RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Relatório sobre os progressos alcançados na garantia da qualidade do ensino superior /* COM/2014/029 final */
ÍNDICE 1........... Introdução.................................................................................................................... 3 2........... TENDÊNCIAS EM MATÉRIA DE GARANTIA
DA QUALIDADE DESDE 2009 4 2.1........ De que forma a garantia da qualidade
tem ajudado a comunidade académica, os estudantes e outras partes interessadas
a realizar os objetivos de qualidade?........................................................ 4 2.2........ De que forma a garantia de qualidade
tem ajudado as instituições a alargar o acesso e a garantir que os estudantes
concluem a sua formação?.......................................................................... 6 2.3........ De que forma a garantia de qualidade
tem ajudado as instituições de ensino superior a proporcionar aos estudantes
competências relevantes e de elevada qualidade?...................................... 7 2.4........ A garantia de qualidade tem apoiado
a mobilidade e a internacionalização dos estudos? 8 3........... CONCLUSÕES — APOIO DA UE PARA
MELHORAR A QUALIDADE DO ENSINO SUPERIOR.................................................................................................................................... 10 RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO
EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS
REGIÕES Relatório sobre os progressos alcançados na
garantia da qualidade do ensino superior (Texto relevante para efeitos do EEE) 1. Introdução O ensino superior europeu enfrenta desafios
significativos. A Comissão Europeia, numa série de documentos estratégicos
recentes, sublinhou estes desafios – expandindo visivelmente a população
estudantil, elevando a qualidade e ajustando o ensino e a aprendizagem de forma
mais adequada às necessidades mais alargadas a nível societal e do mercado do
trabalho[1]; adaptando-se à globalização e ao enorme aumento do número de
estudantes e instituições do ensino superior em todo o mundo, que desafiam a
posição da Europa como líder mundial do ensino[2], e
melhorando e alargando a oferta do ensino superior aproveitando novas
tecnologias, como os MOOC e a aprendizagem virtual ou mista[3]. O inquérito do PIAAC sobre as competências dos adultos[4] salientou diferenças nos níveis de competências dos diplomados nos
diferentes países. Perante estes desafios, é indispensável, para a manutenção e
a melhoria da qualidade do ensino superior, o desenvolvimento de instituições
de ensino superior (IES) modernizadas que dotem os estudantes de competências
de alto nível e impulsionem o desenvolvimento económico e social, contribuindo
para a realização dos objetivos da estratégia Europa 2020 de melhores
empregos e um maior crescimento. As IES assumem a responsabilidade final pela
qualidade dos serviços que oferecem (fixando, acompanhando e renovando os seus
objetivos de qualidade através de uma garantia de qualidade «interna»). São
apoiadas por agências externas (agências de garantia da qualidade – AGQ) que
avaliam as normas de qualidade e as instituições, acreditam programas e aferem
o desempenho em relação ao de outras IES (garantia de qualidade «externa»). No
entanto, as autoridades públicas têm a obrigação de assegurar que a qualidade
das instituições e do seu sistema de ensino superior é, no seu todo, adequada
para o fim em vista. Um quadro de instrumentos e cooperação nacionais e
europeus reforça a confiança entre os sistemas. É, por conseguinte, essencial
que existam mecanismos de garantia da qualidade para ajudar as instituições e
os decisores políticos a garantirem o êxito das suas reformas. O presente relatório segue-se ao primeiro,
publicado em 2009[5], em resposta ao convite do Parlamento Europeu e do Conselho, em 2006,
para a apresentação de um relatório sobre os progressos alcançados em matéria
de garantia de qualidade (GQ)[6]. A partir das conclusões do relatório de 2009 – que identificou a
necessidade de tornar a GQ mais eficaz e transparente para os utilizadores, de
a ligar abertamente a prioridades mais abrangentes do ensino superior e de
desenvolver uma cooperação transfronteiriça para melhorar a qualidade – e com
base num amplo conjunto de fontes, este relatório sublinha que a garantia de
qualidade pode apoiar de forma mais ativa as reformas dos sistemas e das
instituições e propõe ações da UE destinadas a apoiar as instituições e os
Estados-Membros. A garantia da qualidade (GQ) é frequentemente
