comerciais, bem como ao
desenvolvimento e à assistência humanitária. O Montenegro continuou a avançar
no domínio da política externa, de segurança e de defesa, continuando
nomeadamente a dar um contributo sólido para a estabilidade regional. O Montenegro progrediu no domínio do controlo
financeiro e, mais especialmente, da auditoria interna e externa. Contudo, o país deve continuar a reforçar as suas
capacidades de execução em certos domínios ligados à gestão e ao controlo
financeiro, a fim de aplicar a legislação de forma integral e eficaz. No que diz respeito às disposições financeiras e
orçamentais, não existe qualquer diferença significativa entre o sistema montenegrino
e o da UE em matéria de princípios fundamentais e das instituições nos domínios
de acção associados à aplicação das regras relativas aos recursos próprios. No
entanto, o respectivo quadro administrativo não foi ainda criado. Albânia A situação política interna da Albânia foi
dominada pela continuação do bloqueio político e do boicote parcial do
Parlamento decretado pela oposição. Este impasse político remonta às eleições
gerais de Junho de 2009. O resultado destas eleições, que a OSCE/ODIHR considerou
conformes aos padrões internacionais, apesar de algumas deficiências, foi
contestado pelo partido socialista. Os violentos incidentes de 21 de Janeiro de
2011, que causaram a morte de quatro manifestantes, exacerbaram o clima de
desconfiança entre os dois principais partidos políticos albaneses e em relação
a certas instituições do Estado. As eleições locais de 8 de Maio último
acentuaram ainda mais a polarização entre a maioria no poder e a oposição,
devido à contagem controversa de boletins de voto desviados e aos resultados
contestados em Tirana. Todos estes acontecimentos desviaram a atenção dos
responsáveis políticos das reformas urgentes associadas à UE. Face a este contexto, o Governo envidou
esforços para fazer avançar o seu programa de integração europeia e, mais
especialmente, para elaborar um plano da acção destinado a abordar as
recomendações do parecer da Comissão de 2010. Estes esforços traduziram‑se
numa cooperação satisfatória a nível do plano da acção entre a maioria e a
oposição, no âmbito da comissão parlamentar responsável pela integração
europeia, e por acções comuns para chegar a um acordo sobre as reformas
necessárias. Estes esforços, que tinham igualmente em vista a criação de grupos
de trabalho sobre a reforma eleitoral, acabaram por fracassar. Em 5 de
Setembro, a oposição pôs termo ao seu boicote e voltou a tomar parte nos
trabalhos do Parlamento. Globalmente, a Albânia progrediu pouco no
respeito dos critérios políticos de adesão à UE. As importantes reformas
ligadas à UE foram entravadas pelo bloqueio político. Os progressos realizados
para dar resposta às principais prioridades[20]
e aos outros desafios identificados no parecer foram heterogéneos.
Registaram-se alguns progressos nas medidas de execução para lutar contra a
criminalidade organizada, na melhoria do tratamento das pessoas detidas nas
prisões e nos direitos das crianças. Contudo, os progressos foram limitados no
que diz respeito aos trabalhos do Parlamento, às eleições, ao sistema
judiciário, à política de luta contra a corrupção, aos direitos de propriedade
e à melhoria das condições de vida da comunidade cigana. A Albânia deve envidar
esforços consideráveis e sustentados em todos os domínios identificados no
parecer do ano passado. No que diz
respeito à democracia e ao Estado de direito, a continuação do
bloqueio político, a ocorrência de novos confrontos e um clima de desconfiança
crescente entre a maioria e a oposição tiveram um efeito negativo no programa
de reforma albanês. Os trabalhos nos domínios de reforma essenciais estão ainda
em curso, e importantes actos legislativos aguardam a sua adopção ou
finalização. Apesar de algumas
melhorias nas regras e práticas parlamentares e de um aumento das capacidades
administrativas do Parlamento, a eficácia deste último nas suas funções
legislativa e de controlo, que constitui uma prioridade essencial do parecer,
continua a ser insuficiente. O bloqueio político entravou seriamente os
trabalhos parlamentares, tal como a necessidade de um diálogo político
sustentado e construtivo. Impediu igualmente a formação de um consenso que
permitisse a execução das reformas ligadas à UE. O boicote parcial decretado
pela oposição entravou a actividade parlamentar, impedindo nomeadamente a
adopção de leis que necessitavam de uma maioria de três quintos. O final desse
boicote e o regresso da oposição à sua participação nos trabalhos do
Parlamento, em 5 de Setembro último, constitui um avanço positivo para a
normalização do diálogo e da cooperação políticos. Deve ser promovido no
Parlamento um ambiente político inclusivo, conducente ao consenso entre
partidos. O clima de polarização e de desconfiança entre o Governo e a oposição
teve um impacto nas eleições locais de 8 de Maio último. Relativamente a certos
aspectos, a realização dessas eleições respeitou os padrões internacionais, o
que constituía uma prioridade essencial do parecer, e relativamente a outros,
tal não aconteceu. A reforma eleitoral, que constitui uma prioridade essencial
do parecer, está em ponto morto. O Parlamento ainda não adoptou um procedimento
metódico de audição e de voto para as nomeações para o Tribunal Constitucional
e para o Supremo Tribunal, o que constitui igualmente uma prioridade essencial
do parecer. O Governo e
a Comissão parlamentar responsável pela integração europeia envidaram esforços
para fazer avançar e coordenar as reformas ligadas à integração europeia,
nomeadamente com vista a instituir e realizar consultas sobre um plano de acção
destinado a abordar as recomendações estabelecidas no parecer da Comissão e, em
especial, as 12 prioridades essenciais. A qualidade do processo de redacção
legislativa e de consulta de terceiros deve ser significativamente melhorada. O
processo da reforma a favor da descentralização foi negativamente afectado
pelas relações difíceis entre o poder central e os poderes locais. A Albânia não
concluiu as medidas essenciais da reforma da administração pública, que
constitui uma prioridade essencial do parecer, nomeadamente a revisão da lei
relativa à função pública. Apesar de certas reformas, tais como a decisão do
Conselho de Ministros relativa à estrutura e à organização dos organismos
públicos de Junho de 2011, continuam pendentes de adopção actos legislativos
essenciais, que depende de um desbloqueamento completo e sustentado da situação
política, uma vez que passa por um voto por maioria de três quintos no
Parlamento. A aplicação das leis e actos administrativos existentes continua
insatisfatória. O Departamento da Administração Pública continua a não dispor
de poderes suficientes no contexto institucional para assumir plenamente o seu
papel. Ainda não foi criada uma função pública independente, profissional,
baseada no mérito e livre de qualquer ingerência política. Continua
pendente a nomeação do Provedor de Justiça. No que diz respeito
ao sistema judiciário, a Albânia progrediu pouco na execução da reforma
judiciária, que constitui uma prioridade essencial do parecer. A estratégia de
reforma do sistema judiciário e o seu plano da acção foram adoptados em Julho e
constituem uma base sólida para orientar os esforços de reforma. A sua execução
irá exigir a disponibilização de recursos humanos e financeiros adequados, bem
como uma cooperação interserviços sólida. Estão pendentes de adopção actos
legislativos importantes que exigem um voto por maioria de três quintos no
Parlamento, tais como a lei relativa aos tribunais administrativos. A eficácia
do sistema judiciário é comprometida pela lentidão dos procedimentos judiciais,
que está na origem dos atrasos no andamento dos processos. As dotações
orçamentais afectadas ao sistema judiciário continuam a ser, regra geral,
insuficientes. A taxa de execução das decisões continua a ser reduzida. Não
foram tomadas quaisquer medidas concretas para lutar contra a corrupção no
sistema judiciário, nomeadamente através da limitação ou da supressão da
imunidade dos juízes. A Albânia
progrediu pouco no domínio da luta contra a corrupção, que é uma
prioridade essencial do parecer. O quadro jurídico e as estruturas
interagências estão, em grande medida, criadas, mas a implementação de acções
específicas continua globalmente a ser ineficaz e os resultados insuficientes.
As campanhas de sensibilização do público só agora começaram. A imunidade de
certos responsáveis públicos, a ausência de um espírito activo e a penúria de
recursos e de material continuam a comprometer seriamente a eficácia das
investigações. Os resultados em matéria de investigações, de acções penais e de
condenações a todos os níveis continuam a ser insuficientes. A corrupção
prevalece em muitas áreas e continua a ser um problema particularmente grave. A Albânia continuou a melhorar o quadro
jurídico e institucional que rege o respeito dos direitos do homem e a
protecção das minorias, tendo progredido em certos domínios
prioritários essenciais, como o reforço da protecção dos direitos das crianças,
através da adopção de uma lei abrangente, a melhoria das condições das pessoas
detidas na prisão e o desenvolvimento de soluções de substituição à detenção.
Os progressos realizados no domínio dos direitos do homem foram contudo
desiguais e certos aspectos, tais como a liberdade dos meios de comunicação
social, cuja independência editorial continua ameaçada por interesses políticos
e económicos, suscitam do novo grandes preocupações. É conveniente reforçar
significativamente a execução e a aplicação efectivas dos instrumentos
legislativos e estratégicos que regem o respeito dos direitos do homem e a
protecção das minorias. Os direitos de propriedade continuam a
suscitar fortes preocupações. Registaram-se poucos progressos no sentido
da adopção e aplicação de uma estratégia e de um plano da acção de apoio a uma
reforma coerente dos direitos de propriedade. Trata-se de uma prioridade
essencial do parecer. A fragmentação das responsabilidades e a ausência de
coordenação entre as diferentes instituições implicadas entravam uma aplicação
efectiva neste domínio e provocam insegurança jurídica, bem como um risco
sistémico de corrupção. A Albânia realizou progressos parciais para
satisfazer a prioridade essencial, que consiste no reforço da protecção dos
direitos do homem, nomeadamente das mulheres, das crianças e dos ciganos, e
para aplicar efectivamente medidas de luta contra a discriminação. Verificaram-se
desenvolvimentos neste domínio, nomeadamente a adopção da nova estratégia
nacional para a igualdade de género e a luta contra a violência doméstica, bem
como o início da aplicação da lei relativa à protecção contra a discriminação.
Persistem importantes lacunas legislativas, nomeadamente no que diz respeito às
pessoas com deficiência, devendo a Albânia garantir a aplicação coerente
dos instrumentos legislativos e estratégicos existentes. É conveniente
sensibilizar mais o público para a legislação de luta contra a discriminação e
para o sistema de tratamento das denúncias. As discriminações contínuas de que
são vítimas certos grupos vulneráveis, como as lésbicas, os homossexuais, os
bissexuais e os transsexuais, bem como a comunidade cigana, continuam a ser
preocupantes. A comunidade cigana continua marginalizada e nem sempre tem um
acesso satisfatório à protecção social e aos serviços públicos. Foram realizados alguns progressos para
satisfazer a prioridade essencial que consiste em melhorar o tratamento das pessoas
detidas e a aplicação das recomendações do Provedor de Justiça neste
domínio. Foram tomadas medidas para melhorar as condições de detenção e
sistematizar o acompanhamento das recomendações do Provedor. Contudo, continuam
a ser assinalados casos de maus tratos, nomeadamente no contexto de
detenções e de detenções preventivas. O tratamento de delinquentes com
perturbações mentais deve ser melhorado. A falta de uma solução permanente
adequada para a colocação de detidos sujeitos a um tratamento médico
obrigatório continua a ser uma questão que suscita sérias preocupações. No que diz respeito às questões
regionais e obrigações internacionais, a Albânia continuou a contribuir
para a estabilidade regional, esforçando‑se por manter relações positivas
com os seus vizinhos e parceiros regionais. Partilha actualmente um regime de
dispensa de vistos com todos os países dos Balcãs Ocidentais. O país continuou
a participar activamente em iniciativas de cooperação regionais, nomeadamente
no quadro do Processo de Cooperação para a Europa do Sudeste (SEECP), do Conselho
de Cooperação Regional (CCR) e do Acordo Centro-Europeu de Comércio Livre
(ALECE). No que diz respeito ao Tribunal Penal
Internacional, o acordo bilateral de imunidade concluído com os Estados Unidos
não está em conformidade com as posições comuns e com os princípios
orientadores da UE. É coveniente que o país se alinhe pela posição da
UE. No domínio da economia, a estabilidade
macroeconómica da Albânia manteve-se, tendo o crescimento permanecido positivo
durante e após a crise mundial. Contudo, o bloqueio político entravou a
capacidade do Governo de aplicar as reformas estruturais necessárias. A
economia registou, em 2010, um crescimento de 3,8 %, graças às exportações,
enquanto a procura interna estagnou. A política monetária permitiu controlar a inflação,
apesar do aumento dos preços internacionais das matérias-primas. As lacunas
relativas à força executória dos contratos e do Estado de direito, a fraqueza
das infra-estruturas e do capital humano e a economia informal continuam a
entravar o desenvolvimento económico do país. No que diz
respeito aos critérios económicos, a Albânia realizou progressos
no sentido de se tornar uma economia de mercado viável, tendo reduzido os seus
défices orçamental e externo e controlado as expectativas inflacionistas, o que
lhe permitiu consolidar a sua estabilidade macroeconómica. A Albânia deverá
estar em condições de fazer face às pressões concorrenciais e às forças de
mercado no interior da União, a médio prazo, desde que acelere as suas reformas
estruturais, reforçando nomeadamente seu sistema jurídico e o seu capital
material e humano. Apesar da polarização acrescida da paisagem
política, o país manteve um amplo consenso em torno dos fundamentos essenciais
de uma economia de mercado. A economia albanesa continuou a crescer, mas a um
ritmo mais lento, apesar da situação económica precária em que se encontram
importantes parceiros comerciais. A política monetária manteve-se rigorosa,
tendo permitido preservar a estabilidade os preços, tendo a inflação
permanecido nos limites fixados. O défice da balança corrente e orçamental
diminuíram em 2010. A intervenção do Estado na economia é reduzida e as
subvenções mantêm-se limitadas. O sector bancário conserva uma boa
capitalização e uma liquidez suficiente. O país realizou progressos quanto à
necessidade de facilitar a entrada nos mercados. A UE continua a ser o
principal parceiro da Albânia, tanto no que diz respeito ao comércio como aos
investimentos. Contudo, não foi conseguida uma redução
sustentável da dívida pública relativamente elevada do país. Poderá afigurar-se
difícil continuar a reduzir os desequilíbrios externos, nomeadamente se o
volume das remessas dos emigrantes continuar a baixar. O desempenho do mercado
de trabalho degradou‑se em 2010, tendo a taxa de desemprego permanecido
elevada. A aplicação dos procedimentos de insolvência nem sempre foi plenamente
eficaz, enquanto a fraqueza do Estado de direito prejudica o carácter
executório dos contratos e o clima dos negócios em geral. Continua por resolver
a questão dos direitos de propriedade. O nível elevado de crédito malparado no
sector bancário continua a ser preocupante. Os investimentos no capital humano
e nas infra-estruturas permanecem insuficientes. O sector informal continua a
constituir um problema. A concentração da produção em determinados sectores e
mercados de exportação expõe a economia a eventuais choques externos. A Albânia realizou alguns progressos na
melhoria da sua capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão,
nomeadamente nos domínios da livre circulação das mercadorias, da política
empresarial e da política industrial, da justiça, liberdade e segurança, das
relações externas e do controlo financeiro. Os progressos foram limitados em
domínios como a livre circulação dos trabalhadores, os contratos públicos, a
legislação em matéria de propriedade intelectual, a sociedade da informação e
os meios de comunicação social, bem como a energia, o ambiente e o transporte
aéreo. Globalmente, é necessário envidar esforços sustentados para reforçar as
capacidades administrativas necessárias e para a aplicação e cumprimento da
legislação. São necessários esforços suplementares para garantir a aplicação
atempada dos compromissos subscritos no quadro do Acordo de Estabilização e de
Associação. No domínio da livre circulação das
mercadorias, foram registados progressos satisfatórios em matéria de
normalização. É conveniente criar uma estrutura de supervisão do mercado
adequada. No domínio da livre circulação dos trabalhadores,
registaram-se poucos progressos, estando os preparativos ainda numa fase
inicial. Realizaram-se alguns progressos no domínio do direito de
estabelecimento e da livre prestação de serviços, principalmente no que diz
respeito aos serviços postais. Registaram-se alguns progressos no domínio da livre
circulação dos capitais no que diz respeito ao quadro legislativo para os
sistemas de pagamento e a luta contra o branqueamento de capitais. É necessário
envidar esforços suplementares para aplicar efectivamente a estratégia nacional
de luta contra o branqueamento de capitais e a criminalidade financeira. Registaram-se
poucos progressos no domínio dos contratos públicos. As capacidades
institucionais continuam a ser reduzidas, não existindo qualquer definição nem
atribuição claras das competências em relação a todos os organismos
responsáveis pelos contratos públicos. Os preparativos neste domínio registaram
poucos progressos. São de assinalar alguns progressos no domínio do direito
das sociedades. No entanto, as capacidades do Conselho nacional da
contabilidade e a independência operacional do Conselho público de supervisão
das contas continuam a ser reduzidas. No domínio do direito da propriedade
intelectual, os progressos foram limitados, não estando os preparativos
numa fase muito avançada. A aplicação efectiva dos direitos de propriedade
intelectual e industrial continua a ser deficiente. A Albânia não conseguiu
satisfazer atempadamente a obrigação que lhe incumbe por força do AEA, que
consiste em garantir um nível de protecção semelhante ao da UE, nomeadamente em
matéria de execução. Registaram-se progressos moderados no domínio da concorrência,
tanto no que diz respeito à política antitrust como ao controlo dos auxílios
estatais. Contudo, as autoridades competentes não dispõem de capacidades
administrativas suficientes. A independência operacional da comissão
responsável pelos auxílios estatais deve ser preservada. Os preparativos neste
domínio estão em curso. São de assinalar
alguns progressos no domínio dos serviços financeiros. O quadro
regulamentar relativo à gestão dos riscos e à adequação dos fundos próprios foi
melhorado. As capacidades de supervisão no sector não bancário continuam a ser
reduzidas. Foram realizados
progressos desiguais no domínio da sociedade da informação e dos meios de
comunicação social. O alinhamento pelo acervo e a liberalização do mercado
das comunicações electrónicas têm vindo a progredir. Contudo, a legislação no
domínio dos meios de comunicação social não está ainda alinhada pela Directiva
relativa aos serviços dos meios de comunicação audiovisuais e as capacidades da
autoridade de regulação do sector da radiodifusão televisiva continuam a ser
reduzidas. Os preparativos neste domínio registaram poucos progressos. Realizaram-se alguns progressos no domínio da agricultura
e do desenvolvimento rural. A criação das estruturas para a aplicação das
medidas relativas ao desenvolvimento rural progrediu. Todavia, as capacidades
em matéria de análise, bem como de concepção e aplicação das políticas de
desenvolvimento rural continuam a ser reduzidas. Foram realizados alguns
progressos, embora heterogéneos, nos domínios da segurança alimentar,
política veterinária e fitossanitária. As capacidades operacionais
da autoridade nacional responsável pela segurança alimentar foram
significativamente reforçadas, tendo melhorado o quadro legislativo aplicável
ao sector veterinário e à segurança alimentar. Globalmente, as capacidades dos
serviços implicados, a definição das suas competências e a cooperação inter‑serviços
mantêm-se deficientes. São de assinalar alguns progressos no domínio das pescas,
nomeadamente no que diz respeito às inspecções e aos controlos. A
aplicação do quadro regulamentar continua medíocre devido à penúria de recursos
materiais e financeiros e à deficiente cooperação inter-serviços. São de assinalar
alguns progressos, embora desiguais, no domínio da política dos transportes.
