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Document 52014DC0902
COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE EUROPEAN PARLIAMENT, THE COUNCIL, THE EUROPEAN CENTRAL BANK, THE EUROPEAN ECONOMIC AND SOCIAL COMMITTEE, THE COMMITTEE OF THE REGIONS AND THE EUROPEAN INVESTMENT BANK Annual Growth Survey 2015
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO BANCO CENTRAL EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL, AO COMITÉ DAS REGIÕES E AO BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO Análise Anual do Crescimento para 2015
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO BANCO CENTRAL EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL, AO COMITÉ DAS REGIÕES E AO BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO Análise Anual do Crescimento para 2015
/* COM/2014/0902 final */
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO BANCO CENTRAL EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL, AO COMITÉ DAS REGIÕES E AO BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO Análise Anual do Crescimento para 2015 /* COM/2014/0902 final */
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO
EUROPEU, AO CONSELHO, AO BANCO CENTRAL EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL,
AO COMITÉ DAS REGIÕES E AO BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO Análise Anual do Crescimento para 2015 INTRODUÇÃO Tendo atravessado a mais grave crise financeira
e económica das últimas gerações, a UE tem desenvolvido grandes esforços no
sentido de criar as bases para um crescimento mais sólido e sustentável no futuro.
Contudo, apesar dos esforços envidados tanto a nível nacional como da UE, a
recuperação é mais débil do que se esperava há um ano atrás. O dinamismo de
retoma começou a esmorecer na primavera de 2014. A crise económica desencadeou
uma crise social, que se faz sentir atualmente, e a morosidade da recuperação
está a prejudicar os esforços envidados para reduzir os elevados níveis de
desemprego. Embora a conjuntura económica global seja em
parte responsável pelo abrandamento a que se assiste atualmente, existem certos
fatores internos específicos que impedem um crescimento mais rápido na UE. Verificam-se
grandes disparidades entre os Estados-Membros. O crescimento continua a ser
entravado pela fragmentação dos mercados financeiros que resultou da crise
financeira e da dívida soberana; pela necessidade de reduzir o endividamento
das empresas, das famílias e das administrações públicas; por um ajustamento
incompleto dos desequilíbrios macroeconómicos; e por uma confiança débil, em
virtude da incerteza que rodeia as perspetivas económicas e o compromisso no
sentido de reformas estruturais e institucionais. Os modestos ganhos de
produtividade, os baixos níveis de investimento e o elevado desemprego
estrutural limitam as perspetivas de crescimento da Europa. Simultaneamente, a UE e os seus Estados-Membros
têm de fazer face a uma série de desafios de longo prazo que afetam a criação
de emprego e o crescimento, nomeadamente os associados às alterações sociais e
demográficas, à globalização, à evolução da produtividade e da tecnologia, à
pressão sobre os recursos e às preocupações ambientais, bem como, de um modo
geral, a um crescimento mais débil nos países emergentes e em desenvolvimento. A entrada em funções de uma nova Comissão, com
um programa ambicioso para «o Emprego, o Crescimento, a Equidade e a Mudança Democrática»[1], é o momento ideal para
um novo arranque. É urgente revitalizar o crescimento em toda a UE e gerar uma
nova dinâmica de mudança. A presente Análise Anual do Crescimento, juntamente
com os documentos que a acompanham, explicita o Pacote para o emprego, o
crescimento e o investimento anunciado como a primeira prioridade das
orientações políticas da atual Comissão. Caixa 1 - Principais conclusões das previsões da Comissão do outono de 2014[2] O crescimento real do PIB deverá atingir 1,3 % na UE e 0,8 % na área do euro para o ano de 2014. Deverá aumentar lentamente em 2015, ascendendo a 1,5 % e 1,1 %, respetivamente, à medida que progridem a procura externa e interna. Para o ano de 2016, espera-se uma aceleração da atividade económica para 2,0 % e 1,7 %, respetivamente. O desemprego atingiu 24,6 milhões de pessoas em agosto de 2014, das quais 5 milhões são jovens com idades compreendidas entre 15 e 24 anos. O desemprego de longa duração é muito elevado. As taxas de desemprego registadas em 2014 variam acentuadamente entre os Estados-Membros, desde 5,1 % na Alemanha e 5,3% na Áustria até 24,8% na Espanha e 26,8 % na Grécia. A tendência de moderação inflacionista deverá prosseguir este ano, com uma diminuição dos preços dos produtos de base, em especial da energia e dos produtos alimentares, e com perspetivas económicas aquém do esperado. A retoma gradual da atividade económica ao longo do horizonte das previsões deverá provocar um aumento da inflação na UE, de 0,6 %, em 2014, para 1,0 % em 2015 e 1,6 % em 2016. Prevê-se que os rácios défice/PIB continuem a diminuir este ano, embora a um ritmo mais lento do que em 2013, passando de 4,5 %, em 2011, para 3,0 % na UE e 2,6 % na área do euro. Os défices orçamentais deverão continuar a reduzir-se ao longo dos próximos dois anos, sob o efeito do reforço da atividade económica. Prevê-se que os rácios dívida pública/PIB da UE e da área do euro culminem no próximo ano em, respetivamente, 88,3 % e 94,8 %, e que se mantenham elevados em alguns países.
Na presente Análise Anual do Crescimento para 2015, a
Comissão, que tomou posse em 1 de novembro de 2014, traça as grandes linhas do
seu novo programa para o crescimento e o emprego. Só será possível revitalizar
o crescimento se as instituições da UE e os Estados-Membros trabalharem em
conjunto com vista a uma economia social de mercado para a Europa. A presente
Análise Anual do Crescimento identifica por conseguinte a ação suplementar que
poderá ser empreendida a nível da UE para ajudar os Estados-Membros a regressarem
a níveis de crescimento mais elevados e avançar rumo a um desenvolvimento
sustentável. A realização deste objetivo exigirá um compromisso decidido no
sentido da mudança e de uma atuação diferente a nível nacional. 1. UMA ABORDAGEM INTEGRADA Atualmente, o risco de persistência de um
crescimento débil, de uma inflação próxima de zero e de uma elevada taxa de
desemprego tornou-se um motivo de preocupação importante. O impacto da crise
não foi apenas de natureza cíclica, como o sublinha a debilidade da procura
agregada, mas tem também uma componente estrutural significativa que fez baixar
o potencial de crescimento das economias da UE. As políticas estruturais, orçamentais e
monetárias têm de ser combinadas numa abordagem integrada, favorável ao
crescimento, para encarar este desafio de modo eficaz, atuando tanto do lado da
procura como da oferta das nossas economias. Isto exige uma ação a todos os
níveis da administração, desde o nível mundial, nomeadamente no contexto do G-
20, até aos níveis da UE, nacional, regional e local. Entretanto, no âmbito do
seu mandato e com total independência, o Banco Central
Europeu (BCE) continuará a desempenhar um papel
fundamental na definição da política global da área do euro. O BCE tem a responsabilidade exclusiva pela política
monetária na área do euro. Adotou uma série de medidas importantes para
flexibilizar a orientação da política monetária e reforçar a sua transmissão às
condições financeiras em geral, nomeadamente através do seu programa de
aquisição de títulos respaldados por ativos, iniciado em outubro. O impacto
combinado deste programa, do programa de aquisição de obrigações cobertas e do
programa de Operações Específicas de Refinanciamento de
Prazo Alargado (OERPA) sobre o balanço do BCE deverá ser significativo. Estima-se
que o total do balanço se aproxime do montante atingido no início de 2012. Estas
medidas deverão constituir um apoio para a atividade económica à medida que produzem
efeitos no conjunto da economia. É chegado o momento de os poderes públicos, a
todos os níveis, assumirem responsabilidades. Dadas as disparidades que se
verificam entre Estados-Membros, a abordagem correta a adotar varia inevitavelmente
de país para país, embora continue a inscrever-se numa abordagem comum
integrada. A Comissão recomenda que a política económica e social da UE em 2015
se desenvolva em torno de três pilares principais:
Um estímulo coordenado ao investimento:
em paralelo com a presente Análise Anual do Crescimento, a Comissão
apresenta um Plano de Investimento para a Europa que deverá mobilizar no
mínimo 315 mil milhões de EUR de investimento público e privado adicional
ao longo do período 2015-2017 e melhorar significativamente o ambiente de
investimento em geral.