considerada como algo centrado no processo e não no conteúdo. No entanto, tem ainda
um potencial inexplorado para ajudar as instituições a atingir os seus
objetivos. Uma GQ adaptada à visão e às prioridades de cada IES irá incentivar
uma maior diversidade e especialização das IES e promover um maior empenhamento
e responsabilidade perante as partes interessadas, apresentando,
sistematicamente, resultados para um processo de tomada de decisões
estratégico, com ênfase numa melhoria contínua. E a mudança está em curso. A
competência de algumas AGQ está a ser alargada à avaliação de objetivos mais
amplos do ensino superior, como a amplificação do acesso, a aprendizagem ao
longo da vida, a internacionalização, etc.[7] Em
alguns casos, a formação a nível de doutoramento[8] e
as estratégias de recursos humanos[9]
também são sujeitas a avaliações da qualidade. Está em curso uma mudança na GQ
externa, da ênfase tradicional na acreditação dos programas individuais
oferecidos por uma instituição para a avaliação da instituição no seu todo. Na
sua grande maioria (69 %), os sistemas de GQ centram-se agora numa
combinação de avaliação institucional e acreditação de programas, e uma minoria
crescente tem favorecido uma avaliação exclusivamente institucional[10]. Trata-se de uma evolução promissora para a futura orientação da GQ: a
avaliação institucional incita os académicos e as IES a criarem programas de
estudos e a garantirem a sua qualidade, evitando a necessidade de acreditação
formal externa de cada programa e permitindo-lhes adaptar rapidamente a sua
oferta à evolução das necessidades do mercado de trabalho e às alterações na
composição da população estudantil. 2. TENDÊNCIAS
EM MATÉRIA DE GARANTIA DA QUALIDADE DESDE 2009 2.1. De
que forma a garantia da qualidade tem ajudado a comunidade académica, os
estudantes e outras partes interessadas a realizar os objetivos de qualidade? A grande maioria das IES criou estruturas e
processos explícitos de GQ (num inquérito de 2010, apenas 5 % não possuíam
nenhuma declaração de política da qualidade)[11].
Mais de 75 % das IES têm uma estratégia pública de melhoria contínua da
qualidade, e na CZ, DK, ES, IT, FI, LU e NL, a percentagem alcança os
100 %[12]. Contudo, as instituições debatem-se com a forma como poderão
afastar-se das questões processuais para estabelecer uma verdadeira cultura de
melhoria contínua da qualidade[13]. Conceber uma GQ, garantindo um processo de feedback contínuo sobre
a orientação estratégica da instituição, com uma clara responsabilização a
todos os níveis, continua a ser um desafio[14].
O envolvimento dos estudantes na melhoria da
qualidade está a aumentar, de acordo com o inquérito QUEST: 85 % podem participar
nas avaliações e muitos deles consideram a sua participação terá um impacto na
qualidade do ensino[15]. Os estudantes «participaram ativamente» na GQ ou foram «parceiros
iguais» neste processo em 17 países em 2012, contra 9 países 2009. Contudo, a
sua participação varia, não só entre sistemas nacionais, mas dentro dos mesmos;
em muitas IES, limita-se a uma presença formal e como observadores[16]. Em muitos países existe um requisito formal
que obriga os empregadores a participarem na garantia de qualidade externa
(BE-fr, BG, CZ, DE, DK, EE, EL, FR, IT, LT, LV, PT e UK-Sc).[17] No entanto, o seu envolvimento ativo na melhoria da qualidade através
da participação em auditorias institucionais, por exemplo, não é geral: os
empregadores participam em equipas de avaliação externa apenas nos seguintes
países: BE-fr, DE, EL, FI, LV (para programas profissionais), LT e UK
(consoante as instituições)[18]. As partes interessadas externas aceitam também
mais facilmente participar no intercâmbio de informações do que tornarem-se parceiras
ativas na GQ interna da própria instituição. A publicação dos resultados da GQ estimula a
melhoria da qualidade e ajuda a criar um clima de confiança e transparência,
mas a tendência para publicar apenas as avaliações positivas (BE-nl, CY, CZ,
ES, FR, HR, LT, MT, PL e UK) não é benéfica. Apenas em 12 casos (BE-de, BE-fr,
DK, EE, FI, HR, IE, IT, LU, LV, PT e SK) mais de um quarto das instituições
também publica os seus relatórios críticos.[19]
Frequentemente, as informações não são fáceis de compreender ou não estão
facilmente acessíveis, o que limita o seu valor.[20] A nível europeu, as Normas e Diretrizes
Europeias (NDE), desenvolvidas em 2005, contribuíram para a convergência da GQ
entre os países, proporcionando um enquadramento para a cooperação entre AGQ.