Apesar do alinhamento ter avançado nos domínios dos transportes rodoviários e
da gestão do tráfego aéreo, a segurança aérea continua a ser preocupante. Os
sectores dos transportes ferroviários e marítimos exigem esforços
suplementares. Foram realizados progressos limitados no domínio da energia.
A segurança de abastecimento melhorou ligeiramente, não tendo a reforma do
mercado da electricidade sido ainda aplicada de forma efectiva; são necessários
esforços suplementares para garantir a viabilidade económica do sector. As
capacidades e a independência institucional das autoridades de regulação dos
sectores da electricidade, do gás e da protecção contra as radiações devem ser
reforçadas. Os preparativos neste domínio estão a progredir lentamente. Apesar de alguns
progressos realizados no alinhamento da legislação fiscal pelo acervo e
de os preparativos prosseguirem, são necessários esforços suplementares para
reforçar as capacidades administrativas e técnicas, nomeadamente no domínio da
luta contra a fraude e a evasão fiscais. Não são de assinalar quaisquer
progressos no domínio da política económica e monetária. Registaram-se
progressos no domínio das estatísticas, nomeadamente no que diz respeito
às classificações e às infra-estruturas estatísticas. Os progressos registados
no sector das estatísticas sectoriais foram heterogéneos. Os progressos no
domínio da política social e do emprego foram desiguais. Apesar
de uma certa evolução positiva no domínio da saúde e da segurança no trabalho,
do diálogo social e da protecção social, a economia informal e a inactividade
continuam a influenciar fortemente o mercado de trabalho. Globalmente, a
aplicação das políticas continua a ser insuficiente, nomeadamente no que diz
respeito à inclusão social. Os preparativos neste domínio registaram poucos
progressos. A Albânia progrediu no domínio da política
empresarial e da política industrial, nomeadamente melhorando o quadro
regulamentar aplicável às empresas e no que diz respeito ao acesso das PME às
fontes de financiamento. Foram criados organismos para facilitar a inovação e o
desenvolvimento tecnológico. Os preparativos neste domínio progridem. Registaram-se alguns progressos no domínio das
redes transeuropeias. A realização dos corredores rodoviários progrediu,
estando actualmente operacional uma nova interconexão eléctrica. Os progressos foram limitados no domínio da política
regional e da coordenação dos fundos estruturais. São necessários esforços
suplementares consideráveis para criar as capacidades institucionais e
administrativas necessárias e para desenvolver uma reserva de projectos
«maduros» no domínio do desenvolvimento regional. Os preparativos neste domínio
encontram-se ainda numa fase inicial. No que diz
respeito ao sistema judiciário e aos direitos fundamentais, persistem
importantes lacunas, apesar dos esforços desenvolvidos para elaborar uma
legislação em conformidade com as normas europeias. Além disso, a
aplicação dos instrumentos legislativos e estratégicos continua globalmente
insuficiente e constitui um desafio importante. O alinhamento da Albânia pelas
normas europeias e pelo acervo no domínio do sistema judiciário e dos direitos
fundamentais está numa fase inicial. A Albânia
progrediu nos domínios da justiça, liberdade e segurança. O regime de
isenção de vistos para as estadias no espaço Schengen entrou em vigor em
Dezembro de 2010 para os cidadãos titulares de passaportes biométricos. Foram
realizados progressos na luta contra a criminalidade organizada, nomeadamente
graças a uma boa cooperação internacional e à aplicação da lei «anti‑máfia»,
que prevê o confisco de bens de origem criminosa. No entanto, a criminalidade
organizada continua a ser motivo de preocupações. A Albânia deve manter os seus
esforços para aplicar de forma efectiva o quadro legislativo e reforçar a luta
contra a criminalidade organizada, o que constitui uma prioridade essencial do
parecer da Comissão. Trata-se nomeadamente de obter resultados credíveis em
matéria de investigações proactivas, de acções penais e, se for caso disso, de
condenações. O país deve prosseguir activamente a aplicação de medidas
destinadas a aumentar as capacidades e a participação de investigadores e a
cooperação entre os organismos responsáveis pela garantia do respeito da lei. A
luta contra o tráfico de drogas, o branqueamento capitais e o tráfico de seres
humanos, bem como a protecção das suas vítimas, deve ser intensificada e realizada
de forma sistemática, devendo o quadro jurídico para o confisco de bens de
origem criminosa ser sistematicamente aplicado. Verificaram-se progressos no que se refere à
capacidade para aplicar o acervo no domínio da ciência e da investigação.
As capacidades administrativas ligadas à participação do país no 7.º
Programa-Quadro de Investigação da UE foram melhoradas, embora as capacidades
de investigação nacionais continuem a ser reduzidas. Verificaram-se alguns
progressos nos domínios da educação e cultura, nomeadamente que diz
respeito à formação e ao ensino profissionais. Globalmente, a Albânia realizou progressos
limitados no alinhamento da sua legislação no domínio do ambiente. De
uma forma geral, a sua aplicação e cumprimento permaneceram limitados. O
reforço das capacidades administrativas e da cooperação inter-serviços exige
novos esforços. No que diz respeito às alterações climáticas, a Albânia
não registou quaisquer progressos em termos gerais e as suas capacidades
institucionais na matéria continuam a ser reduzidas. Registaram‑se
alguns progressos no domínio da defesa dos consumidores e da saúde.
Verificaram-se igualmente progressos no que diz respeito à regulamentação
relativa à defesa dos consumidores e respectiva aplicação. Globalmente, o quadro
legislativo melhorou. No domínio da saúde pública, a legislação em matéria de
seguro de saúde progrediu, tendo-se registado uma evolução positiva no que diz
respeito às doenças transmissíveis e à saúde mental. Contudo, subsistem
desigualdades no que se refere ao acesso aos cuidados de saúde de base. No domínio da união
aduaneira, a Albânia progrediu no alinhamento da sua legislação e os
preparativos avançam. Todavia, a utilização de preços de referência para a
determinação do valor aduaneiro continua a ser excessiva, tendo em conta as
normas da UE, sendo necessário envidar esforços suplementares para simplificar
os procedimentos e facilitar as trocas comerciais. As capacidades de aplicação
e a gestão dos recursos humanos continuam a ser deficientes. Registaram-se alguns progressos no domínio das
relações externas, nomeadamente no que diz respeito à política comercial
comum. É necessário reforçar as capacidades institucionais e administrativas.
Verificaram‑se progressos no domínio da política externa e de
segurança e defesa comum. O país alinhou‑se pela maior parte das
declarações e posições comuns da UE, tendo prosseguido sua participação nas
operações realizadas no quadro da PESD. A Albânia registou progressos no domínio do controlo
financeiro. O quadro legislativo de base aplicável ao controlo interno das
finanças públicas e a inspecção orçamental centralizada melhoraram. As
capacidades administrativas no domínio do controlo interno devem ser
reforçadas. Os preparativos relativos à protecção dos interesses financeiros da
UE estão numa fase inicial. No que diz respeito às disposições
financeiras e orçamentais, foram já definidos os princípios e criadas as
instituições de base para os domínios subjacentes que afectam o sistema de
recursos próprios. Não foi ainda criado o quadro administrativo que permitirá a
aplicação das regras relativas aos recursos próprios. Bósnia e Herzegovina Os progressos realizados pela Bósnia e
Herzegovina para cumprir os critérios políticos foram limitados. Nos domínios da democracia e do Estado
de direito, um ano após as eleições gerais de 3 de Outubro de 2010, o
processo de instituição das autoridades executivas e legislativas ainda não foi
concluído através da formação de um Governo a nível nacional. Este longo atraso
impediu a realização de reformas de que a Bósnia e Herzegovina tanto necessita. A ausência de um processo credível para
compatibilizar a Constituição com a Convenção Europeia dos Direitos do
Homem continua a ser uma fonte de grande preocupação. O primeiro grupo de
trabalho interinstitucional, criado para aplicar a decisão do Tribunal Europeu
dos Direitos do Homem no processo Sejdić-Finci[21], não conseguiu chegar a um
acordo. Aguarda‑se a criação de um novo grupo de trabalho, tal como
recomendado pelo Conselho de Ministros. A Assembleia
Nacional da Republika Srpska (RSNA) adoptou conclusões e uma decisão sobre a
realização de um referendo relativamente às instituições judiciárias a nível do
Estado. Na sequência dos esforços de mediação desenvolvidos pela UE, a RSNA
revogou a sua decisão sobre a realização de um referendo, tendo alterado as
suas conclusões em 1 de Junho. No quadro estabelecido do Processo de
Estabilização e de Associação, a Bósnia e Herzegovina encetou com a UE um
diálogo estruturado sobre a justiça. As capacidades administrativas do Parlamento
foram reforçadas, mas a ausência de coordenação entre os parlamentos a nível do
Estado e a nível das entidades, bem como os desentendimentos políticos entre as
entidades continuaram a entravar os trabalhos da Assembleia Parlamentar. O
funcionamento das instituições governamentais, que operam a diferentes
níveis, continuou a ser afectado pela fragmentação e ausência de coordenação na
elaboração das políticas. Os três membros da Presidência intensificaram os seus
esforços no que diz respeito à elaboração e à aplicação conjuntas das
políticas, mas a coordenação no domínio da política externa continua a ser
objecto de desacordos relativamente a certos aspectos. Continua a ser
necessário criar um mecanismo de coordenação eficaz entre o Estado e as
Entidades para tratar das questões europeias, nomeadamente a programação da
assistência financeira fornecida ao abrigo do Instrumento de Pré-Adesão (IPA). Foram realizados progressos limitados no
domínio da reforma da administração pública, prosseguindo a aplicação da
estratégia de reforma da administração pública. Contudo, a coordenação entre as
diversas administrações continua a ser deficiente e o processo de reforma da
administração pública não beneficia do apoio político necessário. Continua a
ser necessário envidar esforços sustentados para impedir as ingerências
políticas. Foi criado um Provedor de Justiça nacional, mas a sua eficácia sofre
de restrições financeiras e de problemas de recrutamento. A criação de uma
função pública profissional, responsável, transparente e eficaz, baseada no
mérito e nas competências, é uma questão que ainda não foi resolvida. Os progressos realizados pela Bósnia e
Herzegovina para melhorar o sistema judiciário foram limitados. Foi
lançado um diálogo estruturado UE/Bósnia e Herzegovina sobre a justiça,
destinado a garantir um sistema judiciário independente, eficaz, imparcial e
responsável. É conveniente acelerar a aplicação da estratégia de reforma do sector
judiciário e da estratégia relativa aos crimes de guerra. Apesar de terem sido
tomadas medidas para reduzir os atrasos nos processos judiciais, nomeadamente
nos processos associados às facturas dos serviços de utilidade pública,
globalmente continuam a ser elevados. Tendo em conta a fragmentação do quadro
jurídico entre todas as jurisdições, pesa uma carga legislativa e financeira
considerável pesa sobre o sistema judiciário. A falta de racionalização na
definição das responsabilidades orçamentais continua a prejudicar a
independência e a eficácia do poder judiciário. Os ataques políticos frequentes
de que é objecto o sistema judiciário e os processos judiciais em atraso
continuam a suscitar vivas preocupações. A Bósnia e Herzegovina realizou progressos
muito limitados em matéria de luta contra a corrupção, que continua a
constituir um problema importante, sendo endémico num grande número de domínios
dos sectores público e privado. A aplicação da estratégia de luta contra
a corrupção e do respectivo plano da acção continua a ser insuficiente. A
autoridade responsável pela luta contra a corrupção não está ainda plenamente
operacional. O acompanhamento judiciário de processos de corrupção
permanece lento e apenas um número limitado de processos de alto nível foi
objecto de acções penais. As insuficiências a nível da aplicação da legislação
e os problemas de coordenação entre as entidades continuam a ser questões
preocupantes. A Bósnia e Herzegovina deve assumir um compromisso político mais
forte e realizar uma acção mais determinada na sua luta contra a corrupção. De forma geral, os direitos do homem
são respeitados e a protecção das minorias é assegurada na Bósnia
e Herzegovina. A Bósnia e Herzegovina ratificou as principais convenções
internacionais em matéria de direitos do homem, mas a sua aplicação deixa a
desejar. Os direitos civis e políticos são em
grande medida respeitados. Registaram-se poucos progressos no que diz respeito
à harmonização das sanções penais em todo o país. A adopção da
lei-quadro sobre a assistência jurídica gratuita, necessária para que o país
respeite a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, está em suspenso. O acesso
à justiça em matéria civil e penal deve ser garantido. Verificaram-se
algumas melhorias nas condições prisionais, nomeadamente nos centros
psiquiátricos, mas os problemas de superlotação e de maus tratos em
relação às pessoas detidas ainda não foram resolvidos. A liberdade de expressão e dos meios de
comunicação social, a liberdade de reunião e de associação, bem como a liberdade
de culto estão inscritas na Constituição do Estado central e nas das
Entidades. É contudo necessária uma melhor aplicação da legislação existente.
As actividades de auto-regulação do Conselho da imprensa melhoraram, e as
queixas dos cidadãos ao Conselho de imprensa sobre as violações do código da
imprensa estão a aumentar. As capacidades do Conselho da imprensa para fazer
aplicar as normas profissionais é entravada pela falta de recursos. A pressão
política exercida sobre os meios de comunicação prosseguiu, tal como as
distorções por motivos étnicos. Prosseguiram também os casos de intimidação
contra jornalistas. A aplicação da reforma do sector da rádiodifusão pública
continua pendente. A independência da autoridade de regulação das comunicações
mantém-se comprometida e as nomeações para o Conselho de administração estão
suspensas. O desenvolvimento da sociedade civil exige mais apoio e
transparência na afectação das dotações de financiamento. Os direitos económicos e sociais são
garantidos pelo quadro jurídico existente, mas a sua aplicação continua a ser
insuficiente devido à fragmentação dos níveis de competência. Está em vigor a
nível do Estado uma lei abrangente relativa à luta contra as discriminações,
mas o seu alcance continua a ser limitado e é pouco aplicada. A protecção das mulheres
contra a violência tem de ser melhorada, tal como a protecção social das crianças.
Em termos de relações interétnicas, o número de escolas divididas («duas
escolas sob o mesmo tecto») e de escolas mono étnicas continua a ser
preocupante, apesar da criação de um organismo de coordenação na Federação. O
sistema de benefícios sociais baseia-se nos direitos em vez das necessidades, o
que tem consequências nefastas para as condições de vida dos grupos
vulneráveis, nomeadamente dos doentes mentais. O diálogo social e o
exercício dos direitos laborais continuaram a ser entravados pela falta de
reconhecimento dos parceiros sociais a nível do Estado e pela fragmentação do
quadro legislativo. O respeito e a
protecção das minorias e dos direitos culturais[22]
são, globalmente, garantidos. Foram registados progressos na aplicação dos
planos de acção a favor dos ciganos no domínio do alojamento e do emprego. É
conveniente redobrar os esforços destinados a garantir a aplicação eficaz dos
planos de acção em matéria de saúde e de educação e para melhorar os recursos e
a viabilidade dos planos de acção. A minoria cigana continua a viver em
condições muito difíceis e a ser vítima de discriminação. A falta de registo de
nascimento e de acesso a uma assistência jurídica gratuita para o registo civil
continua a entravar o seu acesso aos direitos sociais e económicos de base. É
necessário tomar medidas suplementares a fim de melhorar a aplicação da lei
relativa às minorias nacionais e de garantir os direitos das minorias. Realizaram-se alguns progressos no que diz
respeito aos refugiados e às pessoas deslocadas internamente. A estratégia
revista de apoio ao processo de regresso e que garante a boa aplicação do anexo
7 do acordo de paz Dayton/Paris está em vigor. Foram tomadas algumas medidas
para aplicar esta estratégia, nomeadamente no que se refere ao financiamento de
projectos destinados aos grupos vulneráveis que vivem em centros colectivos.