Um compromisso renovado no sentido de efetuar reformas estruturais: este compromisso é essencial para que os países possam emergir
da dívida e para incentivar a criação de mais e melhores empregos. Os
progressos registados a nível nacional e da UE em áreas como os serviços,
a energia, as telecomunicações e a economia digital, bem como na melhoria
do ambiente empresarial, criam novas oportunidades de emprego e crescimento.
É essencial reduzir a burocracia a nível europeu e nacional, no âmbito da
agenda Legislar Melhor, para se criar um ambiente regulamentar adequado e
promover uma cultura de empreendedorismo e criação de emprego. É
necessário que exista uma apropriação e um compromisso à escala nacional,
tanto ao mais elevado nível da administração como dos parlamentos
nacionais. A «europeização» destes esforços oferece um grande potencial.
A prossecução da responsabilidade orçamental: apesar dos progressos consideráveis verificados em termos de
consolidação orçamental, os Estados-Membros necessitam ainda de assegurar
o controlo a longo prazo dos níveis de défice e de dívida. As políticas
orçamentais devem ser diferenciadas em função da situação de cada país. Os
Estados-Membros com uma maior margem de manobra orçamental devem adotar
medidas para estimular a procura interna, dando especial ênfase ao
investimento. Além disso, deve ser promovida a qualidade das finanças
públicas, melhorando a eficiência das despesas e privilegiando, na despesa
pública, o investimento produtivo, e tornando o sistema fiscal mais
eficiente e propício ao investimento. Combater a fraude e evasão fiscais é
essencial para assegurar a equidade e permitir aos Estados-Membros
cobrarem as receitas fiscais que lhes são devidas.
Gráfico 1. Uma
abordagem integrada É essencial agir simultaneamente nos três
domínios para se restabelecer a confiança, reduzir a incerteza que entrava o
investimento e maximizar os poderosos efeitos, que se reforçam mutuamente, dos
três pilares quando operam em conjunto. É óbvio, nomeadamente, que um
compromisso renovado relativamente às reformas estruturais será essencial para
a sustentabilidade das finanças públicas e para a mobilização do investimento. Para implementar a lógica da nova abordagem
integrada, a Comissão propõe que se racionalize e reforce o Semestre Europeu de
coordenação das políticas económicas, para apoiar os três pilares. Para reforçar a ligação entre as reformas
estruturais, o investimento e a responsabilidade orçamental, a Comissão emitirá
novas orientações sobre a melhor forma de utilizar a flexibilidade prevista nas
atuais regras do Pacto de estabilidade e Crescimento.[3] 2. ESTIMULAR
O INVESTIMENTO A debilidade do
investimento prejudica a recuperação da Europa Há
uma necessidade urgente de estimular o investimento na Europa. Em virtude da
crise, o nível do investimento caiu em cerca de 430 mil milhões de EUR após ter
culminado em 2007 - uma quebra de 15 %. Em certos Estados-Membros, essa
queda é ainda mais drástica[4].
As previsões do outono da Comissão mostram que a debilidade do investimento
está a entravar a já de si frágil recuperação da UE. Não
se pretende regressar ao pico de 2007 com o mesmo tipo de investimentos - com
efeito, alguns dos investimentos anteriores à crise não eram sustentáveis. No
entanto, é preocupante constatar que o investimento não voltou a crescer
recentemente na Europa, em contraste com o que se verifica nos EUA. Em 2013, o
investimento situava-se ainda em 19,3 % do PIB, cerca de 2 pontos
percentuais abaixo da sua média histórica, se se excluírem os anos de
expansão/recessão, o que deixa a Europa com um défice de investimento de 230 a
370 mil milhões de EUR relativamente ao seu valor tendencial de longo prazo. Gráfico 2. Evolução recente do investimento na UE (Formação bruta de capital fixo real, UE-28, a preços
de 2013, em milhares de milhões de EUR) Simultaneamente,
existem grandes necessidades de investimento por satisfazer. Por exemplo, as
famílias e as empresas necessitam, e desejam, beneficiar das tecnologias mais
recentes e tornar-se mais eficientes do ponto de vista energético e de
utilização dos recursos. Os sistemas de ensino e inovação estão menos bem
equipados e menos financiados do que os dos nossos principais concorrentes. Os
nossos sistemas de segurança social carecem de modernização para enfrentar os
desafios colocados pelo rápido envelhecimento da população. O nosso setor da energia
tem de modernizar as suas redes de acordo com as mais recentes tecnologias,
integrar as fontes renováveis de energia e diversificar as fontes de
abastecimento. O nosso setor dos transportes têm de modernizar as suas
infraestruturas, reduzir o congestionamento e melhorar as ligações comerciais.
O nosso ambiente carece de melhores instalações e redes de tratamento de
resíduos, de reciclagem e de tratamento de água. Precisamos igualmente de
sistemas de banda larga de maior alcance e mais rápidos, bem como de centros de
dados mais inteligentes em toda a Europa. Estas
necessidades fazem-se sentir com premência após tantos anos de crescimento
fraco ou inexistente, com o risco de uma retração e de um envelhecimento do
capital produtivo da Europa, o que reduziria ainda mais a nossa competitividade
e potencial de crescimento, em detrimento da nossa produtividade e capacidade
de criação de emprego. Não
existe uma resposta única ou simples. Este fraco desempenho do investimento
resulta de diversos fatores: uma baixa confiança dos investidores, expectativas
modestas em termos de procura e um elevado endividamento das famílias, das
empresas e das autoridades públicas. Em muitas regiões, as perspetivas incertas
e as apreensões ligadas ao risco de crédito impediram as PME de obter
financiamento para projetos válidos. Existem
atualmente poupanças substanciais no setor privado, e uma grande liquidez, mas
estes fundos não estão a ser bem encaminhados para a economia real da Europa. É
aqui que as autoridades públicas, a todos os níveis, têm um papel a
desempenhar. Muito
pode ser feito a nível nacional e regional As
autoridades nacionais e regionais têm um papel fundamental a desempenhar na
promoção das imprescindíveis reformas estruturais, no exercício da responsabilidade
orçamental e no estímulo ao investimento, em prol do emprego e do crescimento.
