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Document 52012XC0615(02)
Publication of an application pursuant to Article 6(2) of Council Regulation (EC) No 510/2006 on the protection of geographical indications and designations of origin for agricultural products and foodstuffs
Publicação de um pedido de registo em conformidade com o artigo 6. °, n. ° 2, do Regulamento (CE) n. ° 510/2006 do Conselho relativo à proteção das indicações geográficas e denominações de origem dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios
Publicação de um pedido de registo em conformidade com o artigo 6. °, n. ° 2, do Regulamento (CE) n. ° 510/2006 do Conselho relativo à proteção das indicações geográficas e denominações de origem dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios
JO C 169 de 15.6.2012, p. 25–29
(BG, ES, CS, DA, DE, ET, EL, EN, FR, IT, LV, LT, HU, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, FI, SV)
15.6.2012 |
PT |
Jornal Oficial da União Europeia |
C 169/25 |
Publicação de um pedido de registo em conformidade com o artigo 6.o, n.o 2, do Regulamento (CE) n.o 510/2006 do Conselho relativo à proteção das indicações geográficas e denominações de origem dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios
2012/C 169/09
A presente publicação confere direito de oposição nos termos do artigo 7.o do Regulamento (CE) n.o 510/2006 (1). As declarações de oposição devem dar entrada na Comissão no prazo de seis meses a contar da data do presente avis.
DOCUMENTO ÚNICO
REGULAMENTO (CE) N.o 510/2006 DO CONSELHO
«STORNOWAY BLACK PUDDING»
N.o CE: UK-PGI-0005-0876-03.05.2011
IGP ( X ) DOP ( )
1. Nome:
«Stornoway Black Pudding»
2. Estado-Membro ou país terceiro:
Reino Unido
3. Descrição do produto agrícola ou género alimentício:
3.1. Tipo de produto:
Classe 1.2. |
Produtos à base de carne (aquecidos, salgados, fumados, etc.) |
3.2. Descrição do produto correspondente à denominação indicada no ponto 1:
«Stornoway Black Puddings» designa chouriço de sangue específico de Stornoway, capital da ilha de Lewis, nas Hébridas Exteriores, Escócia. Em cru possui cor viva, entre vermelho-acastanhado-escuro e castanho-escuro, variável consoante as receitas locais.
Ingredientes utilizados no fabrico de «Stornoway Black Pudding»:
— |
Sebo de vaca |
— |
Farinha de aveia |
— |
Cebola |
— |
Sangue de carneiro, vaca ou porco |
— |
Água (quando se utilize sangue seco) |
— |
Sal |
— |
Pimenta |
— |
Invólucro sintético ou natural para enchido |
Não é autorizada a utilização de outros condimentos e o «Stornoway Black Pudding» tem de ser isento de corantes artificiais, aromatizantes, levedantes e conservantes.
Na sua forma original, é fabricado sob a forma de enchido cilíndrico, de 52 mm-72 mm de diâmetro, de comprimento variável entre 150 mm e 500 mm e peso compreendido entre 0,5 kg e 1,36 kg, ensacado em intestino. Todavia, pode ser fabricado noutros tamanhos e formas, em resposta à procura do consumidor (por exemplo, em círculos ou fatias).
Possui textura húmida e firme, com partículas de gordura visíveis, mas pequenas. A farinha de aveia escocesa utilizada no «Stornoway Black Pudding» confere-lhe textura adequada e rugosa.
O «Stornoway Black Pudding» mantém a forma durante o processo de cozedura. Depois de cozinhado, possui cor quase preta e esboroa-se facilmente ao corte, sem, no entanto, se desintegrar particularmente. O sabor a carne é suculento, untuoso, acentuado, condimentado, bem temperado — sem ser picante — agradável ao palato, não gordurento, com fim-de-boca suave.
3.3. Matérias-primas (unicamente para os produtos transformados):
Segundo a tradição, as receitas podem variar. Algumas das receitas requerem ingredientes picados, outras cortados grosseiramente, responsáveis pelas ligeiras variações no aspeto visual e na textura, consoante a receita de cada fabricante. As receitas variam também ligeiramente quanto à percentagem de ingredientes utilizados.
Variações autorizadas:
— |
Sebo de vaca — entre 37 %, no mínimo, e 50 %, no máximo |
— |
Farinha de aveia — entre 16 %, no mínimo, e 20 %, no máximo |
— |
Cebola — entre 15 %, no mínimo, e 18 %, no máximo |
— |
Sangue de carneiro ou vaca ou porco — entre 12 %, no mínimo, e 26 %, no máximo |
— |
Água (quando se utilize sangue seco) |
— |
Sal — entre 0,6 %, no mínimo, e 2 %, no máximo |
— |
Pimenta — entre 0,4 %, no mínimo, e 2 %, no máximo |
— |
Intestino (ou invólucro) sintético ou natural — Diâmetro — 52 mm-72 mm, Comprimento — 150 mm-500 mm |
3.4. Alimentos para animais (unicamente para os produtos de origem animal):
Não aplicável.