Contudo, os procedimentos que permitem conceder ajuda ao regresso não estão
ainda totalmente em vigor. A falta de oportunidades de emprego e de acesso à
protecção social continuam a prejudicar a sustentabilidade do regresso e da
integração social. No que diz respeito às questões
regionais e às obrigações internacionais, a aplicação do acordo de paz
de Dayton/Paris prosseguiu, mas os dirigentes políticos da Republika Srpska
contestaram frequentemente a integridade territorial do país. A cooperação com
o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia continua a ser
satisfatória. O mandato do Representante Especial da União
Europeia (REUE) foi transferido do Gabinete do Alto Representante para um
representante único da UE, que age no quadro de um duplo mandato de REUE e de
Chefe de Delegação da UE. Prosseguiu a cooperação entre os tribunais e
os procuradores da Bósnia e Herzegovina, da Croácia e da Sérvia. A aplicação
dos acordos bilaterais relativamente ao reconhecimento mútuo e à execução das
decisões judiciais em matéria penal está em curso. Contudo, os obstáculos
jurídicos à extradição inscritos no Código do Processo Penal continuaram a
prejudicar os esforços envidados no sentido de continuar os processos por
crimes de guerra. No que diz respeito ao Tribunal Penal
Internacional, o acordo bilateral de imunidade concluído com os Estados Unidos
não está em conformidade com as posições comuns e os princípios orientadores da
UE. É coveniente que o país se alinhe pela posição da UE. Realizaram-se progressos significativos no que
diz respeito ao processo da Declaração de Sarajevo. Na sequência das reuniões
de Junho e Setembro de 2011, a Bósnia e Herzegovina, a Croácia, o Montenegro e
a Sérvia chegaram a acordo sobre diversos pontos, nomeadamente sobre o texto de
uma declaração comum que deve ser assinada aquando de uma conferência
ministerial a realizar em Belgrado. A Bósnia e
Herzegovina continuou a participar activamente em iniciativas de cooperação regional,
nomeadamente no quadro do Processo de Cooperação para a Europa do Sudeste
(SEECP), do Conselho de Cooperação Regional (CCR) e do Acordo Centro-Europeu de
Comércio Livre (ALECE). A Bósnia e Herzegovina continuou a desenvolver as suas
relações com os seus vizinhos. Em Setembro, o país adoptou uma decisão que
reconhece os carimbos aduaneiros do Kosovo. Todavia, continuam por resolver
certos problemas fronteiriços com países vizinhos. A economia da Bósnia e Herzegovina
registou uma certa aceleração em 2011 após um crescimento modesto em 2010. Esta
recuperação continua, contudo, a ser pouco dinâmica e a dever-se principalmente
à procura externa. O desemprego manteve-se em níveis muito elevados. A situação
orçamental melhorou um pouco, devido a medidas de ajustamento orçamental
aplicadas no quadro do programa do Fundo Monetário Internacional e ao aumento
das receitas. No entanto, a viabilidade orçamental a médio prazo foi seriamente
entravada pelo facto de não ter sido adoptado o quadro global para as políticas
orçamentais 2011‑2013. A determinação com vista a realizar reformas
estruturais e consolidar as finanças públicas continua a ser insuficiente e
heterogénea no país, mantendo-se a qualidade das finanças públicas medíocre. No que diz respeito aos critérios
económicos, a Bósnia e Herzegovina realizou progressos limitados na via de
uma economia de mercado viável. Devem continuar a ser envidados esforços
consideráveis a nível das reformas, a fim de permitir que o país possa dar
resposta à pressão competitiva e às forças de mercado no interior da União. A recuperação é principalmente impulsionada
pela procura externa, embora a procura interna tenha igualmente registado uma
aceleração, apoiada pela retoma das operações de crédito. A produção industrial
está a aumentar. As actividades comerciais aumentaram significativamente, tendo
o grau de integração comercial com a UE permanecido elevado. A estabilidade
financeira e monetária foi preservada. O sistema de comité monetário («currency
board») continua a beneficiar de uma grande credibilidade. O ambiente
empresarial registou algumas melhorias no que diz respeito ao registo das
empresas e à racionalização dos procedimentos administrativos em geral. No entanto, o facto de não ter sido adoptado o
quadro global para as políticas orçamentais dos 2011‑2013 prejudicou
gravemente a sustentabilidade e a credibilidade da política orçamental na
Bósnia e Herzegovina e impediu as autoridades orçamentais de concluírem um
acordo sobre a orientação orçamental geral. O bloqueio político do país
contribuiu para atrasar fortemente a adopção do orçamento para 2011 ao nível do
Estado e para adiar as discussões com o Fundo Monetário Internacional sobre a
aplicação do acordo de stand-by. A qualidade das finanças públicas
permaneceu deficiente, representando as despesas uma parte importante do PIB.
Os desequilíbrios externos, nomeadamente o défice da balança corrente,
aumentaram, tendo‑se assistido a uma aceleração da inflação. O ambiente
empresarial continuou a ser afectado pela falta de eficácia da administração e
pelas deficiências do Estado de direito. Não foram registados quaisquer
progressos no que diz respeito aos projectos de privatização, à reestruturação
das empresas públicas e à liberalização das indústrias da rede. As capacidades
de produção e a competitividade da economia mantiveram-se reduzidas, não tendo
as fontes de crescimento nacional sido exploradas de forma adequada. Os
factores de rigidez estrutural, tais como as elevadas taxas dase contribuições
sociais, a orientação deficientes das transferências sociais e uma reduzida
mobilidade da mão-de-obra, continuam a entravar a criação de emprego. O
desemprego continuou a um nível muito elevado, mantendo-se o sector informal um
desafio importante. A Bósnia e Herzegovina realizou progressos
limitados em matéria de alinhamento da sua legislação e das políticas
prosseguidas pelas normas europeias. São de assinalar progressos
nos domínios da propriedade intelectual, dos auxílios estatais, da
investigação, da cultura, dos transportes e num certo número de aspectos
ligados à justiça, liberdade e segurança. Devem ser ainda envidados esforços
específicos nos seguintes domínios: livre circulação de mercadorias, pessoas e
serviços, alfândegas e fiscalidade, concorrência, contratos públicos, emprego e
políticas sociais, educação, indústria e PME, agricultura e pesca, segurança
alimentar e políticas veterinária e fitossanitária, ambiente e alterações
climáticas, energia, sociedade da informação, meios de comunicação social e
estatísticas. Globalmente, a aplicação do Acordo Provisório
manteve-se desigual. O país infringe o Acordo Provisório (AP), uma vez
que não respeita a Convenção Europeia dos Direitos do Homem e as regras
relativas aos auxílios estatais. A lei relativa aos auxílios estatais adoptada
a nível do Estado, que era exigida no quadro do Acordo de Estabilização e de
Associação, foi adoptada em Conselho de Ministros em Agosto, aguardando‑se
no entanto a adopção pelo Parlamento. A lei relativa ao recenseamento de
população à escala do Estado, que é necessária para o desenvolvimento social e
económico do país, deve ser adoptada com urgência. A Bósnia e Herzegovina realizou alguns
progressos no domínio do mercado interno. No que diz respeito à livre
circulação de mercadorias, foram registados progressos em matéria de
supervisão dos mercados e de protecção dos consumidores. Continua a ser
necessário envidar esforços substanciais para aproximar o quadro jurídico da
legislação da UE, melhorar as capacidades administrativas e criar um espaço
económico único. No domínio da livre
circulação das pessoas, serviços e do direito de estabelecimento,
registaram-se progressos limitados. As duas Entidades adoptaram disposições
legislativas de aplicação relativamente aos serviços financeiros, tendo a coordenação
do controlo bancário melhorado. Será essencial continuar a simplificação do
registo das empresas e o alinhamento do quadro legislativo relativamente aos
serviços postais. Não se registaram progressos no domínio da livre
circulação dos capitais. É necessário proceder ao alinhamento pelo
acervo, bem como à harmonização da legislação à escala do país. São de
assinalar progressos satisfatórias, mas desiguais, nos domínios aduaneiro e
fiscal. Continuam a ser essenciais a prossecução do alinhamento da legislação
e o reforço das capacidades, tendo em vista garantir uma aplicação e um
respeito eficazes dos direitos de propriedade intelectual. A Bósnia e Herzegovina registou alguns
progressos em matéria de aplicação das regras de concorrência. Não se
registaram quaisquer progressos no domínio dos contratos públicos,
especialmente no que diz respeito ao alinhamento integral da lei relativa aos
contratos públicos. Continuaram os progressos no domínio dos direitos de
propriedade intelectual. Registaram-se poucos progressos no domínio das
políticas social e de emprego e na política de saúde pública. Existem ou
estão a ser preparados documentos de estratégia à escala do país, mas a
legislação e as políticas continuam fragmentadas. Estão em vigor leis‑quadro
e estratégias no domínio da educação, mas a sua aplicação está suspensa.
Realizaram-se alguns progressos em matéria de cultura. Continuaram os
progressos no domínio da investigação, tendo começado os preparativos
para a União da inovação. As negociações de adesão à Organização Mundial do
Comércio continuaram a avançar. A Bósnia e Herzegovina registou poucos
progressos no cumprimento das normas europeias num certo número de políticas
sectoriais. No que diz respeito à indústria e às pequenas e médias
empresas (PME), é conveniente adoptar uma estratégia nacional de
desenvolvimento que inclua elementos de política industrial e aplicar a
estratégia relativa às PME. Registaram‑se alguns progressos nos domínios
da segurança alimentar, política veterinária e fitossanitária e pescas. Os
progressos nos domínios da agricultura e do desenvolvimento rural foram
limitados. Continua a ser fundamental assegurar uma coordenação mais estreita
entre o Estado e as Entidades, com vista a alinhar a legislação pelo acervo
nestes domínios. A falta de progressos teve um impacto negativo no comércio de
produtos agrícolas. Os preparativos da
Bósnia e Herzegovina no domínio do ambiente mantiveram‑se numa
fase inicial. É conveniente criar um quadro jurídico harmonizado para a
protecção do ambiente, bem como uma agência nacional para o ambiente. As
capacidades administrativas são reduzidas e a comunicação, tanto horizontal
como vertical, entre as diferentes autoridades implicadas deve ser reforçada.
No que diz respeito às alterações climáticas, é necessário envidar
esforços suplementares,endo em vista a adopção de uma estratégia de luta contra
as alterações climáticas a nível do Estado e no que se refere ao alinhamento
pelo acervo e às medidas de sensibilização. A Bósnia e
Herzegovina realizou progressos no sector dos transportes. Verificou-se
uma certa evolução positiva no que diz respeito às redes transeuropeias de
transporte, ao transporte rodoviário e aéreo, bem como aos sectores do
transporte ferroviário e por vias navegáveis internas. A lei relativa ao
transporte de mercadorias perigosas ainda não foi adoptada. A modernização das
infra-estruturas de transporte continua suspensa. Os preparativos no domínio da
energia registaram poucos progressos. Enquanto parte no Tratado que
institui a Comunidade da Energia, a Bósnia e Herzegovina deve aplicar a
legislação da UE nesta matéria. São de assinalar alguns progressos no que diz
respeito ao abastecimento de electricidade ao distrito de Brčko e ao
lançamento de uma revisão completa da legislação relativa à electricidade a
todos os níveis da administração. Para garantir a segurança de abastecimento de
electricidade, deve ser criada uma sociedade nacional de transporte que opere à
escala do país e adoptada uma estratégia global em matéria de energia. Os progressos realizados no domínio da sociedade
da informação e dos meios de comunicação social foram limitados. A
harmonização do quadro jurídico aplicável à radiodifusão pública continua por
realizar. A persistência de problemas que comprometem a independência da
autoridade de regulação das comunicações, as pressões políticas e a lentidão da
aplicação da reforma do sector da rádio e da radiodifusão pública continuam a
ser preocupantes. São de assinalar alguns progressos no domínio
do controlo financeiro. Existem a nível do Estado e das Entidades
unidades centrais de harmonização, tendo começado a ser introduzida a auditoria
interna. Os sistemas de gestão financeira e de controlo devem continuar a ser
reforçados. A independência do Tribunal de Contas nacional continua a ser uma
questão preocupante. Registaram-se alguns progressos no domínio das estatísticas
no que diz respeito às classificações e aos registos. As estatísticas
sectoriais, tais como as contas nacionais e as estatísticas relativas às
empresas ou à agricultura, devem ser melhoradas. A cooperação entre os
institutos estatísticos nacionais a nível do Estado e das Entidades e as outras
agências estatais continua a ser insuficiente. No domínio da justiça, liberdade e
segurança, realizaram‑se alguns progressos nas diferentes áreas.
No que diz respeito à política de vistos, as prioridades continuaram a ser
abordadas. A aplicação do acordo relativo à facilitação da concessão de vistos
concluído entre a UE e a Bósnia e Herzegovina e o acordo de readmissão
prosseguiu sem problemas. O regime de isenção de vistos para as estadias no
espaço Schengen entrou em vigor em Dezembro de 2010 para os cidadãos da Bósnia
e Herzegovina titulares de passaportes biométricos. Os preparativos do país nos domínios da gestão
das fronteiras, do asilo e das migrações avançaram. Continuaram a ser
introduzidas melhorias no sistema de asilo e de protecção internacional, bem
como no acompanhamento dos fluxos migratórios e na cooperação entre
instituições. Contudo, as infra-estruturas em alguns pontos de passagem das
fronteiras devem ser reforçadas. Registaram-se poucos progressos no domínio da luta
contra o branqueamento de capitais. A aplicação da estratégia e do plano da
acção em matéria de prevenção do branqueamento de capitais continua a ser
limitada. Registaram-se poucos progressos na luta contra a droga. A
ausência de um acompanhamento judiciário eficaz entrava a luta contra o tráfico
de drogas, que permanece um problema grave. Os preparativos da Bósnia e Herzegovina no
domínio da polícia estão a avançar. A fragmentação das forças policiais
da Bósnia e Herzegovina continua a comprometer a eficácia, os resultados, a
cooperação e o intercâmbio de informações. A luta contra a criminalidade
organizada continua a ser insuficiente, devido à ausência de uma
coordenação eficaz entre os órgãos encarregados de fazer aplicar a lei. A
criminalidade organizada permanece um problema grave, que prejudica o Estado de
direito e o ambiente empresarial. Devem ser intensificados os esforços
destinados a lutar contra o tráfico de seres humanos e abordadas as
deficiências na identificação das vítimas de tráfico. A Bósnia e Herzegovina
realizou alguns progressos na luta contra o terrorismo, tendo sido
restabelecido o grupo de trabalho conjunto nesta matéria. Contudo, a aplicação
da estratégia de prevenção e de luta contra o terrorismo deve ser melhorada. Prosseguiram os preparativos para a protecção
dos dados pessoais, sendo no entanto necessário envidar esforços
suplementares para fazer aplicar a lei e garantir a independência da agência de
regulação. Um sistema eficaz de protecção dos dados pessoais é essencial para
permitir à Bósnia e Herzegovina concluir acordos com a Europol e a Eurojust. Kosovo Durante o período compreendido entre Outubro
de 2010 e Abril de 2011, a situação política no Kosovo foi marcada por eleições
legislativas e presidenciais. A realização das eleições gerais foi marcada por
graves disfuncionamentos e dificuldades de ordem técnica. Foi constituído um
novo Governo de coligação em Fevereiro e eleito um novo Presidente em Abril. O Presidente e o Governo demonstraram o seu
empenhamento face à agenda europeia. Foi reforçada a coordenação das reformas
ligadas à UE. As eleições atrasaram a aplicação de inúmeras reformas
essenciais. É agora necessário envidar esforços sustentadas para acelerar as
reformas e a sua aplicação efectiva. A administração pública e o poder
judiciário são pouco activos. É necessário envidar esforços muito mais
significativos para lutar contra a criminalidade organizada e a corrupção,
nomeadamente no domínio dos contratos públicos. A situação económica é
igualmente preocupante, devendo o Governo adoptar medidas urgentes para
melhorar a situação orçamental, em estreita concertação com o Fundo Monetário
Internacional. De um ponto de vista mais positivo, o Kosovo continuou a envidar
esforços sustentadas para obter resultados nos domínios essenciais da sua
agenda europeia, tais como a questão dos vistos e o comércio. Com base na Resolução da Assembleia‑Geral
das Nações Unidas, adoptada em 9 de Setembro de 2010, que tinha sido agendada
conjuntamente pela Sérvia e pelos 27 Estados‑Membros da UE, teve início
em Março um processo de diálogo entre Belgrado e Pristina. Foi conduzido de
forma geralmente construtiva até Setembro, tendo dado origem à conclusão de
acordos sobre várias questões: a livre circulação de mercadorias e de pessoas,
registo civil e cadastro. Os acordos já concluídos devem ser aplicados de boa-fé.
