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Document 52009DC0184

    Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões - Alargar as fronteiras das TIC : uma estratégia de investigação sobre as tecnologias futuras e as tecnologias emergentes na Europa

    /* COM/2009/0184 final */

    52009DC0184

    Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões - Alargar as fronteiras das TIC : uma estratégia de investigação sobre as tecnologias futuras e as tecnologias emergentes na Europa /* COM/2009/0184 final */


    [pic] | COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS |

    Bruxelas, 20.4.2009

    COM(2009) 184 final

    COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES

    Alargar as fronteiras das TIC – uma estratégia de investigação sobre as tecnologias futuras e as tecnologias emergentes na Europa

    ÍNDICE

    1. Contexto e objectivos 3

    2. A investigação TFE é essencial para promover a excelência e lançar as sementes da inovação 3

    2.1. O plano TFE e o seu objectivo de desbravar terreno para tecnologias da informação radicalmente novas 3

    2.2. O plano TFE - fomentar a excelência e lançar as sementes da inovação no domínio das TIC na Europa 4

    2.3. Desafios e oportunidades para assumir a liderança mundial em matéria de investigação TFE 6

    2.3.1. A Europa não investe o suficiente em investigação de alto risco transformativa no domínio das TIC 6

    2.3.2. A resposta aos desafios sociais exige a exploração aberta de ideias radicalmente novas 7

    2.3.3. Os grandes desafios científicos exigem uma cooperação transdisciplinar 7

    2.3.4. Acabar com a compartimentação e desenvolver uma visão estratégica conjunta para aumentar o impacto dos esforços europeus no domínio da investigação 8

    2.3.5. Escassez de investigadores qualificados e de especialistas com competências pluridisciplinares na Europa 8

    2.3.6. Estimular a exploração dos resultados da investigação fundamental 8

    2.3.7. Potencial de cooperação internacional inexplorado 8

    3. Como transformar a Europa num líder mundial na investigação sobre as TFE 9

    3.1. Estratégia e objectivos 9

    3.2. Linhas de acção propostas 9

    3.2.1. Reforçar a investigação sobre as TFE no âmbito da área temática «TIC» 9

    3.2.2. Lançar iniciativas emblemáticas no domínio da investigação sobre as TFE 10

    3.2.3. Fazer uma programação conjunta e lançar iniciativas conjuntas no domínio das TFE no âmbito do Espaço Europeu da Investigação (EEI) 11

    3.2.4. Aumentar a participação dos jovens investigadores na investigação sobre as TFE 11

    3.2.5. Impulsionar a capitalização mais rápida do conhecimento científico e acelerar a inovação 11

    3.2.6. Facilitar a colaboração com os líderes mundiais no campo da investigação e atrair para a Europa talentos de todo o mundo 12

    4. Conclusões 13

    1. CONTEXTO E OBJECTIVOS

    Em consonância com os objectivos do Plano de relançamento da economia europeia[1] proposto pela Comissão, a presente comunicação propõe o reforço da competitividade e do ecossistema de inovação da Europa a longo prazo, através de um maior investimento em investigação de alto risco no domínio estrategicamente importante das tecnologias da informação e das comunicações (TIC).

    A comunicação põe a tónica no êxito e na importância estratégica da investigação sobre tecnologias futuras e emergentes (TFE[2]) no lançamento das bases para as futuras TIC e das sementes da inovação[3]. São delineadas uma estratégia de longo prazo e acções específicas, a implementar no âmbito do 7.º Programa-Quadro (7.ºPQ), para que a Europa assuma a liderança a nível da investigação sobre as TFE, reforçando a sua dimensão europeia e mundial. Essas acções complementam e reforçam as acções avançadas na Comunicação da Comissão intitulada «Uma estratégia para a I&D e a Inovação no domínio das TIC na Europa»[4], nomeadamente o estímulo ao investimento em investigação, a definição de domínios prioritários para o investimento e a redução da fragmentação. São também abordadas as conclusões do relatório Aho de 2006 sobre I&D e Inovação[5] no que respeita ao papel da actividade científica de ponta na atracção de empresas de classe mundial e à necessidade de centros de excelência para criar uma massa crítica de actividades em domínios estratégicos.

