RELATÓRIO DA COMISSÃO AO CONSELHO RESUMO GRUPO DOS ARQUIVOS EUROPEUS ARQUIVOS NA EUROPA RESPONDER AOS DESAFIOS DA ERA DIGITAL Segundo relatório intercalar ao Conselho /* COM/2012/0513 final */
RELATÓRIO DA COMISSÃO AO CONSELHO RESUMO
GRUPO DOS ARQUIVOS EUROPEUS
ARQUIVOS NA EUROPA
RESPONDER AOS DESAFIOS DA ERA DIGITAL
Segundo relatório intercalar ao Conselho Contexto Em novembro de
2005, o Conselho de Ministros adotou uma recomendação tendo em vista uma
cooperação reforçada no domínio dos arquivos na Europa[1]. A Recomendação solicitava a
criação de um grupo dos arquivos europeus (GAE), compreendendo peritos
designados pelos Estados-Membros e pelas instituições da UE, a fim de assegurar
a cooperação e a coordenação sobre questões de ordem geral relacionadas com os
arquivos. Além disso, o Conselho recomendava a adoção de uma série de medidas
prioritárias a serem objeto de acompanhamento por parte do GAE. Em 2008, o GAE
apresentou ao Conselho um relatório intercalar sobre a aplicação da
Recomendação de 2005[2].
Nesse relatório, o GAE referia que a preservação digital de registos tem vindo
a alterar as relações entre os serviços de arquivo e os criadores de registos,
bem como o papel desempenhado pelos arquivos e pelos arquivistas na
administração pública e na sociedade. O relatório concluiu que os serviços de
arquivo deverão examinar o seu papel de forma mais aprofundada e avaliar o
significado dos conceitos, procedimentos e processos arquivísticos existentes. Decorridos quatro
anos após o seu primeiro relatório intercalar, o GAE apresenta o presente
relatório de acompanhamento, o qual foi adotado pelo grupo dos arquivos
europeus na sua reunião realizada em Copenhaga em 30 de maio de 2012. Cooperação no
domínio dos arquivos na Europa O grupo dos
arquivos europeus, criado no início de 2006, tem continuado a promover e a
coordenar a cooperação entre os arquivos a nível europeu, nomeadamente sempre
que tais esforços possam traduzir-se num valor acrescentado efetivo. O GAE
reúne-se duas vezes por ano. Desde o segundo semestre de 2009, as reuniões são
organizadas em conjunto com as reuniões do Conselho Europeu dos Arquivistas
Nacionais (CEAN), sob a égide da Presidência da UE. O GAE tem vindo a
fornecer orientações gerais e conselhos sobre a execução das ações prioritárias
prevista na Recomendação, nomeadamente no que respeita ao seguinte: Preservação e prevenção de danos Cooperação interdisciplinar a nível europeu em
matéria de documentos e arquivos eletrónicos Criação e
manutenção de um portal na Internet consagrado aos arquivos na Europa Além disso, o GAE
examinou os desafios enfrentados pelos arquivos na era digital e identificados
no relatório de 2008. As suas conclusões e recomendações são apresentadas no
relatório em anexo e a seguir resumidas. Os arquivos na era digital A utilização generalizada das TIC tem vindo a
alterar o papel que os arquivos desempenham na sociedade. O grupo dos arquivos
europeus examinou os desafios que estas alterações suscitam para os arquivos,
nomeadamente nos domínios a seguir referidos. ·
Papel dos arquivos em mutação Os arquivos
nacionais estão a analisar ativamente as suas responsabilidades atuais e
futuras no mundo digital e envidarão esforços no sentido de conciliar o seu mandato
e as suas responsabilidades com outros interesses. Para o efeito, procurarão
cooperar mais estreitamente com outras redes e organismos de gestão da
informação, nomeadamente as entidades da administração pública em linha. ·
Acesso aos arquivos in situ ou em linha O acesso aos
arquivos em toda a Europa tem vindo a evoluir à medida que as tecnologias da
Internet se generalizam e os arquivos disponibilizam um volume cada vez maior
de material em linha. A questão consiste em saber qual a prioridade que os
arquivos nacionais devem atribuir aos diferentes tipos de acesso. Os arquivos
devem identificar as necessidades dos respetivos utilizadores, a fim de definir
o equilíbrio a estabelecer entre o acesso in situ e os serviços em linha
e decidir quais os serviços a desenvolver. ·
Arquivos e Diretiva relativa à reutilização de
informações do setor público[3] Promover a
utilização pelo público das informações contidas nos arquivos faz parte das
funções das instituições arquivísticas nacionais. Todavia, a reutilização dos
arquivos[4]
pelo setor privado levanta diversas questões, como a autenticidade dos
documentos, os direitos de propriedade intelectual, a proteção dos dados, a
política de tarifação e o equilíbrio entre os serviços públicos e privados. ·
Digitalização A digitalização e
a publicação em linha permitem aos arquivos disponibilizar um maior volume de
documentação, tanto ao mundo académico como ao público em geral. Facilitam
igualmente a reutilização das informações provenientes dos arquivos. No