Os Estados-Membros com margem de manobra orçamental necessitam de investir em
maior escala. Todos os Estados-Membros, mas em particular aqueles que dispõem
de menor margem de manobra orçamental, deverão assegurar uma utilização
eficiente dos recursos, dar prioridade, nos respetivos orçamentos, às despesas
em investimento ou propícias ao crescimento, obtendo mais investimento a partir
dos fundos da UE à sua disposição e criando um clima mais favorável ao
investimento privado. As
autoridades nacionais e regionais dispõem, nos próximos meses, de uma
oportunidade única para utilizar o melhor possível o orçamento da UE para o
período de 2014-2020, uma vez que estão a ser disponibilizados novos instrumentos
e ferramentas. O orçamento da UE ascende a 960 mil milhões de EUR para este
período de sete anos, o que corresponde a 140 mil milhões de EUR por ano, ou
seja 1 % do PIB da UE. Os principais programas da UE, como o Horizonte 2020
(para a inovação e a investigação), o Mecanismo Interligar a Europa (para as
infraestruturas) e o COSME (financiamento para as PME) estão agora a entrar em
funcionamento. O
mesmo se pode dizer da nova geração de fundos estruturais e de fundos para o
investimento europeus, que disponibilizarão 350 mil milhões de EUR para
novos investimentos no período 2014-2020. Este montante resultará num
investimento superior a 600 mil milhões de EUR, quando incluído o
cofinanciamento nacional. A importância dos Fundos varia de país para país, mas
estes podem desempenhar um papel extremamente estratégico em toda a Europa,
representando 10 % do investimento público total, em média, na UE. Um
Plano de Investimento para a Europa O
Plano de Investimento para a Europa que a Comissão apresenta em paralelo com a
presente Análise Anual do Crescimento irá complementar e potenciar os esforços
já desenvolvidos. Mobilizará no mínimo 315 mil milhões de EUR até ao final de
2017, em investimentos públicos e privados adicionais. Em primeiro lugar, isto
pode ser feito através de um esforço conjunto das instituições da UE e do Banco
Europeu de Investimento (BEI), com a criação de um novo Fundo Europeu para
Investimentos Estratégicos. Todavia, os efeitos do Plano serão multiplicados,
indo para além dos 315 mil milhões de EUR, uma vez que outras partes participarão
com contribuições adicionais voluntárias: os Estados-Membros, os bancos de
fomento nacionais, as autoridades regionais e os investidores privados têm
todos um papel central a desempenhar. É importante referir que a Comissão, no
contexto da avaliação das finanças públicas ao abrigo do Pacto de Estabilidade
e Crescimento, adotará uma atitude favorável em relação às contribuições de
capital para o novo Fundo. Estes
recursos adicionais deverão centrar-se nas infraestruturas, nomeadamente nas redes
energéticas e de banda larga; nas infraestruturas de transportes, em especial
nos centros industriais; na educação, investigação e inovação; e nas energias
renováveis e na eficiência energética. Trata-se de áreas onde existem
necessidades claras e em que se espera que os progressos realizados tragam
grandes benefícios económicos e sociais. Ao
ser implementado, o Plano de Investimento irá contribuir para três objetivos políticos
relacionados entre si: inverter a recente tendência de baixa do investimento e
dar um impulso adicional à criação de emprego e à recuperação da economia da
UE; dar um passo decisivo no sentido de satisfazer as necessidades a longo
prazo da nossa economia, fomentando a sua competitividade em domínios
estratégicos; reforçar a dimensão europeia do nosso capital humano e das nossas
infraestruturas físicas, com uma tónica especial nas interconexões que são
vitais para o nosso Mercado Único. Este
Plano de Investimento foi elaborado tendo em consideração a estreita margem de
manobra orçamental dos governos nacionais, para evitar uma sobrecarga das respetivas
finanças públicas. A responsabilidade orçamental é parte integrante do processo
de restabelecimento da confiança de que a Europa carece para recuperar da
crise. É por este motivo que o plano assenta em soluções disponíveis a nível da
UE e no recurso a organismos e procedimentos estabelecidos, o que contribuirá
para se obterem resultados mais rapidamente, bem como para uma execução e uma
responsabilização rigorosas. Caixa 2. Principais características do Plano de Investimento para a Europa O plano de investimento para a Europa assenta em três vertentes que se reforçam mutuamente: § Mobilização de no mínimo 315 mil milhões de EUR de financiamento adicional ao investimento até ao final de 2017. § Iniciativas específicas para garantir que o investimento vai ao encontro das necessidades da economia real. § Medidas destinadas a melhorar o ambiente de investimento, tornando mais atraente o investimento na Europa. Mobilizar no mínimo 315 mil milhões de EUR de financiamento adicional ao investimento a nível da UE § Será criado um novo Fundo Europeu para os Investimentos Estratégicos, em estreita parceria com o BEI, a fim de apoiar os investimentos estratégicos de importância europeia e o financiamento de risco às PME e às empresas de média capitalização em toda a Europa. § Os fundos estruturais e para o investimento europeus serão plenamente aproveitados, o que significa garantir que os fundos da UE remanescentes do período de programação 2007-2013 sejam utilizados da melhor forma possível e, além disso, aumentar o efeito de alavanca dos fundos da UE para 2014-2020, duplicando no seu conjunto a proporção de instrumentos financeiros inovadores e otimizando a utilização do cofinanciamento privado. Canalizar o investimento para a economia real § Será estabelecida a nível da UE uma reserva transparente de projetos prontos para investimento, com base num relatório elaborado em dezembro de 2014 por uma task force que envolve a Comissão, o BEI e os Estados-Membros. § Serão reunidas fontes de conhecimentos especializados e assistência técnica numa «Plataforma de aconselhamento ao investimento única, à qual poderão recorrer os promotores de projetos, os investidores e as autoridades de gestão. § A Comissão e o BEI, juntamente com as autoridades nacionais e regionais, colaborarão com os promotores de projetos, investidores e outros intervenientes institucionais para promover projetos de investimento fundamentais. Melhorar o ambiente de investimento § Medidas para melhorar o quadro regulamentar, tanto a nível nacional como europeu, para torná-lo claro e previsível e para incentivar o investimento. § Medidas para desenvolver novas fontes e alternativas de financiamento de longo prazo para a economia e para se progredir em direção a uma União dos Mercados de Capitais. § Medidas para completar o Mercado Único em setores fundamentais como a energia, os transportes e a economia digital. 3. UM
COMPROMISSO RENOVADO NO SENTIDO DE EFETUAR REFORMAS ESTRUTURAIS É essencial, na perspetiva do crescimento,
tornar a economia europeia mais competitiva e assegurar um enquadramento
regulamentar adequado ao investimento a longo prazo. As reformas estruturais
podem contribuir para atrair o investimento produtivo privado, em particular
nas indústrias de rede e de fabrico inteligente, em que são patentes elevadas
necessidades de investimento. Isto exige, a nível da UE, que se aprofunde mais
o Mercado Único e se evite uma sobrecarga regulamentar, nomeadamente para as
pequenas e médias empresas, que se melhore o acesso ao financiamento e se
assegure a qualidade do investimento em investigação e inovação. A nível dos
Estados-Membros, estes esforços têm de ser complementados por uma execução
ambiciosa das reformas estruturais dos mercados de produtos, de serviços e do
trabalho. EIMINAR AS PRINCIPAIS BARREIRAS A NÍVEL DA UE A realização do mercado único de bens e
serviços é uma prioridade. Com mais de 500 milhões
de consumidores, o Mercado Único europeu continua a ser o mais poderoso motor
de crescimento a nível da UE. É necessário dar ênfase à prossecução da
integração dos mercados de bens e serviços, onde existe um elevado potencial de
emprego, crescimento e inovação, tanto em linha como fora de linha. Ao fazê-lo,
importa explorar as sinergias entre o bom funcionamento do Mercado Único e a
indústria/os diferentes setores. Os consumidores devem poder beneficiar de um
mercado único integrado, que lhes proporcione as mesmas possibilidades que os
seus mercados nacionais. Um mercado único mais aprofundado trará benefícios
também na cena mundial. Reforçará a posição das empresas europeias nas cadeias
de valor mundiais, atrairá investimento e permitirá á União criar laços mais
fortes com os novos centros de crescimento mundiais, através de acordos
comerciais que reforcem a convergência da regulamentação com os nossos
principais parceiros comerciais. O Mercado Único Digital é essencial para o
emprego, o crescimento e a inovação. A economia
mundial está a transformar-se numa economia digital. As tecnologias da
informação e comunicação não são apenas um setor mas constituem a base de uma
economia moderna e inovadora. Um Mercado Único Digital conectado poderia gerar
até 260 mil milhões de EUR por ano em ganhos de eficiência[5]. A tecnologia digital
introduz novas formas de produzir bens e prestar serviços, desde as indústrias
automóvel e química até à distribuição a retalho e à energia, remodelando os
nossos processos de trabalho e de aprendizagem. Um bom posicionamento na
economia digital é decisivo para a competitividade da UE no futuro e para um
crescimento renovado. Os serviços digitais são vitais para a eficiência e a
segurança das infraestruturas estratégicas essenciais europeias, como as redes energética