    A Comissão publica a presente comunicação no momento em que a economia mundial atravessa uma grave crise. É nestes tempos em que os paradigmas dominantes mostram as suas limitações que se torna necessário investir em novas bases para colocar a Europa, futuramente, numa posição forte em matéria de inovação.

    2. A INVESTIGAÇÃO TFE É ESSENCIAL PARA PROMOVER A EXCELÊNCIA E LANÇAR AS SEMENTES DA INOVAÇÃO

    2.1. O plano TFE e o seu objectivo de desbravar terreno para tecnologias da informação radicalmente novas

    Desde que foi lançada, em 1989, a investigação europeia sobre tecnologias futuras e emergentes (TFE) tem tido a função pioneira de identificar e dar forma a tecnologias da informação radicalmente novas. Com um financiamento actual de cerca de 100 milhões de euros por ano, apoia cientistas e engenheiros que se aventuram em domínios desconhecidos fora das fronteiras das TIC tradicionais, promovendo a colaboração em matéria de investigação pluridisciplinar ao mais alto nível, em torno de ideias e temas de investigação totalmente novos. Esta investigação transforma radicalmente as agendas de investigação sobre as TIC e fomenta as grandes inovações tecnológicas, industriais e sociais na Europa. Produz novas práticas que mudam a forma de fazer investigação.

    Compreender e explorar as potencialidades da auto-organização e da evolução dos sistemas sociais e biológicos, por exemplo, abre caminho ao desenvolvimento de capacidades totalmente novas para o software e as tecnologias de rede da próxima geração. Compreender como o cérebro humano funciona não só conduz a inovações no campo da medicina, como também fornece novos paradigmas para tecnologias informáticas de baixo consumo, insensíveis a falhas e adaptativas.

    O plano europeu de investigação sobre as TFE é único no sentido em que combina as seguintes características:

    - É seminal. Estabelece novas bases para as futuras TIC, explorando ideias não convencionais e paradigmas científicos novos, cujo horizonte é demasiado distante ou que são demasiado arriscados para a investigação industrial.

    - É transformativo. Tem por motor ideias que desafiam e podem mudar radicalmente a nossa compreensão dos conceitos científicos que estão por detrás das tecnologias da informação existentes.

    - É de alto risco. Mas os riscos são contrabalançados pelos elevados retornos potenciais e pela hipótese de descobertas revolucionárias.

    - Tem uma finalidade precisa. Visa influenciar as futuras agendas de investigação da indústria sobre tecnologias da informação e das comunicações (TIC).

    - É pluridisciplinar. Tira partido das sinergias e da fertilização cruzada entre diferentes disciplinas como a biologia, a química, as nano- e neurociências e as ciências cognitivas, a etologia, as ciências sociais ou a economia.

    - É colaborativo. Junta as melhores equipas da Europa e, cada vez mais, de todo o mundo, em torno de temas de investigação comuns.

    O plano TFE é posto em prática através de investigação temática em domínios emergentes (investigação TFE proactiva) e da exploração aberta e sem restrições de ideias totalmente novas (investigação TFE aberta).

    2.2. O plano TFE - fomentar a excelência e lançar as sementes da inovação no domínio das TIC na Europa

    O plano TFE fomenta a excelência por meio da colaboração, reunindo os melhores cientistas e engenheiros. A excelência mundial da investigação sobre as TFE é confirmada pelos prémios Nobel e outros prémios de prestígio recebidos. Os projectos TFE produzem 2,5 vezes mais artigos e publicações do que a sua quota-parte no programa TIC, ao mesmo tempo que geram um número equivalente de patentes[6]. | Os projectos no domínio das TFE atraem os melhores cérebros da Europa, incluindo vencedores de prémios Nobel. Theodor Hänsch (DE), assim como Albert Fert (FR) e Peter Grünberg (DE), vencedores do prémio Nobel da física em 2005 e 2007 respectivamente, foram parceiros em vários projectos TFE. |

    A investigação TFE lança as sementes da inovação . Tem efeitos na competitividade a longo prazo das empresas europeias do ramo das TIC, criando domínios inteiramente novos de actividade económica, novas indústrias e pequenas e médias empresas (PME) de alta tecnologia.