entanto, a disponibilização de informações em linha é uma atividade onerosa e a
capacidade dos arquivos nacionais para digitalizar as suas coleções pode
depender, em parte, das possibilidades de financiamento. ·
Custo e financiamento Para facultar o acesso em linha ao património
arquivístico da Europa, revela-se crucial encontrar formas adequadas de
financiar a digitalização. As instituições arquivísticas consideram, portanto,
que é importante desenvolver uma agenda europeia comum em matéria de
financiamento, para além de um programa europeu de digitalização. Conclusões O papel dos
arquivos tem vindo a evoluir devido à sua participação na sociedade da
informação moderna e na cadeia de informação digital. Trata-se de uma questão
não só técnica, como também estreitamente ligada à participação dos arquivos na
administração pública eletrónica. Simultaneamente, os arquivos conservam muitas
das suas responsabilidades tradicionais enquanto depositários, fornecedores de
informação e garantes da sua autenticidade. O recurso aos
arquivos enquanto fontes autênticas e fidedignas destina-se a assegurar a
responsabilização a posteriori das administrações. Para cumprirem as
suas obrigações, os arquivos nacionais devem ser associados à elaboração das
regras de gestão dos registos digitais numa fase precoce do ciclo de vida dos
documentos. Os arquivos devem envidar maiores esforços no sentido de
participarem na escolha dos métodos de trabalho da administração, não só do
ponto de vista tecnológico, mas também introduzindo uma nova visão das próprias
instituições arquivísticas e da sua ligação com a administração pública. A preservação
digital dos documentos e o acesso à documentação criada em formato digital
constituem responsabilidades cruciais dos arquivos nacionais. A transferência
de um crescente volume de registos criados em formato digital aumenta a
necessidade de criar uma infraestrutura técnica, organizacional e de
conhecimentos sustentável para facultar o acesso permanente à documentação
digital e garantir a sua fiabilidade. Para o efeito, impõe-se um esforço
significativo por parte dos arquivos, para o qual será essencial a partilha de
experiências e a elaboração de estratégias comuns. Os arquivos
nacionais reconhecem a importância de garantir aos cidadãos da UE o acesso em
linha ao rico património arquivístico europeu. A Declaração de Bruxelas sobre o
acesso aos arquivos digitais de 2010[5]
sublinha a sua intenção de explorar ao máximo as tecnologias digitais a fim de
promover o livre acesso ao fundo arquivístico europeu. É de referir, contudo,
que este acesso comporta exigências qualitativas específicas relativas às
informações descritivas e à capacidade dos arquivos para garantir a
autenticidade dos registos digitais. Os arquivos na
Europa estão a colaborar entre si para responder aos desafios da sociedade da
informação moderna, continuando simultaneamente a cumprir as suas
responsabilidades tradicionais perante as administrações e os cidadãos. Há já
duas décadas que os arquivos têm vindo a cooperar entre si na Europa.
Continuarão a retirar ensinamentos das experiências individuais e cooperarão,
sempre que possível, na elaboração de novas normas, práticas e soluções a fim
de estarem em condições de avançar no sentido de se tornarem um parceiro de
pleno direito na sociedade da informação moderna. Os arquivos
nacionais examinarão a forma de colaborar mais estreitamente entre si com vista
a responder aos desafios futuros e desenvolver um novo conceito de cooperação
para os próximos anos. Coordenarão os esforços envidados, entre si e com as instituições
da UE, através do Conselho Europeu dos Arquivistas Nacionais e o grupo dos
arquivos europeus. Além disso, os arquivos nacionais procurarão colaborar de
forma mais estreita com outros organismos associados à gestão da informação e à
administração pública em linha. Os arquivos nacionais pretendem participar
plenamente na elaboração das políticas da UE em matéria de dados abertos e de
acesso em linha à informação. Decisões e
recomendações Decisões (1)
Os arquivos nacionais colaborarão entre si para criar
uma agenda digital comum para os arquivos que associe os objetivos
europeus às ambições e aos esforços nacionais. Refletirão sobre a forma como os
arquivos podem contribuir para a criação, a partir 2015, de uma fundação para
um portal europeu de arquivos sustentável. O GAE procurará promover uma
política comum para os arquivos no crescente espaço europeu da informação e
analisará de que forma os valores arquivísticos fundamentais se podem enquadrar
na nova evolução digital. Será atribuída especial atenção à interoperabilidade,
à acessibilidade a longo prazo dos dados, aos identificadores permanentes, aos
dados abertos e à avaliação. (2)
Os arquivos nacionais cooperarão para pôr em
linha até 2015: –
As principais fontes que ajudam os cidadãos a