e ferroviária. E, o que é mais importante, oferecem enormes benefícios à
sociedade - o acesso a bens e serviços e à informação, a liberdade de
expressão, a criatividade, melhores cuidados de saúde e melhores serviços
públicos. Todavia, não existe um Mercado Único Digital. Apenas 14 % das
PME utilizam a Internet para vender em linha. Apenas 12 % dos consumidores
fazem compras através das fronteiras. Os consumidores sentem-se frustrados
quando não conseguem aceder aos serviços digitais noutro Estado-Membro em
virtude de práticas comerciais restritivas ou obstáculos jurídicos. As empresas
só poderão aproveitar em pleno o potencial do setor digital quando forem
introduzidas regras europeias comuns de alto nível em matéria de proteção de
dados e quando for restabelecida a confiança dos consumidores. São necessárias novas reformas estruturais
nos mercados da energia para se chegar a uma União Energética resiliente e dotada de uma política visionária em matéria
de alterações climáticas, em consonância com os objetivos
da Estratégia Europa 2020 e com o quadro de ação relativo ao clima e à energia
para 2030 acordado pelo Conselho Europeu em outubro de 2014, e para melhorar a
segurança do aprovisionamento energético e concluir o mercado interno da
energia. Isto exige uma melhor configuração do mercado da energia, o reforço
dos atuais instrumentos baseados no mercado e a modernização e expansão das
infraestruturas energéticas, o que permitirá a livre circulação da energia no
território da UE, a eliminação das «ilhas energéticas» e a integração das
energias renováveis na rede. O financiamento dos investimentos necessários irá constituir
um importante desafio. Apesar de se poder contar com um apoio significativo dos
fundos estruturais e para o investimento da UE, são necessários mecanismos
financeiros inovadores para estimular e alavancar os investimentos em
modernização energética e para incentivar o investimento das famílias em
eficiência energética. São necessárias medidas ambiciosas para
assegurar que o quadro regulamentar da UE é propício ao emprego, ao crescimento
e ao investimento. A Comissão dará prioridade aos
trabalhos iniciados em dezembro de 2012 com o lançamento do Programa para a
Adequação e a Eficácia da Regulamentação (REFIT) - uma revisão geral da legislação
em vigor. A legislação da UE deverá tornar-se mais leve, mais simples e menos
onerosa, em benefício dos cidadãos e das empresas. A Comissão continuará a
reforçar os seus instrumentos regulamentares (avaliação de impacto, análise),
em estreita cooperação com as outras instituições europeias, os Estados-Membros
e as partes interessadas. A remoção das barreiras regulamentares acima
referidas deve ser feita em paralelo com a criação do novo Fundo para
Investimentos Estratégicos concebido em parceria entre a Comissão e o BEI. REFORMAS ESTRUTURAIS A NÍVEL DOS ESTADOS-MEMBROS Em última
análise, a reforma e a modernização das nossas economias é imprescindível para
sustentar o modelo social europeu. É importante que todos os membros da
sociedade, nomeadamente os parceiros sociais, assumam um papel neste processo e
apoiem ativamente a mudança. Uma implementação
ambiciosa das reformas estruturais nos mercados dos produtos, dos serviços e do
trabalho pode contribuir para o aumento da produtividade, a recuperação da
competitividade e a melhoria do ambiente empresarial, fomentando assim também o
investimento. Pode contribuir para um reequilíbrio duradouro do nosso modelo de
crescimento, para atenuar o impacto negativo do necessário desendividamento do
setor privado e para a prevenção dos desequilíbrios macroeconómicos nocivos.
Além disso, através dos efeitos sobre o crescimento, a produtividade e o
emprego - na condição de existirem os mecanismos de transmissão adequados -
pode também contribuir para melhorar as condições sociais em geral e reduzir a
pobreza, bem como para assegurar a sustentabilidade da dívida pública e
privada. Apesar dos
progressos alcançados por diversos Estados-Membros - em particular os mais
vulneráveis - é necessário um esforço adicional de reforma em todos os
Estados-Membros. A experiência recente tem dado amplas provas de que uma
atuação ambiciosa produz resultados claros (ver Caixa 3). Caixa 3: Exemplos de reformas estruturais eficazes nos Estados-Membros ·
Em Espanha, o governo aprovou, em dezembro
de 2013, uma lei que assegura a unidade do mercado, no interesse da liberdade
de circulação e de estabelecimento das pessoas e da livre circulação de
mercadorias. Essa lei representa uma racionalização ambiciosa da legislação
sobreposta em Espanha, que tem por objetivo resolver o problema da fragmentação
do mercado interno e aumentar a concorrência nos mercados de produtos. As
autoridades espanholas estimam que a reforma aumente o PIB em mais de
1,5 %, a prazo. ·
Portugal adotou uma
série de reformas no mercado de trabalho entre 2011 e 2013. A proteção dos
trabalhadores com contratos de duração indeterminada e a prazo foi alinhada. A
legislação relativa ao tempo de trabalho foi flexibilizada, tendo sido adotadas
medidas com vista ao melhor ajustamento dos salários à produtividade a nível
das empresas. As prestações de desemprego foram objeto de uma reforma e a
elegibilidade foi alargada. O serviço público de emprego foi reorganizado, as
políticas ativas do mercado de trabalho em vigor foram revistas e foram
introduzidos novos programas dirigidos à juventude. A taxa de desemprego
diminuiu cerca de 2 pontos percentuais entre 2013 e 2014. ·
A Polónia deu início a uma reforma ambiciosa para facilitar o acesso às
profissões regulamentadas. Foi liberalizado o acesso a 50 profissões -
incluindo os advogados, os notários, os agentes imobiliários e os motoristas de
táxi - na primeira vaga da reforma em 2013. O parlamento polaco adotou, em
abril de 2014, decisões que abrangem outras 91 profissões, e está prevista para
o início de 2015 a desregulamentação de 101 profissões adicionais. ·
A Itália implementou em 2013 um conjunto de medidas
destinadas a intensificar a concorrência e a transparência nos mercados do gás
e da eletricidade. As iniciativas adotadas pelo governo italiano ajudaram a
resolver o problema, de longa data, dos elevados preços da energia na Itália,
e, de acordo com as estimativas da entidade reguladora da energia, contribuíram
para reduzir os preços para os utilizadores finais. Para 2015, a Comissão recomenda que as
atenções se centrem numa série de reformas fundamentais. Os domínios
selecionados são importantes para todos os Estados-Membros, embora as medidas
concretas a adotar variem de país para país. Na área do euro, deve ser prestada
especial atenção à melhoria da coordenação de algumas destas reformas, a fim de
reforçar as sinergias positivas e evitar repercussões negativas. Os domínios de
reforma são os seguintes: 1. Melhorar a
dinâmica dos mercados de trabalho e combater o elevado nível de desemprego. Os países mais competitivos e resilientes são
aqueles cujas empresas e empresários mais valorizam o desenvolvimento contínuo
das competências, e nele investem, em que a inovação é incentivada e onde as
pessoas podem circular facilmente entre profissões, setores e/ou regiões. As regras
relativas à proteção do emprego e as instituições devem proporcionar um
ambiente adequado para estimular o recrutamento, oferecendo simultaneamente
níveis de proteção modernos tanto aos cidadãos que têm um emprego como aos
desempregados. Os Estados-Membros devem redobrar esforços para eliminar os
obstáculos à criação de emprego, com a participação dos parceiros sociais,
incluindo, se for caso disso, através da reforma dos sistemas de resolução de
litígios laborais. Devem ser intensificadas as reformas que visam reduzir a
fiscalidade do trabalho, a fim de restabelecer o emprego. Reduzir a segmentação
do mercado de trabalho contribuiria para eliminar os obstáculos com que se
defrontam as pessoas atualmente desempregadas, subempregadas ou empregadas com
um contrato temporário e facilitar a evolução na carreira profissional. A UE necessita de
uma força laboral qualificada nos setores em crescimento, como é o caso da
economia digital, dos setores «verdes» e dos cuidados de saúde. A educação tem
um papel fundamental a desempenhar para assegurar a adaptabilidade das
competências aos sinais p pelo mercado de trabalho. Os sistemas de formação
profissional e de ensino dual devem ser melhorados, a fim de proporcionar aos
jovens as competências necessárias. A aprendizagem ao longo da vida deve
constituir uma prioridade central, através da mobilização dos intervenientes
públicos e privados, com um acesso mais alargado em todas as idades e para os
mais necessitados. É igualmente necessária uma melhor avaliação das
necessidades em termos de competências, quer a nível regional quer setorial. A situação dos
jovens e dos desempregados de longa duração, em particular, exige uma ação
decidida. Os sistemas de prestações sociais devem combinar
um efeito adequado de substituição do rendimento com serviços de ativação e de
capacitação orientados para as necessidades individuais e prestados através de
balcões únicos. Os desincentivos fiscais à procura de emprego devem ser
removidos. A Garantia para a Juventude representa um esforço ambicioso que
combina diferentes instrumentos para combater o desemprego dos jovens de forma
eficaz. Todavia, os Estados-Membros devem utilizar os fundos disponíveis,
incluindo os 6,4 mil milhões de EUR da Iniciativa para o Emprego dos Jovens, de
modo mais rápido e eficiente, reforçando-os através de medidas a nível nacional.