    O esquema TFE é um «batedor» para as agendas de investigação tradicionais e industriais de todo mundo e influencia o modo como a investigação fundamental pluridisciplinar é apoiada e organizada . Serviu de inspiração a planos de financiamento, como o da Agence Nationale de la Recherche (ANR)[7], em França, ou o programa Adventure and Pathfinder do domínio temático NEST (New and emerging science and technologies) do 7.ºPQ [8] e o seu sucessor, o Conselho Europeu de Investigação[9]. O TFE apoiou também novas formas de organizações dedicadas à investigação pluridisciplinar, como é o caso do European Center for Living Technology [10].

    Em resultado do seu papel de "batedor", o esquema TFE tem obtido grandes êxitos no que respeita à identificação e à exploração de novos domínios de investigação que se tornaram temas estabelecidos da investigação no domínio das TIC.

    Por exemplo, o apoio do TFE foi crucial para a investigação sobre tecnologias da informação quânticas na Europa. Estas tecnologias garantem uma capacidade de computação imensa, muito superior à capacidade de qualquer computador convencional, para além de comunicações 100 % seguras. Ao investir precocemente neste domínio, o TFE foi fundamental para transformar a Europa num líder mundial[11] e potenciou um investimento 5 a 7 vezes superior nos Estados-Membros. Outro impacto esperado é o desenvolvimento de tecnologias totalmente novas, como os relógios quânticos e a imagiologia quântica. O TFE lançou os primeiros projectos de investigação europeus sobre sistemas de informação inspirados na biologia e nas neurociências. Biólogos, neurocientistas e cientistas informáticos estão a estudar em conjunto o modo como o cérebro processa a informação. O impacto dessa investigação, que se estende bem além das TIC, traduz-se em novos implantes neuronais para pessoas deficientes, novos modelos de sistemas neurológicos, novos sistemas informáticos neuromórficos ou circuitos e redes robustos e auto-evolutivos. Numa fase muito inicial do programa Esprit[12], o TFE apoiou a investigação sobre micro-, nano- e optoelectrónica, microssistemas e fotónica. Temas de investigação avançada explorados na década de 90[13] foram amplamente adoptados pela investigação sobre as TIC levada a cabo pela indústria. | Comunicações 100% seguras A investigação TFE sobre tecnologias quânticas abriu um novo caminho para comunicações 100 % seguras, adoptadas por empresas como a Siemens, a Thales e a PME de alta tecnologia idQuantique SA, líder nesta tecnologia. Deslocar-se pelo poder da mente – devolver a mobilidade às pessoas paralíticas O projecto MAIA desenvolveu uma nova tecnologia, baseada em interfaces cérebro / computador não invasivas, que permite a uma pessoa deficiente utilizar comandos mentais para conduzir uma cadeia de rodas. Mimetizar a perfeição do cérebro O projecto FACETS explora e mimetiza o modo como o cérebro processa a informação, com o objectivo de criar novos sistemas informáticos de fraca potência (baixo consumo) e insensíveis a falhas. O robô companheiro cognitivo O projecto COGNIRON desenvolveu um robô companheiro que compreende a actividade humana, interage socialmente com os humanos, adquire novas capacidades e aprende novas tarefas. |

    A investigação TFE sobre sistemas complexos criou uma nova área de investigação e abriu perspectivas radicalmente novas para muitas ciências. Ao modelar o comportamento de sistemas tecno-sociais complexos e ao fornecer ferramentas TIC para dominar as ameaças emergentes em tais sistemas (por exemplo, os mercados financeiros ou o alastramento de doenças infecciosas), esta investigação está a contribuir para melhorar a concepção das políticas, baseando-a na ciência , assim como para criar conceitos inteiramente novos de sistemas TIC com inteligência emocional e fiáveis.

    O TFE colocou a robótica avançada na agenda europeia da investigação no domínio das TIC. Abriram-se áreas de investigação fundamentais no domínio das TFE ao mesmo tempo que, na indústria europeia, se planearam estratégias para a robótica de serviço. O plano TFE contribuiu para consolidar a comunidade europeia de investigadores em robótica para criar a Plataforma Tecnológica Europeia[14] sobre robótica de serviço.