compreender melhor as relações entre os países e as administrações ao longo da
história e da construção da Europa, bem como a diversidade das culturas, das
tradições e das identidades nacionais; –
Os elementos arquivísticos «fundamentais» de cada
Estado-Membro; –
As coleções relativas a grandes efemérides e
acontecimentos históricos. (3)
Os arquivos nacionais irão cooperar mais
estreitamente com outros organismos a fim de assegurar que certos interesses
arquivísticos tais como a preservação e o acesso aos documentos sejam conciliados
com outros interesses, como a proteção de dados. Por exemplo, comprometem-se a
elaborar um código de conduta para os arquivos no quadro da proposta de
regulamento da UE relativo à proteção de dados, a ser debatido com as outras
partes interessadas. Recomendações (4)
Os arquivos nacionais devem atuar a título de
parceiros das administrações públicas na definição das normas aplicáveis à gestão
dos registos eletrónicos. Continuarão a colaborar com outras entidades dos
setores público e privado no Fórum DLM, com vista a promover a elaboração de
novas orientações e normas, tais como MoReq2010 (Modular Requirements for
Record Systems). (5)
Impõe-se a partilha das normas comuns aplicáveis
aos serviços em linha. Deve ser examinado o papel crescente das redes
sociais e a sua influência potencial sobre a prestação de serviços de arquivo. (6)
Os serviços de arquivo devem colaborar entre si, a
fim de superar os obstáculos e incentivar uma maior reutilização das
informações provenientes dos arquivos. É necessário desenvolver um modelo
comum a partir das boas práticas existentes na Europa, que possa servir de
enquadramento para os arquivos que ainda não dispõem de uma política de
reutilização. Este modelo deve incluir, nomeadamente, as modalidades de
concessão de licenças relativas aos conteúdos para efeitos de reutilização e a
forma de garantir a sua autenticidade, bem como as possibilidades em matéria de
cobrança ou de acesso gratuito. Os arquivos devem partilhar as suas
experiências com as bibliotecas e os museus e analisar de forma mais
aprofundada as expectativas dos clientes existentes e potenciais. O GAE deve
promover as melhores práticas neste domínio e defender os interesses do setor,
chamando a atenção para a riqueza do conteúdo dos arquivos e o seu potencial de
reutilização. (7)
Os arquivos nacionais devem partilhar os seus
conhecimentos e experiências e proceder ao intercâmbio de informações sobre as
suas abordagens no domínio da digitalização da documentação dos
arquivos. O desenvolvimento de uma estratégia à escala europeia, incluindo
modelos e normas comuns em matéria de digitalização, ajudaria os diversos
arquivos individuais a lançar programas de digitalização e contribuiria para
uma maior interoperabilidade entre os países. É igualmente necessário examinar
o financiamento dos programas de digitalização. Os serviços de arquivo devem
faturar os serviços suplementares tais como o acesso em linha e, em caso
afirmativo, em que tipo de casos? O GAE deve emitir recomendações sobre a
digitalização destinada a facultar o acesso em linha e incentivar o
desenvolvimento de estratégias adequadas. (8)
A transferência e a preservação de um volume cada
vez maior de registos criados em formato digital apelam a uma maior
cooperação e intercâmbio das melhores práticas e soluções entre os arquivos nacionais.
Estes devem, sempre que possível, desenvolver conceitos e soluções comuns,
tendo em conta os projetos existentes neste domínio[6]. É necessário quantificar
melhor os recursos financeiros necessários para a documentação arquivística
criada em formato digital, para que os arquivos tenham uma ideia mais clara dos
respetivos custos e da forma como os seus orçamentos limitados devem ser
repartidos entre os meios de comunicação tradicionais e digitais. O custo da
preservação dos registos criados em formato digital deve ser avaliado de forma
mais precisa, por exemplo, através de modelos de custos melhorados, no intuito
de facultar aos arquivos nacionais instrumentos mais eficazes para prever o
financiamento necessário ao longo do tempo. [1] JO L 312 de 29.11.2005, p. 55. [2] Relatório intercalar ao Conselho SEC(2008) 2364;
COM(2008) 500. [3] JO L 345 de 31.12.2003, p. 90. [4] Em dezembro de 2011, a Comissão Europeia apresentou uma
proposta de revisão da diretiva relativa às informações do setor público (ISP),
que se aplicará aos arquivos, aos museus e às bibliotecas, muito embora as
obrigações que lhes serão aplicáveis não sejam tão alargadas como as que recaem
sobre outros organismos do setor público. [5] A Declaração de Bruxelas foi adotada pelo Conselho
Europeu dos Arquivistas Nacionais em Bruxelas, em 19 de novembro de 2010. [6] Por exemplo, projetos como PLANETS, PRESTOSPACE e Digital
Preservation Europe.