Terão de ser alcançados resultados suplementares na aplicação, prioritária, dos
princípios de uma cooperação inclusiva e regional viável e será necessário
encontrar soluções sustentáveis sobre questões relacionadas com o acervo da UE
em sectores como a energia e as telecomunicações.. Durante o período de referência, a integração
da comunidade sérvia ao sul do rio Ibër/Ibar melhorou. Os sérvios beneficiaram
do quadro jurídico que protege os seus direitos. A sua participação nas
eleições gerais aumentou, tendo igualmente participado no recenseamento. O
pessoal docente das escolas que beneficiam da assistência da Sérvia começou a
assinar contratos com as direcções municipais da educação do Kosovo. No Norte do Kosovo, continuam em vigor as
estruturas que beneficiam de assistência da Sérvia, não tendo a integração
progredido. Os municípios favoráveis aos sérvios opuseram‑se à
organização do recenseamento no Norte, e a taxa participação dos sérvios nas
eleições gerais foi reduzida nesta parte do território. No Norte, os sérvios
contestaram igualmente o mandato da EULEX. A situação no Norte do Kosovo e a
questão do controlo das fronteiras provocaram surtos de violência que causaram
feridos e um morto em Julho e em Setembro. A situação deu igualmente origem a
discursos incendiários, mais frequentes por parte dos dirigentes kosovares.
Todas as partes precisam de desempenhar o seu papel para atenuar as tensões no
Norte do Kosovo e permitir a livre circulação das pessoas e das mercadorias, em
benefício das pessoas da região. As autoridades estão a cooperar com a
investigação realizada pela EULEX sobre as alegações contidas na resolução
adoptada pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa sobre o tratamento
desumano de pessoas e o tráfico ilícito de órgãos humanos no Kosovo. As
autoridades do Kosovo devem igualmente garantir uma cooperação coerente e
eficaz com a EULEX em todos os domínios abrangidos pelo seu mandato. No que diz respeito à democracia e ao
Estado de direito, a questão do Estado de direito, nomeadamente,
continua a ser particularmente preocupante e exige uma atenção urgente por
parte do Governo, da Assembleia e das autoridades judiciárias do Kosovo. O quarto mandato da Assembleia foi
inaugurado em 21 de Fevereiro, na sequência de eleições gerais. Verificaram-se
graves deficiências no processo eleitoral. O Kosovo deve tomar medidas urgentes
para simplificar o sistema, em conformidade com os padrões internacionais, e
proceder a investigações e à instrução de acções contra os casos de fraude
eleitoral. A Assembleia adoptou um orçamento, bem como uma série de leis de
reformas essenciais e pertinentes para a agenda europeia. As capacidades da
Assembleia para examinar os projectos de lei e os trabalhos do Governo
continuam a ser reduzidas. Existem preocupações de que o regimento da
Assembleia nem sempre seja aplicado. Um novo Governo da coligação entrou em
funções em 22 Fevereiro. Em Março, foi adoptada uma regulamentação que
estabelece e reforça o papel dos serviços encarregados da integração europeia
no âmbito dos ministérios. O Ministério da Integração Europeia intensificou seu
papel enquanto coordenador da agenda europeia e dos doadores, tendo solicitado
com insistência que as reformas fossem aceleradas. É necessário envidar
esforços suplementares para identificar os objectivos específicos e os
resultados quantificáveis a atingir, a fim de orientar de forma mais adequada o
Governo nas suas actividades de reforma. Foram mantidos os esforços de
descentralização. O Governo tem de encontrar soluções para a sustentabilidade a
longo prazo dos novos municípios com maioria sérvia. Simultaneamente, as
estruturas apoiadas pelos sérvios continuaram a funcionar no Kosovo, impedindo
assim a aplicação na íntegra da descentralização. Registaram-se progressos limitados no que diz
respeito à reforma da administração pública. O quadro regulamentar foi
reforçado, devendo no entanto ser ainda completado. A estratégia revista da
administração pública para 2010‑2013 não foi ainda aplicada. A reforma da
administração pública, que é muito deficiente, continua a constituir um
problema importante. O Gabinete do Provedor de Justiça não dispõe de recursos e
de instalações adequados nem de apoio político. Registaram-se progressos no que diz respeito
ao sistema judiciário, nomeadamente graças à adopção de decisões
importantes por parte do Tribunal Constitucional. A Assembleia adoptou textos
legislativos importantes, como a lei sobre a protecção das testemunhas, a lei
sobre a responsabilidade penal das pessoas colectivas por infracções penais e a
lei relativa à cooperação jurídica internacional. Este processo de reforma tem
de continuar. A aplicação das quatro leis de reforma adoptadas durante o
período de referência anterior prosseguiu de forma satisfatória. O serviço
encarregado da cooperação jurídica internacional, no âmbito do Ministério da
Justiça, reforçou as suas capacidades, tendo tratado os processos de forma
profissional. O Conselho Judicial do Kosovo começou a abordar as prioridades
essenciais. O Conselho do Ministério Público deu início aos seus trabalhos após
a nomeação dos seus nove membros. Os salários dos juízes e dos procuradores
foram aumentados. Simultaneamente, o sistema judiciário do Kosovo continuou a
revelar deficiências. Subsistem importantes atrasos no tratamento dos processos.
Continuam a ser assinalados casos de ameaças e manobras de intimidação a juízes
e ingerências políticas nos trabalhos de poder judiciário, o que continua a ser
uma questão preocupante. Os juízes e os procuradores devem adoptar uma atitude
mais proactiva quando procedem a investigações e proferem as suas decisões em
processos de criminalidade organizada e de corrupção. A situação é igualmente
muito preocupante no que se refere à transparência na aplicação da lei relativa
à amnistia. O Kosovo realizou alguns progressos em matéria de luta contra a
corrupção, tendo nomeadamente começado a abordar certos casos de corrupção.
Este fenómeno permanece endémico em inúmeros sectores e continua a suscitar
vivas preocupações, nomeadamente porque entrava o acesso dos cidadãos a
diferentes serviços. A task force encarregada da luta contra a corrupção
foi reforçado. O quadro legislativo da luta contra a corrupção foi melhorado,
graças à adopção de várias leis importantes, embora não esteja ainda completo e
deva ser reforçado. A lei relativa ao financiamento dos partidos políticos
apresenta graves lacunas, devendo o acompanhamento da sua aplicação ser
igualmente melhorado. As violações das regras de adjudicação dos contratos
continuam ser preocupantes no contexto da corrupção. As declarações de
património continuam a apresentar divergências entre as situações declaradas e
os rendimentos reais. A Constituição do Kosovo prevê importantes
disposições destinadas a garantir os padrões internacionais em matéria de direitos
do homem e de respeito e protecção das minorias. Os diferentes
organismos encarregados de promover e aplicar os direitos fundamentais, bem
como de controlar o seu respeito, não coordenam as suas actividades de forma
eficaz. Os organismos da vertente executiva do Governo registam falta de
capacidade e uma definição insuficiente das responsabilidades e da autoridade,
sendo frequentes as sobreposições com outros organismos. O seu impacto político
e prático é limitado. É necessário envidar esforços suplementares para
assegurar a aplicação dos recursos jurídicos e administrativos em caso de
violações dos direitos do homem. A integração dos membros da comunidade sérvia
melhorou, nomeadamente ao sul do rio Ibër/Ibar. É necessário envidar esforços
suplementares para abordar as necessidades dos sérvios em todo território do
Kosovo, mas mais especialmente no Norte. Registaram-se progressos limitados no domínio dos direitos civis e
políticos. Devem prosseguir os esforços do Governo no que diz respeito à prevenção
da tortura e dos maus tratos, devendo ser adoptadas medidas adicionais para
eliminar a impunidade. Há que resolver o problema associado à falta
espaço e à superlotação em certas prisões. O acesso à justiça não está
plenamente garantido, nomeadamente no Norte da cidade de Mitrovicë/Mitrovica, onde o tribunal
distrital funciona com capacidades limitadas em conformidade com o mandato da
EULEX. Tal prejudica o Estado de direito nesta parte do Kosovo. No que diz respeito à liberdade de
expressão, são de assinalar progressos limitados. A transparência da
propriedade dos meios de comunicação social é garantida por uma lei que é
aplicada correctamente. Certos jornalistas continuam a confrontar-se com
pressões políticas e ameaças. A independência e a imparcialidade do organismo
de radiodifusão pública (RTK) não estão garantidas. A liberdade de reunião e
de associação é em grande medida respeitada. O direito de associação é
garantido pela adopção das alterações introduzidas na lei relativa à liberdade
de associação das ONG. O ambiente em que a sociedade civil evolui deve
ser significativamente melhorado. O Governo deve tirar partido da experiência
da sociedade civil. No domínio da liberdade de pensamento,
consciência e culto, a polícia continuou a gerir de forma adequada a transferência
de responsabilidades da KFOR em matéria de conservação dos locais históricos e
religiosos, incluindo os locais ortodoxos sérvios. O Kosovo prosseguiu as suas
actividades de renovação destes locais, em colaboração com participantes
interessados da Igreja e das autoridades sérvias. É necessário envidar esforços suplementares a
fim de garantir plenamente os direitos económicos e sociais.
Registaram-se alguns progressos em relação aos direitos da mulher,
nomeadamente um aumento da representação feminina na política e uma melhoria do
quadro legislativo a fim de garantir os seus direitos. As instituições
competentes devem ser reforçadas e o seu orçamento aumentado, a fim de
assegurar a aplicação da legislação na matéria. A protecção dos direitos das
crianças foi melhorada com a aplicação do código de justiça juvenil. Foram
criados o Conselho para a protecção das crianças e o Conselho para a justiça
das crianças. A protecção das crianças continua a ser deficiente e o
nível de pobreza infantil elevado. Registaram‑se progressos limitados no
que se refere a grupos socialmente vulneráveis e a pessoas com deficiência.
Foi publicado um relatório relativo à aplicação do plano de acção a favor das
pessoas com deficiência. A aplicação deste plano de acção e dos textos de lei
aplicáveis neste domínio deve ser reforçada, nomeadamente a nível municipal,
assegurando, em especial, o acesso à escola para os alunos com deficiência. O Governo organizou campanhas de
sensibilização para a lei relativa à luta contra a discriminação, que
continua a ser fonte de preocupações. São de assinalar alguns progressos no
domínio do direito do trabalho e do direito sindical. Foram adoptadas a
lei relativa ao direito ao trabalho, a lei relativa aos sindicatos e a lei
relativa ao Conselho Económico e Social. Registaram-se progressos desiguais no
domínio dos direitos de propriedade. O quadro legislativo melhorou,
tendo sido nomeado um coordenador dos direitos de propriedade. O importante
número de processos em atraso neste domínio impede os cidadãos de exercerem o
seu direito de propriedade. É necessário envidar esforços suplementares para
que a legislação em vigor seja aplicada. O Kosovo registou alguns progressos no que se refere ao respeito e à
protecção dos direitos das minorias e dos direitos culturais. Os municípios
com maioria sérvia criados recentemente são confrontados com um certo número de
desafios, nomeadamente em matéria de ordenamento do território. Realizaram‑se
progressos limitados no que diz respeito ao acesso à educação das comunidades
minoritárias. A comunidade sérvia, tanto ao norte como ao sul do rio
Ibër/Ibar, continua a utilizar manuais e a basear-se num sistema educativo
fornecido pela Sérvia. As autoridades do Kosovo devem propor uma alternativa e
elaborar um programa de estudos sérvio. Fora das regiões maioritariamente
povoadas por sérvios, o sérvio não é proposto enquanto segunda língua oficial
nas escolas. Registaram-se poucos progressos no que diz respeito à utilização
das línguas. A aplicação do quadro jurídico é inadequada e não existem
serviços públicos multilingues. A situação dos meios de comunicação
minoritários sérvios melhorou, nomeadamente com o lançamento da «TV Mreža». No que diz respeito à deslocação das famílias ciganas, ashkali e
egjiptian das zonas contaminadas pelo chumbo, o campo de Çesmin
Lug/Česmin Lug foi encerrado em Outubro de 2010. O campo de Osterode não
foi encerrado, uma vez que não foi disponibilizado qualquer outro terreno
público na parte norte de Mitrovicë/Mitrovica. O Governo incentivou a inscrição
no registo civil destas comunidades nomeadamente mediante a organização de uma
campanha de registo gratuito. Foi publicado um relatório sobre a aplicação da
estratégia de integração das comunidades cigana, ashkali e egjiptian.
As condições de vida destas comunidades, e as dificuldades de acesso ao
emprego, à educação, aos cuidados saúde e à protecção social, continuam no
entanto a constituir problemas muito preocupantes. O regresso dos refugiados e das pessoas deslocadas internamente
continua a constituir um desafio para as instituições do Kosovo. O orçamento
público atribuído aos regressos, que diminuiu em 40 %, é muito reduzido.
Questões como os atrasos registados nos procedimentos de restituição dos bens e
a ausência de oportunidades económicas continuam a representar obstáculos
significativos aos regressos voluntários e sustentáveis. Muitas pessoas
deslocadas continuam a viver em condições difíceis. No que diz respeito à
aplicação dos direitos culturais, foram registados progressos limitados.
A cooperação entre os mistérios competentes e entre as autoridades centrais e
municipais melhorou. A legislação relativa à protecção do património cultural e
a aplicação das leis continuam deficientes neste domínio. No que diz respeito às questões regionais
e às obrigações internacionais, o Kosovo continuou a cooperar com o
Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia. A EULEX realizou um certo
número de operações e procedeu nomeadamente a detenções e a condenações em
processos de crimes de guerra, implicando alguns altos responsáveis políticos,
entre os quais um antigo ministro. A adopção em Agosto da lei relativa às
pessoas desaparecidas constitui um acontecimento importante. A lei garante o
reconhecimento do direito à informação e à reparação das famílias e estabelece
um estatuto jurídico das pessoas desaparecidas. O Governo deve intensificar os
seus esforços para fornecer informações e afectar recursos que permitam
clarificar o que aconteceu às pessoas desaparecidas. A resolução adoptada em
Janeiro pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa contém graves
alegações em relação ao conflito de 1999. A EULEX criou uma task-force situada
em Bruxelas e que dispõe de um gabinete de ligação com Pristina, encarregada de
investigar estas alegações. As autoridades têm cooperado com a EULEX no quadro
desta investigação. Em Junho, o Kosovo participou pela primeira
vez desde o Verão 2010, na reunião do Conselho de Cooperação Regional no
Montenegro. O Kosovo presidiu de forma satisfatória às reuniões da ACLEC em
2011. Foi alcançado um acordo sobre os carimbos aduaneiros no quadro do diálogo
Belgrado/Pristina, embora não tenha ainda sido alcançado um acordo sobre uma
solução sustentável para a participação do Kosovo em instâncias regionais. Os
princípios de uma cooperação regional global e eficaz devem ser integralmente
aplicados por todas as partes implicadas. A economia do Kosovo continua a
caracterizar-se por um crescimento frágil e por desequilíbrios internos e
externos importantes, agravados por uma política orçamental imprevisível. A
taxa de inflação elevada e o disfuncionamento do mercado de trabalho
representam desafios importantes para assegurar a coesão económica e social.
Diversas medidas ad hoc, bem como a falta de empenhamento das
autoridades, fizeram fracassar o Acordo Stand‑By com o Fundo
Monetário Internacional (FMI). O novo acordo, que não prevê desembolsos,
concluído com FMI e que deverá ser aplicável até o final 2011, proporciona ao
Kosovo uma oportunidade importante para restabelecer a credibilidade da sua
política económica e orçamental. Um elevado grau de incerteza continuou a
entravar o desenvolvimento do sector privado. As empresas confrontam-se com a
debilidade da administração, a ausência de abastecimento fiável de
electricidade, a falta de qualificação da mão-de-obra, a mediocridade das infra‑estruturas
e as carências do Estado de direito. No que diz respeito aos critérios
económicos, o Kosovo não realizou quaisquer progressos na via da criação de
uma economia de mercado viável. São necessários reformas e investimentos
consideráveis a fim de permitir que o país possa vir a dar resposta à pressão
competitiva e às forças de mercado no interior da União. O funcionamento do quadro monetário permaneceu
relativamente satisfatório, embora seja possível melhorá-lo, nomeadamente no
que diz respeito à regulação e à supervisão do sector financeiro. A
intermediação financeira continua a aprofundar‑se e o sector bancário
manteve-se estável e rentável, apesar do aumento do crédito malparado. O
processo de privatização registou alguns progressos. O bom funcionamento da combinação de políticas
macroeconómicas foi cada vez mais ameaçado por uma política orçamental
imprevisível, um crescimento não viável das despesas públicas e pela limitação
das possibilidades de financiamento. A má governação e as medidas ad hoc
tiveram um impacto negativo no sector privado, continuando a economia a ser
entravada por graves problemas estruturais. A inflação manteve-se elevada e
volátil. A taxa de desemprego permaneceu muito elevada e a criação de emprego
foi insuficiente para reduzir a pressão exercida sobre o mercado de trabalho e
proporcionar possibilidades de emprego, nomeadamente aos jovens que entram no
mercado do trabalho. Os desequilíbrios externos permaneceram igualmente
elevados, nomeadamente a nível do comércio de mercadorias, e os fluxos de
investimento estrangeira propícios ao crescimento da produção mantiveram-se
limitados. A empresa pública de electricidade continua a receber importantes
subvenções do orçamento do Estado, tendo beneficiado de empréstimos para
financiar o seu programa de investimento. A fraqueza do Estado de direito e os
problemas associados aos direitos de propriedade continuaram a exercer uma
influência negativa sobre o ambiente empresarial. O sector informal continua a
constituir um grave problema. A campanha eleitoral que precedeu as eleições
gerais antecipadas, seguida do processo de formação de um novo Governo e da
eleição de um Presidente, deixou um curto período para que a Assembleia e o
Governo adoptassem legislações e políticas conformes às normas europeias.
