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Ficha de síntese
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Avaliação de impacto relativa à revisão das normas de desempenho em matéria de emissões de CO2 dos veículos pesados novos
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A. Necessidade de agir
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Qual é o problema e por que motivo tem dimensão europeia?
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Foram identificados três problemas fundamentais ao nível da UE: 1) os veículos pesados têm uma contribuição insuficiente para a ambição reforçada em matéria de redução das emissões de gases com efeito de estufa e da dependência energética da UE; 2) os operadores de transportes e os consumidores não beneficiam das oportunidades de economia de energia e das reduções de custos conexas; 3) a cadeia de valor do setor dos veículos pesados da UE arrisca-se a perder o seu papel de liderança na tecnologia e na inovação.
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Quais são os resultados esperados?
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A iniciativa visa a prossecução dos seguintes objetivos específicos: 1) contribuir para a meta de redução de, pelo menos, 55 % das emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2030 e para o objetivo de neutralidade climática até 2050, por via da redução das emissões de CO2 dos veículos pesados com uma boa relação custo-eficácia; 2) proporcionar aos operadores e utilizadores de transportes os benefícios decorrentes de uma maior disponibilidade de veículos mais eficientes em termos energéticos; 3) reforçar a liderança que a cadeia de valor do setor automóvel da UE desempenha ao nível tecnológico e da inovação e criar estímulos ao emprego.
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Qual é o valor acrescentado da ação a nível da UE (subsidiariedade)?
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As alterações climáticas são um problema transnacional. Na ausência de ação a nível da UE, as medidas a nível nacional e local seriam provavelmente insuficientes e poderiam fragmentar o mercado interno. A ação da UE daria à cadeia de valor do setor automóvel o sinal de estabilidade do mercado a longo prazo e a segurança jurídica necessários para os grandes investimentos de capital que a disponibilização de veículos com nível nulo de emissões exige.
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B. Soluções
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Quais são as várias opções para cumprir os objetivos? É dada preferência a alguma delas? Em caso negativo, por que razão?
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Foram estudadas várias opções políticas, agrupadas em três categorias principais: i) alargamento do âmbito de aplicação; ii) definição de níveis e calendário das metas de emissões de CO2 para os veículos pesados novos; iii) mecanismos regulamentares específicos, como regimes de incentivo aos veículos com nível nulo ou baixo de emissões (ZLEV); iv) mecanismo para ter em conta o potencial contributo dos combustíveis renováveis e hipocarbónicos para efeitos de avaliação do cumprimento das metas; v) questões de governação.
No âmbito da opção preferida, incluem-se no âmbito de aplicação do regulamento vários veículos pesados que atualmente não são por ele abrangidos. Os níveis das metas de emissões de CO2 são reduzidos a intervalos de cinco anos, passando a ser significativamente mais estritos a partir de 2030. São estabelecidas normas de eficiência energética com a melhor relação custo-eficácia para os reboques. Os pequenos fabricantes estão isentos do cumprimento das metas fixadas. As eventuais receitas decorrentes de taxas sobre emissões excedentárias continuam a fazer parte do orçamento geral da UE.
O mecanismo específico vigente de incentivo aos ZLEV é suprimido a partir de 2030. É estabelecido o objetivo de 100 % de autocarros urbanos com nível nulo de emissões, a cumprir o mais tardar em 2030. Não é introduzido qualquer mecanismo que tenha em conta o potencial contributo dos combustíveis renováveis e hipocarbónicos. No que diz respeito à governação, prevê-se alguma flexibilidade para assegurar uma execução com boa relação custo‑eficácia da legislação, salvaguardando a integridade ambiental da mesma.
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Quais são as perspetivas dos vários intervenientes? Quem apoia cada uma das opções?
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Os resultados da consulta pública aberta e as reações ao convite à apreciação indicam que as partes interessadas apoiam, de um modo geral, o alargamento do âmbito de aplicação e, em paralelo, a isenção aplicável aos pequenos fabricantes de veículos. O alargamento do âmbito de aplicação aos reboques colheu apoio geral, com exceção de alguns operadores de transportes.
As ONG ambientais e os fabricantes de veículos com nível nulo de emissões apoiaram a meta mais ambiciosa de estabelecer uma redução de 100 % a alcançar até 2035 e a adoção de objetivos intermédios entre 2025 e 2030, combinados com um reforço da meta para 2030. Os grandes fabricantes de veículos, os operadores de transportes, os fornecedores de componentes e os fornecedores de combustíveis apoiaram metas menos ambiciosas, apresentando pontos de vista divergentes – de um modo geral, níveis de ambição baixos a médios. Os grandes fabricantes e os fornecedores de combustíveis, em particular, não apoiaram a fixação de uma meta de redução de 100 % a alcançar até determinada data. Os grandes fabricantes de veículos, os fornecedores de componentes e os operadores de transportes apoiaram a atual configuração a intervalos de cinco anos, enquanto as ONG e os fabricantes de veículos com nível nulo de emissões apelaram a que as metas se fossem tornando mais estritas a intervalos mais curtos.
Os fabricantes e os operadores de transportes apoiaram a manutenção do mecanismo de incentivo aos veículos com nível nulo ou baixo de emissões após 2030, ao passo que as ONG apoiaram a supressão deste incentivo após 2030 e a limitação do mesmo até 2030 apenas a categorias específicas de veículos. Os fornecedores de eletricidade e de hidrogénio apoiam um regime que beneficie apenas os veículos com nível nulo de emissões. A fixação de uma percentagem obrigatória de veículos com nível nulo de emissões para os autocarros urbanos foi apoiada pelas ONG e pelos fabricantes de veículos com nível nulo de emissões, bem como por alguns dos maiores fabricantes. Os restantes grandes fabricantes e os fornecedores de combustíveis opuseram-se a qualquer fixação de uma percentagem obrigatória de veículos com nível nulo de emissões.