    Além disso, o TFE fez pela primeira vez investigação sobre ideias inéditas, como células vivas artificiais, biologia sintética, comunicação química, inteligência colectiva ou interfaces bidireccionais cérebro / máquina.

    2.3. Desafios e oportunidades para assumir a liderança mundial em matéria de investigação TFE

    2.3.1. A Europa não investe o suficiente em investigação de alto risco transformativa no domínio das TIC

    Debruçando-se sobre problemas na fronteira das tecnologias actuais, a investigação TFE lança as sementes da inovação e é essencial para a sustentabilidade do sector das TIC na Europa. Entre os problemas a resolver incluem-se o «dilúvio de dados» e a complexidade crescente dos sistemas mundiais, a continuação da miniaturização dos componentes TIC para lá dos limites das tecnologias actuais e a necessidade de tornar as TIC mais ecológicas. Há que explorar novos paradigmas e avaliar alternativas radicais para preparar a próxima geração de tecnologias TIC e eliminar esses problemas.

    Os principais concorrentes da Europa reconheceram a importância da investigação fundamental para conquistarem e manterem uma posição de liderança em matéria de tecnologias da informação e das comunicações. Nos Estados Unidos, recomendou-se a revisão do Federal Networking and Information Technology R&D Program , de modo a passar a incluir mais actividades pluridisciplinares de grande escala e de longo prazo e investigação visionária com elevado potencial de retorno[15]. A China incluiu as tecnologias da informação no seu programa de investigação fundamental[16] para responder às grandes necessidades estratégicas do país.

    Mais do que nunca num contexto económico difícil, o investimento interno das empresas europeias está a tender a concentrar-se em prioridades de investigação de curto prazo ditadas pelo mercado mais do que em investigação de alto risco no domínio das TIC. Esta tendência tem de ser invertida através de um maior investimento público e privado em investigação de alto risco.

    2.3.2. A resposta aos desafios sociais exige a exploração aberta de ideias radicalmente novas

    É amplamente reconhecido o papel essencial das TIC na transformação da economia e da sociedade. Os desafios sociais relacionados com questões como o desenvolvimento sustentável, as alterações climáticas, a saúde, o envelhecimento da população, a inclusão social e económica e a segurança exigem novas soluções que rompam com os velhos paradigmas, nas quais as TIC desempenham um papel fundamental.

    Para que possam emergir transformações radicais, é preciso dar aos investigadores liberdade para explorarem abertamente ideias não convencionais inéditas e abordagens revolucionárias, e para amadurecerem as mais promissoras.

    Uma investigação fundamental transformativa, combinada com uma nova atitude em relação ao empreendedorismo, colocarão a Europa em boa posição para tirar pleno partido das novas oportunidades de mercado que forem surgindo.

    2.3.3. Os grandes desafios científicos exigem uma cooperação transdisciplinar

    A Europa exige um esforço científico sustentado nas fronteiras entre as TIC e outras disciplinas, para responder aos desafios socioeconómicos de hoje e ganhar vantagens competitivas em matéria de tecnologia. Há que criar massa crítica e integrar os esforços de investigação fragmentados em torno de iniciativas de investigação emblemáticas que sejam pluridisciplinares, de larga escala, assentes na investigação científica e com objectivos bem definidos.

    A iniciativa lançada recentemente, designada Virtual Physiological Human (VPH) [17] , e o projecto Blue Brain [18] confirmam a relevância de tais esforços. A iniciativa VPH tem por objectivo a simulação personalizada do corpo humano, prometendo progressos sem precedentes na prevenção de doenças e no tratamento médico. Combina esforços no âmbito de várias vertentes do Programa-Quadro[19] com uma cooperação a nível internacional, designadamente com os Estados Unidos. Blue Brain é a primeira tentativa completa de reconstituição do cérebro dos mamíferos por engenharia inversa, para compreender as funções e disfunções do cérebro com a ajuda de simulações detalhadas.

    A Europa precisa de apoiar iniciativas emblemáticas que ultrapassem a escala das actuais actividades TFE.