Os progressos foram heterogéneos. O sistema aplicável aos movimentos de
capitais avançou bem. O Kosovo registou progressos no domínio do asilo e das
migrações, nomeadamente em matéria de readmissão e de reinserção dos
repatriados. Verificou-se um certo progresso legislativo no
que diz respeito à política de concorrência, ao sector da energia, à sociedade
da informação e aos meios de comunicação social. São de assinalar progressos
nos seguintes domínios: fiscalidade, direitos de propriedade intelectual,
emprego, políticas sociais e saúde pública, controlo financeiro, estatísticas,
gestão das fronteiras e luta contra o tráfico de seres humanos. As
infra-estruturas de transporte devem continuar a ser desenvolvidas.
Registaram-se resultados limitados em matéria de ambiente, agricultura,
segurança alimentar, bem como de luta contra o tráfico de drogas, criminalidade
organizada e terrorismo. Não se observaram quaisquer progressos no alinhamento pelo
acervo no que diz respeito à circulação das pessoas e dos serviços, ao direito
de estabelecimento, ao branqueamento de capitais e à protecção dos dados
pessoais. No que diz
respeito ao mercado interno da UE, a legislação associada à livre
circulação das mercadorias registou alguns progressos. São de assinalar
alguns avanços em matéria de avaliação da conformidade, acreditação,
metrologia e supervisão do mercado. Obtiveram‑se progressos limitados
em matéria de normalização. Não se realizou qualquer progresso
legislativo que diz respeito à protecção dos consumidores. O
alinhamento pelo acervo da UE no domínio da livre circulação das mercadorias é
limitado. É necessário coordenar melhor o processo de alinhamento e adoptar uma
estratégia aplicável ao conjunto do acervo neste domínio. As capacidades
administrativas, tal como as medidas necessárias de aplicação e de controlo da
aplicação são inadequadas. O alinhamento pelo acervo nos domínios da livre
circulação de pessoas, serviços e direito de estabelecimento, bem como do direito
das sociedades está numa fase inicial. O sistema aplicável aos movimentos
de capitais é muito liberal e avançou bem. É desejável uma reforma
suplementar, a fim de introduzir os requisitos de Basileia II em matéria de
riscos e de estabelecer um quadro jurídico totalmente conforme com as normas da
UE. A legislação aduaneira
do Kosovo está em grande medida em conformidade com o código aduaneiro da UE. É
necessário prosseguir os esforços envidados em matéria de luta contra o
contrabando e a contrafacção. O Comité de exame independente deve funcionar
mais eficazmente e reduzir o número de processos em atraso. Registaram-se
alguns progressos no domínio da fiscalidade, principalmente na execução
das reformas destinadas a apoiar a estratégia a favor do respeito das
obrigações fiscais. As capacidades administrativas destinadas a garantir o
pagamento dos impostos e a reduzir o significativo sector informal da economia
continuam a ser reduzidas. Realizaram-se
alguns progressos legislativos no que diz respeito à política de
concorrência, e nomeadamente na política antitrust, bem como no que
diz respeito aos auxílios estatais, domínio em que foi aprovada uma lei.
A aplicação da política antitrust está a melhorar. São de assinalar
progressos no domínio dos contratos públicos, graças à adopção da lei
alterada sobre os contratos públicos, que representa um passo na via do
alinhamento pelas normas da UE. O quadro jurídico continua por completar,
devendo a cooperação entre as instituições competentes ser melhorada. Foram realizados
progressos em matéria de direitos de propriedade intelectual, no que se
refere nomeadamente aos direitos da propriedade industrial. O quadro
legislativo ainda não está completo e a aplicação das regras neste domínio é
insuficiente. São de assinalar alguns progressos no que diz respeito ao
alinhamento das políticas sociais, do emprego e da saúde pública pelas
normas da UE. A aplicação deste quadro legislativo é essencial para ajudar os
desempregados e outros grupos vulneráveis a melhorarem as suas condições de
vida. As capacidades administrativas nestes domínios permanecem também
limitadas, nomeadamente a nível municipal. Registaram-se alguns progressos no
alinhamento pelas normas europeias em matéria de educação e investigação.
As capacidades devem ser reforçadas a nível central e municipal, a fim de
assegurar uma aplicação eficaz do quadro jurídico e estratégico. No domínio da
investigação e da inovação, os progressos foram limitados, impondo‑se
agora esforços consideráveis a fim de criar as capacidades necessárias para a
investigação e a inovação. A aplicação do quadro legislativo deve ser
reforçada, nomeadamente através da melhoria da coordenação entre os níveis
central e local. Para poder beneficiar plenamente da ajuda dos doadores, há que
atribuir ao ensino e aos projectos de investigação recursos humanos adequados. No que diz respeito às políticas sectoriais, deve ser adoptado o plano
de aplicação da estratégia a favor das PME e da estratégia industrial, devendo
ser‑lhe atribuído um orçamento suficiente, e as autoridades competentes
devem ser reforçadas. A coordenação e a cooperação entre os intervenientes
continuam a ser difíceis. O Kosovo realizou progressos limitados nos domínios
da agricultura e da segurança alimentar. Foram envidados esforços para
reforçar as capacidades administrativas, nomeadamente em matéria de segurança
alimentar. Foram realizados progressos limitados a nível do reforço do quadro
legislativo e administrativo no domínio do ambiente e das alterações
climáticas, devido essencialmente à insuficiência das dotações orçamentais. As infra-estruturas de transporte devem continuar a ser desenvolvidas.
O grande projecto de infra-estrutura rodoviária do Kosovo, a construção da
auto-estrada que liga o Kosovo à fronteira albanesa, continua a colocar
problemas devido ao seu custo desproporcionado e ao nível de investimento
necessário a longo prazo. Registaram-se alguns progressos no domínio da
aviação. No sector da energia, realizaram-se
progressos em matéria de alinhamento jurídico e de aplicação do Tratado que
institui a Comunidade da Energia. A fim de atrair investimentos, devem
prosseguir os esforços para melhorar a facturação da electricidade e a eficácia
em termos de cobrança, bem como para estabelecer tarifas não subvencionadas,
que reflictam os custos. A construção da nova central eléctrica do Kosovo
registou atrasos, o que teve um impacto sobre o calendário do encerramento da
central Kosovo A extremamente poluente. Devido a divergências quanto ao seu
estatuto, o Kosovo nem sempre consegue participar nos mecanismos regionais de
trânsito da electricidade. Esta situação compromete a estabilidade da rede
eléctrica do Kosovo e implica, para este, perdas de receitas consideráveis em
matéria de trânsito. No domínio da sociedade da informação e dos
meios de comunicação social, o Kosovo adoptou algumas regulamentações do
domínio das telecomunicações, a fim de aplicar as normas da UE. Textos de lei
importantes, que asseguram o financiamento sustentável do serviço público de
radiodifusão e da comissão independente dos meios de comunicação social, foram
retirados da ordem de trabalhos da Assembleia, uma vez que não satisfaziam as
normas da UE e não protegiam a independência destas duas instâncias. Estes dois
problemas devem ser tratados com urgência. Obtiveram‑se alguns progressos em
matéria de controlo financeiro. A introdução de boas práticas em matéria
de controlo interno das finanças pública está ainda numa fase inicial. É
conveniente reforçar a sensibilização dos directores das instituições
orçamentais para a importância da gestão e do controlo financeiros. No domínio
das estatísticas, o Kosovo progrediu um pouco, nomeadamente pelo facto
de ter efectuado, de forma satisfatória, um recenseamento da população e da
habitação. O Kosovo obteve progressos heterogéneos nos
domínios da justiça, liberdade e segurança. O Ministério dos Assuntos
Internos tomou medidas para preparar o Kosovo para emitir passaportes
biométricos. Registaram-se progressos satisfatórios com a adopção de legislação
adequada, melhorando a fiabilidade dos registos civis. É necessário envidar
esforços suplementares para garantir a segurança dos documentos. Obtiveram‑se alguns progressos em
matéria de gestão das fronteiras. Foi criado um grupo de trabalho
conjunto, composto por membros das autoridades aduaneiras e policiais, a fim de
lutar contra a criminalidade transfronteiras. Os serviços de controlo nas
fronteiras organizaram patrulhas comuns ao longo da fronteira e operações
comuns nos pontos de passagem fronteiriços. A polícia kosovar realizou
patrulhas comuns e sincronizadas com os seus homólogos da Albânia e da antiga
República jugoslava da Macedónia. A polícia retomou responsabilidades
suplementares assumidas até agora pela KFOR para assegurar a protecção da fronteira
verde com a antiga República jugoslava da Macedónia e o Montenegro. É
conveniente melhorar a qualidade e a coerência dos controlos nas fronteiras. No domínio do direito asilo, foram
realizados progressos. O Kosovo confrontou-se com um número crescente de
requerentes de asilo. Foi tomado um certo número de decisões em matéria de
pedidos de asilo. O procedimento de asilo continua a apresentar lacunas,
nomeadamente a nível da interpretação, da determinação da origem das pessoas e
das vias de recurso. O Kosovo realizou progressos no domínio das migrações.
Continuou a assinar novos acordos de readmissão com certos países europeus. O
departamento encarregado da cidadania, do asilo e das migrações continuou a
tratar eficazmente os pedidos de readmissão de países europeus. O Kosovo
realizou progressos consideráveis no que diz respeito à reinserção das pessoas
repatriadas, inclusivamente a nível municipal. É necessário envidar esforços
sustentados para garantir uma aplicação eficaz. O Kosovo realizou progressos limitados em
matéria de luta contra o branqueamento de capitais e de criminalidade
económica e financeira. Teve início a transferência progressiva das
responsabilidades do Centro de informações financeiras da EULEX para as
autoridades kosovares. As capacidades de que o Kosovo dispõe para proceder a
investigações sobre os processos de criminalidade económica e de intentar
acções continuam a ser limitadas. A criminalidade económica e financeira e o
branqueamento de capitais continuam a ser questões muito preocupantes. A polícia procedeu a maior número de
apreensões e detenções por delitos em matéria de estupefacientes, nomeadamente
tráfico de droga, continuando no entanto os montantes apreendidos a ser pouco
elevados. Os esforços desenvolvidos para lutar contra o tráfico de
drogas devem ser consideravelmente reforçados, a fim de permitir que o
Kosovo dê uma resposta à altura da dimensão do fenómeno. Obtiveram‑se
alguns progressos em matéria de operações de polícia. As forças
policiais retomaram novas responsabilidades assumidas até agora pela KFOR, mas
devem dar resposta aos desafios estruturais e organizacionais e melhorar a sua
capacidade para lutar contra as formas complexas de criminalidade organizada. Foram realizados progressos limitados na luta
contra a criminalidade organizada. O Kosovo procedeu a um certo número
de buscas, detenções, acusações e condenações em processos de criminalidade
organizada. Os órgãos encarregados fazer respeitar a lei e as autoridades
judiciárias devem adoptar uma atitude mais proactiva para abordar a
criminalidade organizada. É conveniente reforçar as capacidades humanas e
técnicas e melhorar consideravelmente a qualidade das investigações. As
capacidades do Kosovo em matéria de luta contra a criminalidade organizada
estão ainda pouco desenvolvidas. São necessários esforços consideráveis para
dar resposta a este problema. O Kosovo realizou alguns progressos na luta
contra o tráfico de seres humanos. O número de vítimas identificadas
aumentou ligeiramente durante o período de referência. Foram adoptados a
estratégia e o plano da acção contra o tráfico de seres humanos para o período
2011‑2014. O serviço de polícia encarregado das investigações em matéria
de tráfico de seres humanos melhorou sua eficácia. Simultaneamente, a capacidade
dos procuradores e dos tribunais do Kosovo para proceder a investigações,
intentar acções e pronunciar condenações em processos de tráfico de seres
humanos continua reduzida. O Kosovo realizou progressos limitados na luta
contra o terrorismo. A capacidade do Kosovo para assegurar a aplicação da
legislação e dos documentos estratégicos relevantes, tais como a lei sobre a
prevenção do branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, a
estratégia de luta contra o terrorismo, entre outros, continua a ser limitada.
Observaram-se poucos progressos em matéria de protecção de dados pessoais,
o que se afigura muito preocupante. Turquia A Turquia continua a cumprir de forma
satisfatória os critérios políticos. Realizaram‑se em 12 de Junho
de 2011 eleições parlamentares livres e democráticas. O Governo deu início aos
trabalhos sobre a aplicação do pacote de reformas constitucionais de 2010. O
clima político actual, caracterizado pela ausência de um diálogo adequado e a
falta de espírito de compromisso entre os partidos políticos, bem como por
tensões nas relações entre os principais instituições, entravou a prossecução
do processo de reforma. Foi lançado após as eleições um novo processo de
reforma da Constituição. São necessários esforços suplementares significativos
para garantir o respeito dos direitos fundamentais na maior parte dos domínios.
Tal diz essencialmente respeito à liberdade de expressão, domínio em que o
número de processos contra jornalistas e escritores e os encerramentos,
desproporcionados e ainda frequentes, de sítios internet suscitam vivas
inquietações. No que diz respeito à democracia e ao
Estado de direito, a investigação sobre o processo Ergenekon, bem como
as investigações sobre vários outros projectos de alegados golpes de Estado
proporcionam à Turquia a oportunidade de esclarecer as alegações de actividades
criminosas contra a democracia e, assim, reforçar a confiança no funcionamento
adequado das suas instituições democráticas e no Estado de direito. Contudo, a
forma como de procedeu à realização das investigações, aos processos judiciais
e à aplicação dos processos penais, que ameaçaram os direitos da defesa e
afectaram a legitimidade dos processos, é muito preocupante. No que diz respeito à reforma da
administração pública, realizaram-se progressos a nível da reforma
legislativa. Deve ser dada especial atenção à criação da função de Provedor. A
reforma e a descentralização da administração pública precisam de um maior
apoio político. Foram realizados progressos satisfatórios para
consolidar o princípio do controlo civil das forças de segurança. Em
especial, o controlo civil das despesas militares foi reforçado. As decisões do
Conselho Militar Supremo podem a partir de agora ser objecto de um controlo
judicial civil. São ainda necessárias outras reformas para reforçar o controlo
civil do sector da segurança interna, nomeadamente a gendarmerie, e para
prosseguir os progressos no domínio da justiça militar. Foram realizadas progressos no domínio do sistema
judiciário. A adopção da legislação relativa ao Conselho Supremo da
Magistratura e ao Tribunal Constitucional confere ao poder judiciário um quadro
para o reforço da sua independência e da sua imparcialidade. Foram igualmente
tomadas medidas legislativas para melhorar a eficácia do poder judiciário e
para resolver o problema dos processos judiciais em atraso, que não cessam de
aumentar. É ainda necessário tomar medidas suplementares em todos os domínios,
nomeadamente no do sistema da justiça penal. A Turquia conta com um número considerável
de processos penais graves em suspenso, enquanto um grande número das pessoas
detidas não são no final condenadas. Além disso, a aplicação deve ser
controlada, uma vez que as medidas adoptadas até agora dividiram a comunidade
jurídica e a sociedade civil do país. Os processos judiciais não são
suficientemente transparentes. Os tribunais e os procuradores não informam as
partes interessadas nem o grande público das questões de interesse geral. A
estratégia de reforma judiciária deve ser revista, associando todas as partes
interessadas, a comunidade jurídica turca e a sociedade civil. A aplicação da
estratégia do plano de acção de luta contra a corrupção está ainda numa
fase inicial. A corrupção prevalece em muitos sectores. A falta de
transparência a nível do financiamento dos partidos políticos e o alcance das
imunidades continuam a constituir desafios importantes. É necessário maior
apoio político a fim de reforçar e aplicar o quadro legislativo em matéria de
luta contra a corrupção. No que diz respeito à investigação sobre a associação
e beneficiência Deniz Feneri, relativamente a um processo de fraude na
Alemanha, foram detidos um antigo director do Conselho Superior do Audiovisual
(RTUK) e quatro altos dirigentes da rede de televisão Kanal 7. É conveniente
que a Turquia constitua um historial em matéria de investigações, acusações e
condenações no domínio da corrupção. No que diz
respeito aos direitos do homem e à protecção das minorias, os
progressos foram limitados. São necessários esforços significativos em muitos
domínios, nomeadamente no que se refere à liberdade de expressão e de culto. No que diz
respeito ao cumprimento do direito internacional em matéria direitos do
homem, são de assinalar alguns progressos, nomeadamente através da
ratificação do Protocolo Facultativo à Convenção das Nações Unidas contra a
Tortura (OPCAT). No entanto, uma série de reformas continuam em suspenso desde
há vários anos. A legislação relativa às instituições de defesa dos direitos do
homem deve ser plenamente alinhada pelos princípios das Nações Unidas. A tendência
positiva registada em matéria de prevenção da tortura e dos maus tratos
confirma-se, tanto a nível da frequência como da gravidade dos maus tratos
infligidos pelos agentes encarregados fazer respeitar a lei. Continuam a
registar-se casos de recurso excessivo à força por parte desses agentes fora
dos locais oficiais de detenção. Foram recebidas alegações credíveis de maus
tratos físicos, que diriam principalmente respeito a um recurso excessivo à
força no momento das detenções. Não se registaram quaisquer progressos no que
se refere à luta contra a impunidade, nomeadamente no caso de alegados
maus tratos apresentados à justiça. No que diz respeito às prisões, o
aumento da população prisional dá origem a graves problemas de superlotação,
que entravam as tentativas de melhoria das condições de detenção. Chegou a
altura de a administração proceder a uma reforma do sistema de tratamento das
queixas nas prisões. Espera‑se que a aplicação do OPCAT contribua para resolver
alguns destes problemas. Os serviços médicos assegurados aos prisioneiros, bem
como as condições de detenção dos jovens, necessitam de atenção especial. No que diz
respeito à liberdade de expressão, prosseguiu um debate aberto
relativamente aos tópicos considerados sensíveis, como os problemas curdos e
arménios, os direitos culturais e os direitos das minorias, bem como o papel
dos militares. Contudo, o direito à liberdade de expressão é comprometido pelo
grande número de acções em justiça e investigações contra jornalistas,
escritores, académicos e defensores dos direitos humanos. Estes factos, que
suscitam graves preocupações, conduzem à autocensura, tanto mais que vêm
juntar-se a pressões injustificadas exercidas sobre os meios de comunicação social.