No entanto, o seu atual caráter genérico significa que são compreendidas de
forma desigual e aplicadas heterogeneamente. A nível institucional, a sua
penetração e impacto continuam limitados. Apenas 12 % dos inquiridos num estudo
da EURASHE consideraram as NDE úteis para os académicos; apenas 10 %
consideraram-nas úteis para os estudantes, alumni ou empregadores[21]. Muitas IES consideram que, embora existam enquadramentos genéricos,
não existem conselhos práticos suficientes sobre a forma de desenvolver uma
forte cultura de qualidade[22]. A maior parte dos estudantes não conhece as NDE (59,7 %
declararam não ter nenhum conhecimento e 23,9 % um conhecimento muito
limitado)[23]. As NDE estão a ser revistas, tal como solicitado pela Conferência
Ministerial de Bucareste em 2012, a fim de melhorar a sua clareza,
aplicabilidade, utilidade e âmbito de aplicação[24].
A avaliação é uma oportunidade para reforçar a resposta institucional a
desafios como o alargamento da participação, a redução do abandono escolar, a
melhoria da empregabilidade, etc., e para garantir que a GQ incentiva o
desenvolvimento de uma sólida cultura da qualidade e um verdadeiro empenhamento
da comunidade académica. 2.2. De
que forma a garantia de qualidade tem ajudado as instituições a alargar o
acesso e a garantir que os estudantes concluem a sua formação? Para alcançar os objetivos da estratégia
Europa 2020 e os objetivos nacionais de aumentar o número de licenciados
e, dessa forma, colmatar o défice de competências, a Europa precisa de atrair
uma faixa social mais alargada para o ensino superior. A GQ deve ajudar as instituições
a avaliarem e a reforçarem a qualidade e o impacto das suas políticas de admissão
de estudantes e a analisarem a forma como essas políticas influenciam o
alargamento do acesso ao ensino. No entanto, a investigação inicial revela poucos
indícios de que as agências de GQ estejam a apoiar as instituições no
alargamento do acesso ao ensino através de abordagens de admissão mais
inovadoras, nomeadamente reconhecendo as aprendizagens anteriores, autorizando
os estudantes a transferir créditos de programas de que tenham desistido ou
desenvolvendo vias de acesso a partir do ensino e formação profissionais (EFP)
ou de outros subsetores do ensino[25]. A qualidade das estratégias das IES para
evitar o abandono prematuro dos estudos[26] e
favorecer a sua prossecução, com indicadores ou metas para aferir os progressos
alcançados, influencia as probabilidades de uma conclusão bem-sucedida pelos estudantes.
Envolver os estudantes na conceção dos cursos e no desenvolvimento dos
programas curriculares pode conduzir a melhores resultados para os estudantes.
No entanto, apenas 50 % das IES o fazem, e só 40 % utilizam inquéritos
aos estudantes para aferir o volume de trabalho[27].
Os sistemas que registam os progressos dos estudantes — como na BE-nl, DK, DE,
IE e UK — podem identificar os elementos de risco e orientar a sua intervenção para
melhorar o sucesso escolar. Acompanhar a conclusão dos estudos, como sucede em metade
dos sistemas de GQ da UE (BE-de, BE-fr, BE-nl, EE, EL, FI, IT, LT, HU, PT, SI,
IS, LI e NO), ou associar as taxas de conclusão ao financiamento, como acontece
numa minoria de países (AT, BE-nl, CZ, DK, I, DE, IT, NL, SE e UK-Sc)[28], incentiva as IES a acompanharem e melhorarem os resultados alcançados
na prevenção do abandono dos estudos. Atualmente, apenas 40 % das IES avaliam
regularmente os seus serviços de apoio aos estudantes[29].
Embora quase todos ofereçam apoio educativo, como tutores, mentores, orientação
e aconselhamento, apenas pouco mais de metade avalia o seu desempenho. A mesma
tendência pode ser observada no que diz respeito ao apoio a nível das bibliotecas,
informático ou laboratorial. 2.3. De
que forma a garantia de qualidade tem ajudado as instituições de ensino
superior a proporcionar aos estudantes competências relevantes e de elevada
qualidade? A transição para uma aprendizagem centrada nos
estudantes é uma das reformas recentes mais difíceis. Embora a maior parte das
IES defina os seus programas de estudo com base nos resultados de aprendizagem
esperados dos estudantes, mantém-se o desafio de integrar esses resultados no
ensino, na aprendizagem e na avaliação. A GQ pode incentivar as IES a apoiar os
académicos nesta tarefa (por exemplo, a formação obrigatória para académicos sobre
a utilização dos resultados da aprendizagem na AT, BE-fr, CZ, IE, LV, RO e UK)[30]. Aplicar a GQ ao elaborar os programas pode ajudar a conceber e
avaliar os cursos tendo em vista resultados claros e pertinentes, e a conceder
créditos de uma forma coerente. No entanto, de um modo geral, tal não é feito
na acreditação externa de programas[31].