    2.3.4. Acabar com a compartimentação e desenvolver uma visão estratégica conjunta para aumentar o impacto dos esforços europeus no domínio da investigação

    Hoje em dia, a investigação fundamental sobre as TIC na Europa continua compartimentada na maior parte dos domínios, o que conduz à duplicação de esforços, à divergência de prioridades e à não exploração do potencial existente. A Europa precisa de desenvolver agendas de investigação conjuntas baseadas numa visão partilhada da investigação fundamental e terá a ganhar com a aplicação do modelo TFE em colaboração com os Estados-Membros.

    2.3.5. Escassez de investigadores qualificados e de especialistas com competências pluridisciplinares na Europa

    A escassez de investigadores qualificados e a concorrência mundial por especialistas de alto nível com competências pluridisciplinares em áreas de investigação emergentes dificultam os esforços da Europa para adquirir e manter a excelência na investigação sobre as TIC.

    A Europa deve investir mais na excelência para atrair os melhores investigadores do mundo e dar condições aos jovens investigadores com talento para se tornarem líderes na investigação. Deve ser concedido um apoio mais substancial às carreiras e aos programas de estudos ligados à investigação pluridisciplinar.

    2.3.6. Estimular a exploração dos resultados da investigação fundamental

    As pequenas e médias empresas (PME) de alta tecnologia fortemente dependentes da investigação são cruciais para conduzir a exploração dos resultados da investigação fundamental. O seu envolvimento mais profundo na investigação sobre as TFE colocá-las-á em melhor posição para tirar partido das oportunidades de negócio que se apresentem.

    As agendas estratégicas de investigação das Plataformas Tecnológicas Europeias e das Iniciativas Tecnológicas Conjuntas relacionadas com as TIC[20] teriam a ganhar com a inclusão das necessidades da indústria em matéria de investigação de mais longo prazo sobre as TIC. A divulgação sistemática dos resultados da investigação sobre as TFE à indústria tornaria mais célere a sua aplicação concreta.

    Há que encontrar novas formas de colaboração entre a indústria e a comunidade científica para ultrapassar os principais obstáculos tecnológicos e soltar o potencial de desenvolvimento industrial a mais longo prazo.

    2.3.7. Potencial de cooperação internacional inexplorado

    A participação internacional é um recurso não aproveitado para a investigação sobre TFE. Há um valor acrescentado claro na congregação de recursos e no fomento da excelência a nível mundial. A resposta a desafios mundiais, tais como o controlo de epidemias, a complexidade dos mercados financeiros ou o combate às alterações climáticas, apelam a uma colaboração científica pluridisciplinar à escala mundial.

    A investigação TFE está especialmente talhada para a colaboração internacional, devido ao seu carácter seminal e à dimensão mundial dos desafios científicos a que pretende dar resposta.

    3. COMO TRANSFORMAR A EUROPA NUM LÍDER MUNDIAL NA INVESTIGAÇÃO SOBRE AS TFE

    3.1. Estratégia e objectivos

    Para que a Europa esteja em posição privilegiada para colher os importantes benefícios socioeconómicos dos futuros desenvolvimentos a nível das TIC, é essencial que adopte uma estratégia audaciosa para liderar a exploração e o desenvolvimento das bases para as tecnologias futuras e emergentes.

    Para isso, a Europa deve, até 2015:

    - duplicar o seu investimento em investigação fundamental e transformativa sobre as tecnologias futuras e emergentes;

    - identificar e lançar duas ou três novas iniciativas emblemáticas audaciosas no domínio da investigação TFE, que alavanquem maiores esforços por parte da comunidade científica pluridisciplinar dirigidos a descobertas fundamentais na fronteira das TIC;

    - lançar três a cinco convites conjuntos à apresentação de propostas no âmbito de programas nacionais e europeus para apoiar a investigação TFE em domínios de interesse comum;

    - pôr em prática iniciativas destinadas a dar condições a jovens investigadores com talento para se dedicarem e liderarem actividades de investigação pluridisciplinar colaborativa de alto nível;

    - pôr em prática iniciativas destinadas a incentivar PME da área da alta tecnologia fortemente dependentes da investigação a desenvolverem e aplicarem os primeiros resultados da investigação TFE;

    A Europa deve criar condições para sustentar a massa crítica de esforço necessária para apoiar estas iniciativas com a cooperação dos diversos organismos europeus e nacionais que financiam a investigação, ou mesmo internacionais, sempre que se justifique. A Europa deve garantir a capitalização e a partilha mais rápidas dos conhecimentos científicos e das bases tecnológicas resultantes da investigação financiada pelo sector público, e também encorajar e apoiar a colaboração científica com os maiores cientistas de todo o mundo.

