RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO relativo a estatísticas conjunturais conforme exigido pelo Regulamento (CE) n.º 1165/1998 do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de Maio de 1998 INTRODUÇÃO Nos termos do artigo 14.º, n.º 2, do Regulamento (CE) n.º 1165/1998 relativo a estatísticas conjunturais: Até 11 de Agosto de 2008, e posteriormente de três em três anos, a Comissão apresentará ao Parlamento Europeu e ao Conselho um relatório sobre as estatísticas compiladas nos termos do presente regulamento, em especial sobre a sua relevância e qualidade e sobre a revisão dos indicadores. O relatório abordará especificamente os custos do sistema estatístico e os encargos para as empresas decorrentes da aplicação do presente regulamento em relação aos seus benefícios. Também informará sobre as boas práticas destinadas a diminuir a carga para as empresas e indicará formas de reduzir os encargos e os custos. O presente relatório dá seguimento ao relatório apresentado em Junho de 2008 nos termos do já referido artigo[1]. Em Janeiro de 2003, foi publicado um primeiro relatório sobre a qualidade das estatísticas conjunturais[2]. As estatísticas conjunturais europeias fornecem um conjunto completo de indicadores conjunturais da actividade económica na Europa nos sectores da indústria, construção, comércio a retalho, reparações e certas actividades de serviços. O desenvolvimento económico destes sectores reflecte-se numa série de indicadores que dão conta do volume de negócios, produção, efectivos, horas trabalhadas, ordenados e salários brutos. Há também indicadores dos preços na produção, novas encomendas e custos de construção. As estatísticas conjunturais foram introduzidas na Europa em 1998. Desde então, a sua qualidade (coerência, comparabilidade, fiabilidade e oportunidade) e o seu âmbito (indicadores, países e nível de pormenor) foram objecto de constantes melhorias. A segunda parte do relatório descreve a utilização de estatísticas conjunturais e a sua importância para as principais políticas europeias e a condução da política monetária na Europa. Dá conta também das evoluções mais importantes nessas estatísticas desde o último relatório sobre a qualidade destas estatísticas. A parte seguinte descreve com maior precisão os diferentes parâmetros qualitativos das estatísticas conjunturais. Por fim, são referidos os custos e os encargos relacionados com a recolha e o processamento dos dados, acompanhados de alguns exemplos de como os mesmos podem ser reduzidos. Em Janeiro de 2011, foi apresentado (consulta escrita) um primeiro projecto do presente relatório aos membros do grupo de trabalho das estatísticas conjunturais. A IMPORTÂNCIA DAS ESTATÍSTICAS CONJUNTURAIS O apuramento de dados estatísticos conjunturais foi essencial para a criação da zona do euro e o acompanhamento da política monetária europeia[3]. O Banco Central Europeu e os bancos centrais nacionais contam-se entre os mais importantes utilizadores de estatísticas conjunturais, juntamente com a própria Comissão, os governos nacionais, institutos de investigação, empresas e organizações empresariais. Os meios de comunicação dão grande destaque às estatísticas conjunturais, as quais constituem também um importante contributo para outras áreas estatísticas, como as contas nacionais. As estatísticas conjunturais são as mais importantes de todas as produzidas pelo serviço de estatística da UE (Eurostat). Destinam-se com maior frequência a analisar as tendências económicas e a formular previsões e modelos. Contudo, os dados estatísticos também são essenciais para preparar decisões políticas, para fins de investigação, para verificar e validar informações provenientes de outras fontes e ainda para servir de base a decisões empresariais (por exemplo, estudos de mercado). Em alguns casos, as estatísticas conjunturais são também utilizadas pelas empresas para fins específicos (por exemplo, a utilização de indicadores de preços para a indexação salarial). Dos 22 principais indicadores económicos europeus (PIEE)[4] que foram desenvolvidos para monitorizar o desenvolvimento económico da União Europeia e dos seus Estados-Membros e, em especial, para conduzir a política monetária na zona do euro, nove são construídos a partir de estatísticas conjunturais, ou seja, produção industrial, preços da produção industrial no mercado