Ao garantir a correta aplicação de outros instrumentos de transparência baseados
nos resultados da aprendizagem — quadros de qualificações, o Sistema Europeu de
Transferência e Acumulação de Créditos (ECTS), o Suplemento ao Diploma —, a GQ
pode contribuir para a utilização dos resultados de aprendizagem enquanto
elementos fundamentais do ensino superior — e, assim, contribuir para um maior
reconhecimento das qualificações académicas de outros países[32]. A maioria das IES utiliza a GQ para avaliar e
desenvolver competências e qualificações pedagógicas, embora as atividades de
investigação ainda tendam a superar a vertente do ensino na promoção académica,
e apenas um quarto das IES ofereça formação obrigatória aos seus docentes[33]. A GQ pode apoiar o desenvolvimento de estratégias nacionais e
institucionais que promovam a formação do pessoal, reconheçam as competências
pedagógicas para a evolução na carreira, promovam prémios ou bolsas de ensino,
recorram à opinião dos estudantes e incentivem a experiência internacional[34]. Novos métodos de ensino, tais como a
aprendizagem mista ou os cursos massivos abertos em linha (MOOC), têm potencial
para mudar a forma de ensinar. Os quadros de GQ e as instituições necessitam de
flexibilidade para apoiar as instituições na adoção de modos diferentes e inovadores
de ensino, adaptando os seus conceitos de qualidade e desenvolvendo novos
indicadores que permitam estas alterações. A avaliação institucional deveria
ajudar as instituições a planear e afetar recursos para o desenvolvimento de
novos modos de ensino, para o reforço da sua atratividade, o desenvolvimento de
serviços de nicho ou o contacto com os estudantes fora do sistema formal de
ensino. Alguns países — ES, IT e NO — estão atualmente a investigar o potencial
dos organismos de GQ para avaliar os MOOC. Muitas instituições têm dificuldade em
envolver os empregadores, de forma sistemática, na conceção e na realização dos
programas de estudos, por exemplo para assegurar que os estágios conduzem a
resultados de aprendizagem claros. A GQ pode ajudar as instituições a envolver
os empregadores na conceção de cursos de formação em serviço com vista à
obtenção de resultados de aprendizagem e métodos de avaliação relevantes. Em
alguns países (BE-fr, BG, DK, EE, AT, NO e CH), as IES devem demonstrar que
envolvem os empregadores no desenvolvimento dos programas de estudos[35]. Uma cooperação mais sistemática com o ensino e a formação
profissionais, tanto pelas IES como pelas AGQ, pode apoiar este objetivo e
contribuir para o desenvolvimento de percursos de aprendizagem mais flexíveis. Para ajudar a garantir que os licenciados têm
as competências necessárias para o mercado de trabalho e para reduzir a
inadequação das competências, a GQ pode ser utilizada para demonstrar que os
programas de estudo respondem às necessidades do mercado de trabalho. Na BG,
CZ, IT, AT e SI, as IES podem ser obrigadas a demonstrar que os seus programas
respondem à procura existente[36]. A GQ pode igualmente ajudar as IES a contribuir com conhecimentos
sobre os percursos profissionais dos diplomados para a conceção e execução dos
programas, por exemplo associando o acompanhamento dos diplomados ao financiamento
(CZ, IT, SK e UK) ou à (re)acreditação (AT, BE-nl, BG, DE, DK e NL) [37]. Em vários países (por exemplo, BG, DK, EE, IE, EL, FR, IT, LV, LT e
HU), as instituições de ensino superior apresentam regularmente dados ou
demonstram que controlam ou acompanham a situação profissional dos diplomados.[38] Apesar destas constatações, atualmente, de um
modo geral, poucas IES acompanham ou consultam os seus alumni para
melhorar os programas de ensino ou a empregabilidade dos diplomados[39]. Aqueles que o fazem veem múltiplos benefícios — desenvolvimento de uma
abordagem mais sistemática em matéria de GQ, reforço da responsabilização,
contribuição ativa para uma Europa do conhecimento e uma maior ligação com as
partes interessadas[40]. 2.4. A
garantia de qualidade tem apoiado a mobilidade e a internacionalização dos
estudos? O aumento da cooperação internacional no setor
do ensino superior tem criado uma pressão entre instituições para desenvolverem
uma forte GQ: é importante para o perfil internacional das IES mostrar que
aplicam normas de qualidade, como forma de garantir a confiança necessária às parcerias
internacionais[41]. Os estudantes valorizam um nível de qualidade reconhecido ao fazerem
as suas opções de estudo, evitando desta forma prestadores de má qualidade e
instituições que ofereçam ou certifiquem indevidamente cursos falsos ou de má
qualidade. A aplicação de uma GQ pode igualmente ajudar a reduzir as
preocupações (como referidas nomeadamente no inquérito do PIAAC) com a qualidade
dos diplomas estrangeiros, que podem dificultar o reconhecimento e a mobilidade
dos estudantes. A Associação Europeia para a Garantia da
Qualidade no Ensino Superior (ENQA) e o Registo Europeu de Garantia da
Qualidade (EQAR) promovem a cooperação em matéria de GQ a nível europeu.