    3.2. Linhas de acção propostas

    3.2.1. Reforçar a investigação sobre as TFE no âmbito da área temática «TIC»

    A Europa deve reforçar o seu apoio à investigação sobre as TFE no âmbito da área temática TIC como parte essencial do sistema de investigação e inovação. Deve criar uma massa crítica de recursos para iniciativas de investigação TFE pré-definidas (investigação TFE proactiva) com um elevado impacto transformativo potencial. Deve também acelerar o seu apoio à investigação de alto risco direccionada, sem constrangimentos por força de agendas de investigação pré-definidas (investigação TFE aberta), como plataforma para a criatividade e para o surgimento de ideias de investigação não convencionais com grande impacto potencial e como fonte essencial de temas de investigação inteiramente novos.

    A Comissão defende que o orçamento do 7.ºPQ para a investigação TFE deve aumentar 20 % por ano entre 2011 e 2013 e convida os Estados-Membros a igualarem este esforço com aumentos semelhantes.

    A Europa deve estimular a investigação de alto risco, construir e estruturar as comunidades de investigação TFE pluridisciplinares emergentes e explorar novas formas de colaboração pluridisciplinar em matéria de investigação que vão mais além das estruturas e modelos organizacionais existentes. Deve igualmente reforçar a sua capacidade para antever permanentemente as futuras tendências da investigação no domínio das TIC, para envolver a comunidade científica da área das TFE na construção de roteiros europeus de investigação e para moldar as correspondentes futuras iniciativas no domínio da investigação[21].

    A Comissão Europeia, juntamente com as agências nacionais de financiamento, apoiará acções destinadas a criar as melhores condições para o florescimento da investigação de alto risco na Europa e a estabelecer uma capacidade permanente de antevisão. Além disso, convida a comunidade científica a elaborar, mais sistematicamente, agendas de investigação europeias comuns.

    3.2.2. Lançar iniciativas emblemáticas no domínio da investigação sobre as TFE

    No domínio das TFE, a Europa deve preparar iniciativas de dimensão europeia emblemáticas, ambiciosas e com objectivos precisos, que possam combinar grandes esforços europeus sustentados, sobre desafios fundamentais claramente definidos, numa escala que seria demasiado grande para poder inserir-se nas actuais iniciativas. Tais iniciativas devem fomentar uma colaboração intensiva e ambiciosa a nível europeu e mundial e reunir recursos, indo mais longe que as actuais iniciativas e programas dispersos. Estas iniciativas de grande escala podem exigir a cooperação com outros domínios temáticos do 7.ºPQ e devem ter por objectivo a criação de centros de excelência europeus de classe mundial sustentáveis e a colocação da Europa em posição de liderança em matéria de inovação em domínios promissores, aumentando ao mesmo tempo também o retorno sobre o investimento em investigação de alto risco direccionada. | Iniciativa emblemática no domínio das TFE: A compreensão da vida estará na raiz das futuras TIC. Uma iniciativa emblemática TFE pode ditar o modelo e realizar simulações de grande escala para compreender o modo como a natureza processa a informação e para aplicar esse conhecimento no desenvolvimento de futuros biocomputadores. Um cometimento tão singular atrairá os melhores cientistas informáticos, biólogos e físicos da Europa e de outras partes do mundo. |

    A Comissão Europeia colaborará com os Estados-Membros e com a comunidade científica para identificar e definir eventuais iniciativas emblemáticas TFE e lançar pelo menos duas até 2013.