A legislação actual não garante suficientemente a liberdade de expressão em
conformidade com a Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH) e a
jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, e permite
interpretações restritivas por parte do poder judiciário. O encerramento
frequente de sítios Internet é igualmente preocupante. Globalmente, a
legislação turca e as práticas em matéria judiciária entravam a liberdade do
intercâmbio de informações e de ideias. No que diz
respeito à liberdade de reunião, verificaram-se progressos no terreno:
realizaram‑se pacificamente várias manifestações, nomeadamente no Ano
Novo curdo (Newroz) e no dia 1 de Maio. Manifestações ligadas ao problema
curdo, aos direitos dos estudantes, às actividades da Comissão de controlo do
ensino superior (YÖK) e aos direitos sindicais, que se realizaram no sudeste do
país e noutras províncias, foram marcadas por um recurso desproporcionado à
força. A legislação em
matéria de liberdade de associação está, globalmente, em conformidade
com as normas da UE. Subsistem controlos excessivos e interpretações
restritivas do direito. Não se verificaram quaisquer progressos no que diz
respeito à alteração das disposições jurídicas relativas à dissolução dos
partidos políticos. Realizaram-se
progressos limitados no domínio da liberdade de pensamento, de consciência e
de religião. A liberdade de culto é geralmente respeitada. Prosseguiu o
diálogo com as comunidades religiosas não muçulmanas e os Alevis. Os membros de
minorias religiosas continuaram a ser objecto de ameaças provenientes de
extremistas. Continua por criar um quadro jurídico conforme à CEDH, para que
todas as comunidades religiosas não muçulmanas, e os Alevis, possam desenvolver
as suas actividades sem entraves abusivos. A protecção dos direitos
da mulher, a promoção da igualdade de género e o combate à violência contra
as mulheres continuam a ser desafios importantes. O quadro jurídico que garante
os direitos da mulher e a igualdade género está em grande medida criado, sendo
no entanto necessários esforços suplementares significativos para que se torne
uma realidade política, social e económica. A legislação ainda não é aplicada
de forma homogénea em todo o país. Os crimes de honra, os casamentos precoces e
forçados e a violência doméstica exercida contra as mulheres continuam a
constituir graves problemas. São necessários esforços suplementares de formação
e de sensibilização para os direitos da mulher e para a igualdade de género,
nomeadamente na polícia. No que diz respeito aos direitos das
crianças, deve ser criado um número adequado de tribunais para as crianças
em conformidade com a legislação em vigor. A detenção das crianças não é
limitada ao período estritamente necessário, nem se processa em condições
adequadas. Devem ser envidados esforços suplementares, nomeadamente a adpoção
de medidas preventivas e de reinserção, em todos os domínios, como a educação,
a luta contra o trabalho infantil, a saúde ou ainda as capacidades e a
coordenação administrativas. Prosseguiram
os esforços no sentido da melhoria da situação das pessoas socialmente
vulneráveis e/ou com deficiência. São ainda necessárias medidas
suplementares para aumentar a participação dessas pessoas na vida económica e
social. É
necessário envidar esforços adicionais na luta contra a discriminação.
Continua a não existir uma legislação abrangente na matéria. Subsistem
muitos desafios no domínio do direito do trabalho e do direito sindical.
O quadro jurídico não está em conformidade com as normas da UE nem com as
Convenções da OIT. Desacordos contínuos entre os parceiros sociais e a falta de
vontade política terão entravado os progressos neste domínio. No
que diz respeito aos direitos de propriedade, um novo texto legislativo
que altera a lei de 2008 sobre as fundações facilita as restituição dos bens
imobiliários às comunidades religiosas não muçulmanas. A
posição da Turquia face às minorias continua restritiva. Devem ser
feitos progressos para atingir o pleno respeito e protecção das línguas, da
cultura e dos direitos fundamentais em conformidade com as normas europeias. A
Turquia deve envidar esforços suplementares para melhorar a tolerância face às
minorias e promover a sua integração. Continua pendente a revisão completa da
legislação em vigor e a criação de mecanismos de protecção ou de instâncias
específicas para combater o racismo, a xenofobia, o anti-semitismo e a
intolerância. A Turquia realizou progressos no que diz
respeito aos direitos culturais, nomeadamente a utilização de línguas
que não o turco por todas as rádios e televisões nacionais, bem como a
utilização de várias línguas por parte dos municípios. Foi autorizada a
abertura de um departamento de língua e literatura curdas na universidade de Muş
Alparslan. São mantidas restrições à utilização de línguas que não o turco na
vida política, nos contactos com os serviços públicos e nas prisões. O quadro
jurídico que rege a utilização das línguas que não o turco tem margem para
interpretações restritivas e a sua aplicação em todas as regiões do país
continua a ser incoerente. Registaram-se alguns progressos no que diz
respeito aos ciganos, nomeadamente graças à alteração da legislação
discriminatória. Não existe qualquer política global para abordar a situação
desta comunidade. No que diz respeito ao Leste e ao Sudeste,
a abertura democrática de 2009 não teve seguimento. A detenção de políticos
eleitos e de defensores dos direitos do homem constitui uma fonte de
preocupação. A verdade sobre as torturas e os assassínios extrajudiciais
perpetrados no Sudeste do país nos anos 80 e 90 ainda não foi estabelecida
através das vias de direito normais. As minas terrestres e o sistema de guardas
de aldeia continuam a ser uma fonte de preocupação. Os ataques terroristas
multiplicaram-se. O PKK figura na lista das organizações terroristas
estabelecida pela União Europeia. Continuaram a ser
pagas compensações às pessoas deslocadas no interior do país. A eficácia
geral do programa deve ser avaliada. Não foi ainda desenvolvida uma estratégia
nacional destinada a gerir melhor as necessidades das pessoas deslocadas.
Apesar de algumas melhorias, a ausência de um quadro jurídico global para os
refugiados e os requerentes de asilo constitui um obstáculo ao tratamento
adequado dos seus casos. As condições gerais dos centros de detenção
para estrangeiros devem ser melhoradas. No que diz
respeito às questões regionais e às obrigações internacionais, a
Turquia recordou o seu apoio às negociações encetadas, sob os auspícios do Secretário-Geral
das Nações Unidas, entre os dirigentes das duas comunidades, tendo em vista
conseguir uma resolução global do problema cipriota. Todavia, apesar dos
repetidos apelos do Conselho e da Comissão, a Turquia ainda não cumpriu a sua
obrigação de aplicar integralmente e de forma não discriminatória o protocolo
adicional ao Acordo de Associação e não suprimiu todos os obstáculos à livre
circulação de mercadorias, tal como sublinhado na declaração da Comunidade
Europeia e dos seus Estados‑Membros de 21 de Dezembro de 2005 e nas
conclusões do Conselho, nomeadamente as conclusões de Dezembro de 2006 e de
Dezembro de 2010. Não se registaram quaisquer progressos no sentido da
normalização de relações bilaterais com a República de Chipre. No que se refere
às relações com a Grécia, são envidados regularmente esforços para
melhorar as relações bilaterais. Prosseguiram as discussões exploratórias
bilaterais. A Grécia apresentou um número considerável de denúncias oficiais
relativamente às violações contínuas das suas águas territoriais e do seu
espaço aéreo pela Turquia, nomeadamente voos sobre as ilhas gregas. A Turquia
intensificou consideravelmente os seus contactos com os Balcãs Ocidentais,
empenhando-se firmemente em promover a paz e a estabilidade na região. A economia
da Turquia vive actualmente uma fase de recuperação económica sólida. A situação das finanças públicas está a melhorar e a
confiança numa evolução sustentável das perspectivas e da estabilidade
económica do país aumenta. No entanto, a rápida
expansão da actividade económica, induzida por uma forte procura interna,
conduziu a desequilíbrios externos significativos e crescentes, que representam
uma ameaça para a estabilidade macroeconómica. Quanto aos critérios
económicos, a Turquia é uma economia de mercado viável. O país deverá estar
em condições de fazer face à pressão competitiva e às forças de mercado na
União a médio prazo, desde que acelere a aplicação do seu programa global de
reformas estruturais. A economia turca
expandiu-se a um ritmo elevado em 2010 e no primeiro semestre de 2011.
Associado ao crescimento dinâmico do PIB, o forte crescimento do emprego
permitiu uma redução do nível do desemprego. Graças principalmente a uma subida
cíclica das receitas claramente e a um peso do serviço da dívida inferior, a
consolidação das finanças públicas permaneceu numa boa trajectória. O sector
financeiro permaneceu muito sólido graças às reformas efectuadas nos anos
anteriores, enquanto o sistema legal continua a funcionar de forma
relativamente satisfatória. Além disso, a nova lei relativa ao controlo dos
auxílios estatais e o funcionamento da autoridade de regulação poderão aumentar
a transparência e conduzir uma diminuição dos auxílios estatais. A livre
interacção das forças de mercado foi confirmada, tendo o processo de
privatização registado uma aceleração. A UE continua a ser o principal parceiro
comercial da Turquia e o mais importante investidor no país. Contudo, os
défices da balança comercial e da balança corrente agravaram‑se e os
desequilíbrios externos são agora significativos. A política monetária só
conseguiu limitar moderadamente a expansão do crédito, o que, vindo juntar‑se
aos elevados preços das matérias-primas, continua a alimentar o défice
crescente da balança corrente turca. Estão actualmente a ser estudadas medidas
mais centradas nos aspectos orçamentais e algumas medidas micro‑prudenciais
específicas e orientadas, nomeadamente por parte da autoridade reguladora do
sector bancário, a fim de ajudar a economia a aterrar suavemente e a atenuar o
ónus que pesa sobre a política monetária. A competitividade pelos preços e
pelos custos das exportações turcas deteriorou-se ligeiramente. A inflação
começou a aumentar, em grande parte devido às pressões exercidas pelo consumo
de energia e de produtos alimentares, ao dinamismo da actividade económica e ao
aumento dos preços regulamentados. Aguarda‑se uma aplicação mais decidida
das reformas estruturais. As medidas destinadas a melhorar a transparência
orçamental e a consolidar a política orçamental foram modestas, embora pudessem
ajudar a Turquia a ganhar credibilidade nos mercados. A saída do mercado
continua a ser difícil e os procedimentos de insolvência são ainda
relativamente burocráticos. A Turquia continuou a melhorar a sua capacidade
para assumir as obrigações decorrentes da adesão. Registaram-se progressos
na maior parte dos domínios. O alinhamento está avançado em certos domínios,
como a livre circulação das mercadorias, a política anti‑trust e
em matéria de auxílios estatais, a energia, a política económica e monetária, a
política empresarial e a política industrial, a defesa dos consumidores, as
estatísticas, as redes transeuropeias, bem como a ciência e a investigação.
Devem continuar a ser envidados esforços para prosseguir o alinhamento em
domínios como o ambiente, os contratos públicos, a livre prestação de serviços,
a política social, o emprego e fiscalidade. A aplicação da legislação deve ser
reforçada em domínios como os direitos de propriedade intelectual e a luta
contra o branqueamento de capitais. No que diz respeito à união aduaneira e às
relações externas, o alinhamento deve ser concluído, nomeadamente no que se
refere ao sistema de preferências generalizadas. Continua por resolver um certo
número de diferendos comerciais que persistem desde há longa data. É essencial
que a Turquia respeite plenamente os compromissos que assumiu no quadro da
união aduaneira. Na maior parte dos domínios, é fundamental que melhore a sua
capacidade administrativa para respeitar o acervo. No que diz respeito à livre circulação
mercadorias, o alinhamento legislativo está avançado, mas os progressos
realizados durante o período de referência foram limitados. Obstáculos técnicos
ao comércio continuam a impedir a livre circulação das mercadorias, em violação
das obrigações subscritas pela Turquia no quadro da união aduaneira.
Praticamente não são de assinalar quaisquer progressos a nível da livre
circulação dos trabalhadores, em que os preparativos para a aplicação do
acervo se mantêm numa fase incipiente. O alinhamento nos domínios do direito
de estabelecimento e da livre prestação de serviços está igualmente numa
fase inicial. Não foram registados quaisquer progressos no domínio do direito
de estabelecimento, da livre prestação de serviços transfronteiriços, dos
serviços postais e do reconhecimento mútuo das qualificações profissionais. No
que diz respeito à livre circulação de capitais, a Turquia realizou
progressos, nomeadamente no que diz respeito aos movimentos de capitais e aos
sistemas de pagamentos. Não se registaram quaisquer progressos na liberalização
progressiva da aquisição de bens imobiliários por estrangeiros, que continua
entravada por diversos obstáculos. Subsistem restrições no que diz respeito aos
movimentos de capitais em alguns sectores, nomeadamente em relação aos
investimentos directos provenientes da UE. O quadro jurídico relativo ao
financiamento do terrorismo continua incompleto e o Grupo de Acção Financeira
inscreveu a Turquia numa lista negra pelas suas deficiências estratégicas neste
domínio. São de assinalar progressos limitados no
domínio dos contratos públicos. O quadro institucional foi
criado, mas as capacidades administrativas precisam de ser reforçadas. O
projecto de estratégia de alinhamento que contém um plano da acção acompanhado
de um calendário está pronto, não tendo no entanto sido ainda adoptado. A
Turquia ainda mantém derrogações que são contrárias ao acervo. É conveniente
que prossiga o alinhamento da sua legislação, nomeadamente no domínio dos
serviços de utilidade pública, das concessões e das parcerias entre os sectores
público e privado. No que diz respeito ao direito das sociedades, foram
observados progressos importantes na sequência da adopção do novo código
comercial turco, que deverá promover a abertura, a transparência e o respeito
das normas internacionais em matéria de contabilidade e auditoria. O quadro
jurídico e institucional em matéria de auditoria não foi ainda criado, não
tendo os tribunais comerciais capacidades suficientes. O alinhamento no domínio
dos direitos de propriedade intelectual (DPI) está relativamente
avançado, mas a aplicação da legislação continua a ser deficiente. O grupo de
trabalho sobre os DPI, recentemente criado junto da Comissão, aborda um
elemento essencial das negociações de adesão. Está ainda pendente a adopção de
projectos de lei actualizados sobre os direitos de propriedade intelectual e
industrial e que prevejam sanções penais dissuasoras. A coordenação e a
cooperação entre as partes implicadas nos DPI e os organismos públicos são
essenciais, tal como as campanhas de sensibilização geral para os riscos
associados à violação dos DPI. No que diz respeito à política de
concorrência, o nível de alinhamento da Turquia no domínio da política anti‑trust
e do controlo das concentrações é elevado. A autoridade da concorrência
aplica com eficácia as regras em matéria antitrust, com um nível de
independência satisfatório. Registaram‑se bons progressos no domínio dos
auxílios estatais, tendo já sido criada a autoridade de controlo dos auxílios
estatais. Contudo, há ainda alinhar um importante número de regimes de
auxílios estatais pelas regras da união aduaneira. São de assinalar
novos progressos no domínio dos serviços financeiros. Em especial, a
autoridade de regulação bancária adoptou medidas para reforçar a estabilidade
financeira. Todavia, globalmente, o alinhamento pelo acervo, principalmente no
sector dos seguros, não está ainda concluído. No que diz respeito à sociedade
da informação e aos meios de comunicação social, são de assinalar
progressos no que diz respeito às comunicações electrónicas, e progressos
satisfatórios a nível da política audiovisual. São de assinalar
alguns progressos no domínio da agricultura e do desenvolvimento rural.