Através da participação na ENQA, cerca de dois terços das AGQ no EEES (contra
cerca de metade em 2009)[42] são agências reconhecidas no que se refere ao cumprimento das Normas e
Diretrizes Europeias. No entanto, 10 países da UE (CY, EL, IT, LV, LU, MT, PT,
SE, SI e SK) não dispõem de uma agência que seja membro de pleno direito da
ENQA[43]. O registo EQAR cresceu igualmente em termos de
números (de 19 membros governamentais aquando da sua fundação, em 2008, para 32
em 2013[44]). Este registo apoia uma abordagem pan‑europeia para a garantia
de qualidade externa, segundo a qual as instituições podem optar por ser
avaliadas por qualquer AGQ estrangeira, o que incentiva a dimensão europeia da
GQ e promove a sua qualidade. Até agora, 39 agências do EEES (84 % de
todas as AGQ elegíveis, a saber as que foram avaliadas com base nas NDE)
apresentaram uma candidatura ao EQAR, tendo sido aprovadas 35[45]. Os principais utilizadores do registo estão agora mais confiantes de
que o EQAR está a ajudar a abrir os sistemas nacionais de GQ às agências estrangeiras
(60 % de associações de estudantes nacionais em 2012, em comparação com
41 % em 2009)[46]. No entanto, os ministérios nacionais preferem
trabalhar com as suas próprias agências, do que com agências estrangeiras. Até
agora, apenas dois quintos das AGQ registadas no EQAR operam efetivamente
além-fronteiras e, para estas, as diferenças nacionais na GQ e a ausência de
uma dimensão europeia comum nesta matéria constituem verdadeiros desafios. Seis
países da UE (AT, BE-nl, BG, LT, PL e RO) permitem que as suas IES trabalhem
com agências registadas no estrangeiro para avaliações regulares, auditorias ou
acreditação. Dois outros países (DE e DK) reconhecem as decisões em matéria de
GQ de todas as agências registadas no EQAR relativamente aos programas conjuntos[47]. A GQ e a acreditação externas de programas
comuns constituem um desafio, na medida em que normalmente incluem vários procedimentos
de acreditação nacionais. Os governos comprometeram-se a examinar a legislação
nacional e as práticas em matéria de programas e diplomas conjuntos, com vista
a eliminar os obstáculos à cooperação e à mobilidade. Uma atual iniciativa do
processo de Bolonha que pretende desenvolver uma abordagem europeia para a
acreditação dos diplomas conjuntos poderá ajudar a minimizar a burocracia e
facilitar o aumento destes diplomas. Entretanto, os projetos do ECA[48] representam outro passo no sentido da simplificação e da confiança
mútua. Devido às restrições orçamentais, muitas AGQ concentraram-se
nas suas atividades fundamentais no âmbito dos seus sistemas nacionais[49]. No entanto, uma vez que o ensino superior está cada vez mais
interligado a nível mundial, a GQ deve ser desenvolvida no sentido de garantir a
confiança necessária para que as IES cooperem a nível internacional. Uma evolução
positiva desde 2009 é a tendência para incluir peritos internacionais nos
painéis de GQ. A ENQA e o EQAR podem desempenhar um papel fundamental na
criação de confiança, nomeadamente envolvendo os ministérios e outras partes
interessadas, recolhendo dados sobre atividades das AGQ além-fronteiras e
promovendo normas e abordagens comuns (abrangendo a recolha de dados a nível
nacional, normas comparáveis, documentos estratégicos e relatórios)[50]. A cooperação transfronteiriça em matéria de GQ
é essencial para o ensino superior transfronteiriço (franchising e polos
universitários no estrangeiro). Embora só envolva um pequeno número de
estudantes na Europa, este número tem vindo a aumentar e as medidas de garantia
de qualidade variam significativamente entre países e prestadores de serviços.