Apenas três programas operacionais relevantes, no valor total de 1,6 mil
milhões de EUR, foram adotados para a França, a Itália e a Lituânia, permitindo
efetuar pagamentos a esses países a título de pré-financiamento. Para poderem
adotar a maioria dos programas operacionais relevantes até ao final do ano, os
Estados-Membros devem dar resposta às observações da Comissão o mais
rapidamente possível. Existem, em termos
médios, mais de 2 milhões de postos de trabalho por ocupar na UE. Embora
se reconheça que existem limites à mobilidade geográfica, tudo indica que os
trabalhadores não estão a utilizar plenamente as possibilidades de livre
circulação. Para eliminar as barreiras será necessário alargar o âmbito da
transferibilidade dos direitos de pensão em toda a UE e ajudar os trabalhadores
a fazerem escolhas informadas em matéria de mobilidade, por exemplo através da
rede EURES. Simultaneamente, devem ser adotadas medidas contra o abuso das
regras existentes e para evitar uma fuga permanente de cérebros de certas
regiões. Será essencial o reforço da cooperação a nível da UE no intercâmbio de
informações e de boas práticas. Um elevado nível de emprego exige um
alinhamento da progressão dos salários reais com a evolução da produtividade,
nomeadamente a nível setorial e empresarial. Alguns Estados-Membros necessitam
ainda de completar a correção das tendências pré-crise, com uma progressão salarial
que ultrapassa os ganhos de produtividade. O papel dos parceiros sociais é
crucial. As convenções coletivas devem prever um certo grau de flexibilidade
para permitir aumentos salariais diferenciados entre setores e dentro de cada
setor, em função da evolução específica da produtividade. 2. Reformar os sistemas de pensões. É necessário, em toda a UE, assegurar simultaneamente a
sustentabilidade e a adequação dos sistemas de pensões. A maioria dos Estados-Membros
levou a cabo uma reforma dos seus sistemas públicos de pensões nos últimos
anos, com vista a consolidá-los tendo em conta o envelhecimento da sociedade
europeia. No entanto, como o denotam as recomendações específicas por país de
2014, são necessárias, em muitos casos, reformas adicionais para aumentar a
eficiência e a sustentabilidade financeira dos sistemas de pensões.
Paralelamente, há que preservar a adequação dos sistemas de pensões, de modo a
garantir um nível digno de rendimentos no período da reforma. Dada a tendência
de aumento da longevidade, deve ser adotada, em muitos países, uma perspetiva
mais dinâmica sobre a idade legal de reforma, nomeadamente associando-a à
esperança de vida de modo mais sistemático, para garantir um equilíbrio
adequado entre a duração da vida profissional e a da reforma. 3. Modernizar os sistemas de proteção
social. Os mecanismos de proteção social devem ser
eficientes e adequados em todas as fases da vida das pessoas. São necessárias
políticas sociais simplificadas e melhor orientadas, complementadas por
estruturas de educação e de acolhimento de crianças de qualidade e a preços
acessíveis; pela prevenção do abandono escolar precoce; pela formação e a
assistência na procura de emprego; pelo apoio em termos de habitação; e por
cuidados de saúde acessíveis. Os sistemas de cuidados de saúde têm de ser
reformados para oferecerem cuidados de saúde de qualidade através de estruturas
eficientes, incluindo a saúde em linha. 4. Melhorar a flexibilidade dos mercados de
produtos e serviços. A modernização do funcionamento
das indústrias de rede, o reforço da capacidade das infraestruturas e a maior
abertura dos setores dos serviços continuam a constituir um desafio para a
maioria dos Estados-Membros, como é patente nas recomendações específicas por
país dirigidas aos Estados-Membros em 2014, que colocam a tónica em medidas
destinadas a melhorar o funcionamento das suas indústrias de rede e a
intensificar a concorrência nos setores dos produtos e serviços, nomeadamente
no que se refere às profissões regulamentadas. A aplicação efetiva da legislação
em matéria de consumidores poderá igualmente contribuir para aumentar a
confiança e gerar procura no Mercado Único. A legislação da
UE prevê um quadro com vista à modernização a nível nacional e para tornar a
Europa mais atrativa e competitiva no seu conjunto. Os Estados-Membros
empreenderam numerosas reformas no setor dos serviços, na sequência da entrada
em vigor da Diretiva «Serviços» em 2006, mas recentemente os progressos têm
sido mais irregulares. A aplicação plena da Diretiva «Serviços melhoraria
significativamente o funcionamento do mercado único dos serviços e poderia
conduzir a um benefício económico que pode atingir 1,6 % do PIB da UE a
longo prazo, a acrescer aos 0,8 % do PIB da UE decorrentes do atual nível
de execução[6].
A persistência, de um modo geral, de um elevado número de exceções aos
princípios gerais enunciados naquela diretiva, conjugada com a morosidade dos
processos de reforma em diversos Estados-Membros, continua a prejudicar a sua plena
aplicação e impede assim o pleno aproveitamento dos seus benefícios. A
intensificação das reformas nacionais deverá centrar-se na remoção das
seguintes barreiras: i) os requisitos de autorização injustificados e
desproporcionados que vigoram em certos Estados-Membros, nomeadamente os requisitos
de forma jurídica e estrutura acionista; ii) a falta de clareza da legislação
nacional no que se refere às regras aplicáveis às empresas que prestam serviços
transfronteiras; iii) a ausência de reconhecimento mútuo; iv) os procedimentos
administrativos complexos, podendo melhorar-se o desempenho dos pontos de
contacto únicos; iv) a disparidade dos progressos na avaliação mútua em curso
das regulamentações profissionais e na reforma das profissões regulamentadas;
v) os obstáculos remanescentes à livre circulação de mercadorias. A Comissão
continuará a cooperar estreitamente com os Estados-membros com vista a eliminar
estes obstáculos[7]. 5. Melhorar as condições de enquadramento
do investimento das empresas. É essencial, para atrair
investimento privado, desenvolver esforços no sentido de reforçar o ambiente
empresarial, de modo a torná-lo mais propício ao investimento, em particular
nos Estados-Membros que dispõem de uma margem de manobra orçamental limitada
para o investimento público. As parcerias entre os setores público e privado e
o governo das empresas públicas terão de ser cuidadosamente concebidos, para
tornar mais eficientes a despesa pública e o investimento privado. Os contratos
públicos deverão ser mais abertos, nomeadamente com recurso a legislação da UE,
o que implica igualmente um reforço da capacidade administrativa das
autoridades adjudicantes em matéria de planeamento e execução, em especial
através da contratação pública eletrónica. Em muitos casos, são também
necessárias uma melhoria da eficiência dos procedimentos e uma maior
transparência. É também crucial, para uma reafectação eficiente de recursos,
que os enquadramentos legais da insolvência funcionem devidamente. 6. Melhorar a
qualidade do investimento em investigação e inovação (I&I). O investimento em I&I a nível nacional e regional tem um papel
crucial a desempenhar no relançamento do crescimento sustentável. Os
Estados-Membros devem continuar a privilegiar o investimento público em
investigação e inovação, garantindo a sua eficiência e poder de alavancagem
relativamente ao investimento privado. Os Estados-Membros deverão centrar-se na
qualidade das instituições de I&I, nos seus processos de definição de
estratégias e políticas e nos seus programas. Paralelamente, devem manter o
ritmo das reformas para assegurar um ambiente propício ao investimento, que constitui
uma condição imprescindível para o investimento das empresas em I&I e para
o rápido crescimento das PME inovadoras. 7. Melhorar a
eficiência da administração pública. As administrações
públicas em toda a UE continuam a fazer face ao desafio de conseguir «mais com
menos», ou seja, de satisfazer as necessidades públicas num período de
orçamentos mais estreitos, de melhorar o ambiente empresarial através da
redução da carga administrativa e regulamentar imposta às empresas e aos
cidadãos, e de se adaptar aos imperativos da economia digital. Trata-se de um
desafio que continua a levantar-se para a grande maioria dos Estados-Membros.