Foram realizados progressos consideráveis na aplicação do programa do
instrumento de pré‑adesão para o desenvolvimento rural (IPARD), o que
levou a Comissão a adoptar uma decisão destinada a confiar à Turquia a gestão
dos fundos da UE, bem como nos preparativos para passar à segunda fase do
programa. A política de apoio agrícola diverge substancialmente da PAC, não
existindo ainda qualquer estratégia que vise o seu alinhamento. O facto de os
obstáculos às importações de carne bovina não terem sido totalmente suprimidos
constitui igualmente uma lacuna importante. No que diz respeito à segurança
alimentar e à política veterinária e fitossanitária, verificaram-se
progressos no que diz respeito à transposição e à aplicação do acervo. A
reestruturação do Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais marca um
avanço para o reforço do sistema de controlo oficial, muito embora o sistema de
controlo geral não esteja ainda completamente alinhado pelo acervo. É
necessário envidar esforços consideráveis no domínio da saúde animal, tal como
para assegurar a conformidade dos estabelecimentos agro-alimentares com as
exigências da UE em matéria de higiene e de estruturas. De uma forma geral,
registaram-se progressos no domínio da pesca. Mais especialmente, são de
assinalar alguns progressos na criação das estruturas administrativas, tal como
a nível da gestão dos recursos e da frota. Espera-se que a Turquia continue a
progredir noutros domínios, como as inspecções e os controlos. Foram obtidos
alguns progressos no alinhamento do sector dos transportes, à excepção
do sector ferroviário. O alinhamento nos sectores dos transportes rodoviários e
marítimos continua avançado, enquanto no transporte aéreo progride, mas mais
lentamente. A falta de comunicações entre os centros de controlo do tráfego
aéreo na Turquia e na República de Chipre continua a comprometer gravemente a
segurança aérea. No sector marítimo, espera‑se que o sistema de auditoria
voluntária dos Estados-Membros da OMI dê resultados concretos, que permitam à
Turquia aderir às convenções internacionais. As capacidades de aplicação são
limitadas, nomeadamente em relação aos transportes marítimos e rodoviários de
produtos perigosos. No sector da energia, os progressos
foram heterogéneos. Registaram-se progressos satisfatórios no que diz respeito
ao mercado interno da electricidade e das energias renováveis. São
particularmente necessárias medidas para assegurar as normas mais elevadas
possíveis em matéria de segurança, protecção, salvaguardas em matéria nuclear e
não proliferação. A evolução da segurança do abastecimento, o sector do gás e a
eficiência energética exigem também esforços suplementares. No domínio da fiscalidade, foram
realizados progressos limitados em matéria de alinhamento legislativo,
nomeadamente no que diz respeito à supressão de certas práticas
discriminatórias observadas em relação ao tabaco. O aumento dos impostos
especiais de consumo sobre bebidas espirituosas vai contra o plano da acção
acordado com a Comissão neste domínio. A supressão das práticas
discriminatórias em matéria de fiscalidade é determinante para continuar a
progredir neste capítulo. Não são de assinalar quaisquer progressos em matéria
de fiscalidade directa. A Turquia registou
alguns progressos no domínio da política económica e monetária. O
Banco Central adoptou uma nova combinação de políticas a fim de garantir a
estabilidade financeira, reduzindo as taxas directoras e aumentando
simultaneamente as reservas obrigatórias do sector bancário. O alinhamento da
Turquia pelo acervo em matéria de política económica e monetária não está
completo, nomeadamente no que diz respeito à independência total do Banco
Central e à proibição de acesso privilegiado do sector público às instituições
financeiras. O nível geral de preparação é elevado. Registaram-se
progressos satisfatórios no domínio das estatísticas, em que o
alinhamento geral pelo acervo está avançado. Contudo, são necessários
progressos suplementares no que diz respeito nomeadamente às estatísticas
relativas à contabilidade nacional e à agricultura. A Turquia realizou
progressos limitados no domínio da política social e de emprego. As
capacidades administrativas melhoraram ligeiramente. As alterações
constitucionais relativamente ao direito sindical não conduziram a novas
alterações na legislação destinada a garantir o benefício pleno dos direitos
sindicais em conformidade com as regras da UE e as convenções da OIT. A
necessidade de garantir uma diminuição em grande escala do trabalho não
declarado e o aumento do emprego feminino continuam a ser questões
preocupantes. O âmbito abrangido pelo direito do trabalho continua
limitado. A aplicação da legislação relativa à saúde e à segurança no trabalho
deve ser acelerada. O risco de pobreza continua muito elevado, principalmente
entre as populações rurais e as crianças. Não foi ainda adoptada legislação que
institua um organismo encarregado das questões de igualdade. A Turquia realizou novos progressos no domínio
da política empresarial e da política industrial, em que mantém um nível
suficiente de alinhamento pelo acervo. Os progressos realizados dizem respeito
à adopção de uma estratégia industrial e de um plano de acção que abrange o
período 2011‑2014, uma maior disponibilidade de instrumentos da política
empresarial e da política industrial, a adopção de estratégias sectoriais e o
alinhamento da legislação destinada a lutar contra os atrasos no pagamento das
transacções comerciais. A Turquia progrediu no que diz respeito às redes
transeuropeias, nomeadamente no domínio dos transportes. É necessário
envidar esforços suplementares para assegurar a recolha de dados fiáveis sobre
os transportes. Verificam-se igualmente alguns progressos no que diz respeito à
rede transeuropeia da energia. Registaram‑se alguns progressos no
domínio da política regional e da coordenação dos instrumentos estruturais.
Contudo, a Turquia atrasou‑se na criação das instâncias que serão
encarregadas de assumir a gestão financeira e o controlo dos fundos de
pré-adesão neste domínio. Apesar de o quadro institucional para a aplicação dos
fundos de pré-adesão ter sido concluído e as capacidades administrativas terem
sido melhoradas, seria contudo conveniente reforçar estas últimas e melhorar a
coordenação entre todas as instituições competentes, a fim de acelerar o
processo de aplicação. Globalmente, foram realizados progressos no
domínio do sistema judiciário. No que diz respeito à luta contra a
corrupção, os progressos foram limitados no que diz respeito à aplicação da
estratégia e do plano de acção neste domínio. A falta de transparência a nível
do financiamento dos partidos políticos e o alcance das imunidades continuam a
constituir lacunas importantes. É conveniente que a Turquia institua um
historial em matéria de investigações, acusações e condenações. Os progressos realizados no domínio da justiça,
liberdade e segurança foram heterogéneos. A adopção da lei relativa aos
estrangeiros e à protecção internacional continua a ser uma prioridade, a fim
de que o país possa dispor de uma base jurídica sólida para garantir um sistema
de gestão eficaz do asilo e das migrações, bem como a protecção dos direitos
dos migrantes e dos refugiados. São de assinalar progressos limitados no
domínio da cooperação judiciária em matéria penal e civil e alguns progressos
no domínio do tráfico de drogas e da criminalidade organizada. Os progressos
são também limitados no que diz respeito à cooperação policial e à luta contra
o terrorismo, o mesmo acontecendo no que diz respeito à política dos vistos e à
cooperação aduaneira. Foram observados progressos muito limitados no domínio da
gestão das fronteiras, em que os principais problemas dizem respeito à adopção
de uma lei relativa ao estabelecimento de um novo serviço de segurança das
fronteiras e a cooperação entre as agências. A Turquia continua a ser, para os
migrantes em situação irregular, um importante país de trânsito e de destino. É
necessário envidar esforços para impedir as migrações irregulares e readmitir
os migrantes em situação irregular. A Turquia está bem preparada para a sua adesão
no domínio da ciência e da investigação. Foram realizados progressos
satisfatórios com vista à sua integração no espaço europeu da investigação e a
sua preparação para a União da inovação. Globalmente, a participação da Turquia
no 7.º Programa-Quadro de Investigação e a sua taxa de êxito estão a aumentar,
sendo no entanto necessários esforços suplementares para satisfazer a exigência
de excelência e de participação competitiva nos programas de investigação da
UE. No que diz respeito à educação e à cultura, verificaram-se
progressos, em especial no domínio do ensino e da formação. O
interesse nos programas comunitários continua a aumentar. Foram realizados
progressos no domínio da cultura, não se tendo no entanto verificado qualquer
progresso a nível do alinhamento legislativo. No domínio do ambiente,
a Turquia realizou progressos satisfatórios no que diz respeito à gestão dos
resíduos, enquanto os progressos foram limitados em relação à legislação
horizontal, à qualidade do ar e à poluição industrial, bem como à gestão dos
riscos de poluição industrial. A Turquia realizou progressos muito limitados em
matéria de qualidade da água, produtos químicos e capacidades administrativas.
Não são de assinalar quaisquer progressos em matéria de protecção da natureza.
No que diz respeito às alterações climáticas, a Turquia registou alguns
progressos no que se refere à sensibilização para as exigências da UE neste
domínio, competindo‑lhe definir uma política sobre o clima mais sólida e
mais ambiciosa, tanto a nível nacional como internacional. É preciso reforçar as
capacidades administrativas. São de assinalar progressos no domínio da defesa
dos consumidores e da saúde. No domínio da defesa dos consumidores,
a Turquia deve adoptar leis‑quadro revistas relativas à defesa dos
consumidores e à segurança geral dos produtos. A melhoria das actividades de
supervisão do mercado pressupõe a mobilização de recursos humanos e financeiros
suplementares, devendo a cooperação com as ONG de consumidores ser reforçada.
No domínio da saúde pública, a Turquia não concluiu ainda o seu processo de
alinhamento legislativo, nem desenvolveu as capacidades administrativas que lhe
permitiriam fazer respeitar melhor a legislação, com vista a melhorar o estado
de saúde e a segurança da população. A Turquia atingiu
um elevado nível de alinhamento no domínio da regulamentação aduaneira,
graças à sua união aduaneira com a UE. Os estabelecimentos comerciais com
isenção de impostos instalados nos pontos de entrada e a obrigação imposta aos
importadores de produtos em regime de livre circulação na UE de apresentarem
informações sobre a origem dos produtos antes do desalfandegamento sob qualquer
forma, não estão em conformidade com as disposições da união aduaneira. A
legislação relativa às zonas francas, à supervisão e aos contingentes pautais
continua por alinhar. A melhoria dos controlos baseados no risco e a
simplificação dos procedimentos facilitará o comércio legítimo, diminuindo o
número de controlos físicos. As alfândegas nem sempre asseguram eficazmente o
respeito os direitos de propriedade intelectual, devendo ser adoptadas medidas
destinadas a lutar contra as contrafacções. A Turquia atingiu
um elevado nível de alinhamento no domínio das relações externas, graças
à união aduaneira. Subsistem algumas discrepâncias relativamente, por exemplo,
à cobertura geográfica do sistema de preferências generalizadas. Prosseguiu o
alinhamento da Turquia pela política externa e de segurança comum da UE,
embora o alinhamento do país pelas declarações PESC tenha globalmente diminuído
durante o período de referência e não se tenha registado um alinhamento pelas
medidas restritivas adoptadas pela UE relativamente ao Irão, à Líbia e à Síria.
A Turquia procurou dialogar e aconselhar a UE sobre diferentes questões de
política externa. A Turquia envidou esforços para normalizar as suas relações
com os seus países vizinhos, como o Iraque e, inclusivamente com o Governo
Regional curdo. Não se registaram quaisquer progressos na normalização
das relações com a Arménia. As relações com Israel continuaram a deteriorar-se
desde o incidente da frota para Gaza em 2010. Após a publicação do relatório
independente das Nações Unidas, a Turquia esfriou as suas relações com Israel,
tendo suspendido os seus acordos militares. A Turquia continua
a contribuir para a política europeia de segurança e de defesa (PESD) e tem
procurado participar de forma mais intensa nas suas actividades. A questão da
cooperação UE‑NATO, que envolveria todos os Estados-Membros da UE, para
além dos acordos «Berlim plus», não foi resolvida. A Turquia não alinhou a sua
posição pela da União Europeia relativamente à adesão ao acordo de Wassenaar. Registaram-se alguns progressos no domínio do controlo
financeiro, onde tinha já sido atingido um nível de alinhamento
relativamente avançado. Entraram plenamente em vigor as disposições de
aplicação da lei relativa à gestão e ao controlo das finanças públicas. O
documento relativo à política de controlo interno das finanças públicas e o
plano da acção devem ser revistos. A adopção da lei relativa ao Tribunal de
Contas turco representa um avanço importante na via do alinhamento da auditoria
externa pelas normas internacionais na matéria. A estrutura turca de cooperação
em matéria de luta contra a fraude deverá continuar a desenvolver a sua missão
de coordenação, a sua independência funcional e a sua rede operacional. Os progressos registados no domínio das disposições
financeiras e orçamentais são limitados. Os preparativos administrativos
para a criação do sistema de recursos próprios encontra-se ainda numa fase
muito inicial. Islândia A Islândia continua a cumprir os critérios
políticos. A Islândia é uma democracia que funciona bem, dotada de
instituições sólidas e de tradições profundamente enraizadas de democracia
representativa. O sistema judiciário islandês continua a ser de grande
qualidade e o país garante o reforço contínuo do seu nível já elevado de
protecção em matéria de direitos fundamentais. A unidade do Governo de coligação foi posta à
prova em várias ocasiões, tendo no entanto permanecido estável. A cena política
nacional caracteriza-se por divergências de pontos de vista entre as forças
políticas e a população sobre a perspectiva de uma adesão à UE. Tiveram início
as acções de comunicação destinadas a promover um debate esclarecido sobre o
processo de adesão. Tanto o Governo como o Parlamento continuaram
a funcionar de forma adequada. Foi criado em Abril de 2011 um Conselho
Constitucional para reexaminar a Constituição e propor alterações. Foram
igualmente elaborados projectos de lei para reforçar a eficácia do Parlamento e
da função pública. Verificaram-se progressos satisfatórios na
prossecução da aplicação das recomendações da comissão especial de inquérito
encarregada de examinar as consequências políticas e administrativas da crise
financeira. Em conformidade com estas recomendações, o Supremo Tribunal de
Justiça reuniu-se em Março de 2011 para deliberar sobre uma acção intentada
contra o antigo Primeiro-Ministro, que conduziu a uma acusação por negligência
grave em Maio de 2011. Paralelamente, o gabinete do Procurador Especial
prosseguiu os seus trabalhos de forma eficaz, tendo investigado inúmeros casos
de alegações de práticas comerciais fraudulentas no sector bancário, que
conduziram a algumas detenções. São de assinalar progressos na prossecução do
reforço da eficácia do poder judiciário e do quadro de luta contra a corrupção.
Foi nomeado um certo número de juízes em conformidade com as regras da lei
alterada relativa à organização do sistema judiciário, tendo a Convenção das
Nações Unidas contra a Corrupção sido ratificada em Fevereiro de 2011. No que
diz respeito ao conflito de interesses, a Islândia começou a elaborar códigos
de conduta específicos destinados a ministros e a certas categorias de
funcionários. A Islândia continuou a salvaguardar os direitos
fundamentais, nomeadamente os direitos económicos e sociais. A Convenção-Quadro
para a Protecção das Minorias Nacionais do Conselho da Europa ainda não foi
ratificada. A economia islandesa recupera
lentamente da crise financeira que a atingiu e da recessão grave e prolongada
que se seguiu, mas as perspectivas de crescimento são reduzidas, e os lares e
as empresas continuam a registar um elevado nível de endividamento. As
políticas económicas continuaram centradas na estabilização, firmemente consolidadas
graças à boa execução de um programa do FMI. Recentemente, uma subida da
inflação levou o Banco Central a aumentar as taxas de juro, enquanto a política
orçamental foi ligeiramente flexibilizada. O ajustamento orçamental centrado
nas despesas, a fim de reduzir a dívida pública para níveis sustentáveis,
continua a ser um desafio. O desemprego é elevado e atinge em especial os
jovens e os desempregados de longa duração. Apesar dos progressos na
reestruturação do sector bancário, a economia continua a sofrer de
disfuncionamentos do sector financeiro e a supressão dos controlos impostos aos
movimentos capitais representa um desafio importante. No que se refere aos critérios económicos,
a Islândia pode ser considerada uma economia de mercado em funcionamento.
Contudo, as deficiências do seu sector financeiro e as restrições aplicadas aos
movimentos de capitais constituem ainda um entrave à afectação eficiente dos
recursos. A médio prazo, a Islândia deve estar em condições de reencontrar a
capacidade de resistir às pressões concorrenciais e às forças de mercado no
âmbito da União, desde que continue a abordar as actuais deficiências
estruturais, através de políticas macroeconómicas e de reformas estruturais
adequadas. A combinação das políticas, que se centra
fortemente na estabilização da taxa de câmbio e na consolidação orçamental,
contribuiu para o restabelecimento de uma maior estabilidade macroeconómica. Em
resposta aos excedentes comerciais e a uma apreciação da taxa de juro, o Banco
Central continuou a reduzir a sua taxa directora no segundo semestre de 2010,
mas a partir de Agosto de 2011, procedeu a uma ligeira restrição da política
monetária, em reacção a um enfraquecimento da moeda e a uma subida
significativa da inflação anual. Prosseguiram os esforços envidados para
reforçar as receitas públicas e aplicar as reduções de despesas. Tendo em conta
o nível elevado da dívida pública, foram tomadas medidas para reduzir os riscos
associados ao refinanciamento, a fim de consolidar as finanças das autarquias
locais. As reservas de divisas continuaram a aumentar e as recentes estimativas
do Banco Central apontam para uma exposição face à dívida externa mais gerível.