Ao acompanhar a qualidade das exportações das suas instituições neste quadro,
as AGQ podem ajudar a garantir um ensino de alta qualidade e, dessa forma, preservar
a reputação dos seus sistemas de ensino superior e a sua capacidade para atrair
novos estudantes. Uma maior ênfase das AGQ na qualidade da
cooperação transfronteiriça, reforçando as agências as suas próprias ligações
internacionais, aumentará a credibilidade, a transparência e a coerência das
suas avaliações. Para facilitar este processo, as AGQ do país de acolhimento
poderiam ser informadas sobre as avaliações de qualidade das instituições
localizadas no seu país, ou poderiam realizar avaliações conjuntas. Acordos
bilaterais prevendo que a agência GQ do país de acolhimento aja em nome da
agência GQ do país de origem, ou permitindo que uma agência registada no EQAR
avalie a instituição transfronteiriça, poderiam ajudar a dissipar as
preocupações relativas à qualidade e têm a vantagem de incentivar a cooperação
transfronteiriça e a aprendizagem mútua. 3. CONCLUSÕES
— APOIO DA UE PARA MELHORAR A QUALIDADE DO ENSINO SUPERIOR O presente relatório apresenta alguns
progressos alcançados desde 2009, mas também revela lacunas na forma como a GQ tem
apoiado as reformas no ensino superior, como o alargamento do acesso a este
ensino, o reforço da empregabilidade e da internacionalização dos estudos ou a
melhoria da formação de doutoramento e das estratégias de recursos humanos.
Para colmatar essas lacunas, é importante que a GQ passe a apoiar a criação de
uma cultura interna da qualidade e deixe de ser um mero procedimento formal. É
necessário integrá-la em todos os domínios de atividade das instituições,
acompanhar a evolução da conceção e da prestação do ensino superior e envolver
toda a instituição no desenvolvimento de uma cultura da qualidade que constitua
a base do ensino e da aprendizagem. Além disso, os cidadãos alternam cada vez mais
entre sistemas diferentes — tanto no seu percurso educativo inicial
tradicional, como ao desejarem mais tarde atualizar e alargar os seus
conhecimentos e qualificações ao longo da vida. Existe um número crescente de oportunidades
de aprendizagem que não se enquadra nas classificações convencionais. Os
estudantes têm cada vez mais — e a justo título — a possibilidade de construir
o seu processo de aprendizagem escolhendo oportunidades oferecidas por diferentes
subsistemas e modalidades de ensino, nomeadamente utilizando os recursos TIC, e
devem poder confiar na sua qualidade. A emergência de quadros de qualificação baseados
numa garantia de qualidade para a aprendizagem ao longo da vida, fortemente
promovidos pelo QEQ, apela a uma reflexão sobre a necessidade de adotar uma
abordagem setorial nesta matéria e a possibilidade de identificar alguns princípios
e orientações básicos válidos para todos os setores e aplicáveis a todas as qualificações.
Para enfrentar estes desafios, seria útil debater a GQ no ensino superior num quadro
global abrangendo todos os instrumentos de transparência e de garantia da
qualidade. A possibilidade de uma coordenação mais estreita entre todos os
instrumentos europeus de transparência e de garantia da qualidade está a ser
explorada pela Comissão, tendo em vista a criação de um espaço europeu de
competências e qualificações. O âmbito de aplicação da garantia de qualidade
deverá ser alargado, de modo a abranger um leque mais alargado de questões
relacionadas com o ensino superior. Nesse contexto, a Comissão tenciona tomar as
seguintes medidas para melhorar a cooperação europeia em matéria de garantia de
qualidade, no que diz respeito à aprendizagem ao longo da vida: ·
Consultar as partes interessadas sobre as
conclusões do presente relatório e sobre a necessidade e a viabilidade de reforçar
a coerência da garantia da qualidade nos diferentes subsetores do ensino, no
âmbito da próxima consulta pública sobre a criação de um espaço europeu de
competências e qualificações, procurando desenvolver novas sinergias e a
convergência dos instrumentos de reconhecimento e de transparência da UE[51]. ·
Salientar a necessidade de uma revisão de fundo das
NDE que coloque a tónica na elevação das normas de qualidade e não nos aspetos processuais,