3.5. Fases específicas da produção que devem ter lugar na área geográfica identificada:
Todas as fases de preparação e fabrico do «Stornoway Black Pudding» têm de ocorrer na área identificada, incluindo:
— |
Preparação do sebo, |
— |
Mistura dos ingredientes, |
— |
Ensacamento dos invólucros sintéticos, |
— |
Cozedura e arrefecimento do chouriço. |
3.6. Regras específicas relativas à fatiagem, ralagem, acondicionamento, etc.:
Não aplicável.
3.7. Regras específicas relativas à rotulagem:
Não aplicável.
4. Delimitação concisa da área geográfica:
Município de Stornoway, ilha de Lewis, e divisões administrativas incluídas na zona de «Stornoway Trust».
5. Relação com a área geográfica:
5.1. Especificidade da área geográfica:
Crofting designa a prática agrícola baseada em pequenas parcelas de arrendamento, específica da Escócia e pilar da vida insular em Lewis há muitos séculos. Só nos últimos 40 anos é que estes rendeiros começaram a trabalhar também fora das parcelas, dedicando-se à primeira atividade a tempo parcial. Crofting constitui uma economia de subsistência e os rendeiros de Stornoway criavam algumas ovelhas e/ou porcos e vacas e zelavam por que todas as partes destes animais fossem plenamente utilizadas. O ritual da matança era coletivo e, em tempos em que não havia refrigeração, a carne, tal como a tarefa, era partilhada com os vizinhos que, por sua vez, retribuíam a dada altura, garantindo assim o abastecimento em carne durante o longo inverno.
Fabrico do «Marag Dubh» — nome gaélico dado pelos escoceses ao chouriço de sangue. Dubh significa «preto»; quando o animal era morto, recolhia-se e guardava-se o sangue. Os intestinos eram retirados e lavados na água salgada do mar. Eram seguidamente levados para as parcelas, virados do avesso e colocados em água fria, a que se adicionava água do mar e sal, cobertos e deixados a repousar durante 24 horas. Seguidamente, eram enxaguados, primeiro em água fria e depois lavados com água quente. Este processo moroso amolecia o revestimento do estômago, permitindo que fosse raspado, para um resultado impecavelmente branco e limpo. Um intestino inteiro constituía a película de, no mínimo, cinco «Marag Dubhs» — «Deasainn» (do rúmen), «Brog» (ou «Boot»), «Curachd an Righ» («coroa do rei») e dois chouriços compridos cortados no íleo e atados.
O fabricante não se podia permitir desperdiçar carne, pelo que comia todos os dias a mesma coisa até ela acabar. O chouriço de sangue era uma excelente fonte de ferro e parte importante da dieta dos rendeiros, continuando a sê-lo ainda hoje para os habitantes de Stornoway. A farinha de aveia escocesa utilizada no «Stornoway Black Pudding» confere-lhe textura adequada e irregular. Nos climas frios como o das Hébridas, o alto valor calórico do sebo de vaca torna-o um alimento ideal para o inverno.
O fabrico de chouriço de sangue de Stornoway exige muita habilidade manual, tal como:
— |
Preparação do sebo de vaca, que implica a sua limpeza e preparação no tamanho necessário, |
— |
Mistura dos ingredientes secos, que requer a pesagem cuidadosa dos mesmos, para garantir a boa consistência e densidade da massa — processo especializado, calculado a olho e dependente da experiência do fabricante, |
— |
Ensacamento dos invólucros, efetuado à máquina com assistência manual, seguido de atadura manual, |
— |
Cozedura e arrefecimento do chouriço — depois de cozido, o enchido é suspenso individualmente, para secar. |
A especialização necessária foi desenvolvida localmente e transmitida ao longo das gerações. Traduz-se na manutenção das características tradicionais do «Stornoway Black Pudding».
5.2. Especificidade do produto:
O «Stornoway Black Pudding» é único, fabricado exclusivamente com os ingredientes seguidamente indicados, por ordem de quantidades: sebo de vaca, farinha de aveia, cebola, sangue (misturado com água, tratando-se de sangue seco), sal e pimenta. Sem corantes, aromatizantes, levedantes ou conservantes. Possui sabor untuoso e, em cru, cor castanho-avermelhada a castanho-escura.
Contrariamente ao chouriço de sangue de outras regiões, o ingrediente do «Stornoway Black Pudding» presente em maior quantidade é o sebo de vaca. Entende-se por sebo a gordura peri-renal e pélvica dos bovinos. O ponto de fusão é baixo (45-50 °C), o que significa que é fácil de utilizar na sua forma sólida, no fabrico de enchido, mas que não derrete quando cozido. Embora praticamente insípido, o sebo acentua o sabor dos ingredientes a que é incorporado e aligeira a textura do chouriço. Nos climas frios como nas Hébridas, o alto valor calórico da gordura de vaca torna-a um alimento ideal para o inverno. O tipo de farinha de aveia da Escócia contribui para a boa textura grosseira do «Stornoway Black Pudding».