Foram tomadas novas medidas para acelerar a reestruturação da dívida do sector
privado. Foi adoptada uma estratégia revista para a liberalização das operações
de capital, continuando a sua aplicação a constituir um desafio. O mercado de
trabalho permaneceu flexível e as taxas de actividade são relativamente
elevadas. O país dispõe de infra-estruturas de base de boa qualidade e de
recursos naturais abundantes, possuindo a sua população um bom nível geral de
educação. Contudo, os riscos macrofinanceiros continuam
a ser elevados. A procura interna retomou, mas a recuperação baseia-se
essencialmente em medidas temporárias que apoiam o consumo privado. Os riscos e
as incertezas ligados às futuras fontes de crescimento e à sua sustentabilidade
persistem. O sector financeiro continua a sofrer da má qualidade dos activos e
o processo de reestruturação da dívida do sector privado, inacabado, continua a
impedir uma intermediação financeira eficaz. A dívida pública é superior a 90 %
do PIB. As medidas tomadas no quadro da consolidação orçamental foram
ligeiramente flexibilizadas e as finanças públicas continuam a confrontar‑se
com a necessidade de reduzir consideravelmente as despesas para melhorar a
sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas. O país vê-se confrontado
com riscos orçamentais, que decorrem de eventuais passivos longe de serem
negligenciáveis e do diferendo não resolvido relativamente ao Icesave. O
mercado de trabalho continua a ser seriamente afectado pela profunda recessão
que se seguiu à crise, atingindo o desemprego um nível recorde para o país,
nomeadamente entre os jovens e os desempregados de longa duração. O
crescimento, os investimentos e o desenvolvimento são entravados por lacunas no
ambiente empresarial, tais como a existência de importantes obstáculos à
entrada em determinados sectores. A estrutura industrial mantém-se pouco diversificada. Em conformidade com a metodologia aplicada
para a elaboração do primeiro relatório de acompanhamento, a capacidade da
Islândia para assumir as obrigações decorrentes da adesão foi de novo
avaliada, tendo em conta a sua participação no Espaço Económico Europeu (EEE) e
tomando em consideração as derrogações que lhe foram concedidas no âmbito do
EEE, bem como a legislação da UE que não é abrangida pelo âmbito do EEE. O
nível global de preparação para satisfazer as exigências do acervo continua bom,
nomeadamente devido à participação da Islândia no Espaço Económico Europeu. O diferendo relativo ao Icesave não foi ainda
resolvido. Apesar dos esforços negociais, o novo projecto de lei sobre as
modalidades e condições de reembolso dos empréstimos concedidos pelo Reino
Unido e pelos Países Baixos foi rejeitado, na sequência de um referendo
realizado em Abril de 2011. O Governo confirmou que o resultado deste referendo
não teria quaisquer consequências para o início dos pagamentos acordados com o
Reino Unido e os Países Baixos, previstos para o final 2011. Em Maio de 2011, o
Governo respondeu à carta de notificação que o Órgão de Fiscalização da EFTA
lhe tinha enviado em Maio de 2010. Em Junho de 2011, este passou à segunda fase
do procedimento de infracção, ou seja, o envio de um parecer fundamentado, que
reitera a integralidade das conclusões formuladas na carta de notificação
inicial, isto é, que a Islândia violou a Directiva relativa aos sistemas de
garantia dos depósitos. A Comissão Europeia partilha a análise jurídica do
Órgão de Fiscalização da EFTA. O Governo islandês respondeu ao parecer
fundamentado do Órgão de Fiscalização no final do mês de Setembro, o qual está
actualmente a examinar esta resposta em pormenor antes de deliberar sobre o
seguimento a dar no âmbito deste processo. Nesta fase, o diferendo
relativamente ao Icesave continua a não estar resolvido. Os preparativos tendo em vista assumir as
obrigações decorrentes da adesão prosseguiram, embora a um ritmo relativamente
lento, nos domínios parcialmente abrangidos pelo Acordo EEE, bem como nos
capítulos não abrangidos por este. A Islândia continua a estar em grande medida
alinhada pelo acervo e aplica uma parte substancial deste nos domínios
abrangidos pelo Acordo EEE, tais como a livre circulação das mercadorias, a
livre circulação dos trabalhadores, o direito de estabelecimento, a livre
prestação dos serviços, a livre circulação dos capitais, os contratos públicos,
o direito das sociedades, os direitos de propriedade intelectual, a concorrência,
os serviços financeiros e a sociedade da informação e os meios de comunicação
social. O relatório de acompanhamento confirma que os
domínios que se seguem são susceptíveis de colocar problemas no processo de
adesão: serviços financeiros, agricultura e desenvolvimento rural, ambiente,
pesca, livre circulação de capitais, bem como a segurança alimentar, política
veterinária e fitossanitária, fiscalidade e alfândegas. No que se refere às capacidades
administrativas, deve ser garantida a disponibilização e a manutenção de
recursos humanos e financeiros suficientes para assegurar os preparativos
necessários decorrentes do processo de adesão à UE. A legislação da Islândia continua a estar
estritamente em conformidade com o acervo no domínio da livre circulação das
mercadorias. Contudo, não é de assinalar qualquer novo progresso
legislativo no que diz respeito às medidas horizontais e à legislação aplicável
aos produtos abrangidos pela «antiga abordagem». A transposição ainda não foi
concluída num certo número de domínios em que foi adoptado novo acervo. A Islândia mantém um elevado nível de
alinhamento pelo acervo no domínio da livre circulação dos trabalhadores.
A legislação relativa ao direito de
estabelecimento e à liberdade prestação de serviços mantém‑se
globalmente em conformidade com o acervo, à excepção da Directiva Serviços
Postais. A aplicação da Directiva Serviços foi notificada em Julho de 2011. A Islândia aplica em grande medida o acervo
relativo à livre circulação dos capitais, apenas com algumas excepções.
Contudo, desde a crise financeira, a Islândia continua a impor um controlo
sobre os movimentos capitais, que deverá ser suprimido até à sua adesão à UE. No domínio dos contratos públicos, a
Islândia mantém‑se globalmente alinhada pelo acervo. Continua a aguardar‑se
o alinhamento no que diz respeito às medidas correctivas e aos contratos
públicos no sector da defesa. A Islândia atingiu
já um nível de alinhamento elevado e aplica uma parte substancial do acervo no
domínio do direito das sociedades. Contudo, deve ainda concluir o
alinhamento integral da sua legislação pelas normas contabilísticas e pelas
normas de auditoria internacionais. A Islândia mantém um nível elevado de
alinhamento pelo acervo no domínio do direito da propriedade intelectual,
dispondo o país das capacidades administrativas necessárias para a sua
aplicação. É necessário aplicar uma política global de execução. A Islândia mantém um elevado nível de
alinhamento no domínio da política de concorrência. O acompanhamento dos
auxílios estatais concedidos em resposta à crise financeira é efectuado de
forma satisfatória. É necessário
envidar esforços suplementares para aplicar o acervo relativo aos serviços
financeiros, nomeadamente para garantir a sua aplicação efectiva e uma
supervisão adequada do sector. O diferendo relativo ao Icesave não foi ainda
resolvido. Subsistem algumas
lacunas na transposição no domínio da sociedade da informação e dos meios de
comunicação social. Nos domínios da agricultura e do
desenvolvimento rural, a política islandesa não está globalmente em
conformidade com o acervo, devendo ser criado o quadro administrativo adequado
à aplicação. Partes da legislação e do quadro
administrativo da Islândia não estão em conformidade com o acervo nos domínios
da segurança alimentar e da política veterinária e fitossanitária. É
necessário prestar especial atenção à necessidade de suprimir as diferenças que
subsistem em relação à legislação da UE relativa aos animais vivos, aos
produtos fitofarmacêuticos e aos novos alimentos. No domínio da pesca,
a Islândia não começou ainda a alinhar a sua legislação pelo acervo nem a criar
os mecanismos de aplicação e de acompanhamento das medidas de apoio da UE. As
actuais restrições aplicadas aos investimentos estrangeiros no sector, que
continuam em vigor, não estão em conformidade com o acervo. Foram realizados
alguns progressos no domínio dos transportes, nomeadamente nos
transportes rodoviário e marítimo. Contudo, existem ainda vários
sectores em que a Islândia tem de transpor a legislação pertinente da UE. A legislação em
matéria de energia continua globalmente em conformidade, à excepção das
existências de petróleo, da independência da autoridade de regulação e da
eficiência energética. A legislação fiscal da Islândia
continua parcialmente alinhada pelo acervo. Deve ser definida uma estratégia de
interconexão e de interoperabilidade dos seus sistemas informáticos com os
sistemas europeus no domínio da fiscalidade. No que diz respeito à união económica e
monetária, o alinhamento pelo acervo relativo à política monetária continua
a estar incompleto, devendo ser reforçadas as estruturas administrativas
correspondentes. A disponibilidade de estatísticas
conformes aos métodos da UE, nomeadamente nos sectores da actividade
empresarial, do mercado de emprego e da agricultura, deve continuar a ser
melhorada. A Islândia
continua a aplicar e a executar uma parte substancial do acervo relativo à política
social e ao emprego. Deve ser definida uma estratégia global a favor do
emprego. O estado de preparação da Islândia no domínio
da política empresarial e da política industrial continua a ser
satisfatório. O acesso das PME às fontes de financiamento é ainda afectado pela
crise financeira. A Islândia mantém um bom nível de alinhamento
pelas normas europeias no domínio das redes transeuropeias. Em matéria de política
regional e coordenação dos instrumentos estruturais, a Islândia deve
designar as instituições responsáveis pela aplicação da política de coesão. Os preparativos no domínio do sistema judiciário
e dos direitos fundamentais continuam no bom caminho. Foram realizados
progressos em matéria de reforço da independência do sistema judiciário e do
quadro estratégico de luta contra a corrupção. É necessário prosseguir o
acompanhamento da aplicação destas medidas. A legislação relativa aos direitos
dos cidadãos e à protecção dos dados pessoais não está ainda alinhada pelo
acervo. A Islândia continua a aplicar o Acordo de
Schengen, estando bastante avançada no alinhamento da sua legislação pelo acervo
em matéria de justiça, liberdade e segurança. É ainda necessário envidar
esforços suplementares para ratificar e aplicar os instrumentos internacionais.
A Islândia continua a estar bastante avançada
em termos de preparação para a adesão à UE para a integração no Espaço
europeu de investigação. A Islândia mantém
o seu já elevado nível de alinhamento no domínio da educação e cultura. Foram realizados
alguns progressos no que diz respeito ao reforço do quadro legislativo e
administrativo relativo ao ambiente e às alterações climáticas. Deve ser
assegurado o respeito integral do acervo relativamente à protecção da natureza
e à qualidade da água. A Islândia tem de alinhar‑se progressivamente
pelas posições defendidas pela UE nas instâncias internacionais em matéria de
ambiente e ratificar os acordos multilaterais pendentes. A Islândia conserva um nível de alinhamento
satisfatório pelo acervo relativo à saúde e à defesa dos consumidores.
Todavia, é necessário envidar esforços suplementares no domínio da defesa
dos consumidores. A legislação
aduaneira mantém-se parcialmente alinhada pelo acervo. É necessário envidar
esforços significativos para suprimir as discrepâncias na legislação,
nomeadamente no que diz respeito à regulamentação aduaneira, aos regimes aduaneiros
económicos, à isenção de direitos aduaneiros e aos aspectos associados à
segurança. Ainda não começaram os preparativos para a aplicação eficaz do
acervo após a adesão, nomeadamente no que diz respeito ao desenvolvimento da
interconectividade com os sistemas informáticos aduaneiros da UE. Foram registados
progressos suplementares no que diz respeito às relações externas,
nomeadamente nos domínios da cooperação para o desenvolvimento e da assistência
humanitária. A Islândia ainda não aderiu ao processo de Kimberley. A Islândia mantém
um elevado nível de alinhamento no domínio da política externa e de
segurança e defesa comum. A atenção especial que a Islândia atribui à
política do Árctico sublinha a sua determinação em desempenhar um papel activo
nas organizações regionais do Norte da Europa. Registaram-se
progressos limitados no que diz respeito à legislação relativa ao controlo
financeiro. É necessário envidar esforços suplementares para elaborar um
documento estratégico sobre o controlo interno das finanças públicas e para
assegurar a separação entre a auditoria interna e a auditoria externa. Devem
ser intensificados os preparativos relativos à protecção dos interesses
financeiros da UE. No que diz
respeito às disposições financeiras e orçamentais, a Islândia atingiu um
nível de alinhamento satisfatório nos domínios estratégicos subjacentes, que
têm um impacto sobre este capítulo. O país continuou a identificar os pontos
que necessitam de um alinhamento pelo acervo. São necessários preparativos administrativos
e esforços conceptuais para criar o sistema de recursos próprios. Ainda não foi
formalmente criada uma estrutura de coordenação. [1] Artigo 49.º. [2] De acordo com a Resolução do Conselho de Segurança das
Nações Unidas 1244/1999. [3] As sínteses e as conclusões dos relatórios por país
figuram num anexo à presente comunicação. [4] Tal como demonstrado na recente comunicação da Comissão
intitulada «A luta contra a corrupção na União Europeia», COM(2011) 308 final. [5] Esta estratégia implica uma cooperação entre os países
da bacia do Danúbio nos seguintes domínios: ambiente, transportes, energia,
desenvolvimento socioeconómico, educação, investigação e inovação, bem como
segurança. Entre os países do alargamento, participam nesta estratégia a
Croácia, a Sérvia, a Bósnia e Herzegovina e o Montenegro. Ver COM(2010) 715
final e conclusões do Conselho de 13 de Abril de 2011. [6] As iniciativas emblemáticas da estratégia Europa 2020
são as seguintes: «Agenda digital para a Europa», «União da Inovação»,
«Juventude em movimento», «Uma Europa eficiente em termos de recursos», «Uma
política industrial para a era da globalização», «Novas Competências para Novos
Empregos» e «Plataforma europeia contra a pobreza». [7] COM(2008) 394 final. [8] COM(2011) 415 final. [9] A Turquia tem estatuto de observador. Os países vizinhos
em causa são a Ucrânia e a Moldávia, que são membros de pleno direito, bem como
a Geórgia e a Arménia que têm estatuto de observadores. [10] Processo Sejdić-Finci/Bósnia e Herzegovina, Dezembro
de 2009. [11] Foram fixados 5 objectivos: 1) resolução aceitável e
sustentável da questão da repartição dos bens públicos entre o Estado e os
outros níveis de poder. 2) resolução aceitável e sustentável da questão dos
bens militares; 3) aplicação completa da sentença definitiva do Tribunal de
arbitragem sobre Brčko; 4) sustentabilidade fiscal; e 5) enraízamento do
Estado de direito (demonstrado pela adopção de uma estratégia nacional
relativamente aos crimes de guerra, de uma lei sobre o acolhimento dos
estrangeiros e o direito de asilo, e de uma estratégia nacional de reforma do
sector judiciário), bem como duas condições específicas: 1) assinatura do
Acordo de Estabilização e de Associação e 2) estabilidade da situação política. [12] COM(2009) 534 final. [13] Por exemplo, o capítulo 20 - Política empresarial e
política industrial, e o capítulo 21 – Redes transeuropeias. [14] Regulamento (CE) n.º 1085/2006. [15] COM (2011) 500. [16] COM (2011) 290. [17] No âmbito da Resolução 1244 do Conselho de Segurança da
ONU. [18] As prioridades essenciais dizem respeito aos seguintes
domínios: quadro legislativo das eleições e das funções legislativas e de
controlo do Parlamento; reforma da administração pública; Reforma do sistema
judiciário; luta contra a corrupção; luta contra a criminalidade organizada; liberdade
dos meios de comunicação social e cooperação com a sociedade civil; aplicação
do quadro de luta contra a discriminação e a situação das pessoas deslocadas. Para
consultar o texto integral das prioridades essenciais, ver COM (2010) 670. [19] O Montenegro decidiu unilateralmente utilizar o euro como
única moeda com curso legal. [20] As prioridades essenciais dizem respeito aos seguintes
domínios: funcionamento adequado do Parlamento; adopção das leis por maioria
qualificada; procedimentos de nomeação e as nomeações para as instituições
fundamentais; reforma eleitoral; realização de eleições; reforma da
administração pública; Estado de direito e a reforma judiciária; luta contra a
corrupção; luta contra a criminalidade organizada; questões de propriedade; reforço
dos direitos humanos e a aplicação das políticas de luta contra a
discriminação; melhoria do tratamento dos detidos e a aplicação das
recomendações do Provedor. Para consultar o texto integral das prioridades
essenciais, ver COM (2010) 680. [21] Processo Sejdić-Finci/Bósnia e Herzegovina de
Dezembro de 2009 relativo à discriminação étnica praticada, no que diz respeito
à representação nas instituições do país, em relação a pessoas que não
pertençam a um dos três povos que compõem o país. [22] Segundo a lei relativa à protecção dos direitos das
pessoas pertencentes a minorias nacionais, existem 17 minorias nacionais na
Bósnia e Herzegovina. Os três povos que compõem o país - os bósnios, os croatas
e os sérvios - não constituem minorias nacionais.