Diversos Estados-Membros lançaram-se em reformas institucionais ou
territoriais, com o duplo objetivo de obter poupanças através da racionalização
da sua organização e de assegurar um processo harmonioso de tomada de decisões
e implementação de reformas através de uma clarificação das competências dos
diferentes níveis institucionais ou da administração pública. Além disso, à
semelhança do programa para a adequação e a eficácia da
regulamentação (REFIT) desenvolvido a nível da UE, a maioria dos
Estados-Membros necessita de prosseguir com a simplificação e a adoção de uma
abordagem mais digital a nível da administração pública. A eliminação da
burocracia e dos obstáculos regulamentares deverá conduzir a uma legislação de
maior qualidade, mais simples e mais acessível, e preparar o terreno para um
ambiente mais favorável para as empresas e os cidadãos, o que, por seu turno,
incentivará o investimento. A este respeito, melhorar a eficiência e assegurar
a equidade e independência dos sistemas judiciais é igualmente uma condição
prévia importante. É indubitavelmente necessário abordar certas questões como
por exemplo a duração dos processos, o número de processos pendentes, a
utilização insuficiente das TIC, a promoção de mecanismos alternativos de
resolução de litígios e a independência dos sistemas judiciais. 4. PROSSEGUIR A RESPONSABILIDADE ORÇAMENTAL Perante o acentuado agravamento dos níveis do
défice e da dívida em toda a UE durante a crise financeira, foi necessário
proceder a uma importante consolidação orçamental para restabelecer a confiança
na sustentabilidade das finanças públicas dos Estados-Membros e quebrar o
círculo vicioso entre a progressão da dívida soberana e a instabilidade
financeira. Os ajustamentos significativos efetuados nos últimos anos
conseguiram reduzir os défices e estabilizar os níveis da dívida na UE. A assinalável diminuição do número de países sujeitos a um
procedimento relativo aos défices excessivos - de 24, em 2011, para 11 em 2014
- traduz esta melhoria no domínio orçamental. De acordo com as últimas
previsões, a política orçamental da UE deverá manter-se neutra nos próximos
anos, o que significa que deixará de refrear o crescimento de aqui em diante. No entanto, a dívida
pública continua a ser muito elevada, o que, aliado a um importante
endividamento externo, torna as economias mais vulneráveis a choques adversos e
pode atuar como um travão ao crescimento. Estes desequilíbrios podem igualmente
representar uma ameaça para o bom funcionamento da área do euro no seu
conjunto. O crescimento da dívida pública tem de ser invertido nos próximos
anos, em consonância com as obrigações assumidas pelos Estados-Membros no
âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento, o que pode ser alcançado através
de uma combinação de políticas orçamentais responsáveis e de crescimento
económico. Em primeiro lugar, o ritmo de ajustamento orçamental deve ser
diferenciado em função dos desafios orçamentais enfrentados pelos diferentes
Estados-Membros. Ao passo que os Estados-Membros com problemas de
sustentabilidade devem prosseguir o esforço de consolidação, os Estados-Membros
que dispõem de uma margem de manobra orçamental devem utilizá-la para apoiar o
crescimento. Os Estados-Membros devem também aproveitar em pleno os quadros
orçamentais nacionais recentemente reforçados para estabelecer e respeitar uma
trajetória orçamental adequada. Em segundo lugar, a composição das estratégias
orçamentais deve ser concebida de forma a favorecer o crescimento. Em diversos
países, a tónica na contenção das despesas, eventualmente associada a cortes
nos impostos que causam mais distorções, pode contribuir para potenciar o
crescimento e o investimento, desde que se mantenha coerente com os imperativos
de consolidação. Caixa 4. Uma consolidação orçamental responsável e propícia ao crescimento A forma como os Estados-Membros abordaram a consolidação orçamental não tem sido muito favorável ao crescimento. Deu-se uma ênfase excessiva aos aumentos de impostos, o que não é ideal na maioria dos Estados-Membros, onde a carga fiscal é já elevada. Do lado da despesa dos orçamentos nacionais, o investimento público foi a principal vítima dos cortes, não obstante o seu potencial de dinamização do crescimento no conjunto das despesas públicas. Simultaneamente, em alguns Estados-Membros, verificou-se que tanto a amplitude do ajustamento orçamental necessário como a dinâmica da crise financeira exigiram o recurso a soluções urgentes. Com o esmorecer da crise financeira e o abrandamento do ritmo de consolidação, a composição das medidas orçamentais começou a evoluir no bom sentido. Isto era já visível em 2014 e pode observar-se também nos projetos de orçamento para 2015. A queda das despesas de investimento foi detida, enquanto a composição das receitas se tornou mais favorável ao crescimento. Concretamente, os projetos de orçamento para 2015 preveem certas medidas fiscais positivas de redução da tributação do trabalho, embora o seu nível de ambição seja ainda insuficiente para dar resposta aos desafios em jogo. Do lado das receitas, é importante
assegurar um sistema fiscal eficiente e propício ao crescimento. O emprego e o
crescimento podem ser estimulados através da transferência da fiscalidade do
trabalho para outros tipos de impostos menos nocivos para o crescimento, como
por exemplo os impostos recorrente sobre os bens imóveis, os impostos
ambientais e os impostos sobre o consumo, tendo em consideração o potencial
efeito redistributivo dessa transferência. A elevada fiscalidade do trabalho
constitui, desde há muito, um problema na Europa, existindo diferenças de
40 % entre Estados-Membros no que respeita aos custos de contratação de
trabalhadores ao salário médio e os salários líquidos que esses mesmos
trabalhadores recebem efetivamente. O alargamento das bases tributárias, a
simplificação e uma maior transparência podem também contribuir para aumentar a
eficiência do sistema fiscal e melhorar o cumprimento das obrigações fiscais,
bem como a luta contra o planeamento fiscal agressivo. Do lado das despesas, há que privilegiar o
investimento público produtivo e as classes de despesas correntes mais
favoráveis ao crescimento. Uma decisão rápida sobre o Plano de Investimento
para a Europa proposto pela Comissão contribuiria para apoiar estas
prioridades. Os sistemas de segurança social têm um papel a desempenhar no
combate à pobreza e na promoção da inclusão social. A eficiência dos atuais
programas de despesas para alcançar os respetivos objetivos deverá ser
potenciada pela adoção de reformas e outras medidas, como a análise das
despesas. Pelo menos oito Estados-Membros estão atualmente a proceder, ou
fizeram-no recentemente, a uma forma ou outra de análise das despesas: o Reino
Unido, os Países Baixos, a França, a Itália, a Irlanda, a Dinamarca, a Espanha
e a Suécia. O sistema de governação global deveria incluir uma partilha mais
ampla dos resultados e da experiência adquirida com essas análises. O Pacto de Estabilidade e Crescimento
constitui o quadro adequado para promover o crescimento a longo prazo num
contexto de finanças públicas sustentáveis, incluindo o necessário grau de
flexibilidade. Tem em especial atenção a evolução
orçamental em termos estruturais e não apenas o défice nominal, o que permite
abstrair dos fatores que escapam ao controlo do governo, quer sejam negativos
(por exemplo, choques assimétricos) ou positivos (por exemplo, receitas
extraordinárias). Pode assim obter-se uma ideia mais clara da situação
orçamental subjacente. Cada Estado-Membro é avaliado individualmente, tendo em
consideração a sua situação económica específica e os desafios nacionais
colocados pelo envelhecimento da população, nomeadamente no que se refere às
políticas no domínio das pensões e dos cuidados de saúde, bem como ao nível da
dívida pública. 5. RACIONALIZAR
O SISTEMA DE GOVERNAÇÃO EUROPEU PARA O TORNAR MAIS EFICAZ E MELHORAR A SUA
APROPRIAÇÃO A presente
Análise Anual do Crescimento lança o ciclo anual de governação económica
conhecido por Semestre Europeu. Combina uma vigilância, a nível da UE, no
domínio das políticas orçamentais, macroeconómicas e estruturais antes da
preparação dos orçamentos nacionais para o ano seguinte. Desde 2011 que o
Semestre Europeu tem constituído um meio de iniciar e orientar importantes
reformas orçamentais e estruturais nos Estados-Membros. Em paralelo com a
presente Análise Anual do Crescimento, a Comissão procedeu a uma revisão do «six pack» e do «two-pack»
de legislação com vista ao
reforço da governação económica da UE[8].