interno, novas encomendas na indústria, preços de importação de produtos industriais, produção na construção, volume de negócios no comércio a retalho e reparações, volume de negócios nos outros serviços, preços da produção nos serviços e licenças de construção. Em termos de estatísticas conjunturais, o Eurostat publica anualmente 60 news releases , ou seja, mensalmente um para cada um dos cinco principais indicadores (produção industrial, novas encomendas, preços da produção, preços na construção e volume do comércio a retalho). Acresce que cada ano, são publicadas pelo menos cinco edições do Statistics in focus que, para além de fornecerem dados quantitativos, tratam de questões metodológicas específicas e analisam as tendências económicas do momento. Também o Quarterly Panorama of European business statistics apresenta resultados conjunturais com maior pormenor. Entre 2009 e 2010, as estatísticas conjunturais foram objecto de exames contínuos. Para tornar mais eficazes e eficientes a recolha, o apuramento e a divulgação de estatísticas conjunturais, peritos externos analisaram, na óptica dos utilizadores, as condições e o processo de produção de estatísticas conjunturais do Eurostat e de outros parceiros nacionais (institutos nacionais de estatística). A maior parte dos utilizadores precisa de estatísticas conjunturais com frequência e a intervalos regulares e consulta as publicações (bases de dados, boletins informativos, etc.) várias vezes ou pelo menos uma vez por mês (por exemplo, quando são publicados os boletins informativos). A exactidão é considerada por vários utilizadores como a qualidade mais importante das estatísticas conjunturais. Contudo, as diferenças entre as várias facetas da qualidade não são tão significativas, parecendo lícito afirmar que quase tão importante quanto os dados serem exactos é que sejam oportunos, comparáveis, acessíveis, claros, coerentes e completos. Esta questão coloca um importante desafio aos produtores de estatísticas, uma vez que há compromissos a fazer entre vários aspectos da qualidade, nomeadamente entre a exactidão e a oportunidade dos dados ou ainda entre o facto de os mesmos serem completos e comparáveis. Os utilizadores declararam-se satisfeitos com a qualidade das estatísticas conjunturais e serviços conexos. Entre os que se pronunciaram sobre a qualidade, 95 % consideraram as estatísticas conjunturais adequadas e 60% boas ou muito boas. Em 2008, as economias europeias conheceram a maior recessão desde o estabelecimento de estatísticas conjunturais europeias. Entre Abril de 2008, quando a produção industrial atingiu o seu valor mais alto, e Abril de 2009, quando desceu ao mais baixo nível, foi registada uma queda de quase um quinto. No sector da construção, a diminuição foi mais lenta mas igualmente acentuada: a produção perdeu cerca de um quinto do seu valor entre Janeiro/Fevereiro de 2008 (pico pré-crise) e Fevereiro de 2010 (nível mais baixo). O comércio a retalho também decresceu significativamente em volume, ainda que de forma menos dramática do que a produção. Esta evolução sublinhava já nessa altura a importância de dispor de dados estatísticos conjunturais actualizados. Em 2009, ocorreram duas importantes mudanças metodológicas. Em primeiro lugar, os indicadores conjunturais passaram a ter por base o ano de 2005 (a base anterior era o ano de 2000). Esta alteração envolveu a mudança aritmética do ano base (média 100 em 2005 em vez de 2000) e uma actualização dos factores de ponderação dos indicadores para reflectir a estrutura económica de 2005. Em segundo lugar, e paralelamente à mudança do ano base, a nova nomenclatura das actividades económicas na União Europeia, a NACE Rev.2, veio substituir a anterior NACE Rev. 1.1. A nomenclatura foi modernizada com a introdução de novas desagregações para traduzir novas formas de produção e sectores emergentes. O nível de pormenor da nomenclatura foi substancialmente reforçado no caso das actividades de produção de serviços. A NACE Rev. 2 dá uma visão mais exacta da economia global e facilita as comparações internacionais. A transição para a NACE Rev. 2 foi conseguida sem consequências significativas para aspectos da qualidade como a oportunidade ou a estabilidade dos dados (ver infra). ÂMBITO E QUALIDADE DOS INDICADORES CONJUNTURAIS Âmbito e conformidade com o regulamento relativo às estatísticas conjunturais Em Agosto de 2009, terminou a vigência das últimas derrogações que dispensavam os Estados-Membros de apresentarem ao Eurostat os dados previstos no Regulamento (CE) n.