Os fornecedores de combustíveis apoiaram a introdução nas normas de um mecanismo de contabilização dos combustíveis, ao passo que as ONG se opuseram e os grandes fabricantes manifestaram opiniões divergentes.
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C. Impactos da opção preferida
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Quais são os benefícios da opção preferida (se existir; caso contrário, das principais opções)?
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A redução cumulativa das emissões (medidas no tubo de escape) projetada para o período de 2031 a 2050 é de 35 % a 48 % no caso dos veículos pesados a motor, em comparação com a base de referência, e de 1,4 % adicionais no caso dos reboques, em comparação com o cenário médio, a partir de 2031. As normas aplicáveis aos veículos pesados contribuem para reduzir os poluentes atmosféricos em 7 % a 17 % em 2035, 15 % a 38 % em 2040 e 66 % a 80 % em 2050, em comparação com a base de referência.
Os benefícios, em termos de poupança líquida média no custo total de propriedade do primeiro utilizador, são de 6 000 EUR a 9 800 EUR, 17 400 EUR a 25 800 EUR e 29 100 EUR a 47 000 EUR por veículo, respetivamente em 2030, 2035 e 2040. A poupança líquida do segundo e terceiro utilizadores mostra tendências semelhantes, com benefícios menores. Os benefícios societais ao longo da vida útil dos veículos são estimados em 2 400 EUR a 6 300 EUR, 18 300 EUR a 31 900 EUR e 33 700 EUR a 59 800 EUR por veículo, respetivamente em 2030, 2035 e 2040. Os valores da poupança líquida dos primeiros utilizadores de reboques novos matriculados em 2030 mostram uma poupança de 9 000 EUR a 29 000 EUR por reboque, consoante o tipo, ao passo que a poupança líquida ao longo da vida útil destes veículos, numa perspetiva societal, ascende a 11 500 EUR a 42 500 EUR por veículo.
No período de 2031 a 2050, o consumo de energia final dos veículos pesados a motor diminui entre 11 % e 19 %, em comparação com a base de referência. Consegue-se uma economia de combustíveis fósseis (sobretudo gasóleo) no intervalo 215-281 Mtep, em comparação com a base de referência, reduzindo-se a dependência da economia da UE em relação às importações em cerca de 150 a 200 mil milhões de EUR. A definição de normas de eficiência energética para os reboques permite economizar 23 Mtep adicionais de combustíveis fósseis ao longo do período de 2031 a 2050, o que equivale a 16 mil milhões de EUR.
O emprego líquido aumenta em 2030, e ainda mais em 2040 e 2050, prevendo-se que o PIB cresça entre 0,06 % e 0,11 % até 2040.
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Quais são os custos da opção preferida (se existir; caso contrário, das principais opções)?
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Os custos para os fabricantes de veículos pesados aumentam, dada a necessidade de utilizar novas tecnologias nos veículos novos para cumprir as metas mais estritas em termos de emissões de CO2: 3 400 EUR a 9 700 EUR, 5 300 EUR a 11 800 EUR e 6 500 EUR a 13 100 EUR por veículo, respetivamente em 2030, 2035 e 2040. Os investimentos adicionais a efetuar pelos fabricantes entre 2031 e 2050 seriam de cerca de 4 900 a 8 700 milhões de EUR por ano.
Os custos adicionais por reboque ou semirreboque médio são de 2 500 EUR a 5 250 EUR por veículo, em comparação com a base de referência de 2020.
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Quais são os impactos para as PME e a competitividade?
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As pequenas e médias empresas não têm restrições em termos de comportabilidade dos preços em nenhum dos três cenários. Os custos totais com a propriedade para estas empresas também mostram uma redução. Os veículos com nível nulo de emissões em segunda mão são sempre comportáveis.
O desenvolvimento e o fornecimento de veículos com nível nulo de emissões (quotas de veículos com nível nulo de emissões, em percentagem: 20 %-35 % até 2030, 35 %-57 % até 2035 e 57 %-100 % até 2040), têm impacto positivo na inovação e na liderança tecnológica e competitividade do setor.
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Haverá impactos significativos nos orçamentos e administrações públicas nacionais?
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Embora o impacto global no PIB seja positivo, estima-se uma perda de receitas relacionadas com o imposto sobre os combustíveis em 2030 equivalente a, aproximadamente, 0,004 % do PIB da UE-27. Esta perda pode ser compensada a nível dos Estados-Membros, por exemplo mediante tributação indireta. Não há impactos administrativos significativos nas administrações nacionais, uma vez que as medidas necessárias já estão em vigor.
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Haverá outros impactos significativos?
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Proporcionar um sinal regulamentar claro e previsibilidade ao setor para que este desenvolva veículos pesados eficientes em termos de consumo de combustível e neles invista incentivará a inovação tecnológica do setor na UE.
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Proporcionalidade
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A ação proposta é proporcionada para alcançar as metas climáticas com que a UE se comprometeu.
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D. Acompanhamento
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Quando será reexaminada a política?
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Será prevista uma avaliação da eficácia da nova legislação, a par da revisão de outros atos legislativos que contribuem para a ambição climática reforçada.
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