    3.2.3. Fazer uma programação conjunta e lançar iniciativas conjuntas no domínio das TFE no âmbito do Espaço Europeu da Investigação (EEI)

    A Europa deve coordenar os esforços nacionais e da União de forma mais atenta para identificar e apoiar as prioridades comuns de investigação que resultem dos roteiros europeus de investigação. Esse exercício inclui a possibilidade de os Estados-Membros lançarem iniciativas conjuntas em domínios de interesse comum em que existam iniciativas nacionais. Inicialmente, poderão centrar-se em domínios como as tecnologias quânticas e da neuro-informação, em que existem roteiros europeus de investigação, e ser depois gradualmente alargadas a outros domínios. Essas acções coordenadas ajudarão a combater a compartimentação dos actuais esforços europeus de investigação em domínios seleccionados e a reforçar a colaboração entre os investigadores europeus[22].

    A Comissão Europeia convida os Estados-Membros a explorarem as possibilidades de reforçarem a colaboração no domínio da investigação sobre as TFE, nomeadamente tirando partido do potencial das iniciativas ERA-NET/ERA-NET plus. O seu objectivo deve ser o lançamento de três a cinco convites à apresentação de propostas conjuntos de Estados-Membros durante o período 2010 – 2013 em domínios TFE de interesse comum.

    3.2.4. Aumentar a participação dos jovens investigadores na investigação sobre as TFE

    A criatividade e o dinamismo dos jovens investigadores são essenciais para desafiar o pensamento actual, para lançar novas bases para as futuras TIC e para capitalizar o êxito desses esforços no futuro. A Europa deve intensificar os seus esforços para atrair jovens investigadores, em particular mulheres, para a investigação TFE e para lhes dar condições para dirigirem a colaboração pluridisciplinar em matéria de investigação. A Europa deve promover a definição e a admissão precoce de novos programas de estudos pluridisciplinares científicos e na área da liderança nos Estados-Membros e no contexto do EIT[23].

    A Comissão Europeia levará a cabo iniciativas destinadas a intensificar a participação de jovens investigadores na investigação TFE e a incentivá-los a assumirem a liderança em projectos de investigação pluridisciplinar. A comunidade científica é convidada a utilizar, em particular, a acção de coordenação e apoio[24] e as bolsas Marie Curie[25] para desenvolver e promover a aceitação de novos currículos pelas autoridades educativas nacionais e regionais e no contexto do EIT.

    3.2.5. Impulsionar a capitalização mais rápida do conhecimento científico e acelerar a inovação

    A comunidade científica e a indústria europeia devem intensificar o diálogo por forma a identificarem melhor as necessidades da indústria e os problemas tecnológicos que exigem investigação fundamental e garantir a rápida aceitação dos primeiros resultados dessa investigação pela investigação orientada para aplicações.

    A comunidade científica e a indústria europeia são convidadas a intensificar a cooperação em sede das Plataformas Tecnológicas Europeias relacionadas com as TIC. A comunidade científica é convidada a intensificar as acções que visam facilitar a difusão dos resultados da investigação TFE aos interessados.

    Deve ser estimulada a participação da indústria na investigação fundamental. Nomeadamente, devem ser mais apoiadas as PME de alta tecnologia fortemente dependentes da investigação, dado serem veículos essenciais para transformar os primeiros resultados da investigação em casos de sucesso industrial.

    A Comissão Europeia porá em prática iniciativas destinadas a apoiar as PME de alta tecnologia fortemente dependentes da investigação para que apostem nesta e conduzam a exploração dos primeiros resultados da investigação pluridisciplinar de alto risco.

    A Europa deve incentivar uma cultura científica de livre partilha e ampla difusão dos conhecimentos científicos pluridisciplinares. Deve igualmente encorajar abordagens totalmente novas da construção colectiva de conhecimentos científicos resultantes da investigação.

    A investigação TFE participa desde 2009 na iniciativa piloto da Comissão Europeia sobre «Acesso aberto»[26]. A comunidade científica é convidada a tirar partido das iniciativas que reforçam as suas práticas de comunicação, de difusão e de criação de conhecimentos.