º 1165/98 (relativos aos preços dos serviços no produtor). O Regulamento (CE) n.º 329/2009 da Comissão alterou e actualizou o acto jurídico de base e introduziu novos indicadores de emprego (horas trabalhadas, ordenados e salários brutos) para o comércio a retalho e reparações e para outros serviços. Na sequência desta alteração, serão apurados dados relativos a horas trabalhadas e ordenados e salários brutos para todos os ramos da economia abrangidos por estatísticas conjunturais. O apuramento será feito por períodos de referência trimestrais e estará disponível em 2013. O cumprimento pelos Estados-Membros do regulamento relativo às estatísticas conjunturais em termos de fiabilidade, oportunidade, coerência e comparabilidade é objecto de acompanhamento semestral pelo Eurostat, que revela um elevado grau de cumprimento e melhorias constantes. Os resultados médios da UE-27 foram de 8,9 (em 10) a partir de 1 de Outubro de 2010, contra 8,5 em Abril de 2005 e 6,6 em 1 de Janeiro de 2004. A maioria dos Estados-Membros está agora próxima de uma conformidade total com o regulamento. Exactidão, fiabilidade, coerência e comparabilidade Com o Regulamento (CE) n.º 1165/98 e actos conexos, foi introduzido um conjunto de definições comuns que são aplicadas por todos os Estados-Membros. O Eurostat e os institutos nacionais de estatística trabalham em conjunto para garantir um elevado grau de exactidão, fiabilidade e coerência dos indicadores conjunturais. O enquadramento metodológico que o Regulamento consagra é continuamente melhorado mercê de consultas mútuas e do trabalho de grupos temáticos especiais. Importa reter que as metodologias não têm de ser idênticas nos Estados-Membros. Nos termos do regulamento relativo às estatísticas conjunturais, e de acordo com o princípio da subsidiariedade, os Estados-Membros podem decidir sobre as formas mais eficientes e eficazes de proceder à recolha e ao tratamento dos dados, a fim de ter em conta as diferenças nacionais, designadamente em termos de dimensão, estrutura económica e disponibilidade de dados administrativos. O Eurostat trabalha também com outras organizações internacionais, em especial a OCDE, a fim de melhorar a comparabilidade dos dados e das metodologias para além da UE. Oportunidade e pontualidade Para as estatísticas conjunturais é essencial que os dados estejam disponíveis rapidamente. Já em 1998, o primeiro regulamento europeu relativo às estatísticas conjunturais (REC) incluía prazos para a transmissão dos dados nacionais ao Eurostat (ver quadro 1, terceira coluna). As alterações introduzidas ao regulamento em 2005[5] reduziram consideravelmente estes prazos para a maior parte dos indicadores. O quadro dá conta também das datas de publicação actuais (por exemplo, news releases ) em número de dias após o termo do período de referência. Em geral, a oportunidade das estatísticas conjunturais pode ser considerada muito boa, sendo que quaisquer atrasos dizem normalmente respeito a casos em que a data de entrega corresponde a um fim-de-semana ou feriado nacional. Contudo, a divulgação dos indicadores conjunturais na Europa ainda é mais demorada do que nos Estados Unidos ou no Japão. Os utilizadores são informados antecipadamente das datas de publicação destes boletins informativos através do calendário disponível no sítio Web do Eurostat[6]. Em 2010, todas as datas anunciadas no calendário foram cumpridas. Quadro 1: Oportunidade medida em número de dias entre o termo do período de referência e o prazo de entrega dos dados, metas do Comité Económico e Financeiro (CEF) e divulgação Indicador | Periodicidade | Prazos previstos no REC | Metas CEF para 2011 b) | Divulgação dos totais da UEc) | Produção industrial | Mensal | 40 | 40 | 42 | Preços da produção industrial no mercado interno | Mensal | 35 | 35 | 34 | Novas encomendas de produtos industriais | Mensal | 50 | 50 | 55 | Preços de importação de produtos industriais | Mensal | 45 | 45 | 34 | Produção na construção | Mensal | 45 | 45 | 49 | Volume de negócios no comércio a retalho e reparações | Mensal | 30 | 30 | 35 | Volume de negócios nos outros serviços | Trimestral | 60 | 60 | 61 | Preços de produção nos serviços | Trimestral | 90 | 60 | n.a. | Licenças de construção | Trimestral | 90 | 90 | 90 | a) Prazos de transmissão dos dados ao Eurostat após o termo do período de referência, de acordo com o REC. Para os países mais pequenos, os prazos são por vezes mais longos. b) As metas fixadas no relatório de 2010 do Comité Económico e Financeiro (CEF), referente aos requisitos de informação no quadro da UEM. c) Número de dias entre o termo do período de referência e a divulgação (por exemplo, news releases ) Revisão dos indicadores conjunturais Os primeiros resultados dos indicadores conjunturais assentam parcialmente em dados preliminares, estimados e incompletos. É pois de esperar que tais resultados registem alterações entre a primeira, a segunda e mesmo as subsequentes publicações. Depois da primeira publicação de dados, os resultados dos inquéritos tornam-se por vezes mais completos por terem sido aditadas respostas que faltavam ou estavam incompletas. As outras razões pelas quais os dados são revistos têm a ver com ajustamentos sazonais, avaliações comparativas, fontes de dados novas e/ou melhoradas, correcções de erros ou alterações metodológicas. No entanto, as revisões dos indicadores conjunturais são geralmente limitadas, em especial ao nível de agregação da UE ou na zona do euro. A fim de avaliar a qualidade dos primeiros resultados dos cinco indicadores conjunturais publicados mensalmente num boletim especial, foram analisadas as alterações entre a primeira e a segunda publicações das taxas de crescimento mensais para o período compreendido entre Junho de 2007 e Dezembro de 2010. Quadro 2 : Grau das revisões dos cinco principais indicadores conjunturais a) Indicador | Revisão média absoluta b) | Revisão média c) | Revisão média relativa | Produção industrial | 0,3 | 0,1 | 0,30 | Preços da produção industrial no mercado interno | 0,1 | 0,0 | 0,10 | Novas encomendas de produtos industriais | 0,5 | -0,1 | 0,22 | Produção na construção | 0,5 | 0,0 | 0,41 | Volume do comércio a retalho | 0,3 | 0,1 | 0,74 | a) Taxas de crescimento ajustadas sazonalmente dos indicadores para a zona do euro b) Média dos diferenciais em termos absolutos entre as taxas de crescimento na segunda e na primeira publicações. c) Média dos diferenciais entre as taxas de crescimento na segunda e na primeira publicações. d) Rácio médio entre a revisão e a taxa de crescimento na segunda publicação (ambos em termos absolutos). O quadro 2 mostra, para os agregados europeus dos cinco indicadores incluídos nos news releases , o grau médio das revisões das taxas de crescimento entre a primeira e a segunda publicações (um mês mais tarde). Em termos absolutos (segunda coluna) as revisões médias variam entre 0,1 pontos percentuais para os preços da produção industrial e 0,5 pontos para as novas encomendas de produtos industriais. As diferenças entre os indicadores radicam essencialmente em factores metodológicos. Enquanto os preços da produção industrial não são geralmente objecto de revisão, podem ocorrer revisões do indicador da produção industrial vários anos após a primeira publicação. A revisão média (terceira coluna) é próxima de zero. Isto significa que, relativamente ao período analisado, não houve sobre ou subestimação sistemática das taxas de crescimento no momento da primeira publicação. Por fim, a última coluna no quadro 2, ao estabelecer a relação entre a revisão da taxa de crescimento e a própria taxa de crescimento no momento da segunda publicação, dá uma indicação da escala das revisões durante o período analisado. Acessibilidade, clareza e disponibilidade de metadados Todos os dados estatísticos conjunturais estão acessíveis gratuitamente no sítio Web do Eurostat. A secção especial dedicada às estatísticas conjunturais é fácil de encontrar na secção «Indústria, comércio e serviços» ou através da função «search»[7]. Explicações completas e específicas sobre questões metodológicas (metadata) estão também disponíveis nas publicações acima mencionadas ( Statistics in focus, Quarterly Panorama of European business statistics ) e no sítio Web do Eurostat. A base de dados STS sources contem elementos detalhados sobre os processos estatísticos, questões jurídicas, regras de confidencialidade, qualidade de dados e descrição dos métodos nacionais de recolha de dados[8]. Para vários indicadores-chave, há explicações metodológicas adicionais ( PEEIs in focus )[9]. Um