alargue o seu âmbito de aplicação a fim de incluir as questões suscitadas pelo
presente relatório, e abra a cooperação em matéria de garantia da qualidade com
outros setores da educação e da formação. ·
Continuar a melhorar a articulação dos instrumentos
europeus de transparência que contribuem para a garantia da qualidade, o
reconhecimento e a mobilidade, nomeadamente no âmbito das avaliações 2013 do
Quadro Europeu de Qualificações, do EQAVET e do Europass; do apoio concedido à
rede ENIC-NARIC, aos Pontos Nacionais de Coordenação do QEQ e aos Centros
Europass, e da revisão do Guia do Utilizador ECTS. ·
Colaborar com os Estados-Membros no sentido de
incentivar[52] a participação de um maior número de agências de garantia da qualidade
no registo EQAR e permitir que as agências estrangeiras registadas no EQAR
operem nos seus sistemas de ensino superior. ·
Continuar a promover a cooperação em matéria de GQ
a nível internacional, através de um diálogo estratégico com os principais
parceiros internacionais e com base em parcerias com as IES de todo o mundo. Através da iniciativa Erasmus +, a UE
prestará: ·
Apoio à cooperação transfronteiriça em matéria de GQ,
através de: ·
Parcerias estratégicas e alianças de conhecimento,
permitindo que as IES aprendam umas com as outras no desenvolvimento de
culturas da qualidade e no apoio à participação dos empregadores e de novas
partes interessadas, como os investigadores, trabalhadores, etc.; ·
Prestação de apoio a AGQ e IES para que trabalhem
em conjunto para desenvolver procedimentos internos de garantia da qualidade
com vista a fazer face aos principais desafios e a assegurar um melhor impacto
das NDE revistas a nível institucional. ·
Reforço do diálogo transetorial com o EFP sobre o
tema da GQ; ·
Partilha de boas práticas, com vista a promover a
adoção de procedimentos mais simples para a acreditação dos programas
conjuntos, através de iniciativas apoiadas pela UE. ·
Apoio à reforma do ensino superior, incluindo: ·
Uma iniciativa para promover a reforma do ensino
superior, incluindo o desenvolvimento de uma cultura da qualidade, através de
uma aprendizagem e avaliação interpares e de estudos das partes interessadas ou
ferramentas, manuais, etc., ·
Projetos inovadores que reforcem a capacidade da
garantia da qualidade para promover uma reforma sustentável. A Comissão congratula-se com a ênfase dada por
alguns países à qualidade dos seus sistemas de ensino superior nos projetos de
acordos de parceria que foram apresentados com o quadro de despesas relativo
aos fundos estruturais e de investimento europeus de 2014-2020. É vital que os compromissos
assumidos se traduzam em iniciativas específicas nos programas operacionais que
aplicarão esses acordos e que o reforço das disposições no domínio da garantia
da qualidade constitua um objetivo claro dessas iniciativas. [1] COM(2011) 567 final. [2] COM(2013) 499 final. [3] COM(2013) 654 final. [4] «OECD Skills Outlook 2013: First Results from the
Survey of Adult Skills»:
http://skills.oecd.org/documents/OECD_Skills_Outlook_2013.pdf [5] COM(2009) 487 final. [6] Recomendação 2006/143/CE de 15 de fevereiro de
2006, JO L 64 de 4.3.2006. [7] Rauhvargers, Andrejs (2012), «Report by the EHEA
Working Group on Recognition», p. 23. Disponível em:http://www.ehea.info/Uploads/%281%29/Recognition%20WG%20Report.pdf [8] http://www.eua.be/Libraries/Publications_homepage_list/Salzburg_II_Recommendations.sflb.ashx http://ec.europa.eu/euraxess/pdf/research_policies/Principles_for_Innovative_Doctoral_Training.pdf [9] http://ec.europa.eu/euraxess/index.cfm/rights/strategy4Researcher [10] EACEA (2012), «The European Higher Education Area in
2012: Bologna Process Implementation Report», p. 60. http://www.ehea.info/Uploads/%281%29/Bologna%20Process%20Implementation%20Report.pdf [11] Loukkola, Tia; Zhang, Thérèse (2010), «Examining
Quality Culture: Part 1», EUA. Bruxelas, p. 3:
http://www.eua.be/pubs/Examining_Quality_Culture_Part_1.pdf [12] EACEA, op.cit, p. 68. [13] IBAR (2012), «Identifying Barriers in Promoting the ESG
for Quality Assurance at Institutional Level. Work Package 8», p. 4: http://www.ibar-llp.eu/assets/files/wp8/WP8%20Cross-country%20comparative%20study.pdf [14] Ibid, p.