O Semestre
Europeu tornou-se um veículo importante para a realização de reformas a nível
nacional e da UE, assegurando que a UE e os seus Estados-Membros coordenam as
respetivas políticas económicas e os respetivos esforços para promover o
emprego, o crescimento e o investimento. No entanto, o acompanhamento efetuado
pela Comissão[9]
tem revelado uma apropriação insuficiente, que se traduz num nível insatisfatório
de implementação das recomendações específicas por país, em particular no
domínio das reformas estruturais. Perante os desafios económicos com que a
Europa se defronta, a Comissão considera que chegou o momento de racionalizar
e reforçar o Semestre Europeu a
fim de o tornar mais eficaz, dando-lhe maior especificidade, clareza e
importância política para o futuro, em sintonia com a abordagem integrada
apresentada na presente Análise Anual do Crescimento. Uma reforma do Semestre
Europeu deve ter por objetivo aumentar a eficácia da coordenação das políticas
económicas a nível da UE, através de uma maior responsabilização e de uma
melhor apropriação por parte de todos os intervenientes (ver anexo). O objetivo da racionalização do Semestre Europeu
consiste em aumentar a apropriação política, a responsabilização e a aceitação
do processo, reforçar a sua credibilidade e a sua comparabilidade entre os
Estados-Membros e contribuir para melhorar a implementação das recomendações
específicas por país. O debate sobre o
Semestre Europeu é também importante na perspetiva da revisão intercalar da
Estratégia Europa 2020, que será apresentada em tempo útil para debate no
Conselho Europeu da primavera de 2015. Na sequência da comunicação de
balanço sobre a execução da Estratégia Europa 2020, publicada no passado mês de
março[10],
e com base nos resultados da consulta pública, na síntese dos debates do
Conselho e nos contributos das partes interessadas, a Comissão está a trabalhar
sobre a revisão intercalar da Estratégia Europa 2020 e exporá as suas ideias no
início de 2015. Para que a UE
responda com êxito aos reptos do emprego e do crescimento, impõe-se um amplo
consenso sobre a orientação política a seguir e uma forte adesão das partes
interessadas aos esforços de reforma. Isto significa que é necessário um maior
envolvimento dos parlamentos nacionais, dos parceiros sociais e da sociedade
civil em geral na implementação das políticas decididas a nível nacional e da
UE. Para associar mais estreitamente os parlamentos nacionais ao processo, o
Parlamento Europeu reúne-se todos os anos com os mesmos durante a semana
parlamentar para debater o Semestre Europeu, com a participação da Comissão. É também patente
a necessidade de acompanhar o progresso social e o impacto das reformas ao
longo do tempo. Foram já iniciados os trabalhos no sentido de reforçar a
dimensão social da União Económica e Monetária. Concretamente, estão a ser
introduzidos indicadores de emprego e sociais no procedimento relativo aos
desequilíbrios macroeconómicos, que deverão ser plenamente utilizados para se
ter uma melhor perspetiva do mercado do trabalho e da evolução e dos riscos em
termos sociais. A Comissão deverá igualmente assegurar que os parceiros sociais
europeus sejam mais estreitamente associados ao processo do Semestre Europeu. Enquanto as
primeiras ideias serão testadas e implementadas para o Semestre Europeu de
2015, serão elaboradas novas propostas nos próximos meses, no âmbito dos
trabalhos relativos ao aprofundamento da governação económica, coordenados pelo
Presidente da Comissão, juntamente com os Presidentes do Conselho Europeu, do
Banco Central Europeu e do Eurogrupo.[11]
6. CONCLUSÃOÉ urgente lançar um novo processo de conceção das políticas económicas
na UE. Na sua Análise Anual do Crescimento para 2015, a Comissão propõe que a
UE adote uma abordagem integrada da política económica, articulada em torno de
três pilares principais que devem atuar em conjunto - estimular o investimento,
acelerar as reformas estruturais e promover uma consolidação orçamental
responsável e propícia ao crescimento. Prioritariamente,
os Estados-Membros deverão dar o seu apoio ao Plano de Investimento de 315 mil
milhões de EUR proposto como parte da presente Análise Anual do Crescimento. Deverão
assumir o compromisso de concluir as alterações legislativas necessárias para
criar os novos Fundos propostos até ao final de junho de 2015. Deveriam também
comprometer-se a uma duplicação global, no mínimo, do recurso a instrumentos
financeiros inovadores utilizados para implementar projetos no âmbito dos
fundos estruturais e dos fundos para o investimento europeus nos próximos três
anos. Em função da
situação de cada Estado-Membro, a abordagem integrada proposta deverá ser
implementada a nível nacional, resolvendo o problema da rigidez do mercado de
trabalho de modo a reduzir os elevados níveis de desemprego; prosseguindo as
reformas dos sistemas de pensões; modernizando os sistemas de proteção social;
tornando mais flexíveis os mercados de produtos e de serviços; melhorando as
condições do enquadramento para o investimento das empresas; melhorando a
qualidade do investimento em investigação, inovação, educação e formação; e
melhorando a eficiência da administração pública. Os parceiros sociais são
convidados a contribuir ativamente para os programas de reforma nacionais. É imprescindível
um maior envolvimento dos parlamentos nacionais, dos parceiros sociais e das
partes interessadas no Semestre Europeu, a fim de reforçar a apropriação
nacional e a responsabilização. A racionalização do Semestre Europeu de 2015
constituirá um primeiro passo nessa direção. A abordagem
integrada proposta exige uma liderança política por parte dos Estados-Membros,
do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu. A Comissão irá trabalhar em
conjunto com todos os intervenientes, para assegurar que a Europa regressa a
uma trajetória de recuperação económica sustentável. ANEXO Racionalizar
e reforçar o Semestre Europeu O Semestre Europeu refere-se ao ciclo anual de
coordenação da política económica e orçamental, em que são dadas orientações
aos Estados-Membros antes de estes adotarem decisões políticas a nível
nacional. Essas orientações são emitidas no contexto do Pacto de Estabilidade e
Crescimento e do Procedimento relativo aos desequilíbrios macroeconómicos. O
Semestre Europeu tem igualmente por objetivo a implementação da Estratégia
Europa 2020. O Semestre Europeu inicia-se em cada ano com a
publicação, pela Comissão, da Análise Anual do Crescimento, que traça em linhas
gerais as prioridades económicas de caráter geral para a UE, sendo debatida
pelas outras instituições e alimentando os debates com vista ao Conselho
Europeu da primavera. Os Estados-Membros apresentam os programas nacionais na
primavera de cada ano. A Comissão propõe em seguida recomendações políticas
específicas por país para cada Estado-Membro, com base na sua avaliação das
situações económicas e dos programas nacionais. As recomendações abrangem todos
os domínios políticos relevantes: orçamental, macroeconómico e reformas estruturais.