novo dicionário em linha e respostas a perguntas frequentes fornecem explicações concisas sobre conceitos estatísticos. CUSTOS PARA O SISTEMA ESTATÍSTICO E ENCARGOS PARA AS EMPRESAS Em 2009, o Eurostat procedeu a um estudo que abrangeu 24 actos legislativos de base da UE. Grande parte das entidades questionadas foram empresas e o objectivo era recolher dados sobre os encargos estatísticos para as empresas (não foram incluídos dados relativos aos custos da produção para as autoridades estatísticas). No que respeita às estatísticas conjunturais, 21 países forneceram dados suficientes relativamente a 2006, 2007 e 2008, mas o exercício não produziu resultados totalmente comparáveis devido a problemas metodológicos. Em consequência, só puderam ser publicadas tendências. Em relação às estatísticas conjunturais das empresas, registou-se uma evolução relativamente estável entre 2006 e 2007, seguida de uma ligeira redução dos encargos com as respostas entre 2007 e 2008. Com a publicação do primeiro relatório sobre qualidade em 2003, deu-se início a quantificações específicas dos custos e dos encargos, tendo sido obtidos dados (para certos indicadores) sobre o número de empresas que responderam aos questionários, bem como estimativas dos recursos humanos de que as empresas e as autoridades estatísticas necessitam para produzir estatísticas conjunturais. Para a preparação do segundo relatório sobre qualidade publicado em 2008, uma task force definiu um quadro metodológico para avaliar os custos e os encargos das estatísticas conjunturais, em termos globais e para certos indicadores. O instrumento de medida era coerente com o modelo dos custos líquidos da UE para o cálculo dos encargos administrativos. Para efeitos do presente relatório, foram recolhidos dados entre Setembro e Outubro de 2010 para o ano de referência de 2009. O processo seguiu a metodologia desenvolvida no exercício anterior, mas foi ajustado à luz da experiência passada, tendo destacado o tempo de que as empresas necessitam para compilar os dados e para responder a pedidos estatísticos, bem como o tempo de que as autoridades estatísticas precisam para cumprir os requisitos do regulamento das estatísticas conjunturais. A definição de indicadores quantitativos fiáveis e comparáveis para os custos (para que os sistemas estatísticos possam recolher, processar e divulgar os dados) e os encargos (para que as empresas possam apresentar os dados que lhes são solicitados) coloca difíceis questões de ordem prática e metodológica. O tempo necessário a uma empresa média para preencher um questionário ou fornecer informação sobre uma questão específica só pode ser indicado de forma aproximada. Acresce que o número de empresas que fornecem dados relativos a rubricas estatísticas individuais é difícil de estimar (por exemplo, uma empresa pode estar em diversas amostras para diferentes rubricas, o que pode levar a duplicações). Em conformidade com o princípio da subsidiariedade, as amostras são organizadas de forma diferente nos Estados-Membros, o que dificulta as comparações. Por fim, as estatísticas conjunturais não podem ser totalmente separadas de outras estatísticas e nem sempre existem métodos claros para atribuir os custos e a carga de trabalho às diferentes estatísticas. A maior parte dos elementos recolhidos no âmbito de um inquérito de apuramento de dados conjunturais também serão utilizados para outras estatísticas, designadamente as das contas nacionais. Por outro lado, os dados recolhidos sob a responsabilidade nominal de outros serviços de estatística também podem ser utilizados para as estatísticas conjunturais. Os dados disponíveis relativamente ao conjunto da União Europeia dão conta de uma redução dos custos da produção na ordem dos 6% e dos encargos para as empresas na casa dos 15% (ambas medidas em número de horas por ano) entre 2006 e 2009. Conforme consta do último relatório sobre qualidade, os custos para o sistema estatístico (os institutos nacionais de estatística) e os encargos para as empresas são mais ou menos idênticos, não obstante a passagem ligeira dos custos e dos encargos globais das empresas para as autoridades estatísticas. No quadro 3 apresenta-se um esboço de cálculo dos encargos (decorrentes essencialmente do preenchimento dos questionários para as estatísticas conjunturais relativas aos principais indicadores) para uma