A receita inicial do «Stornoway Black Pudding» manteve-se inalterada ao longo dos anos — continuando a incluir exclusivamente sebo de vaca, farinha de aveia, cebola, sangue, sal e pimenta, mas os métodos de produção tiveram de mudar, devido à maior severidade da legislação sobre higiene e ao aumento da procura. As fases de produção do «Stornoway Black Pudding» implicam um elevado nível de especialização. A preparação do sebo de vaca é obrigatoriamente manual, para garantir que as peças são cortadas em pedaços pequenos uniformes. Além disso, misturam-se primeiro os ingredientes secos, à mão ou à máquina, antes de se misturar a água. Todos os ingredientes são cuidadosamente pesados durante o processo, para garantir que o produto adquire a consistência devida de papas de aveia, que continua a poder ser mexida, mas com algum esforço. Seguidamente, a mistura é transferida para uma máquina de ensacar enchido, que introduz a mistura no invólucro. O ensacamento processa-se colocando o invólucro na abertura da máquina prevista para o efeito. O fluxo de enchimento é igualmente regulado à mão. As pontas são atadas à mão com cordel ou agrafadas à máquina. Depois de cozido, o chouriço é suspenso individualmente em grelhas, para arrefecer.
O «Stornoway Black Pudding» pode ser cozinhado com ou sem invólucro, pois mantém a forma durante o processo de cozedura. Depois de cozinhado, possui cor quase preta e esboroa-se facilmente ao corte, sem, no entanto, se desintegrar particularmente. O sabor a carne é suculento, untuoso, acentuado, condimentado, bem temperado — sem ser picante — agradável ao palato, não gordurento, com fim-de-boca suave.
Nos talhos, este produto distintivo local continua a ser fabricado segundo receitas transmitidas de geração em geração, mantendo as características tradicionais resultantes dos ingredientes específicos e da textura do produto
5.3. Relação causal entre a área geográfica e a qualidade ou características do produto (para as DOP) ou uma determinada qualidade, a reputação ou outras características do produto (para as IGP):
Crofting designa a prática agrícola baseada em pequenas parcelas de arrendamento, específica da Escócia e pilar da vida insular na ilha de Lewis há muitos séculos. O fabricante não se podia permitir desperdiçar carne, pelo que comia todos os dias a mesma coisa até ela acabar. O chouriço de sangue era uma excelente fonte de ferro e parte importante da dieta dos rendeiros, continuando a sê-lo ainda hoje para os habitantes de Stornoway.
O «Stornoway Black Pudding» é único, fabricado exclusivamente com os ingredientes seguidamente indicados, por ordem de quantidades: sebo de vaca, farinha de aveia, cebola, sangue, sal e pimenta e adição de água. Sem corantes, aromatizantes, levedantes ou conservantes.
Contrariamente ao chouriço de sangue de outras regiões, o ingrediente do «Stornoway Black Pudding» presente em maior quantidade é a gordura de vaca. Entende-se por sebo a gordura peri-renal e pélvica dos bovinos. O ponto de fusão é baixo (45-50 °C), o que significa que é fácil de utilizar na sua forma sólida, no fabrico de enchido, mas que não derrete quando cozido. Embora praticamente insípido, o sebo acentua o sabor dos ingredientes a que é incorporado e aligeira a textura do chouriço. A maioria do chouriço de sangue regional é fabricado com sangue de porco. Todavia, no «Stornoway Black Pudding» utiliza-se sangue de carneiro, vaca ou porco adquirido no matadouro da ilha, sempre que possível.
Alguns talhos de Stornoway, reunidos na Associação de Produtores de «Stornoway Black Pudding», fabricam e comercializam chouriço de sangue desde 1931. É dessa época que data a designação «Stornoway Black Pudding». Os talhos usam-na cooperativamente desde então, procurando manter altos níveis de produção e guardar a relação com a herança das Hébridas. Foi assim que o chouriço de sangue adquiriu reputação internacional crescente pelo seu sabor e qualidade, sendo reconhecido como uma especialidade de entre os chouriços de sangue do Reino Unido. O produto evoluiu da designação tradicional de «prato crofting» de subsistência para o reconhecimento de iguaria mundialmente famosa.
O «Stornoway Black Pudding» está intrinsecamente ligado ao turismo local, adquirido frequentemente pelos visitantes como lembrança ou «sabor das ilhas». A marca é mundialmente reconhecida e associada à zona de Stornoway. A maioria dos guias turísticos sobre a Escócia faz menção ao «Marag Dubh» associado a Lewis. Há também centenas de entradas no Google que fazem referência à relação. As Hébridas conhecem um aumento do número de visitantes, tendo a indústria do turismo nesta zona aumentado com o êxito da sua revelação em programas televisivos como «Great Hebridean Escape», de Monty Hall. O chouriço de sangue apareceu na edição de janeiro de 2010 da National Geographic e constituiu uma parte essencial do capítulo «Visit Scotland», da campanha «Homecoming» («Vá para fora cá dentro»), realizada em 2010.
Referência à publicação do caderno de especificações:
[Artigo 5.o, n.o 7, do Regulamento (CE) n.o 510/2006]
http://www.archive.defra.gov.uk/foodfarm/food/industry/regional/foodname/products/documents/stornoway-black-pudding-pgi.pdf
(1) JO L 93 de 31.3.2006, p. 12.