38. [15] Jungblut,
Jens; Vukasovic, Martina (2013), «Quest for Quality for Students: Survey on
Students' Perspectives», ESU, Bruxelas, p. 68: http://www.esu-online.org/resourcehandler/30010f4b-c7a9-4827-93a5-84aaaaa91709/ [16] Bischof, Lukas; Gajowniczek, Joanna; Maikämper, Moritz
(2013), «Study to Prepare the Report on Progress in the Development of Quality
Assurance Systems in the Various Member States and on Cooperation Activities at
European Level», p. 27. [17] «Modernisation of Higher Education in Europe: access,
retention and employability», estudo da Eurydice, a publicar no primeiro
semestre de 2014. Na BE-de e IS, os empregadores participam na GQ externa sem
quaisquer requisitos formais. [18] Dados da Eurydice para o relatório sobre a aplicação do
processo de Bolonha. [19] EACEA, op.cit, p. 69. [20] Bischof et al., op.cit, p. 39. Vercruysse, Proteasa, 2012. [21] «Mapping
the implementation and application of the ESG (MAP-ESG PROJECT)», ENQA (2011),
Bruxelas, p. 56: http://www.enqa.eu/files/op_17_web.pdf [22] IBAR
(2012), «Work Package 5», p. 12. http://www.ibar-llp.eu/assets/files/wp5/WP5%20Cross-country%20comparative%20study.pdf [23] Jungblut,
Vukasovic, op.cit, p. 67. [24] Conferência Ministerial do EEES (2012), «Comunicado de
Bucareste», p. 2. Revisão realizada pelas organizações participantes
(ENQA; ESU; EUA; EURASHE, Education international; EQAR; Business Europe), para
aprovação pelos ministros em 2015. [25] Eurydice, op. cit. [26] Segundo a OCDE, em 2011 a percentagem média de
estudantes de licenciatura que obtiveram um diploma foi de 68,4 %. [27] Loukkala, Zhang, op.cit, pp. 11 e 30. [28] EACEA, op.cit, p. 112. [29] Sursock,
Andrée; Smidt, Hanne (2010), «Trends 2010: A decade of change in European
Higher Education», EUA, Bruxelas, p. 86: http://www.eua.be/typo3conf/ext/bzb_securelink/pushFile.php?cuid=2756&file=fileadmin/user_upload/files/Publications/Trends_2010.pdf [30] EACEA, op.cit, p. 51. [31] Ibid, p. 51. [32] Cf. Comunicado de Bucareste, p. 4. [33] Loukkala, Zhang, op.cit, p. 34. [34] «Report of
the High Level Group on Modernisation of Higher Education»: http://ec.europa.eu/education/higher-education/modernisation/index.html [35] Eurydice, não publicado. [36] Ibid. [37] Gaebel,
Michael et al (2012), «Tracking Learners’ and Graduates’ Progression Paths
(TRACKIT)», EUA, Bruxelas, pp. 27-28: http://www.eua.be/Libraries/Publications_homepage_list/EUA_Trackit_web.sflb.ashx [38] Eurydice, não publicado. [39] Gaebel et al., op.cit, p. 26. [40] Ibid, p. 44. [41] Sursock, Smidt, op.cit, p. 21. [42] Bischof, op.cit, p. 50. [43] http://www.enqa.eu/agencies.lasso, em 4.11.2013
(apesar de incluir pequenos países que podem não possuir uma AGQ nacional). [44] Membros governamentais da UE: AT, BE-nl, BG, HR, CY, CZ,
DK, EE, ES, FR, DE, IE, PT, LV, LU, MT, NL, PL, PT, RO e SI:
http://www.eqar.eu/association/members.html#c28 [45] http://www.eqar.eu/fileadmin/documents/eqar/information/EQAR_AR12_screen.pdf [46] Bischof, op.cit, p. 56. [47] Tück,
Colin (2013), «EQAR Annual Report 2012», pp 15-17.
http://www.eqar.eu/fileadmin/documents/eqar/information/EQAR_AR12_print.pdf [48] Ibid. Ver também MULTRA em: http://www.ecaconsortium.net/main/documents/mutual-recognition-agreements
[49] Bischof, op. cit, p. 52. [50] Projetos
realizados pela ENQA e EQAR, a apresentar em 2014. [51] COM(2012) 669 final. [52] O Plano Estratégico 2013-2017 (Tück, op.cit, pp. 25-29)
sugere, nomeadamente, que tal seja feito através da revisão das NDE.