empresa média. De notar que para facilitar a comparação, a carga estatística é calculada em minutos por mês, mesmo para os indicadores trimestrais. Uma carga de valor zero indica que os dados não foram recolhidos por meio de um questionário de estatísticas conjunturais, mas provêm de fontes administrativas. Ainda há vários casos em que a carga estatística parece ter sido sobrestimada. Quadro 3: Médias nacionais não ponderadas (UE 27), valores mais altos e valores mais baixos da carga estatística por país (minutos por mês) para uma empresa que responde a um questionário. Produção industrial | Preços da produção industrial | Novas encomendas de produtos industriais | Produção na construção | Volume de negócios do comércio a retalho e reparações | Média | 20 | 17 | 6 | 22 | 11 | Máxima | 73 | 70 | 19 | 87 | 22 | Mínima | 0 | 3 | 0 | 1 | 0 | MELHORIAS NA RECOLHA E NO PROCESSAMENTO DE ESTATÍSTICAS CONJUNTURAIS Há um conjunto de factores que explicam os motivos pelos quais a redução dos custos e os dados aproximativos disponíveis não permitem uma distinção quantitativa das várias influências no montante total. Em vários casos, foram reduzidas as dimensões das amostras ou o envio por via postal ou fax foi substituído pelos inquéritos electrónicos na Internet. Esta situação levou a uma redução dos custos para as autoridades estatísticas. O efeito positivo para as empresas decorre da possibilidade de incluir verificações da plausibilidade no questionário electrónico que resultam numa diminuição dos erros e num número inferior de pedidos de esclarecimento relativamente às classificações. Uma das principais razões que explica a redução dos encargos para as empresas parece radicar na confiança que os serviços de estatística têm nos dados administrativos, em especial no que se refere aos indicadores de emprego (horas trabalhadas, pessoas empregadas, ordenados e salários brutos). Este tipo de informação já está muitas vezes disponível nas repartições de finanças, nos serviços de emprego, na segurança social ou junto das entidades responsáveis no sector da construção, pelo que não tem de ser novamente recolhida para fins estatísticos. Ainda que a utilização das fontes administrativas existentes para fins estatísticos reduza os encargos para as empresas, pode induzir custos superiores para os serviços de estatística porque os dados podem ter de ser ajustados. A utilização de dados administrativos também exige uma coordenação permanente, em especial nos países onde a administração está descentralizada. Por outro lado, a utilização de dados administrativos como contributo para as estatísticas conjunturais é limitada, em especial para os indicadores mensais em que os requisitos de oportunidade são elevados e os prazos curtos. Os dados administrativos são muitas vezes recolhidos com menor frequência do que seria necessário para estatísticas conjunturais e/ou ficam disponíveis tarde demais. Acresce que são necessários ajustamentos quando os dados administrativos não correspondem directamente aos requisitos decorrentes da definição de estatísticas conjunturais e tais ajustamentos podem ter efeitos na qualidade dos dados. As estatísticas conjunturais são continuamente melhoradas pelos institutos nacionais de estatística em cooperação com o Eurostat no âmbito de vários grupos de trabalho. Juntamente com outros domínios estatísticos, as estatísticas conjunturais são abrangidas pelo programa de Modernização das Estatísticas Europeias das Empresas e do Comércio (MEETS). No âmbito deste programa, as estatísticas conjunturais estão incluídas em várias acções relacionadas com uma maior utilização de dados administrativos, a adequação a fontes ainda não utilizáveis, a combinação de dados provenientes de diferentes fontes, o armazenamento de dados, a estimação de dados não disponíveis e a harmonização de definições. Estes processos de identificação, desenvolvimento e partilha de boas práticas já existentes deverão contribuir para tornar mais eficaz a recolha e o processamento de dados. As estatísticas conjunturais utilizam já vários instrumentos para limitar os encargos para as empresas. Para alguns indicadores, foram introduzidos sistemas europeus por amostragem. Os países que participam nestes sistemas só têm de compilar dados para as indústrias ou os produtos relativamente aos quais as respectivas contribuições nacionais para o