São discutidas no Conselho e aprovadas no Conselho Europeu de junho, antes de
serem finalmente adotadas pelo Conselho. Os Estados-Membros devem ter as
recomendações em consideração ao elaborar os respetivos planos orçamentais e
políticos para o ano seguinte, e implementá-las nos 12 meses subsequentes. Apesar de o Semestre Europeu ter reforçado a
coordenação das políticas económicas a nível da UE, a sua eficácia tem sido
posta em causa pela insuficiência, ou por vezes mesmo ausência, de
implementação de certas recomendações específicas por país essenciais. A racionalização e reforma do Semestre Europeu deve assentar nos atuais
pontos fortes do processo e corrigir os seus pontos fracos, através de uma simplificação das diferentes fases e respetivas realizações, de uma
maior cooperação e diálogo com os Estados-Membros, de uma limitação dos
requisitos de comunicação de informações, de uma intensificação do caráter
multilateral do processo e do reforço da apropriação a todos os níveis. Simplificar as realizações da Comissão e encorajar
uma mais ampla reação à análise da Comissão. A prática
de apresentar a Análise Anual do Crescimento e o Relatório sobre o Mecanismo de
Alerta conjuntamente no outono funciona bem, uma vez que os dois documentos se
completam mutuamente e definem a estratégia global da UE para o ano seguinte.
Todavia, os dois principais documentos específicos por país, elaborados numa
fase posterior do processo, a saber, os documentos de trabalho dos serviços que
acompanham as recomendações específicas por país e as Análises Aprofundadas apresentadas
no seguimento do Relatório sobre o Mecanismo de Alerta, são atualmente
apresentados na primavera, em dois momentos diferentes. Uma avaliação económica
abrangente única por Estado-Membro, que constituísse a base para as
recomendações a dirigir aos Estados-Membros, melhoraria a coerência do processo
e reduziria a sua carga administrativa. Uma publicação desses documentos mais
cedo - por exemplo, em março - permitiria igualmente uma maior transparência e facilitaria
as reações à análise da Comissão. Racionalizar os requisitos de comunicação de
informações pelos Estados-Membros: As exigências de
comunicação de informações impostas aos Estados-Membros devem ser
proporcionadas e ter um claro valor acrescentado. Devem seguir o princípio da
«comunicação única», segundo o qual a informação disponível recolhida através
de documentos e missões no terreno é efetivamente partilhada e reutilizada, centrando-se
os trabalhos a nível europeu na sua análise e atualização. Os programas nacionais de reforma podem desempenhar um papel importante
de comunicação e de apropriação a nível nacional se forem reorientados de modo a fornecer um contributo nacional mais direcionado
para a análise da Comissão numa fase mais precoce e se os parlamentos nacionais
e os parceiros sociais participarem na sua elaboração. Reforçar o caráter multilateral do processo: A apropriação do Semestre Europeu pelos
Estados-Membros é, em geral, ainda demasiado débil a nível nacional, mas também
a nível europeu. Este facto limita a qualidade do debate e a subsequente
implementação das recomendações específicas por país. Nos domínios em que os
instrumentos de vigilância são mais poderosos, como as finanças públicas e os
quadros orçamentais, os resultados são significativamente melhores em termos de
implementação. Um processo racionalizado deverá conceder
mais tempo para a análise e debate das orientações da UE. A apresentação precoce
das análises por país da Comissão daria um contributo válido para este fim.
Além disso, juntamente com a Presidência do Conselho, deveria ser possível
intensificar a análise cruzada do desempenho e das políticas ao longo do ano.
Uma melhor comparabilidade das ações políticas e dos resultados entre os
Estados-Membros contribuiria também para uma pressão dos pares e para alimentar
esses debates temáticos multilaterais. É particularmente importante uma troca
de pontos de vista sobre o acompanhamento por parte da Comissão da aplicação
das reformas no contexto da preparação dos debates do Conselho sobre os projetos
de recomendações, também na perspetiva do debate no Conselho Europeu de junho. Tornar o processo mais aberto e reforçar os
contactos com os outros intervenientes: A legitimidade democrática do processo do Semestre Europeu tem sido por
vezes posta em causa. Nos últimos anos, a Comissão tem vindo a estabelecer
gradualmente um diálogo mais aprofundado e permanente com os Estados-Membros,
através de reuniões bilaterais, discussões mais direcionadas nas comissões do
Conselho e missões técnicas mais alargadas. Registaram-se também melhorias em
termos de envolvimento parlamentar. No que respeita ao Parlamento Europeu,
conseguiu-se um envolvimento mais estreito através do diálogo económico,
introduzido pela legislação do «six pack» que prevê debates entre o
Parlamento Europeu, por um lado, e os Estados-Membros, o Conselho, a Comissão,
o Conselho Europeu e o Eurogrupo, por outro. Além disso, o Parlamento realizou
debates políticos importantes em momentos cruciais do Semestre Europeu. A
sensibilização dos parlamentos nacionais para o Semestre Europeu tem aumentado
ao longo dos anos, graças à implementação da legislação do «two-pack» e
a um envolvimento mais direto da Comissão através de apresentações e debates.
Apesar desta evolução positiva, é ainda possível um diálogo mais alargado, não
só com os parlamentos mas também com os parceiros sociais. Por exemplo, a Comissão poderia, no futuro, entrar em contacto com o Parlamento
Europeu e os parceiros sociais a nível europeu antes de apresentar a Análise
Anual do Crescimento e prosseguir o debate após a sua adoção. Com base nas suas
análises específicas por país, a Comissão poderia igualmente colaborar com o
Parlamento Europeu a fim de debater questões horizontais emergentes, e, se
necessário, com os parceiros sociais, a fim de obter reações sobre algumas
questões específicas a cada país. [1] Cf. «Orientações Políticas para a nova Comissão», de 15 de julho de 2014: http://ec.europa.eu/about/juncker-commission/docs/pg_pt.pdf
[2] Previsões da Comissão do outono de 2014, de 4 de novembro de 2014: http://ec.europa.eu/economy_finance/publications/european_economy/2014/pdf/ee7_en.pdf [3] Tal como anunciado nas Orientações Políticas para a nova Comissão, de
15 de julho de 2014. [4] É nomeadamente o caso da Itália (-25%), de Portugal (-36%), da Espanha
(-38%), da Irlanda (-39%) e da Grécia (-64%). [5] «Mapping the Cost of Non-Europe 2014-19», estudo
publicado pelo Parlamento Europeu em julho de 2014. [6] J. Monteagudo, A. Rutkowski, D.
Lorenzani, «The economic impact of the Services Directive: A first
assessment following implementation», Economic Papers 456, junho de 2012,
http://ec.europa.eu/economy_finance/publications/economic_paper/2012/pdf/ecp_456_en.pdf [7] COM(2012) 261, de 8 de junho de 2012. [8] COM(2014)905, de 28 de novembro de 2014. [9] As análises da Comissão são apresentadas nos documentos de trabalho
anuais dos serviços que acompanham as recomendações específicas por país, http://ec.europa.eu/europe2020/making-it-happen/country-specific-recommendations/index_en.htm [10] COM(2014)
130 final, «Estado atual da estratégia Europa 2020 para um crescimento
inteligente, sustentável e inclusivo»,http://ec.europa.eu/europe2020/pdf/europe2020stocktaking_pt.pdf
and http://ec.europa.eu/europe2020/pdf/europe2020stocktaking_pt.pdf [11] Tal como acordado na Cimeira da área do euro de 24 de outubro de 2014.