    3.2.6. Facilitar a colaboração com os líderes mundiais no campo da investigação e atrair para a Europa talentos de todo o mundo

    Para que a Europa seja capaz de responder aos seus desafios em matéria de investigação científica fundamental, é necessária uma colaboração internacional de classe mundial. A Europa deve atrair os melhores cientistas de todo mundo para participarem na investigação TFE, criando condições para que se estabeleçam no seu território. Deve promover activamente e, se for vantajoso para a Europa, apoiar financeiramente a colaboração com as melhores equipas de investigação de todo o planeta.

    A Europa deve desenvolver parcerias com agências de financiamento não europeias em domínios prioritários. Deve também encorajar e facilitar a colaboração entre as equipas de investigação a nível mundial que se forem constituindo, seguindo uma abordagem "da base para o topo". Estas iniciativas devem melhorar a excelência da Europa em matéria de investigação sobre as TIC e o seu papel como motor do progresso e da inovação em todo o mundo.

    A Comissão Europeia entrará em contacto com agências de financiamento não europeias, nomeadamente dos Estados Unidos, da China e da Rússia, para que se estabeleçam mecanismos para apoiar a colaboração em matéria de investigação e construir alianças capazes de responder aos desafios mundiais.

    4. CONCLUSÕES

    A presente comunicação sublinha o empenho da Comissão em reforçar a investigação TFE no domínio das TIC na Europa. Propõe uma combinação de iniciativas que envolvem não só mais investimento mas também uma coordenação e uma colaboração mais fortes entre todos os interessados e de novas iniciativas emblemáticas ambiciosas no domínio da investigação TFE. Propõe-se aos Estados-Membros que subscrevam os objectivos, as metas e a estratégia propostos e que encorajem as autoridades nacionais e regionais, as universidades e organizações públicas de investigação e as partes interessadas do sector privado a participar na preparação das futuras acções.

    O objectivo da estratégia é atrair para a Europa os melhores investigadores de todo o mundo, aumentar o investimento da indústria e estimular a inovação. O investimento em investigação fundamental sobre as TIC do futuro será rentabilizado pela competitividade acrescida da Europa a longo prazo.

    [1] COM(2008) 800: Plano de relançamento da economia europeia

    [2] Refere-se às TFE no âmbito das TIC.

    [3] Como especificado no relatório ISTAG sobre as TFE, Novembro de 2008.

    [4] COM(2009) 116: Uma estratégia para a I&D e a Inovação no domínio das TIC na Europa: Subir a parada.

    [5] http://ec.europa.eu/invest-in-research/action/2006_ahogroup_en.htm.

    [6] Dados da Comissão.

    [7] www.agence-nationale-recherche.fr/.

    [8] http://cordis.europa.eu/nest/home.html.

    [9] http://erc.europa.eu/.

    [10] http://www.ecltech.org/.

    [11] Produzindo 50 % de todas as publicações avalizadas pelos pares em todo mundo em 2007 (www.qurope.net).

    [12] http://cordis.europa.eu/esprit/home.html.

    [13] Esta investigação lançou as bases para a era more-than-Moor e e post-CMOS na Europa.

    [14] http://ec.europa.eu/information_society/tl/research/priv_invest/etp/index_en.htm.

    [15] Relatório do Conselho de Conselheiros ( Council of Advisors ) do Presidente para a ciência e a tecnologia, Agosto de 2007.

    [16] http://www.973.gov.cn/English/Index.aspx

    [17] http://www.vph-noe.eu/.

    [18] http://bluebrain.epfl.ch/.

    [19] http://cordis.europa.eu/fp7/home_en.html.

    [20] http://ec.europa.eu/information_society/tl/research/priv_invest/jti/index_en.htm.

    [21] Baseando-se em métodos como os desenvolvidos no âmbito das acções de antevisão do Instituto de Estudos de Prospectiva Tecnológica do CCI (http://is.jrc.ec.europa.eu).

    [22] COM(2008) 468.

    [23] Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia

    [24] ftp://ftp.cordis.europa.eu/pub/fp7/docs/wp/cooperation/ict/c_wp_200901_en.pdf.

    [25] http://ec.europa.eu/research/fp6/mariecurie-actions/action/fellow_en.html.

    [26] http://ec.europa.eu/research/science-society/open_access.

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