agregado europeu têm efeitos significativos. Outro importante instrumento para reduzir ou mesmo evitar os encargos para as pequenas empresas consiste em aplicar limiares quando são recolhidos os dados. Nos casos em que as pequenas empresas não podem ser totalmente dispensadas da recolha de dados, aplicam-se frequências de amostragem mais baixas, ou seja, será menos provável que uma pequena empresa venha a ser incluída numa amostra. Outra técnica de amostragem habitualmente utilizada por muitos institutos de estatística consiste na rotação de amostras, de forma que uma parte das empresas é substituída todos os anos. Importa também salientar que as dimensões das amostras exigidas para as estatísticas conjunturais europeias são muitas vezes inferiores às que são habitualmente utilizadas, já que os serviços nacionais de estatística podem ter de reproduzir os indicadores com uma repartição regional ou local. Anexo: Os 43 Indicadores conjunturais (PIEE em negrito), Q – indicador trimestral, M – indicador mensal Indústria | Construção | Comércio a retalho e reparação | Outros serviços | Produção | Produção industrial (M) | Produção na construção (M/Q) Construção de edifícios Engenharia civil | - | - | Volume de negócios | Volume de negócios na indústria (M) Volume de negócios na produção industrial interna Não-interna (zona euro e extra zona euro) | - | Volume de negócios do comércio a retalho e reparações (M) | Volume de negócios nos outros serviços (Q) | Custos | - | Custos da construção (Q) Custos dos materiais Custos de mão-de-obra | - | - | Novas encomendas/ licenças de construção | Novas encomendas recebidas (M) Novas encomendas provenientes do mercado nacional Novas encomendas provenientes do mercado não-nacional (zona euro e extra zona euro) | Licenças de construção (Q) número de fogos m2 de superfície útil | - | - | Número de pessoas empregadas | Número de pessoas empregadas na indústria (Q) | Número de pessoas empregadas na construção (Q) | Número de pessoas empregadas nos sectores do comércio a retalho e reparações (Q) (ainda não disponível) | Número de pessoas empregadas nos outros serviços (Q) (ainda não disponível) | Horas trabalhadas | Horas trabalhadas na indústria (Q) | Horas trabalhadas na construção (Q) | Horas trabalhadas nos sectores do comércio a retalho e reparações (Q) (ainda não disponível) | Horas trabalhadas nos outros serviços (Q) (ainda não disponível) | Ordenados e salários brutos | Ordenados e salários brutos na indústria (Q) | Ordenados e salários brutos na construção (Q) | Ordenados e salários brutos nos sectores do comércio a retalho e reparações (Q) | Ordenados e salários brutos nos outros serviços (Q) | Preços de produção | Preços na produção industrial (M) Preços na produção interna Preços na produção não interna (zona euro e extra zona euro) | Deflacionador das vendas (M) | Preços na produção nos outros serviços (Q) | Preços de importação | Preços na importação industrial (M) (zona euro e extra zona euro) | - | - | - | [1] COM (2008) 340 final de 9.6.2008. [2] COM (2003) 36 final de 29.1.2003. [3] Requisitos estatísticos do Banco Central Europeu na área das estatísticas económicas gerais, Banco Central Europeu, Agosto de 2000. [4] A lista inicial dos 19 PIEE foi elaborada em 2002 (Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho sobre as estatísticas da zona euro, 27.11.2002, COM (2002) 661 final). Em 2008, foram acrescentados três indicadores relativos ao mercado imobiliário, incluindo as licenças de construção (Comité Económico e Financeiro, Relatório referente aos requisitos de informação no quadro da UEM, 4 de Novembro de 2008). [5] Regulamento (CE) n.º 1158/2005 do Parlamento Europeu e do Conselho de 6 de Julho de 2005 que altera o Regulamento (CE) n.º 1165/98 do Conselho relativo a estatísticas conjunturais (JO L 191, 22.7.2005, p.1). [6] http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/release_calendars/news_releases. De notar que o calendário abrange um importante número de indicadores principais europeus, não apenas no domínio das estatísticas conjunturais. [7] http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/short_term_business_statistics/introduction [8] http://circa.europa.eu/Public/irc/dsis/ebt/library?l=/methodology/sts_sources&vm=detailed&sb=Title [9] http://circa.europa.eu/Public/irc/dsis/ebt/library?l=/methodology&vm=detailed&sb=Title